quinta-feira, 29 de outubro de 2020

A “ATUALIZAÇÃO” NÃO É DE HOJE…

Há poucos dias, um “famoso pastor” (ou em busca de fama, usando para este fim o subterfúgio da polêmica) sugeriu que a Bíblia seja ultrapassada diante dos avanços da sociedade e, portanto, a mesma precisaria “ser atualizada”. É evidente que tais declarações provocaram fortíssimas reações em todo o Brasil. Muitos pastores e líderes reagiram imediatamente, condenando a fala, trazendo uma postura bíblica e coerente a respeito do assunto etc.

De fato, as Escrituras são o cerne de nossa fé. São elas que dispõem a sã doutrina e o padrão deixado por Deus para que a Igreja oriente sua fé e conduta. Isso independe de evoluções sociais. A Bíblia é “imexível”. Quem tem autoridade para dizer que este ou aquele texto estão ultrapassados? E usando quais critérios? Os seus próprios? Retire-se a Bíblia, e qualquer coisa ─ revelações pessoais, avanços sociais e até “modinhas” ─ pode se tornar uma nova regra!

Os princípios bíblicos são imutáveis. Adultério sempre será pecado, aborto sempre será crime de assassinato, pedofilia sempre será perversão sexual. Por mais que a sociedade “evolua” e passe a permitir tais condutas, sob o apoio do Estado ou da “lógica do politicamente correto”, os princípios dispostos na Bíblia não mudam, e não mudarão. Pelo menos para a Igreja fiel.

Entretanto, chama-nos a atenção um movimento silencioso que, HÁ DÉCADAS, entrou na Igreja e passou a promover uma “atualização das Escrituras” imperceptível àqueles que se esqueceram da vigilância. O Senhor Jesus nos advertiu: “O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai!” (Mc 13:37); contudo, relaxamos a vigilância, e permitimos esta lenta, porém perniciosa, atualização!

Assim ocorreu, por exemplo, com a escolha e ordenação de pastores. O que é claramente normatizado nas cartas pastorais paulinas, com critérios rígidos e que devem ser considerados sine qua non, tornou-se muito difícil. Afinal, é quase impossível se encontrar um homem “irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar, não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito … Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (1 Tm 3:2-4; Tt 1:7-9). Ora, na quase absoluta impossibilidade de encontrar homens com tais predicados de caráter, então flexibilizemos os critérios! Não precisamos ser tão rígidos... Afinal, o importante é que pastores sejam ordenados, para ganhar almas! Esqueçam os critérios de caráter, e instituam-se outros: que saiba tocar um instrumento, que sejam eloquentes, que saibam exponenciar membros e entradas financeiras... Nem precisa ser homem de caráter. Qualquer pessoa serve, mesmo em clara desobservância às regras de escolha dispostas na Escritura! Como bem diz o pr. Estevam Fernandes, da Primeira Igreja Batista de João Pessoa, “hoje, o critério de escolha para pastores é que saiba dar nó em gravata!”.

Como se tornou quase impossível encontrar homens para exercer o pastorado, visto que nenhum se enquadra nos prerrequisitos impostos pela Escritura, e até mesmo os poucos que se enquadram não aspiram ao episcopado, não se dispõem, que tal abrirmos espaço para as mulheres? Se os homens não querem, elas querem... A ordenação pastoral feminina se torna, portanto, uma ótima opção, embora não haja nenhum indício nas Escrituras de que as mulheres devam ser ordenadas como “pastoras”. É evidente que a questão aqui não é a capacidade ou a idoneidade das mulheres, e muito menos querer colocar a mulher em “posição inferior” em relação ao homem, mas sim fato de que Deus, em nenhum lugar das Escrituras, nem no Novo nem no Antigo Testamento, prescreveu sacerdócio para as mulheres. Mas os tempos mudaram! A sociedade do Século XXI é outra! Portanto, vamos atualizar a Bíblia. Vamos permitir pastorado feminino, e até evoluamos um pouco mais...

Finalmente, para não sermos extensos, podemos citar também a introdução de elementos estranhos à liturgia do culto e da adoração. Seja em retrocesso (adoção de elementos da antiga aliança, abolidos em Cristo), seja em “avanço” (adoção de elementos tipicamente mundanos ou estranhos ao que prescreve a Bíblia), a Bíblia está sendo diuturnamente atualizada com a introdução de elementos estranhos… Já vi fotos de “cultos” que se colocadas lado a lado com fotos de baladas e shows, não tem nenhuma diferença. Em nome da “atualização”, da praticidade de atrair jovens etc, a Igreja tornou-se amante do mundo… Algumas atualizações introduziram no culto até elementos das religiões afrobrasileiras, do vodu, do ocultismo etc. Mas o importante é atualizar, para ganhar almas...

Por que, então, tanta crítica ao “famoso pastor”, se há décadas já fazemos, e aceitamos, mansamente, o que ele propôs? Se há décadas a "atualização" por ele proposta já está sendo feita?

Entretanto, creio firmemente que a Igreja fiel permanecerá firme nos princípios imutáveis da Palavra de Deus. O “famoso pastor” está errado ─ que Deus o reconduza ao Caminho. Esta geração gó$pel, também está, e acredito que esteja mais errada do que ele!

Sola Scriptura!

segunda-feira, 1 de junho de 2020

AS CORDAS QUE TE PRENDEM

Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo. Jesus perguntou aos Doze: “Vocês também não querem ir?” Simão Pedro lhe respondeu: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus” (Jo 6:66-69). Todos nós, em algum momento da caminhada cristã, já pensamos em desistir. Já paramos pra questionar o que estamos fazendo ali. Já pensamos em parar, deixar tudo pra lá. Isso faz parte da nossa natureza, e para que não concretizemos este processo de “chute no balde”, é necessário termos convicções firmes da nossa fé. Infelizmente, vivemos em um contexto de igreja que dificulta as coisas em meio a estas situações de dúvida e questionamentos. A fé destes últimos tempos tem sido tão rasa que me atrevo a dizer, sendo generoso, que algo em torno de 60 ou 70% dos que são cristãos evangélicos sequer sabem o que realmente estão fazendo dentro das igrejas! Assim sendo, pastores e líderes investem pesadamente naquilo que eu chamo de “gaiolas necessárias” (já escrevi sobre isso, AQUI), remetendo a um tempo em que um periquito surgiu na minha casa, e era tão manso que eu o peguei com a mão, e percebi que precisaria comprar imediatamente uma gaiola para mantê-lo em segurança. Ou seja, é preciso encontrar uma maneira de “prender” o crente na igreja. Dar-lhe um cargo, uma função. Colocá-lo no grupo de louvor, ou na portaria, consagrá-lo ao diaconato, fazê-lo tesoureiro ou secretário... Assim, diante de uma crise, a própria ovelha pondera: “Não posso sair da igreja! Sou o tesoureiro (ou o porteiro, ou o líder do louvor, ou o único tecladista do grupo, ou diácono etc)...”, e pensa duas vezes antes de sair. Pronto! Está preso! Eu mesmo já passei por momentos de crise. Tive vontade de abandonar ministério, igreja e a própria fé! Mas pensei: “Eu não posso fazer isso! Sou o pastor da igreja! A Igreja precisa de mim! Se eu fizer isso, as ovelhas vão se decepcionar, vão dispersar e quem sabe muitas até vão se desviar!”. E diante desta “linha de raciocínio”, desisti! É mais fácil prender alguém por meio de algum destes recursos do que, em um sólido discipulado, ensinar quais são as verdadeiras amarras que nos devem prender a Cristo e ao Caminho. Se o que nos prende na igreja é o cargo, as funções ou mesmo o ministério, estamos presos pelos motivos errados e, na verdade, sequer estamos presos! Certa vez, Sansão ensinou a Dalila uma forma eficiente de prendê-lo: “Ele lhe disse: — Se me amarrarem bem com cordas novas, que nunca foram usadas, ficarei fraco e serei como qualquer outro homem. Dalila pegou cordas novas e o amarrou. Depois disse: — Sansão, os filisteus vêm vindo aí! Dalila havia deixado alguns homens escondidos no seu quarto. Mas Sansão arrebentou as cordas de seus braços como se fossem um fio de linha” (Jz 16:11-12). Cordas erradas não nos prendem. Quando quisermos, nos soltaremos facilmente. Quando questionados, os apóstolos tiveram em Pedro a voz sensata que confessou que o que os prendia ali não era um discurso suave, um cesto cheio de pães, um beneficio qualquer ou mesmo o ministério, mas sim era ELE. O Senhor Jesus. Nada mais! Se algo que não seja o Senhor Jesus te impede de desistir, você está no barco pelos motivos errados, e um belo dia, em uma crise mais forte, você vai abandonar tudo! Mas se o que te atraí e prende ao jugo é Ele, “nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:38-39). Afinal, o que é que te prende?