Lembro-me de todos os anos a minha avó paterna, dona Lygia, armar a árvore de natal e enchê-la de bolas e enfeites, enquanto contava a mim e a meus irmãos a história do nascimento do Menino Deus. Como adventista, ela era profundamente zelosa e severa na observação dos Dez Mandamentos e não permitia a colocação de anjos e presépios entre os enfeites, pois segundo ela violavam o mandamento divino que proibia imagens de escultura (Êx 20.3-6), e da mesma forma também não permitia a figura do Papai Noel, ensinando a todos os netos que ele se tratava de uma figura apócrifa, que fora inserido no natal mais como uma forma de incentivar as compras e o consumismo, assim como o “coelhinho” foi inserido na Páscoa... Logo, cresci sabendo que papai Noel não existe!
Todo o ano tinha em nossa sala uma árvore enfeitada com bolas coloridas e outros penduricalhos. Em um ano de menos aperto financeiro foi possível comprar um jogo de lâmpadas pisca-pisca, que hoje são muito comuns nas lojas e camelódromos, mas que naquela época, meados da década de 1970, eram raros e caros, e só pudemos adquiri-lo depois de algum sacrifício. Meus olhos infantis brilhavam de alegria diante de tanta luz, por ocasião desta aquisição... Até hoje, o período natalino é uma época do ano que me fascina. O clima parece que muda ao nosso redor... Eu faço questão de, anualmente, cuidar dos enfeites, e já estou fazendo a contagem regressiva!
Porém, o que me preocupa em nossos dias é a proliferação de estudos, pregações e artigos que afirmam categoricamente que o natal é uma festa pagã, e que o crente que comemora esta data, que arma a árvore e enfeita a casa com enfeites temáticos da época, está cometendo pecado grave. As redes sociais se tornam insuportáveis, pois um monte de gente transforma como prioritária a conversão de crentes pagãos que comemoram o Natal!!
Esta novidade até muito pouco tempo inexistia na igreja evangélica — era uma exclusividade das Testemunhas de Jeová, que nem mesmo aniversários comemoram, e consideram o natal pagão e blasfemo. Ou seja, estamos trazendo das TJ novas doutrinas para a igreja, baseadas em premissas erradas... Em relação à ceia natalina, já ouvi muitos pastores afirmarem que é glutonaria... E por aí segue... Mas o fato é que, aos poucos, esta ojeriza ao natal está tomando corpo dentro da igreja e ganhando status de doutrina.
Para mim é difícil absorver toda esta “novidade doutrinária”, pois desde que eu me entendo por gente o natal sempre foi comemorado nas igrejas evangélicas, sem nenhum questionamento. Minha família sempre foi cristã evangélica, de sorte que desde a mais tenra infância foi-me dada educação religiosa cristã, mas nesta educação em momento algum foi-me ensinado que a comemoração do natal era errada. Durante toda a década de 1970 ou 80, período de minha infância e adolescência, nunca ouvi que o natal era pagão e pecaminoso, quer de familiares, quer de qualquer pregador evangélico! Meus pais, meus avós maternos e meu avô paterno eram presbiterianos, e minha avó paterna, que exerceu muita influência na minha educação, era adventista (em tempo: não sou adventista e nem concordo com muitas coisas que eles pregam). Quase todo o ramo materno da minha família (tios, primos etc) é evangélico; contudo, todos estes meus parentes sempre comemoraram o natal, sem qualquer questionamento. Além disso, passei minha infância e adolescência frequentando igrejas tradicionais e recebendo nelas minha base religiosa, em uma época de rigidez doutrinária muito maior que a atual, mas nelas se comemorava o natal normalmente.
No início da década de 1980, aos quinze anos de idade, eu tive minha experiência pessoal com o Senhor, recebendo e reconhecendo Jesus Cristo como meu único e suficiente salvador. Tornei-me membro da Igreja Missionária Evangélica do Betel Brasileiro de Rio Formoso, uma pequena igreja pentecostal numa pequena cidade do interior de Pernambuco. Era uma época onde as igrejas pentecostais eram excessivamente rígidas, e nas cidades de interior a rigidez era dobrada, de sorte que muita coisa que hoje é considerada normal em nosso meio naquela época era considerada pecado. Só para exemplificar a rigidez da época, certa vez decidi usar uma fina e discreta corrente de ouro no pescoço, presente de um tio. Em poucos dias o seminarista dirigente da Congregação veio falar comigo e rapidamente me “convenceu” a deixar de usá-la, caso contrário eu seria disciplinado! Hoje quando vejo jovens em nossas igrejas usando correntes, piercings e tatuagens, lembro-me deste episódio e imagino o que seria deles se tivessem vivido na minha época de juventude... Mas mesmo com todo este rigor doutrinário e no âmbito dos usos e costumes, a Igreja sempre era enfeitada durante o período natalino, com direito às luzinhas e aos enfeites, e algumas Igrejas usavam até a árvore nos enfeites! Em todas as Igrejas da cidade, até mesmo nas mais radicais, havia o culto especial de natal, geralmente com apresentação de peças teatrais, corais, jograis, cantatas e ceia comunitária após o culto.
Em 1986 eu ingressei no Instituto Bíblico Betel Brasileiro em João Pessoa, na Paraíba, para estudar Teologia sob a batuta da Miss. Lídia Almeida de Menezes, mulher rigorosíssima na doutrina cristã, de saudosa memória. Nunca ouvi esta mulher de Deus mencionar qualquer coisa contra a comemoração do natal. Embora ela fosse bastante radical até no que se diz respeito às doutrinas de usos e costumes, víamos no Seminário sua aprovação diante das programações que nós, seminaristas, fazíamos para comemorar a data nos campos mantidos pela instituição. Jamais o proibiu ou limitou, sob a argumentação de que a comemoração do natal era pecado.
Até mesmo nas igrejas dos sertões da Paraíba e Pernambuco que conheci nesta época de seminarista, onde o Evangelho era pregado e vivido de forma muito mais radical que nos centros maiores, o natal era comemorado com árvores e enfeites coloridos. Vi certa vez uma “árvore de natal” inusitada em uma igreja do alto sertão de Pernambuco: um mandacaru (um cacto, típico da vegetação da caatinga), devidamente enfeitado e iluminado ao lado do púlpito de uma denominação rigorosíssima, que omito o nome por razões éticas. Já vi igrejas fazerem “presépios vivos”, com pessoas fazendo os papeis de José, Maria, os três reis magos e um bebê ou um boneco representando o menino Jesus... O grande teólogo inglês C. S. Lewis, em sua obra direcionada ao público cristão juvenil “O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA ROUPA”, que foi publicada no Brasil na década de 1980 pela ABU EDITORA e recentemente adaptada ao cinema sob o título de AS CRÔNICAS DE NÁRNIA, chegou a associar o Cristianismo à comemoração do natal, inclusive associando-o à figura do "papai Noel"! Que sacrilégio, heim?!
Somente no final da década de 1990 é que começou a circular nas igrejas, principalmente nas neopentecostais, os rumores que o natal era pagão. Era mais uma “novidade” dentro da igreja, que começou nitidamente em denominações sem muita firmeza doutrinária e se espalhou como joio no meio do trigo, como fogo na palha seca, de sorte que hoje esta novidade tem sido aceita até por muitas igrejas sérias e tradicionais!
É de se estranhar que há mais de três décadas igrejas radicais que condenavam o corte de cabelo feminino, o uso de perfumes, de maquiagem, de refrigerantes, de roupas jeans, de joias e bijuterias etc, aceitavam sem restrições a comemoração natalina e os seus enfeites, e nunca viram nisto indícios de pecado. Enquanto isso, os “teólogos das revelações” dos dias atuais descobriram que o natal é pagão e pecaminoso, e que a Igreja vem pecando todos estes anos passados... Como pode um costume ser tolerado por tantos anos, em épocas muito mais radicais e rígidas, e de repente alguém, em pleno final do Século XX e início do XXI, descobrir que a igreja todos estes anos estava incorrendo em “pecado natalino”? É até inacreditável que os reformadores, os avivalistas e os homens de Deus do passado tenham incorrido em tão grave erro, e somente os “grandes homens de Deus do Século XXI” foram agraciados com tamanha iluminação!
Por outro lado, vemos outro tipo de extremismo nestas mesmas igrejas e nestas mesmas pessoas que se posicionam contrários ao “paganismo natalino”: embora o natal seja uma festa cristã (pelo menos pelo fato de se tratar da festa comemorativa à Encarnação de Cristo), preferem se apegar às festas judaicas do Antigo Testamento, como a festa dos Tabernáculos, o Purim etc, comemorando-as em suas igrejas e esquecendo que elas foram instituídas para o povo judeu, e não para a comunidade cristã, que deve viver de acordo com os ditames do NT, e não mais pelos costumes do AT (At 15). Estas mesmas pessoas e igrejas rejeitam o natal, mas não rejeitam as comemorações do “dia do pastor”, do dia da “esposa do pastor”, do dia do “gato e cachorro do pastor”; não rejeitam as “festas de aniversários de suas igrejas”, ou mesmo seus próprios aniversários, bem como outras “festividades”... Alguns deles, rejeitam o Natal por ser, segundo eles, de origem pagã, mas promovem FESTAS JUNINAS em suas "igrejas", embora tenham a mesma origem! E PASMEM: muitas igrejas que condenam o Natal já comemoram a "festa do Elohim", uma paródia do Halloween norte-americano, o dia das bruxas!!
Já vi muitos argumentos contra o natal e já estudei e analisei a grande maioria. É claro que ― como bem costumo afirmar ― não sou e nem pretendo ser o dono da verdade, e posso estar errado nas minhas conclusões. Estou aberto a correções e pronto a mudar de ideia e opinião sobre o assunto, desde que à luz da Palavra de Deus e de argumentações coerentes e isentas de radicalismos e extremismos cegos. Afinal, a Palavra de Deus é martelo que esmiúça a penha (Jr 23.29), e consequentemente também pode esmiuçar as minhas ideias equivocadas, conduzindo meus conceitos aos das Escrituras. Isto posto, permitam-me analisar algumas questões sobre o controverso assunto.
A princípio, as Escrituras nos deixam livres para comemorar festas ou não, dependendo de nossa consciência. Paulo diz: "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados..." (Cl 2:16). Se continuarmos a ler o texto, veremos muitas outras coisas que nos mostram que somos livres, e as pessoas que buscam nos dominar por qualquer pretexto são chamadas de pessoas de compreensão carnal (v. 18). Embora não haja nada nas Escrituras neotestamentárias que nos mande comemorar o natal, também nada existe contra tal comemoração.
Segundo os opositores do natal, antes de ser adaptada pelo Cristianismo e ser denominada como “natal”, esta festa era completamente pagã e idólatra: alguns afirmam que o dia 25 de dezembro seria o dia do nascimento do deus Sol, Mitra; outros, que era o aniversário de um rei pagão da antiguidade chamado Ninrode. A árvore, as guirlandas, os enfeites, a troca de presentes, a ceia etc, tudo teria origem igualmente pagã e idólatra. Inserir esta festa, portanto, no calendário de festejos da igreja, ou no nosso calendário pessoal, beira à apostasia, afirmam seus opositores.
O primeiro grande erro que encontro nesta argumentação é julgar que a igreja não pode aproveitar nada da cultura pagã. Será que a igreja não pode redirecionar os costumes pagãos para a direção certa ― Jesus Cristo? Não é isso que ela vem fazendo, desde seus primórdios? Não foi isso, por exemplo, que ela fez em relação ao domingo, guardando-o em lugar do sábado judaico, mesmo considerando que no domingo o império romano reverenciava o deus sol?
Muitos costumes pagãos podem ser "aproveitados" para se honrar a Deus. Ou não?? Era um costume da maioria dos povos dizimar dos despojos de guerra aos seus deuses pagãos. Em "Heródoto 1.89", se afirma: "...exijam de tuas tropas os despojos, sob o pretexto de que é preciso consagrar a décima parte a Júpiter". Um dia, Abraão tomou esse costume pagão para honrar o Deus verdadeiro e o mesmo, na Lei, passou a ser uma instituição em Israel para o sustento do serviço no Tabernáculo e no Templo.
Analisemos também sob esta óptica a festa brasileira chamada carnaval: trata-se inegavelmente de uma festa pagã, imoral e carnal, como o próprio nome sugere. Mas se um dia, por ato miraculoso de Deus, a nação brasileira receber um avivamento sem precedentes, seu povo se converter a Cristo e decidir extinguir o carnaval, a igreja não pode aproveitar a festa e, direcionando-a para o Senhor Jesus, transformá-la em festa cristã? Não podemos extinguir os desfiles de escolas de samba e fazermos desfiles das nossas igrejas ― sem samba, sem orgias, sem bebidas, sem drogas e sem carnalidades ― mostrando através disto aos não conversos e ao resto do mundo, que bem conhecem o carnaval brasileiro, o poder transformador de Jesus Cristo? Afinal, de certa forma já fazemos isto nos retiros, onde transformamos o nosso carnaval em uma festa espiritual.
Ora, se Paulo pôde enxergar em um altar oferecido a uma divindade desconhecida um lugar de adoração ao Deus cristão e uma oportunidade de pregar aos atenienses o Evangelho de Cristo, por que não poderíamos enxergar em uma data pagã uma oportunidade de adorarmos a Deus, dando-Lhe graças por nos haver enviado Seu Filho Jesus?
É importante compreender uma coisa: a comemoração do Natal pelos cristãos NÃO É a comemoração do aniversário de Jesus, e sim a comemoração pela Encarnação do Verbo. Nenhum cristão com o mínimo de conhecimento bíblico e orientação doutrinária sabe que não se comemora o aniversário de Jesus Cristo, até porque Ele NÃO NASCEU em 25/12. Comemoramos o milagre da Encarnação de Deus entre nós.
Em relação aos elementos “pagãos” do natal, vejamos:
A ÁRVORE DE NATAL - Geralmente um pinheiro, natural ou artificial, adornado com luzes, bolas coloridas e outros enfeites. Uma das críticas que mais surge, o uso da árvore da natal como símbolo, atrai uma parafernália de suspeições e disparates.
Não vou discutir a possibilidade de origens pagãs que alguns invocam, não que consigam relacionar com o nosso uso do pinheiro de natal, mas relembrar que, segundo a tradição, foi o gigante da Reforma Martinho Lutero que, pela primeira vez trouxe para o seu lar um ramo de abeto o enfeitou com velas e papéis coloridos para celebrar em família a encarnação de Jesus.
Há quem diga até que a silhueta da árvore e seus enfeites lembrem a imagem da Senhora Aparecida! Sem comentários...
Àqueles que afirmam que a árvore de natal se trata de algo essencialmente pagão, lembramos que todas as árvores são criação do Senhor (Gn 1.11-12; 2.9; Sl 104.16), de sorte que o ato de enfeitar uma árvore com a finalidade de ornamentar o ambiente dificilmente pode ser considerado pecado. É bem verdade que muitos textos bíblicos mencionam que os homens adoraram deuses estranhos debaixo de árvores (2 Rs 17.10) e usaram a madeira destas árvores para fazerem ídolos (Is 44.14ss); entretanto, o pecado não estava nas ÁRVORES, e sim na adoração aos falsos deuses, que tanto podiam ser feitas debaixo de árvores ou longe delas. Estes atos de idolatria não desqualificaram as árvores como criação de Deus, e nem as desmerecem diante do Senhor e dos homens. Se assim fosse, ao crente seria proibido plantá-las em seu jardim ou quintal. Nenhum crente planta árvores e nem monta e enfeita uma árvore de natal com o objetivo de adorá-la, ou de adorar falsos deuses debaixo dela; antes fazem isso para enfeitar a sua casa e glorificar a Deus.
Certa vez ouvi um pastor, em um importante e conhecido programa cristão de debates e entrevistas na tevê, afirmando que não devíamos ter árvores de natal porque os demônios se alojam na copa das árvores! Ah, ― pensei com os meus botões ― sendo assim, vou arrancar a árvore que tenho em meu jardim, para evitar que demônios se alojem no perímetro da minha casa! Afinal de contas, para que Deus criou as árvores?? E finalmente, de onde este “iluminado” tirou esta importante informação, já que a Bíblia não afirma tal coisa??
Esquecem-se os inimigos do Natal que teofanias (manifestações de Deus) no AT se deram debaixo de árvores. Abraão estava à sombra de um carvalhal quando o Senhor Se apresentou a ele na forma corpórea de três homens (Gn 18). Suponho que se as árvores fossem tão pecaminosas, o Sehor jamais Se manifestaria diante delas!
OS ENFEITES - A maioria dos enfeites natalinos têm origem pagã. Isto pode até ser verdade. Contudo, o fato de um pagão se utilizar de determinados enfeites em seus rituais não desqualifica os enfeites para o uso cristão. Lembremos, por exemplo, que os pagãos usam flores para reverenciar os mortos (o que não é bíblico), mas nem por isso somos proibidos de usarmos flores para enfeitar nossos jardins ou o interior de nossas casas, em arranjos, vasos e jarros, ou dá-las de presente aos nossos queridos, geralmente em forma de buquês. Pagãos acendem velas para adorar ídolos e orixás, mas isto não torna pecado o fato de acendê-las à mesa, em um jantar romântico ou na comemoração de um aniversário, ou mesmo como substituiçao das lâmpadas em caso de falta de energia elétrica. O sentido do uso é o que determina a legitimidade deste uso.
Nós, cristãos, usamos gravatas, desconhecendo talvez que este acessório é desenhado em nossos dias por estilistas pagãos, e até homossexuais. Mesmo assim usamos, e muitos ministérios exigem seu uso na igreja, principalmente dos seus obreiros e oficiais. Por que, então, não podemos usar os enfeites de natal, alegando serem de origem pagã?
Por mais que um pagão use um objeto em seus rituais pagãos, podemos também usá-lo com finalidades cristãs. Quando o povo de Israel apostatava, afastava-se do Senhor e queimava incenso aos deuses estranhos, não desqualificava o incenso para o uso na adoração ao verdadeiro Deus, que poderia a qualquer momento, com a conversão do homem, ser novamente usado para cultuá-lO.
Por que as pessoas que usam este tipo de argumento não retiram de suas casas quadros, esculturas e outros objetos fabricados ou pintados por pagãos, considerados obras de arte? Por que não abandonam os enfeites florais nas suas igrejas, já que flores são usadas em cemitérios para homenagear os finados no seu suposto dia, e em outras cerimônias pagãs, como nas oferendas a orixás? Lanço aqui um questionamento: será que estes enfeites são realmente do paganismo, ou eles pertencem a Deus e o paganismo lançou mão deles, usurpando a glória do Senhor? Não caberia, então, à igreja restaurar estes objetos para o culto ao Único e Verdadeiro Deus?
A TROCA DE PRESENTES - Embora os contrários à festa de natal afirmem categoricamente que a troca de presentes tem origem pagã, este costume é claramente mencionado na Bíblia como sendo praticado pelo povo de Deus (1 Sm 10.27; Et 9.19, 22). O próprio menino Jesus recebeu presentes dos reis magos (Mt 2). Desde que o cristão não vá se endividar com este ato, não há nada de errado em presentear familiares e amigos e receber presentes em troca. Discordamos da obrigatoriedade de dar presentes a todos os parentes e amigos, do endividamento perdulário e irresponsável e da hipocrisia de amigos secretos que muitas vezes nem conhecemos, e só presenteamos porque o sorteamos... Mais uma vez, os incoerentes inimigos do Natal de Cristo não admitem a troca de presentes no Natal, mas recebem presentes em seus próprios aniversários, ou dão aos aniversariantes!
A CEIA - Como eu falei anteriormente, já ouvi pregações onde se afirmava que participar da ceia de natal é incorrer em pecado de glutonaria. Contudo, comer e se fartar em ocasiões festivas sempre foi ― e até os nossos dias é ― costume do povo judeu, apoiado e incentivado pelas Escrituras (Dt 12:20-21; 1 Rs 4:20; Ne 8:9-12; Et 9:19, 22; Ec 9:7). A igreja primitiva promovia a “festa do ágape” frequentemente, quando os irmãos se banqueteavam e tomavam a Ceia do Senhor. Portanto, afirmar que a ceia de natal é pecado baseado no argumento da glutonaria é um atestado de desconhecimento das Escrituras.
Em relação à acusação de glutonaria, só podemos afirmar duas coisas:
Primeiro, a glutonaria se caracteriza não pelo ato de comer festivamente, mas sim pelo comer exagerada e descontroladamente, de sorte que se o crente souber ter temperança à mesa, jamais incorrerá em tal pecado. Comer dentro das capacidades de seu apetite, sem forçar o corpo a receber comida em excesso, não é glutonaria, mas alimentação!
Segundo, o próprio Senhor Jesus foi chamado de glutão pelos seus opositores, pois a Escritura afirma que ele se banqueteava com pecadores. Porém, Ele mesmo nos ensinou, e a seus acusadores, que “a sabedoria é justificada por todos os seus filhos”, e não pela aparência (Mc 11.19; Lc 7.34-35).
O interessante, e digno de nota e de pena, é que os inimigos do Natal não fazem ceia natalina porque é glutonaria, mas se reúnem em churrascarias e pizzarias, em rodízios, para se deleitarem no mesmo pecado, e ainda apreoam a quantidade que comeram, como um troéu de sua glutonaria gospel!!! Chegam a dizer que "crente não bebe, mas come que é uma beleza!!"...
Estas são as principais alegações para que o crente não comemore o Natal. Contudo, quando analisamos cada uma delas de forma isenta e coerente, observamos a sua fragilidade. A verdade é que a maioria das pessoas NÃO QUER comemorar o Natal. É direito delas! Não comemorem. Todos são livres para comemorá-lo ou não! Mas daí a querer convencer a todos com argumentos tão infantis que o Natal é anticristão, é querer “forçar a barra”, é querer afirmar o que a Bíblia não afirma, é querer torcer os padrões do bom senso...
Perguntamos aos opositores do Natal: já que vocês são tão contrários a toda cultura pagã inserida no Cristianismo, por que então ainda usam coisas pagãs em outras ocasiões diferentes do Natal? De forma incoerente, as mesmas igrejas e as mesmas pessoas que condenam o “paganismo natalino” utilizam muitas coisas, objetos, costumes e liturgias de origem pagã, às vezes sem nem mesmo se dar conta disso. Você, cristão, se beneficia com os feriados pagãos? Você aproveita as folgas proporcionadas pelo carnaval, feriados dedicados a santos católicos ou orixás afrobrasileiros, dia de finados e outras festas de cunho idólatra ou pagão? Por mais que se argumente que não se comemora o dia, apenas se beneficia da folga, não é um sinal de incoerência aproveitar-se de benefícios oferecidos por festas pagãs, diante de tanto radicalismo contra o natal?
Vamos exemplificar esta conivência com o paganismo com outros fatos mais concretos, presentes no dia-a-dia dos crentes e das igrejas evangélicas:
I - O DOMINGO ― o Primeiro dia da semana, dia de guarda da igreja cristã, para os que não sabem tem origem pagã. No império romano, era o dia do "Sol Invicto" (no calendário inglês é o “Sunday”, que literalmente traduzido é dia do sol), e até hoje os adventistas usam este argumento para desqualificar a guarda do domingo pela igreja em detrimento do sábado da lei mosaica. Com a “conversão” do imperador romano Constantino e a oficialização do Cristianismo como religião oficial do império romano no ano de 313, o Dia do Senhor, que JÁ ERA comemorado pela Igreja gentia desde os tempos apostólicos, foi oficializado como dia de descanso dos cristãos. Coincidentemente, o dia do Senhor era o mesmo dia do sol invicto do paganismo... Numa situação como esta, qual deveria ser a atitude correta da igreja primitiva? Mudar o dia do Senhor para o sábado judaico, para outro dia qualquer da semana que não coincidisse com o dia do sol invicto pagão ou entender que as culturas, mesmo sendo pagãs, podem ser absorvidas pelo Cristianismo e por ele transformadas? A igreja primitiva sabiamente optou por esta última linha de raciocínio, enquanto a igreja moderna a despreza!
II - AS CERIMÔNIAS DE CASAMENTO ― Tomemos como exemplo as cerimônias de casamento que são realizadas nas igrejas evangélicas, das quais participam e se submetem até os mais radicais em relação ao “paganismo natalino”:
1. O bolo tem origem pagã, e remonta os cultos à deusa Ártemis (a mesma deusa Diana citada em Atos 19.24ss). Os primeiros tipos de bolos doces eram feitos com farinha e mel e oferecidos a esta deusa como oferendas. Seria, portanto, pecado o crente comer bolo por causa da origem deste alimento!
2. O vestido branco de casamento tem origem nas vestes usadas nos sacrifícios humanos dos cultos pagãos, onde uma vítima teria que ser sacrificada aos deuses: uma virgem, que deveria usar uma roupa de cor branca que apontava para a condição de sua virgindade. Algumas igrejas mais radicais em nossos dias recusam-se a casar noivas de branco quando as mesmas notoriamente não são mais virgens, e da mesma forma viúvas, já que o vestido branco é sinal de virgindade... Isto sem falar nas superstições que existem em relação a esta vestimenta, pois até entre cristãos se observa o costume de não permitir que o noivo veja o vestido e nem a noiva vestida com ele antes da cerimônia, pois isso certamente vai trazer azar ao casamento...
3. As alianças têm origem pagã. Acredita-se que elas surgiram entre gregos e romanos, provavelmente, vindo de um costume hindu que utilizava os aneis para simbolizar o casamento. Da mesma forma, seu uso no dedo anular da mão esquerda também é costume pagão e supersticioso: a tradição do paganismo afirma que elas devem forçosamente ser colocadas neste dedo, pois há uma veia que passa exatamente nele, e que desemboca diretamente no coração. Esta “informação” é desmentida pela anatomia.
4. O ato da noiva jogar o buquê ao término da cerimônia também é um sinal de superstição e paganismo: a moça que o pegar será a próxima a se casar. Este “costume”, embora claramente supersticioso e pagão, nunca foi condenado nem abolido de nosso meio. A cada casamento cristão que formos sempre veremos um amontoado de moças, ansiando desesperadamente por alcançar o precioso “amuleto” que, como se fosse um Santo Antônio casamenteiro, vai garantir noivo e casamento rapidamente.
5. A troca de cálices no brinde entre os noivos (quando ambos entrelaçam os braços ao beber o champanha ou o refrigerante) também é costume pagão, assim como o ato de o noivo dar de comer à noiva um pedaço de bolo, e vice-versa. Este costume tem suas origens nas alianças primitivas, significando "a minha vida entra na sua, e a sua entra na minha", e foi perpetuado no nosso tempo através da cultura pagã cigana.
6. O ato de se jogar arroz na saída dos noivos também faz parte da tradição pagã. Os chineses praticam esta tradição há milênios em suas cerimônias de casamento, e estão declarando ao fazê-lo: “os deuses te abençoem, jamais deixando faltar arroz em tua panela” (o arroz é a base da alimentação do povo chinês).
7. Enquanto argumenta-se que a ceia natalina é pecado de glutonaria, o que se pode dizer do jantar de casamento, que é igualmente uma forma de glutonaria?
8. Os presentes no natal são pecado e paganismo, mas são dados nos casamentos sem qualquer constrangimento. Inclusive, listas de presentes são estrategicamente deixadas em lojas da cidade, para "obrigar" os convidados a comprar presentes caros...
9. A ornamentação da igreja e do salão de recepções inclui muitas coisas de origem pagã (estatuetas no bolo, lembrancinhas, etc), e muitos elementos do cerimonial foram originados das cerimônias católicas (marcha nupcial, a forma da entrada de noivos e padrinhos, vestes dos noivos, pajens e damas etc).
10. Ao se chegar em casa, ou na suíte nupcial, o noivo carrega a noiva no colo, romanticamente... Que romantismo, que nada! Este ato era um ritual romano, que simbolizava não só a "posse" da mulher pelo marido (propriedade mesmo!) mas também o fim do culto dos deuses da família da noiva, que passaria a adotar os deuses do marido...
Resumindo: quase tudo o que ocorre, o que se faz e o que se usa numa cerimônia de casamento cristã tem origens nos costumes pagãos! Porém, até as igrejas mais radicais realizam casamentos nos moldes descritos acima, sem nenhum problema, questionamento ou constrangimento ― as mesmas igrejas cujos líderes rejeitam o natal por causa de seus “elementos pagãos e mundanos”!
Que fique uma coisa bem clara: o problema não são os elementos de paganismo que foram incorporados às cerimônias de casamento (até porque NINGUÉM se casa em uma Igreja cristã com intenções pagãs), mas sim o LEGALISMO das pessoas que condenam elementos legítimos que um dia foram usados pelos pagãos. Não há nada de errado em se casar conforme o rito vigente. Portanto, caros legalistas, não se utilizem das informações que lhes passo para acrescentar aos vossos legalismos mais um fardo pesado para os ombros daqueles que são dominados por vocês e por suas sandices!
III - A MEDICINA - A Medicina é uma das ciências mais antigas desenvolvidas pelo homem. Nos registros históricos há relatos de atividade médica já na Antiga Grécia, na Civilização Egípcia, na China e outros locais. A princípio era baseada na manipulação de ervas e tratamentos naturais, muitas vezes com fundos místicos, aonde deuses e entidades eram invocados para, por meio das fórmulas aplicadas, curarem as doenças.
A Bíblia menciona médicos pela primeira vez por ocasião da morte de Jacó, quando José ordenou a seus servos médicos que embalsamassem o corpo de seu pai (Gn 50). O embalsamamento egípcio era algo ligado à cultura e à religião politeísta do país; era era preparação do corpo para a vida eterna ao lado do deuses do panteão egípcio, e era feito seguindo rituais da religião pagã egípcia.
Durante muitos anos a Igreja perseguiu os médicos, pois os mesmos além de fazerem rituais de feitiçaria, usavam cadáveres pra dissecação, numa profanação ao corpo humano, templo do Espírito Santo. Até hoje, as Universidades usam cadáveres para dissecação, negando-lhes um sepultamento digno.
De origem totalmente pagã, a medicina tem como símbolo o Bordão de Esculápio, relacionado a astrologia e que representa um deus pagão egípcio, até hoje patrono da medicina.
Da mesma forma, o crente que não comemora o natal por ter origem pagã também não pode fazer uso da medicina, que também é pagã. Eles devem contar apenas com o poder da oração e da fé.
Outro detalhe pagão ligado à medicina é a FARMÁCIA, estabelecimento para onde somos imediatamente encaminhados apos a consulta médica. Este nome tem origem na palavra grega φαρμακεια (pharmakeia), que no NT é traduzida como FEITIÇARIA (Gl 5:20). Como se não bastasse se consultar com um médico (ato pagão de pacto involuntário com o diabo e demônios), quando vamos à farmácia acrescentamos pecado a pecado, pois praticamos, mesmo sem saber, o pecado da feitiçaria! Da mesma forma que demônios são adorados de forma inconsciente ao se armar uma árvore de Natal, também o são quando vamos a um médico ou farmácia, já que a origem origem de ambos é pagã.
Mais um detalhe maligno associado à medicina é a ENFERMAGEM. Quem estudar sobre as origens das enfermeiras, saberá que as primeiras "profissionais" da área foram recrutadas entre as PROSTITUTAS, o que associa inexoravelmente à prostituição e imoralidade sexual. Não é possível que alguém que se diga cristão aceite tal prática! Além disso, a enfermagem, entre os séculos V e VIII, surgiu entre os religiosos católicos como um sacerdócio. Ou seja, tem origem pagã!!
Assim, seguindo a mesma linha de que o Natal não deve ser comemorado por ter origem pagã, os crentes que demonizam esta festa, devem fazer o mesmo com a MEDICINA, a ENFERMAGEM e a FARMÁCIA. Sejamos coerentes!!
IV - A PRÁTICA ESPORTIVA - A prática esportiva teve início remoto. Já havia monumentos de vários estilos esportivos dos antigos egípcios, babilônios e assírios com cenas de luta, jogos de bola, natação, acrobacias e danças.
Entre os egípcios, a luta corpo-a-corpo e com espadas surgiram por volta de 2.700 a.C. e eram exercícios com fins militares. Outros jogos tinham caráter religioso, relacionado a antigas religiões pagãs, de adoração a deuses.
Finalmente, chegamos à Grécia, aonde os Jogos Olímpicos foram criados. Os esportes praticados nestes jogos tinham a intenção de adorar os deuses do Olimpo! Os vencedores, eram tratados como "deuses por um dia", honrados por Zeus e pelos demais deuses do panteão!
Os esportes promovem a disputa, o instinto maligno de se provar que é superior ao outro. Isso nem de longe é uma prática cristã!
Caro irmão que não comemora o natal por ser de origem pagã, fuja de todo tipo de pratica esportiva! Futebol, vôlei, luta, jogo de peteca, tudo isso tem origem na idolatria de deuses pagãos!
V - AS UNIVERSIDADES - Você sabia que as universidades têm origem pagã? Na idade média, a Igreja Católica, em pleno domínio pelo medo, afundada em dogmas, dá inicio às primeiras Universidades, sempre tendo como objetivo inicial manter o domínio das mentes através do monopólio intelectual. Essa época coincide com a era negra da igreja cristã.
Portanto, você caro irmão evangélico, que não comemora o natal por ter origem pagã, não pode frequentar cursos universitários, pois são igualmente pagãos! A mesma Igreja Católica que deu ao mundo o São Nicolau (o papai Noel), deixou como legado as Universidades! Se um é pecado, o outro também o é!!
VI - OS CURSOS TEOLÓGICOS - Se você cursou cursou teologia e não comemora o natal, por alegar que teve origem pagã, preciso te lembrar que a disciplina "HERMENÊUTICA", que se estuda tanto na teologia quanto no direito, também tem origem pagã, pois este nome vem do "deus" Hermes, o intérprete dos "oráculos divinos".
VII - O USO DE VELAS - Você já usou velas em cima do bolo de aniversário como indicativo da idade do aniversariante? Já participou de algum jantar a luz de velas? Acende-as quando o fornecimento de energia elétrica é suspenso? Para algumas seitas e religiões como a católica, as orientais e as afrobrasileiras, velas acesas têm significados místicos e ritualísticos. Já observou as marcas comerciais da grande maioria de velas existentes no mercado? Quase todas têm nomes de santos ou entidades veneradas por religiões. As velas colocadas em cima de um bolo de aniversário também surgiram na época dos deuses antigos, pois as pessoas acreditavam que a fumaça das velas levava as preces dos fiéis até o céu, além de proteger o aniversariante de espíritos ruins e garantir sua proteção para o ano vindouro.Contudo, nós não comemoramos aniversários nem participamos de jantares românticos no intuito de fazer rituais espirituais nem honrar santos e entidades, e sim de celebrar datas especiais. Portanto, não vemos mal em acender as velas do bolo e, no escuro, cantarmos "parabéns pra você", comemos doces, salgadinhos, tomarmos refrigerante etc, e muitas vezes fazemos a “festinha” na igreja, em suas dependências ou até mesmo no templo. Outras vezes, nos utilizamos das velas para, na ausência da energia elétrica, iluminarmos o ambiente. Não fazemos nada disso com finalidade pagã, e sim cristã.
VIII - FOGOS DE ARTIFÍCIO - Certamente você já soltou algum artefato destes... Se não o fez, já deve ter se encantado com shows pirotécnicos, principalmente os promovidos na chegada de um ano novo. Mas você conhece a origem dos fogos de artifício? Foram criados na China antiga, com a finalidade de “espantar” e afastar os maus espíritos em rituais pagãos... Na sua origem, não tinha nada a ver com comemoração, e sim com paganismo. Mas eu não creio que ao soltar um rojão você o tenha feito com esta intenção. Pelo contrário, você sabe que a única coisa que realmente “espanta” um demônio é o poder do nome de Jesus. Não há nenhum mal em soltar fogos para se comemorar alguma coisa (como um gol de seu time ou a chegada de um novo ano), pois o fazemos em momentos de alegria e festejo, e não com intenções ritualísticas.
IX - OS ANJOS – Você já assistiu em sua igreja alguma apresentação teatral onde pessoas desempenharam papel de anjos? Certamente os mesmos traziam asas às costas. Mais um indício de paganismo! A associação de anjos e asas vem da cultura pagã grecorromana, e foi absorvida pela igreja desde a Idade Média. Esta imagem vem do deus pagão Eros (o cupido que tanto conhecemos), que é representado como uma criança com asas. A Bíblia relata que existem classes de anjos, entre elas os serafins descritos em Isaías capítulo 6, que possuem asas. Contudo, sempre que os anjos se revelaram aos homens o fizeram na forma humana, sem asas (exceto aos profetas, únicos a verem querubins e serafins). Em Hebreus 13:2 é mencionado que “alguns, sem saber, hospedaram anjos”, falando nitidamente em Abraão e Ló; porém, se um anjo aparecesse em suas casas com um par de asas às costas, inexoravelmente seriam reconhecidos como anjos! Concluímos que eles se manifestam aos homens em forma humana normal, sem asas. Anjo com asas é coisa de paganismo.
X - O BATISMO - Para aqueles que não sabem, o batismo também tem origem pagã! Era usado na Babilônia e no Egito em conexão com crenças supersticiosas, associado à purificação, e até hoje muitas religiões ainda adotam tais rituais de purificação, como o hinduísmo. A Bíblia menciona tal ato associado ao paganismo por ocasião da transformação das águas do Nilo em sangue por Moisés, o que ocorreu num destes rituais praticados pelo Faraó, quando este deixava seu palácio e saía a se banhar nas águas do rio Nilo, em ritual de purificação (Ex 7.14-15). Mas nem por isso a cerimônia de batismo deixou de ser praticada por João Batista, nem deixou de ser ordenada por Jesus para a igreja, nem deixou de ser praticada pelos primeiros cristãos e por toda a comunidade cristã desde a sua origem, que o adotaram com uma motivação inteiramente diferente da dos pagãos.
XI - O TRIO ELÉTRICO – É desnecessário dizer que esta parafernália sonora também tem origem pagã. Foi criado na Bahia na década de 1950 por Dodô e Osmar, com a exclusiva finalidade de animar o carnaval (na verdade, foi criado na Paraíba na década de 1930 por Newton Monteiro, pelo major Ciraulo e por um grupo de músicos e empresários pernambucanos, para a mesma finalidade carnavalesca... Poucas pessoas sabem deste comprovado detalhe histórico), mas hoje é comumente usado em passeatas evangélicas, cultos ao ar livre, evangelismos etc. É errado a igreja utilizar este recurso sonoro só pelo fato de ter origem e finalidade pagãs? Claro que não! Aqui se vê que a intenção do uso muda completamente o sentido das coisas, e mesmo quando as coisas são criadas por pagãos para finalidades pagãs, podem perfeitamente ser usadas por cristãos para finalidades cristãs.
XII - INSTRUMENTOS MUSICAIS E EQUIPAMENTOS DE SOM – A franca maioria deles foi criada por pagãos e com finalidades pagãs, como por exemplo a guitarra e o baixo elétrico, criados para as bandas de rock mundanas. Meus pais me contaram que, na sua mocidade, o violão não podia ser usado na igreja porque era instrumento de boêmios e beberrões, usado por pecadores em suas orgias! Na igreja, só podiam ser usados o piano e o órgão. Hoje, até mesmo instrumentos como atabaques e tambores, de origem africana e usados em seus rituais, já foram incorporados às bandas de nossas igrejas. O mesmo se aplica aos equipamentos de som, como microfones, amplificadores. Achar que eles foram criados para servir a Deus é, no mínimo, ingenuidade; antes foram desenvolvidos para amplificar ao máximo os sons das bandas mundanas. Quando foram criados, eram até proibidos de serem usados nas Igrejas, exatamente por este motivo! Hoje, os usamos sem problemas.
XIII - MÚSICAS – O que dizer sobre as músicas que cantamos em nossas igrejas? Quase todos os gêneros musicais existentes já são utilizados para o louvor do Senhor. Seria isto válido? Em relação ao rock, um dos seus autores mesmo chegou a afirmar que o diabo era o pai deste gênero musical (é lógico que não estou afirmando nem referendando isso!)... O funk, música comprovadamente direcionada a práticas sexuais libertinas, já é usado nas igrejas para louvar a Deus. Isto sem citar o forró, o reggae, o rap e o hip-hop... E até a dança e a expressão corporal, antes consideradas como coisas mundanas, já são apresentadas nas igrejas para louvar ao Senhor. E pra "fechar com chave de ouro" a medida do paganismo de nossa geração, MÚSICAS SECULARES, compostas para entretenimento, são usadas nas Igrejas, mudando-se somente a letra!!
Mencionamos apenas algumas coisas, alguns costumes e objetos, que foram indubitavelmente criados por PAGÃOS para finalidades PAGÃS, mas que são normalmente usados por cristãos. Não as mencionamos para desmoralizar ou desestimular suas práticas em nosso meio, mas para mostrar o absurdo do argumento que afirma que a origem pagã desautoriza o uso por cristãos. Se abandonamos o Natal por ter origem pagã, deveríamos, por coerência, abandonar as cerimônias de casamento, a medicina e as demais coisas citadas acima!
O uso ou a prática de nenhuma destas coisas citadas absolutamente se constitui em pecado, pois enquanto o homem vê o exterior, o Senhor vê a intenção do coração. Podemos ver isto observando a atitude da mulher pecadora que de coração inteiro ungiu os pés do Senhor e enxugou-os com os cabelos (Lc 7.36ss). Expor os cabelos era coisa que, na época, era vergonhoso fazer em público. Somente o marido podia ver os cabelos da mulher, e só mulheres pecadoras expunham seus cabelos na presença de estranhos. Ela o fez como intrusa na casa alheia, atrapalhando e constrangendo o ambiente do jantar oferecido por Simão, o fariseu, ao Senhor Jesus. Foi duramente criticada e condenada pelos fariseus por causa deste ato, mas amorosamente defendida pelo Senhor, e teve sua oferta de amor plenamente aceita por Ele.
Muitos outros exemplos poderiam ser citados aqui, de coisas que foram criadas por pagãos e usadas pelo paganismo, mas que são usadas hoje em nosso dia-a-dia, em nossas casas e em nossas igrejas, sem questionamento algum dos mais radicais. Afinal, “do Senhor é a terra e sua plenitude, o mundo e os que nele habitam” (Sl 24:1). Nenhum cristão em são juízo usaria objetos pagãos com intenção pagã, e sim com intenção cristã de adoração e louvor ao Senhor. Paulo referenda o uso com intenção correta quando afirma que “quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Co 10:31). Se um feiticeiro usa flores em suas bruxarias, isso não nos desautoriza enfeitar os púlpitos e naves de nossas Igrejas com as mesmas flores! Se perfumes são usados para oferendas à deusa o mar, nem por isso devemos deixar de usá-los!
Mas então, por que os “radicais de plantão” não conseguem aceitar a festa de natal? Basicamente por RADICALISMO e EXTREMISMO, visto que as evidências e o bom senso não desqualificam a festa de natal...
Vejamos outros argumentos que os opositores usam para tentar provar que o Natal é pagão e antibíblico:
JESUS NÃO NASCEU EM 25 DE DEZEMBRO - A data da comemoração do Natal talvez seja o aspecto mais controverso a respeito do nascimento de Jesus. Aprendi desde cedo que esta não seria a data mais apropriada, porque seria impossível Jesus ter nascido neste período do ano. Os pastores estavam no campo, que inviabilizaria a possibilidade de ser Dezembro, um mês de frio intenso na região. É mais provável, segundo alguns estudiosos, que o Senhor Jesus tenha nascido em meados de abril ou maio.
Alega-se que a data foi "emprestada" do paganismo. Entretanto, quem estuda história da igreja sabe que sempre foi prática da igreja dos primeiros séculos tomar datas, lugares e símbolos de religiões e cultos pagãos, não para sincretismo, mas para demonstrar a superioridade do Cristianismo e do Deus que adoravam.
Acontece que, de onde menos se esperava surgem agora dados que podem oferecer à data possibilidade verossímil. O professor S. Talmon da Universidade de Jerusalém, baseado em documentos encontrados em Qumran, conseguiu precisar as 24 ordens cronológicas das classes sacerdotais. A de Abias é que nos interessa, porque com esta ajuda sabemos que o pai de João Batista, Zacarias, terá servido no templo entre 23 a 25 de Setembro. Este anúncio da concepção de Isabel que, de acordo com o Evangelho de Lucas, nos oferece a precisão cronológica diferenciada em seis meses em relação à concepção de Maria, o que aponta o nascimento de Jesus para o mês de Dezembro.
Mas vamos desconsiderar tal informação. Digamos que realmente Jesus não tenha nascido em Dezembro, como é a opinião da maioria dos estudiosos. E DAÍ?? A grande maioria dos que comemoram o Natal sabem que Jesus dificilmenter nasceu nesta época. Se Ele nasceu em data incerta nada impede que seja comemorado seu nascimento em outra data conveniente à igreja. Até bem pouco tempo nos sertões brasileiros, onde muitas vezes é difícil se registrar um recém-nascido dadas as distâncias dos cartórios e comarcas, seu registro muitas vezes só é feito muito tempo depois, em alguns casos anos à frente, quando muitas vezes ninguém nem mais lembra a data exata do nascimento; algumas vezes, a pessoa só é registrada já adulta! Mas isso não impede que seja fixada uma data fictícia, feito o registro e anualmente se comemore o nascimento da pessoa. Ademais, o que fazer para se comemorar o aniversário de alguém que nasceu em 29 de fevereiro? Só devemos fazê-lo a cada quatro anos? Um outro exemplo disso é o descobrimento do Brasil; é comemorado em abril, mas todo mundo sabe que ocorreu antes...
Mas isto é fácil de se resolver: basta os opositores do Natal compreenderem que NÃO COMEMORAMOS O ANIVERSÁRIO DE JESUS, e sim o fato de o Verbo ter encarnado, ter-Se feito igual a nós! Separamos, desde o início do Cristianismo, o dia 25 de dezembro para tal comemoração. Assim como um dia o homem (Adão) quis ser igual a Deus, o Filho de Deus quis Se fazer igual a nós! Não se trata de um aniversário, mas da comemoração do ato de Cristo Se fazer carne por amor de nós!
Se os opositores do Natal insistirem no excsso de zelo relacionado à data exata da comemoração natalina, por que não têm o mesmo zelo em relação à Páscoa? Esta festa judaica é também comemorada pelos evangélicos, mas se aplica numa situação parecida com o Natal: para a igreja é uma festa móvel, enquanto na Bíblia deve ser uma festa fixa, com sua data determinada pelo próprio Deus, conforme Êxodo 12, Levítico 23:4-8 (No primeiro mês, aos catorze dias do mês). Com o passar dos anos o homem mudou a data, tornando-a móvel, por causa das suas conveniências (basta observar que TODOS OS ANOS a Páscoa é comemorada em dias diferentes!)... Logo, a nossa comemoração da Páscoa se dá de forma diversa ao que foi determinado nas Escrituras. Isto não estaria errado, comparando-se ao tão combatido Natal? Comemora-se em data incerta (assim como o Natal) e em data móvel (quando o próprio Deus a fixou no primeiro mês do calendário judaico, dia 14)...
E por que então os inimigos do Natal comemoram o Ano Novo em 1º de Janeiro, já que no calendário judaico este dia NÃO É o dia de Ano Novo? Por que as Igrejas opositoras do Natal, que alegam que a data do Natal não é a data exata do nascimento de Jesus, não se constrangem em comemorar o Ano Novo ocidental, já que também não é a data bíblica exata de ano novo??
JUDEUS NÃO FAZEM COMEMORAÇÃO DE SEUS ANIVERSÁRIOS - Por esta razão, os opositores alegam que nós também não deveríamos comemorar o aniversário do Senhor Jesus. Contudo, não há nada na lei mosaica que proíba judeus comemorarem seus aniversários, ou que trate tal comemoração como pecado; apenas tais comemorações não fazem parte da cultura judaica, e por isso eles não o fazem. Mas a Lei não impede que um judeu comemore seu dia natalício.
É interessante observar que os judeus israelitas convertidos ao Cristianismo não comemoram seus próprios aniversários, mas anualmente suas igrejas comemoram o Natal, e eles participam normalmente, celebrando o nascimento do Messias da mesma forma que nós...
Nós não somos judeus; somos brasileiros, e nesta qualidade temos a nossa própria cultura, e nela os aniversários são comemorados, independentemente de judeus ou qualquer outro povo comemorarem ou não. É por isso que os judeus brasileiros comemoram seus aniversários, pois mesmo sendo judeus, sua parte brasileira fez com que absorvessem parte de nossa cultura, e nem por isso o Judaísmo os considera pecadores!
O Evangelho deve ser uma bússola, que direciona todas as culturas para o Senhor Jesus Cristo. Qualquer pessoa que já leu um bom livro que relate experiências de missões transculturais sabe que um dos maiores desafios dos missionários atuais é apresentar Jesus e a mensagem do Evangelho dentro da própria cultura do povo que se deseja alcançar para Cristo, sem aniquilar a cultura nativa. As agências de missões do mundo inteiro aboliram há muito a prática da imposição cultural, onde a cultura nativa é anulada ou aniquilada por um preconceito que impõe nossa cultura “superior”. Hoje há respeito pela identidade cultural dos povos. Devemos fomentar somente o abandono de práticas que contradigam a verdade das Escrituras, como por exemplo a poligamia.
Em relação ao uso deste argumento, o mínimo que poderíamos esperar de pessoas que aceitam argumento tão infantil seria um pouco de coerência, ou seja, que também não comemorassem os seus próprios aniversários! Mas este fato não ocorre; conheço muitas pessoas contrárias ao natal, mas que comemoram normalmente seus aniversários, com tudo o que têm direito!
JESUS NÃO MANDOU QUE COMEMORÁSSEMOS O SEU NASCIMENTO, MAS A SUA MORTE - É verdade! E Ele também não mandou que fizéssemos vigílias, nem que fizéssemos reuniões de oração em montes (Ele orava nos montes sempre sozinho, e nunca recomendou aos seus discípulos que o fizessem!), e também não nos mandou fazer retiros, acampamentos... Ele não mandou que construíssemos templos... Não há nada nas Escrituras que nos mostre que Ele queria que vestíssemos obrigatoriamente paletós e gravatas nos cultos... Nunca encontrei na Bíblia Ele orientando a igreja a promover círculos de oração, e mandando que frequentássemos Escola Dominical, Seminários e cursos bíblicos. Ele não mandou que os novos convertidos passassem por nenhum tipo de curso para serem batizados... Ele não mandou que servíssemos a Ceia somente aos batizados... Ele não prescreveu que deveríamos introduzir instrumentos musicais no culto,nem formar bandas, grupos de louvor, corais etc...E muitas outras coisas Ele não nos mandou fazer, mas mesmo assim as fazemos para Sua honra e glória, e nem por isso estamos incorrendo em pecado... Por que então Jesus consideraria pecado o simples fato de, conforme nossa cultura, comemorarmos Seu nascimento? Homens e anjos comemoraram naquela noite sagrada; por que nós seríamos proibidos de nos alegrar, recordando nos dias de hoje a mesma ocasião?
Se, conforme o raciocínio dos anti-Natal, só podemos comemorar datas expressamente prescritas na Bíblia e que nela nos tenha sido ordenado que as comemoremos, perguntamos: aonde está na Bíblia, claramente, a orientação de se comemorar o aniversário do Pastor, ou o aniversário de fundação da Igreja local? Aonde Jesus nos manda comemorarmos o Dia do Pastor, o Dia da Bíblia, Dia de Missões e de Missionários, Domingo da Igreja Perseguida etc? Aonde nos foi mandado fazer cultos especiais de Ano Novo? Será que estaríamos dispostos a abandonr todas estas comemorações por não terem sido ordenadas, ou podemos entender que podemos fazê-las para a glória de Deus, mesmo não havendo qualquer menção bíblica para tais comemorações?
E de onde vem o raciocínio que Jesus, por não ter mandado comemorarmos Seu nascimento, considerou tal comemoração um pecado? Usando um raciocínio parecido, algumas pessoas contemporâneas dEle julgaram uma mulher que derramou em Seus pés um perfume caríssimo... Jesus não a repreendeu, mas repreendeu seus julgadores, que foram incapazes de compreender o ato de amor e adoração daquela mulher. Os opositores do Natal são exímios julgadores daqueles que buscam honrar a Cristo através da festa natalina, são incapazes de enxergar a adoração por trás da gratidão do homem pela encarnação do Cristo!
O NATAL É UMA FESTA COMPROVADAMENTE DE ORIGEM PAGÃ – Será?? Bem, vamos considerar que isto seja verdade... Mas é necessário que compreendamos que nem tudo o que vem do paganismo deve ser sumariamente desprezado. José, governador do Egito, era inquestionavelmente um servo de Deus, mas quando seu pai, o patriarca Jacó, faleceu, ele ordenou aos médicos do Egito que o embalsamassem segundo o costume pagão dos egípcios (Gn 50:2-3). O próprio Jacó bem podia ter previsto esta intenção de seu filho, e previamente proibi-lo de submeter seus restos mortais a cerimônias e costumes pagãos ― afinal, antes de morrer deixou ordens expressas e detalhadas sobre o seu sepultamento (Gn 49:29-33) ― mas não o fez. Mais tarde, o próprio José foi embalsamado (Gn 50:26), e deixou somente instruções de que deveria ter seu corpo levado para a terra da promessa. Nenhum de seus irmãos ou descendentes questionaram seu embalsamamento, nenhum profeta posterior reprovou sua atitude pagã, mesmo considerando que esta prática contraria vários costumes judaicos relacionados ao sepultamento, como [1] a prática de enterrar o corpo, ou colocá-lo em um sepulcro, para ser decomposto em contato com a terra, [2] costume de sepultamento rápido (que até os dias de hoje vigora entre as culturas do Oriente Médio, onde os corpos são sepultados o mais imediatamente possível após a morte) e [3] a existência de rituais no processo de embalsamamento egípcio, que apontam para a sua religião e os seus deuses. Considerando estes fatos, será que houve pecado, pelo fato de José ter seguido os costumes de um povo pagão, idólatra e politeísta? Hoje, muitos líderes evangélicos se levantam até contra a cremação por se tratar também de cultura pagã (hindu), mas esquecem que José não menosprezou a cultura egípcia.
Acho interessantíssimo este interesse em não se comemorar nenhuma festa que tenha qualquer indício de origem pagã! O que chama a atenção é que muitas igrejas não comemoram o Natal porque tem origem pagã, mas outras festas (tais como: Aniversário da Igreja, Aniversário do Grupo de Oração, Aniversário do Conjunto dos Jovens, Senhores, Senhoras etc, Dia do Pastor, Dia da Bíblia, Dia de Missões e de Missionários, Cultos especiais de Ano Novo, Balada Gospel, Halloween Gospel, Carnaval Gospel, Rave Gospel, Acampamento Gospel, Luau Gospel, Boate Gospel, Festa Junina Gospel, Festas Judaicas Gospel e muitas outras) são comemoradas e promovidas na Igreja, embora a maioria, senão todas, tem alguma origem pagã!! PODE TUDO, mas o NATAL não pode, pois é de origem pagã!
NA BÍBLIA NÃO HÁ RELATOS DE COMEMORAÇÃO DE ANIVERSÁRIOS - Tal raciocínio é muito usado pelas Testemunhas de Jeová, que afirmam ainda que os únicos na Bíblia que comemoraram seus aniversários foram pagãos e ímpios (Faraó do Egito no AT e o rei Herodes no NT), o que faz com que tais comemorações sejam proibidas aos cristãos. Este argumento, entretanto, carece de substância, pois o fato de um ímpio ter feito algo não me desautoriza a fazê-lo, nem faz com que este ato se torne pecado. Não existe nenhuma menção contrária na Bíblia à comemoração de datas natalícias. Além disso, a Escritura dá a entender que os filhos de Jó comemoravam seus aniversários (Jó 1:4-5), e essas comemorações duravam vários dias. Observemos que Jó em momento algum proibiu seus filhos de fazerem suas festas, mas apenas os santificava no término delas, para, NO CASO DE NO DECORRER DESTAS COMEMORAÇÕES seus filhos tenham feito alguma bobagem, alcançassem o perdão. O problema não eram as comemorações, mas a POSSIBILIDADE de terem cometido algum excesso! E mesmo Jó aceitando as comemorações natalícias de seus filhos, Deus testemunhou que ele era um homem reto e íntegro (Jó 1.8). Somos livres para comemorações festivas, desde que lembremos dos princípios da Palavra de Deus para as nossas vidas no decorrer destas comemorações.
E por que, já que na Bíblia não há relatos de aniversários, comemoramos os nossos, ou os do nosso pastor, ou o aniversário da Igreja, do Grupo de Homens, de Mulheres, de Crianças, da Mocidade, do Grupo de Louvor etc?
O NATAL É IDOLATRIA - Alguns afirmam categoricamente que celebrar o Natal, ou mesmo enfeitar a casa neste período com enfeites natalinos está incorrendo em pecado de IDOLATRIA. Neste aspecto, cito a opinião do Pr. Ciro Zibordi:
“À luz das Escrituras, o pecado da idolatria nunca é praticado de modo inconsciente. Quem adora imagens de escultura como se fossem deuses, mesmo fazendo isso por ignorância, fá-lo de maneira intencional, consciente. Quem adora Mamom, da mesma forma, faz isso porque o seu coração está nas riquezas (Mt 6.19-24). Quem idolatra o mundo, como o desviado Demas (2 Tm 4.9), também coloca, de modo consciente, as coisas mundanas no lugar de Deus (1 Jo 2.15-17; Tg 4.4-8). Se a idolatria é um pecado praticado sempre de modo consciente — ou seja, o idólatra peca objetivamente, pondo o objeto de sua idolatria no lugar de Deus —, por que chamar de idolatria o ato de enfeitar uma casa com um pinheirinho, luzes e bolas coloridas? Afinal, o cristão que faz isso está, consciente e objetivamente, colocando a decoração do Natal secular no lugar de Deus? Ou ele faz isso porque gosta desse período de confraternizações, aprecia o belo e quer externar sua alegria?”
Sobre a consciência absoluta para a idolatria se concretizar como pecado, chamamos a atenção para a história de Naamã, que após ser curado de lepra admitiu que suas obrigações profissionais exigiam que ele entrasse na casa do deus Rimon e se encurvasse juntamente com o rei (2 Rs 5:17-19). Naamã, daquele momento em diante, decidiu servir ao Senhor, mas antevendo a idolatria relatou a Eliseu suas obrigações profissionais, e recebeu um sonoro "Vai em paz!" como resposta. Em outras palavras, mesmo encurvando diante de Rimon, era a intenção do seu coração que determinava se ele estava praticando ou não a idolatria!
Mas uma coisa, no fim de tudo, é digna de nota e observação: por que será que não vemos UM ÚNICO TEÓLOGO OU PASTOR SÉRIO perder tempo com as fábulas relacionadas ao paganismo do Natal, da árvore, dos enfeites etc? Nunca vi um único artigo do dr. Russell Shedd, do rev. Augustus Nicodemus Lopes, do rev. Hernandes Dias Lopes, ou de John Pipper ou ainda do Paul Washer, discorrendo sobre a origem pagã do Natal, da árvore ou da comemoração... Por que será que Martinho Lutero, João Calvino, Jacó Arminio, Ulrico Zwinglio, Jan Huss, CharlesSpurgeon, John Wesley, John Bunyan, George Whitefield, ou qualquer outro expoente entre Reformadores, Puritanos, Avivalistas ou outros grandes pregadores da História da Igreja, nunca se preocuparam com tão importante assunto, discorrendo em seus livros ou sermões contra tão nefastos costumes pagãos em nosso meio? Por que será que somente os expoentes neopentecostais, e isso só de 30 anos pra cá, é que descobriram que o Natal é uma das piores mazelas do Cristianismo?
Sou plenamente a favor da comemoração do Natal. Levanto-me, sim, contra o pseudonatal que tentam nos empurrar goela abaixo: o Natal da hipocrisia e da falsidade dos “amigos-secretos”, do consumismo desenfreado e irresponsável, onde eu uso meu salário e décimo-terceiro para fazer compras, compras e mais compras... E se os dois salários forem insuficientes, vamos ao cartão de crédito, aos cheques predatados e ao crediário! O importante é não deixar ninguém sem presentes nesta bela data... E haja amigo-secreto, amigo-doce, amigo-da-onça, confraternizações, roupas e calçados novos... E haja endividamento!
Não!! Este não é o meu Natal, e nem o natal do Senhor Jesus. O meu Natal ― o verdadeiro Natal ― consiste em reconhecer o mistério do Deus Eterno que “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2:7-8), e que “Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória” (1 Tm 3:16). O Natal consiste em crer que, graças a esta encarnação e este Sacrifício Vicário, as portas do céu se abriram para mim! O meu natal particular se deu em 31 de janeiro, data em que eu convidei o Senhor Jesus a morar em meu coração e dirigir os meus passos. Zaqueu também teve um dia o seu natal particular, recebendo o Senhor em sua casa e em sua vida, deixando que Ele o guiasse. Isto o levou a tomar duas decisões importantes: modificar seu modo de vida, demonstrando que a riqueza não era mais o centro de sua vida (decido dar aos pobres metade de meus bens) e corrigir os erros do passado, passando doravante a pautar sua vida de acordo com a Palavra de Deus, com atitudes dignas de um homem arrependido (se a alguém defraudei, restituo-o quadruplicado). Anualmente, em 31 de janeiro, eu me recordo do dia de minha conversão e me alegro por este natal pessoal, mas nada me impede de comemorá-lo em uma data comum a todos os demais cristãos, enfeitando minha casa e ceando com minha família e amigos.
Celebremos a Encarnação do Verbo Eterno em família, com amor e união. E na hora da festa, não deixemos de dar graças e cear com alegria e singeleza de coração, sem ostentações. Abramos as portas de nosso lar para os amigos menos afortunados, acolhamos o pobre e o necessitado. Os enfeites, a árvore e as lâmpadas coloridas são apenas detalhes, são meros enfeites, como os quadros e jarros de flores que minha esposa usa para decorar a casa. Nem um nem outro são pecados. Procuremos, contudo, retirar do nosso lar os símbolos que visivelmente não pertencem a um Natal cristão.
Jesus é o mais importante do Natal! Há um hino antigo, que cantávamos em nossa igreja na minha adolescência ― não sei o autor, nem o título ― que diz tudo a respeito do natal...
No natal, a gente sempre agradece / por Jesus ter nascido em Belém,
Mas nem sempre se lembra na prece / que Ele nasce na gente também.
E nos livra de todo o pecado / e de tudo o que há de ruim.
Obrigado, meu Jesus querido / por nascer aqui dentro de mim.
Que cada um de nós possa cantar este hino (mesmo sem saber a melodia... Invente uma!) com todo o nosso coração!
Maninho tem gente que parecem mais ser judaizantes que cristãos rs.
ResponderExcluirAdorei seu artigo meu amigo, muito bom e assino todas as folhas, comemorar o Natal é saber que o Filho de Deus que é eterno e que sempre existiu, decidiu nos visitar, fazer-se gente, ser gerado no ventre de uma mulher e esta pari-lo para a vida como a conhecemos. Glória a Deus!
O sentido do uso é o que determina a legitimidade deste uso. Matou a pau mesmo hein!
ResponderExcluirParabéns pelo artigo!
Top!! Como sempre!! Feliz Natal!!
ResponderExcluirMuito bom! Parabéns.
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