sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O QUE O NOVO TESTAMENTO NOS ENSINA SOBRE O "GUARDAI-VOS" - 2/7

2. “E ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes” - Mc 8:15

Qualquer pessoa em nossos dias sabe o que é fermento, principalmente as mulheres, pois geralmente são elas que sempre o usam em preparo de pães, bolos e massas em geral. O fermento biológico ou levedura é um fungo do gênero Saccharomyces, que atua nos  açúcares tranformando-os em etanol, gás carbônico e alguns subprodutos. Aplicado à massa de carboidratos (farinhas em geral), produz o inchaço ou crescimento da mesma, aumentando-lhe o tamanho em duas, três, até quatro ou cinco vezes! Existe ainda o fermento químico, que produz seu efeito de crescimento com a aplicação de calor (muito usado na preparação de bolos domésticos, que crescem durante o cozimento ao forno).


A Palavra de Deus é recheada de simbolismos, e o fermento é um deles. E em todos os lugares aonde a palavra “fermento” é citada em sentido simbólico significa sempre a mesma coisa: coisa má, que corrompe a coisa boa. Assim, quando Jesus explica, por parábola, que o reino dos céus é como a mulher que mistura uma medida de fermento à massa até ficar tudo levedado (Mt 13:33) está se referindo à Igreja (mulher) e à adição de coisa má no meio da Igreja (o fermento). A parábola não trata do crescimento da Igreja, mas nela Jesus já alerta a todos nós da CONTAMINAÇÃO que haverá em seu meio. A própria mulher (Igreja) aceitará esta mistura. Ela mesma fará a adição do fermento...

Agora, Jesus ordena a Seus discípulos que se guardem de dois tipos de fermento existentes: o fermento dos fariseus e o fermento de Herodes. O que Ele quis nos ensinar?


O FERMENTO DOS FARISEUS


Durante todo o ministério do Senhor Jesus podemos observar uma coisa: Ele sempre tratou os pecadores com muito carinho, independentemente dos pecados por eles cometidos, e sempre tratou os religiosos com extrema dureza por causa de sua autoconsideração de santidade e superioridade. Não vemos Jesus amaldiçoando pecadores e condenando-os ao inferno, mas vemos Ele fazer isso com religiosos.


O fermento dos fariseus é a sua religiosidade. Jesus, portanto, alerta a Igreja para que se guarde deste fermento religioso. Com isso, Ele nos ensina: “não permitam que a religião se infiltre em vosso meio”.


A “religião” de Cristo (e Ele não veio fundar religião nenhuma, e sim implantar o Reino de Deus em nosso meio, instituindo a Nova Aliança em Seu sangue) é antagônica à religião do mundo. Não temos templo (embora, qualquer lugar, seja uma casa, uma Igreja ou a sombra de uma árvore seja um templo de adoração ao Senhor, quando abrigarem Seus servos em adoração e culto), não temos rituais (exceto o batismo e a ceia), não temos um livro de normas e condutas, exceto a Escritura. Muito diferente do fermento dos fariseus, aonde todos estes elementos, e uma centena de outros, estão presentes e são indispensáveis ao culto a Deus. O que vale é ritualizar e criar uma série de normas para que, em as cumprindo e somente assim, o pecador alcance a salvação.


Não podemos transformar-nos em religiosos. Não podemos permitir que o fermento dos fariseus nos contamine. Entretanto, o que mais vemos nas Igrejas de nossos dias é a presença deste fermento. Para se servir a Deus, é preciso dizimar. É preciso jejuar tantas vezes por semana. Orar tantas vezes por dia. Participar de tais rituais, grupos e visões. É preciso religião. Entretanto, não é isso que vemos na Palavra. Ao contrário, Cristo veio nos libertar deste jugo. Tiago diz que "a religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo" (Tg 1:27). Não fala em rituais. Não fala na necessidade de cumprir normas e condutas. A salvação é pela graça. Qualquer coisa que venhamos a fazer não acrescenta-nos salvação,pois Cristo já fez tudo. "Está consumado", disse Ele, demonstrando que já fez TUDO o que era necessário à nossa salvação.


A mulher samaritana que conversava com Jesus tinha a mentalidade da religião. Tomou as duas referências de lugares de adoração que tinha conhecimento, o templo e o monte, e perguntou a Jesus qual seria o local mais adequado para se adorar a Deus. O Senhor mostrou-lhe que a mentalidade da religião dependente do físico não era o projeto de Deus para o Seu Reino. Nem no monte, e nem em Jerusalém, mas aonde houver um adorador que adore a Deus em espírito e em verdade (Jo 4:23-24).


Se pretendemos realmente seguir a Jesus, precisamos nos guardar deste fermento farisaico religioso. Precisamos da Igreja, mas não dos rituais da religião. Precisamos das Escrituras, mas não da interpretação religiosa de seus textos. Precisamos da fé, mas não das muletas e dos elementos animistas. Precisamos de Cristo, mas não de uma religião que seja detentora dEle, franquia do Reino dEle e detentora de Seus direitos e de Seu Nome na terra. Isto não existe.


O FERMENTO DE HERODES


Há um segundo fermento igualmente perigoso: o fermento de Herodes. A Bíblia cita três Herodes. O primeiro, foi Herodes, o Grande, contemporâneo do nascimento de Jesus, o que mandou matar as crianças em todo o Israel para que o rei prometido não chegasse e tomasse seu trono. O terceiro Herodes é relatado no livro de Atos, e foi aquele que mandou prender Pedro, decapitar Tiago, e que morreu comido de bichos. O Herodes contemporâneo do ministério de Jesus é o segundo, Herodes Antipas.


O Herodes de cujo “fermento” Jesus nos manda nos guardar era filho de Herodes, o Grande. Homem de péssimo caráter, egoísta e mau, casou-se, ilegalmente, com Herodíades, sua sobrinha e ex-esposa de seu irmão, e por isso foi repreendido por João Batista. Para atender a um capricho de sua enteada, e também sobrinha, Salomé, mandou degolar João Batista. Mundano e devasso, representa todo este mundanismo, esta falta de temor a Deus e aos Seus enviados.


Este fermento de mundanismo é o que exatamente Jesus orienta Seus discípulos a se guardarem. A Igreja não pode absorver os conceitos mundanos representados por Herodes. Este mundanismo é o segundo fermento a ser temido e evitado pela Igreja. Tal mundanismo, introduzido no maio do reino, produzirá inchaço e crescimento, mas não será um crescimento bem vindo no reino.


Ao que nos parece, da mesma forma que a Igreja não vigiou em relação ao “fermento dos fariseus”, antes introduziu em seu seio todos os tipos de rituais, elementos e conceitos religiosos, fez também em relação ao fermento de Herodes. O mundanismo entrou pela porta da frente da Igreja, com a anuência dos seus líderes e pastores, exatamente os que receberam a incumbência de zelar pela Igreja e por sua pureza em relação a qualquer tipo de mistura.

Ao falarmos em mundanismo, de modo algum falamos de modernidade. A modernidade em si pode, dentro dos limites das Escrituras e do bom senso, ser aceita e tornada em aliada da Igreja e do reino de Deus. Entretanto, o mundanismo é pernicioso em tudo.


O fermento de Herodes é misturado à Igreja quando deixamos de seguir os padrões das Escrituras e adotamos os do mundo. A Igreja, que há algum tempo fazia questão de ser diferente do mundo, agora quer ser igual, faz questão disso, e se orgulha disso! Assim como Israel que quis ter um rei porque todas as nações ao seu redor os tinham, a Igreja anseia pelas coisas do mundo. Ser diferente não é mais motivo de alegria, mas de incômodo. Ser diferente, afinal, afasta os pecadores! Precisamos ser iguais, para atrair jovens para Cristo. Precisamos cheirar a Bíblia para atrair os cocainômanos. Temos que criar um bloco de carnaval cristão, baladas e festas regadas a bebidas e libertinagem, para atrairmos os jovens. Precisamos falar gírias, nos vestirmos como o mundo, gostar das mesmas músicas e ritmos. E para nos tornarmos iguais, para aceitarmos tal fermento em nosso meio, não nos constrangemos a deixar a Bíblia e a sã doutrina em segundo ou terceiro plano. Vale a pena, pois gera crescimento! Temos que fazer o que DÁ CERTO, e não o que É CERTO. Os fins justificam os meios.


Pastores se associam com o mundo, e o defendem. Cantores se submetem a canais de tevê. Não temos mais adoradores, mas personagens, guiados não pela adoração mas por marqueteiros que planejam suas carreiras e traçam estratégias até comportamentais, para que vendam mais, façam mais shows e ganhem mais dinheiro... De tudo o que se possa imaginar que existe no mundo, já temos nossas versões gospel: balada gospel, show gospel,  carnaval gospel ― pasmem!! ― até filme pornô gospel...  Basta acrescentar a palavra-adjetivo "gospel", e o que é mundano se "santifica" num passe de mágica! E assim, o fermento de Herodes vai inchando a Igreja, que cresce a olhos vistos, enche-se de Membros a "transbordar pelo ladrão", mas apresenta um crescimento que não agrada ao Senhor da Igreja. Não é crescimento, mas inchaço. Não é saudável, mas cancerígeno.


Precisamos tomar urgentemente o caminho de volta!! Em Apocalipse, Jesus adverte severamente a Igreja de Éfeso com estas palavras: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2:5). Há um castigo para os que não voltarem. Sabemos que, assim como o trigo e o joio que estão misturados, e somos orientados a NÃO ARRANCARMOS O JOIO, para não danificarmos o trigo juntamente, também é impossível retirar o fermento, os dois tipos, do meio da massa. Mas podemos nos guardar deste mesmo fermento. Não sou obrigado a ser contaminado. Posso permanecer firme na massa pura. Posso andar na contramão de tudo o que vemos por aí...


Paulo nos manda: “Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Pelo que façamos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade. Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; Isto não quer dizer, absolutamente, com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque, então, vos seria necessário sair do mundo. Mas, agora, vos escrevi, que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal, nem ainda comais” (1 Co 5:6-11). Precisamos nos limpar deste mau fermento. E a limpeza começa por mim, por você. É uma decisão difícil, pois significa andar na contramão, ir de encontro a tudo o que reina no meio de uma massa fermentada e que se recusa a ouvir a voz da Palavra.


Que Deus nos abençoe, para que façamos o que é certo.

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