“E disse-lhe [o diabo]: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.” (Mt 4:6-7)
A Bíblia é o livro mais fantástico que conheço! Trata-se de uma coletânea de 66 livros, que começou a ser escrita aproximadamente em 1600 aC e foi concluída em meados de 100 dC. Ao contrário de uma infinidade de livros que foram o "pontapé inicial" de suas religiões, que foram escritos por uma única pessoa, a Bíblia foi escrita por aproximadamente 40 pessoas diferentes, de níveis acadêmico-culturais diferentes e em épocas diferentes da História, A despeito disso, preserva uma unidade doutrinária fabulosa e inexplicável.
Como o motor de um veículo, formado por várias e diferentes peças que funcionam em perfeito sincronismo, seus livros, inspirados por Deus em revelação progressiva (pena que os opositores do texto sagrado não entendem isto, principalmente o significado de revelação progressiva! E muitos que se dizem "crentes" o acompanham...), desvendam os mistérios divinos que são capazes de ser compreendidos pelo homem, revelando à humanidade o caminho que Deus espera que ela trilhe na tarefa de voltar-se para Ele.
É o livro mais amado do mundo, e também o mais odiado. Por séculos tentaram exterminá-lo, em processos implacáveis de perseguição. Os próprios cristãos proibiram e impediam sua leitura. Foi queimado em praça pública, teve sua publicação proibida e seus editores perseguidos, presos e mortos. Tudo em vão! Mas não acabou: em nossos dias, existem vertentes que se dizem cristãs que, a despeito disto, procuram desmoralizá-la, considerando-a obsoleta e cheia de erros, elegendo livros superiores a ela.
Independentemente de ser ou não um livro de origem divina, é o único que eu conheço que tem o poder de mudar a vida de seus leitores, e se mais algum livro tem este poder transformador, certamente é um subproduto da Bíblia, com mensagem principal extraída das suas idéias e doutrinas. Bandidos, assassinos, estupradores e homens da pior espécie tiveram suas vidas completamente transformadas quando passaram a viver de conformidade com seus ensinos (embora muitos opositores afirmem que tal coisa seja impossível). Só por este motivo, era para este Livro ser bem mais reconhecido pela humanidade.
A franca maioria dos opositores da Bíblia, entretanto, jamais se deu ao trabalho de lê-la ou tentar compreendê-la de forma isenta e séria. Até mesmo entre os que depositam alguma credibilidade nela, não encontramos o devido respeito; ela é mais tratada como um amuleto do que como uma regra de conduta. Jamais é lida, mas é mantida aberta, geralmente no Salmo 23 ou 91, em lugar de destaque em salas de estar e escritórios. Uma minoria até lê suas palavras, mas procura apenas passagens que lhes são agradáveis e “fáceis de digerir”, e as usam como se fossem mantras ou palavras mágicas, que têm o poder de satisfazer as suas vontades e quereres.
Uma das maiores benesses da Reforma Protestante foi colocar a Bíblia nas mãos do povo, em sua própria língua, e dar o direito ao crente de interpretá-la. Neste aspecto, até os não-protestantes hoje se beneficiam dos atos do Protestantismo, pois até o clero católico, que no início foi perseguidor implacável, hoje permite a seus fieis possuir e ler a Bíblia.
Entretanto, a Bíblia para ser usufruída em sua plenitude precisa de alguns passos de seu leitor, que são o respeito, a leitura, a interpretação e a prática. Destas, fica difícil precisar a mais importante, embora a prática seja indispensável (Mt 7:24-27; Tg 1:22-25). Contudo, o ponto nevrálgico é a interpretação! Ela não pode ocorrer de qualquer maneira, ao bel prazer do leitor. A interpretação da Bíblia é regida por algumas diretrizes óbvias, dentre as quais merece destaque a chamada Regra de Ouro da Hermenêutica: A Bíblia é explicada pela própria Bíblia. Neste aspecto, é necessário que se tenha muito cuidado com ela! Sem a observação mínima desta regra, a Bíblia pode se tornar um livro perigoso!
Recentemente, assisti ao filme O LIVRO DE ELI (recomendo a todos!), que trata de uma história fictícia que se passa após uma guerra nuclear de proporções mundiais que destrói quase que completamente o planeta e a humanidade. Eli (interpretado por Denzel Washington) atravessa os Estados Unidos trazendo consigo um livro misterioso, o último exemplar existente no planeta. Ao tomar conhecimento do fato e descobrir que o livro em questão era a Bíblia, o vilão da história decide matar Eli e se apoderar do seu livro, pois, segundo ele, através deste livro e de suas palavras seria possível controlar e dominar toda a humanidade.
A vida real imita a arte, e a ficção toca a realidade. Em busca de poder eclesiástico, a coisa funciona mais ou menos como no filme. Embora existam milhões, bilhões de exemplares deste Livro e ninguém jamais pense em matar alguém para se apoderar de um único exemplar místico, a interpretação e ensino deste Livro feitas de forma incorreta e inescrupulosa proporciona a muitos líderes da atualidade dominar seus rebanhos, montar impérios e amealhar fortunas, ensinando princípios contrários ao espírito que permeia todo o Livro. Afinal, a Bíblia não é um amontoado de versículos para serem usados estrategicamente, de forma isolada, com o objetivo de concordar com o que queremos ou pensamos. Se fosse assim, seria possível provar biblicamente qualquer coisa, até contestar a existência de Deus! É exatamente assim que as seitas constroem suas doutrinas heréticas: provando com textos isolados aquilo que lhes interessa. Mas graças a Deus não é assim.
A Bíblia é uma unidade perfeita. O seu contexto é quem determina a sua interpretação. Usar as palavras da Bíblia fora de seu contexto foi um dos erros cometido pelo diabo por ocasião da tentação do Senhor Jesus no deserto, após 40 dias de jejum. Na ocasião, o tentador se aproveitou de versículos isolados (Sl 91:11-12) e interpretou-os a seu bel-prazer, para induzir o Senhor ao erro. Mas nosso Mestre demonstrou, ao diabo e a nós, que um versículo isolado não é o cerne da Bíblia, e sim a sua unidade, e que um texto isolado não pode contradizer nem destruir esta unidade. Deus não demonstra Sua vontade em textos isolados, mas na unidade bíblica. O importante não é o mero “está escrito”, mas o “também está escrito”!
Portanto, é necessário tomar muito cuidado com a Bíblia! Não com a Bíblia per si, mas sim com a forma como ela é tratada e ensinada, com a forma satânica (largamente utilizada pelos homens) de usá-la fora de seu contexto, para tentarmos estabelecer as nossas verdades em detrimento da verdade divina disposta nas Escrituras!
Cuidado com líderes que tentam manipular a verdade bíblica, como se ela pudesse ser manipulada pelas suas vontades pessoais, pelos seus “achismos” e conclusões.
Cuidado com quem quer estabelecer suas vontades, buscando aniquilar o querer divino disposto na unidade da Bíblia.
Cuidado com versículos isolados, que são analisados e interpretados sem se considerar a unidade das Escrituras! Não se esqueça jamais da Regra de Ouro da interpretação. A Bíblia interpreta a Bíblia, e nesta tarefa ela jamais se contradiz!
Cuidado com a falsa autoridade de quem afirma “Está escrito!” sem se dar ao trabalho de analisar o que TODA a Bíblia afirma sobre o assunto, principalmente o Novo Testamento, pois sob suas diretrizes a Igreja cristã se baseia como regra doutrinária e de conduta.
Procuremos seguir o exemplo dos crentes de Beréia (At 17:11), que tudo o que ouviam de Paulo apóstolo, confrontavam com as Escrituras para comprovar se o ensino estava correto, ou se não se tratava de argumentação contrária à Palavra de Deus! Se Paulo, o grande apóstolo dos gentios, não estava imune a este crivo, também nenhum outro homem está, por mais privilegiado que seja!
Quando alguém tentar te convencer de uma “verdade bíblica”, antes de se curvar diante de argumentos baseados no mero “está escrito”, lembre-se do Senhor Jesus e não despreze o “também está escrito”. Muito cuidado com a Bíblia! Ou melhor, muito cuidado com o que se diz sobre a Bíblia!
“Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu.” (Sl 119:59)
Legal Zilton! Gostei da proposta e do espaço! Te linkei no meu humilde bloguinho... rsrs
ResponderExcluirUm abraço,
Valeska