No Evangelho de Lucas, capítulo 12, a Escritura relata que Jesus estava
ensinando às multidões quando alguém gritou-lhe, em súplica: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta comigo
a herança!”. É bem possível que tal súplica fosse justa; afinal,
pressupõe-se que o pai de dois homens havia morrido e deixado uma herança para ser dividida entre ambos, mas
um destes homens a usurpou, negando dar ao seu próprio irmão a parte que lhe
cabia. Uma injustiça. E o Senhor Jesus, que sempre foi contrário a qualquer injustiça
que se cometesse, parecia ser a pessoa certa a quem se apelar. Era de se esperar, pela óptica do irmão lesado, que levar o
caso a Jesus pudesse por fim à discórdia, com a repartição justa do espólio.
Entretanto, a resposta de Jesus soa aos seus e aos nossos ouvidos como injusta e prepotente:
“Homem, quem me pôs a mim
por juiz ou repartidor entre vós?”
Então, Jesus
vira-se para a multidão que o ouve certamente já há algumas horas e diz: “Tende
cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não
consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lc 12:13-15). Joga um balde de água gelada, com gelo e sal, naquele que pleiteava justiça financeira para si. E esta água gélida respinga ainda hoje em todos nós!
Jesus ensina pelo menos duas verdades para os que quiserem ouvir ―Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! (Mt 13:9) ― neste texto:
Primeiro, o Seu Ministério e Sua atuação na Igreja não é para resolver questões
financeiras. Caso você, crente, se aproxima de Jesus para que Ele resolva seus
problemas financeiros e lhe dê prosperidade da forma como se prega no
neopentecostalismo, não espere resposta diferente de Jesus, senão aquela que ele deu ao
anônimo da multidão!
Segundo, Jesus deixa claro que o Seu seguidor deve guardar-se da
avareza. Trata-se do quarto "Guardai-vos" que encontramos no Novo Testamento em português. E sobre ele discorreremos.
A palavra grega utilizada para “avareza” é pleonexia (pleonexia), e significa, conforme o léxico grego,
desejo ávido de ter mais, cobiça, avareza. Nunca é custoso lembrar que o solicitante fazia uma petição justa, mas não foi aceito pelo Senhor. E mais: após a lição, o Senhor ainda acrescentou ao Seu ensino a parábola do rico insensato, que nós erroneamente julgamos se tratar de lições referentes a pessoas não-crentes. Ledo engano. O que ele ensinou, é primeiramente para aqueles que O seguiam, e que O seguem nos dias de hoje. Isso não é para "incrédulos", mas para crentes!
"E propôs-lhes uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância: E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos: descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus" (Lc 12:16-21).
Nem é preciso ser gênio, ou ter QI diferenciado, para observar na Igreja de nossos dias que as denominações estão cheias, não de ricos insensatos, mas de POBRES querendo ser ricos, valendo-se da mesma insensatez do rico da parábola, e da presunção daquele anônimo no meio da multidão, que achava que poderia se valer de Jesus para satisfazer suas necessidades financeiras, mesmo as mais justas! O fechamento da parábola é taxativo: há muitos, inclusive entre nós, que são ricos para o sistema financeiro, mas pobres para Deus, como era o "anjo" da Igreja de Laodiceia (Ap 3:17-8). A pior das pobrezas!
Não é pecado querer ser rico, ou pelo menos ter "folga financeira", viver de forma cômoda, financeiramente falando! O trabalho honesto pode levar qualquer homem, crente ou não, a alcançar esta riqueza. O pecado é querer enriquecer de forma "miraculosa", sem trabalho e sem esforço, simplesmente porque somos cristãos! Pecado é achar que podemos usar Jesus neste afã de enriquecer, e que Ele vai-nos satisfazer os quereres. O pecado é fazer do "Projeto Enricar" o centro de tudo em nossas vidas, canalizar todos nossos os esforços e nosso tempo para satisfazer nossa sede de riqueza. O pecado não é querer ter dinheiro, mas amar ao dinheiro, seja muito ou pouco, mais do que a Jesus, fazendo dEle, do Senhor, nosso expediente mágico para enriquecer. E assim, acrescentamos pecado a pecado (Is 30:1), e fazemos com que um abismo chame outro abismo (Sl 42:7).
Paulo deixou claro o seu ponto de vista sobre tais pessoas que têm a riqueza como seu principal objetivo na vida. Escrevendo a Timóteo, ele afirma que "os que querem ser ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se trespassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, FOGE DESSAS COISAS e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão" (1 Tm 6:9-11 - grifo meu). E arremata, aconselhando aqueles que já são ricos: "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas, para delas gozarmos; Que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boamente, e sejam comunicáveis; Que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna" (1 Tm 6:17-19).
Repito: não é pecado ser rico, desde que esta riqueza não seja alcançada por meios não lícitos, desonestos ou fraudulentos. Entretanto, o Evangelho veio para os pobres (Mt 11:2-5), não para fazê-los ricos, mas para dar-lhes a salvação. Não para empobrecer os ricos, mas para que eles compreendam a fragilidade das riquezas, não ponham as suas esperanças no dinheiro e nem tratem o pobre com desdém, principalmente os irmãos da fé. Afinal, era assim que a religião dos tempos de Jesus fazia: fechava todas as portas para o pobre. Jesus veio fazer exatamente o contrário: abrir as portas aos pobres e mostrar aos ricos que esta mesma porta estava fechada para eles, e permaneceria fechada enquanto eles não percebessem a essência do verdadeiro Evangelho, enquanto não se desprendessem do vil metal.
Lamentavelmente, estas preciosas lições não são mais ouvidas em nossos dias. As pessoas entram na Igreja não em busca de Deus, mas de benesses, principalmente a riqueza financeira. Os cultos de doutrina e oração foram estrategicamente por cultos de vitória e prosperidade. Bíblias são editadas não com o propósito de salvar e edificar almas, mas de ensinar às ovelhas como enriquecer. Afinal, segundo estes "pastores" a pobreza é maldição, e a riqueza é sinal de bênção! Entretanto, as Escrituras veterotestamentárias mostram que sempre que o povo de Deus enriqueceu e se tornou próspero, afastou-se do Senhor. Coincidência? Vemos isto nos dias de Jeremias, de Oséias...
Como resultado desta inversão de valores, a revista FORBES já listou os "pastores" brasileiros mais ricos, e entre eles encontramos fortunas estimadas em quase $1 bilhão! Insatisfeitos, estes "homens de Deus" continuam captando mais e mais, como bons filhos da sanguessuga que são (Pv 30:15), pedindo diuturnamente em suas "igrejas" e em seus programas de tevê que se comprem mais os seus produtos, que se façam mais ofertas, dízimos e trízimos, além de outros expedientes para extorquir dinheiro de suas ovelhas incautas. Este dinheiro vai para a construção de megatemplos e a criação de megaimpérios religiosos. Uma gorda fatia vai para os bolsos e contas bancárias destes "pastores", para ser usado em seus deleites pessoais, contrariando o ensino do Senhor Jesus sobre o desapego às coisas materiais e sobre o princípio do "de graça recebestes, de graça dai" (Mt 10:8).
Estes mesmos "pastores" alargam seus ministérios, dando passos maiores que as pernas, justificando para isto que estão pregando o Evangelho. Entretanto, basta assistir um dos seus programas para observarmos que o "evangelho" que pregam não é o da cruz, mas o do trono. Seu objetivo maior não é pregar o genuíno e puro Evangelho, mas sim angariar mais "patrocinadores" para seus jatos, mansões, fazendas e rebanhos. Seu alvo não é a salvação dos seus ouvintes, mas a lavagem cerebral para que as ovelhas façam o que eles mandarem.
Repito pela terceira e última vez neste artigo: não é pecado ser rico, e nem é pecado desejar melhoras financeiras, desde que através do trabalho honesto. Buscar melhorias, como prestar concursos, fazer cursos de aperfeiçoamento e capacitação profissional, ou abrir seu próprio negócio, deixando de ser empregado e passando a ser patrão, é lícito. Pecado é achar que Jesus é juiz e partidor de riquezas, que Ele vai nos prosperar para que vivamos uma vida de ricos, desprezando os pobres que nos rodeiam. Pecado é usar o dinheiro de ofertas para seu enriquecimento pessoal, e inventar formas de extorsão, prometendo milagres e benesses em troca de ofertas, como se Deus fosse um negociante, como se Ele, em Sua infinita justiça, beneficiasse somente aquele que pode dar dinheiro. Pecado é desejo ávido de ter mais, desenvolver uma cobiça desenfreada, e cruel avareza diante dos mais pobres. Pecado é se achar superior aos pobres pelo fato de ser rico. Pecado é fazer das riquezas o maior de todos os objetivos de nossa vida.
Para estes lobos travestidos de pastores e seus seguidores ávidos por prosperidade e riqueza, resta a dura palavra dada por Pedro a Simão, o mago: "O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade e ora a Deus, para que, porventura, te seja perdoado o pensamento do teu coração; Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade" (At 8:20-23).
Lamentavelmente, estas preciosas lições não são mais ouvidas em nossos dias. As pessoas entram na Igreja não em busca de Deus, mas de benesses, principalmente a riqueza financeira. Os cultos de doutrina e oração foram estrategicamente por cultos de vitória e prosperidade. Bíblias são editadas não com o propósito de salvar e edificar almas, mas de ensinar às ovelhas como enriquecer. Afinal, segundo estes "pastores" a pobreza é maldição, e a riqueza é sinal de bênção! Entretanto, as Escrituras veterotestamentárias mostram que sempre que o povo de Deus enriqueceu e se tornou próspero, afastou-se do Senhor. Coincidência? Vemos isto nos dias de Jeremias, de Oséias...
Como resultado desta inversão de valores, a revista FORBES já listou os "pastores" brasileiros mais ricos, e entre eles encontramos fortunas estimadas em quase $1 bilhão! Insatisfeitos, estes "homens de Deus" continuam captando mais e mais, como bons filhos da sanguessuga que são (Pv 30:15), pedindo diuturnamente em suas "igrejas" e em seus programas de tevê que se comprem mais os seus produtos, que se façam mais ofertas, dízimos e trízimos, além de outros expedientes para extorquir dinheiro de suas ovelhas incautas. Este dinheiro vai para a construção de megatemplos e a criação de megaimpérios religiosos. Uma gorda fatia vai para os bolsos e contas bancárias destes "pastores", para ser usado em seus deleites pessoais, contrariando o ensino do Senhor Jesus sobre o desapego às coisas materiais e sobre o princípio do "de graça recebestes, de graça dai" (Mt 10:8).
Estes mesmos "pastores" alargam seus ministérios, dando passos maiores que as pernas, justificando para isto que estão pregando o Evangelho. Entretanto, basta assistir um dos seus programas para observarmos que o "evangelho" que pregam não é o da cruz, mas o do trono. Seu objetivo maior não é pregar o genuíno e puro Evangelho, mas sim angariar mais "patrocinadores" para seus jatos, mansões, fazendas e rebanhos. Seu alvo não é a salvação dos seus ouvintes, mas a lavagem cerebral para que as ovelhas façam o que eles mandarem.
Repito pela terceira e última vez neste artigo: não é pecado ser rico, e nem é pecado desejar melhoras financeiras, desde que através do trabalho honesto. Buscar melhorias, como prestar concursos, fazer cursos de aperfeiçoamento e capacitação profissional, ou abrir seu próprio negócio, deixando de ser empregado e passando a ser patrão, é lícito. Pecado é achar que Jesus é juiz e partidor de riquezas, que Ele vai nos prosperar para que vivamos uma vida de ricos, desprezando os pobres que nos rodeiam. Pecado é usar o dinheiro de ofertas para seu enriquecimento pessoal, e inventar formas de extorsão, prometendo milagres e benesses em troca de ofertas, como se Deus fosse um negociante, como se Ele, em Sua infinita justiça, beneficiasse somente aquele que pode dar dinheiro. Pecado é desejo ávido de ter mais, desenvolver uma cobiça desenfreada, e cruel avareza diante dos mais pobres. Pecado é se achar superior aos pobres pelo fato de ser rico. Pecado é fazer das riquezas o maior de todos os objetivos de nossa vida.
Para estes lobos travestidos de pastores e seus seguidores ávidos por prosperidade e riqueza, resta a dura palavra dada por Pedro a Simão, o mago: "O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade e ora a Deus, para que, porventura, te seja perdoado o pensamento do teu coração; Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade" (At 8:20-23).
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5. Não toque no passado das pessoas, seja o meu ou de quem quer que seja, com o intuito de tentar desmoralizar, mesmo que sejam as pessoas que eu estou criticando!. Eu tenho um passado podre, se vc não sabe, mas ele está debaixo do sangue de Jesus, e nenhuma condenação há para mim. O mesmo se aplica a qualquer um, mormente aqueles que já afirmaram ter se arrependido.
Deus te abençoe!
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