domingo, 25 de dezembro de 2011

CARTA ABERTA AOS LEGALISTAS CONTRÁRIOS AO NATAL

Artigo de autoria do Pr. Ciro Zibordi - http://cirozibordi.blogspot.com/2011/12/carta-aberta-aos-legalistas-contrarios.html



Antes que se apaguem as luzes de 2011, dirijo-me diretamente aos prezados cristãos legalistas. Afinal, vocês, insatisfeitos com os meus artigos sobre o Natal, me enviaram inúmeros impropérios, acompanhados de razões para não celebrarmos o nascimento de Cristo. Sinceramente, tais motivos são risíveis, a despeito de eu ter chorado diante de tamanha ignorância!

Vocês têm afirmado, caros fariseus do século XXI, que o Natal “traz em seu bojo um clima de angústia e tristeza”, e que isso ocorre por causa de “um espírito de opressão que está camuflado, escondido atrás da tradição romana que se infiltrou na igreja evangélica, e que precisamos expulsar em nome de Jesus”. Meu Deus! Desde a minha infância aprendi a celebrar o Natal de Cristo. Lembro-me com muita alegria das peças, poesias e cantatas natalinas, além das maravilhosas mensagens de Natal, ministradas por homens de Deus como Valdir Bícego. A lembrança da encarnação do Senhor propicia alegria na alma, e não tristeza! Prova disso que vários hinos daHarpa Cristã, hinário oficial das Assembleias de Deus, nos estimulam a celebrar o Natal de Cristo: 21, 120, 366, 481 e 489.

Receio que vocês tenham se deixado influenciar por outro espírito, o do Anticristo, que já está no mundo (1 Jo 4.3). Vivemos em uma época em que o Diabo deseja a todo custo fazer com que o nome de Jesus desapareça da face da terra. E uma de suas estratégias é apresentar “outro evangelho”, fanatizante, farisaico, legalista, que procura desviar os salvos da verdade, carregando-os de ordenanças, como: “não toques, não proves, não manuseies”, as quais “perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens” (Cl 2.20-22).

Vocês dizem que a Bíblia não apresenta um mandamento para celebrar o Natal... O que vocês queriam, que ela ordenasse: “Celebrai com júbilo o Natal de Cristo, todos os moradores da terra”? Nem tudo, nas Escrituras, é tratado por meio de mandamentos. Ela é também um Livro de princípios, doutrinas, tipos, símbolos, parábolas, metáforas, profecias, provérbios, exemplos, etc. E um grande exemplo foi dado pelos anjos de Deus, que celebraram o Natal de Cristo, dizendo: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!” (Lc 2.14). Mas, se vocês são fanáticos a ponto de se apegarem a questiúnculas que a nada levam, parem de comemorar o Dia do Pastor, o Dia da Bíblia, o Dia da Escola Dominical, o Dia de Missões, etc. Ah, e também parem de receber presentes de aniversário, pois não há nenhum mandamento bíblico do tipo: “Eis que presentes receberás no dia do teu aniversário”.

O fanatismo de vocês é tão grande que os leva a seguir pensamentos extremistas, como este: “O Natal é uma festa que centraliza a visão do palpável e esquece do que é espiritual. Para Jesus o mais importante é o Reino de Deus, que não é comida e bebida, mas justiça e paz no espírito”. Dá-me paciência, Senhor! Vocês nunca aprenderam que o cristão é diferente do mundo, a despeito de estar no mundo? Conquanto o Reino de Cristo seja preponderantemente espiritual, somos pessoas normais. Precisamos trabalhar, estudar, nos alimentar... O cristão que se preza conhece o verdadeiro sentido do Natal e sabe distingui-lo do Natal secular, sincrético, consumista. Estudem 1 Coríntios 10.23-32, a fim de que abandonem, enquanto há tempo, esse legalismo farisaico e fanatizante.

Vocês argumentarão: “a igreja do Senhor está vivendo a época profética da festa dos tabernáculos, que significa a preparação do caminho do Senhor, e, se você prepara o caminho para Ele nascer, não o prepara para Ele voltar”. Onde vocês aprenderam isso? Tenho certeza de que não foi na Escola Dominical nem em uma instituição de ensino que preza a ortodoxia. A celebração do Natal é ignorada por vocês em razão de não haver um mandamento específico... Mas, ao mesmo tempo, se apegam a uma aplicação forçada da festa dos tabernáculos para se opor ao Natal de Cristo? Haja incoerência!

Uma das doutrinas fundamentais da Palavra de Deus é o nascimento do Senhor Jesus, isto é, a sua gloriosa encarnação (Jo 1.14; 1 Tm 3.16). Aliás, a obra da expiação está em um tripé: nascimento do Senhor, sua morte e sua ressurreição (Gl 4.4; 1 Co 15.1-4). Ignorar o Natal de Cristo é negar parte de sua obra salvífica.

Vocês também alegam que o nascimento de Jesus não tem mais nenhum sentido profético, pois todas as profecias que apontavam para sua primeira vinda ao mundo já se cumpriram... É mesmo? Então, para vocês, a Bíblia é apenas um tratado de escatologia, que se ocupa exclusivamente de assuntos relativos ao futuro? Ora, as Escrituras apresentam muitas doutrinas escatológicas, mas elas também contêm teologia, cristologia, pneumatologia, antropologia, hamartiologia, soteriologia, eclesiologia e angelologia. O Natal de Cristo está ligado diretamente à cristologia e à soteriologia. Entretanto, como todas as doutrinas bíblicas são intercambiáveis, em Apocalipse 12 há uma menção ao Menino Jesus! Será que vocês, sapientíssimos fariseus do século XXI, já atentaram para isso?

Outro motivo alegado para não comemorarmos o Natal de Cristo é o dia 25 de dezembro. Vocês dizem que essa data foi estabelecida pela Igreja Católica Romana. Mas, à época, a intenção foi boa! Considerando que já havia uma grande comemoração pagã no mesmo dia, o imperador obrigou a todos a se lembrarem do dia natalício de Cristo. Se um dia ocorrer um grande avivamento no Brasil, e todos os poderes se converterem ao Evangelho, e ficar estabelecido que 12 de outubro é o Dia de Louvor a Jesus Cristo, vocês se oporão a isso, sob a alegação de que essa data fora outrora consagrada à Senhora Aparecida?

“Ah, mas o Natal se tornou um culto comercial que visa render muito dinheiro. Tirar dos pobres e engordar os ricos. É uma festa de ilusão onde muitos se desesperam porque não podem comprar um presentinho para os filhos”, vocês argumentarão. O que isso tem a ver com o verdadeiro sentido do Natal de Cristo? A Páscoa também é aproveitada pelo mundo capitalista para explorar o consumismo. Vamos ignorar a Páscoa por causa disso? Se há uma celebração de Natal que prioriza o comércio, existe, também, uma celebração que prioriza Cristo! Segue-se que esse motivo alegado para não celebrar o Natal de Cristo é reducionista, generalizante e preconceituoso.

Vocês acusam, ainda, o Natal de ser uma festividade “baseada em culto a falsos deuses nascidos na Babilônia. Então, se recebemos o Natal pela igreja católica romana, e esta por sua vez recebeu do paganismo, de onde receberam os pagãos? Qual a origem verdadeira?” Quanta ignorância! O Natal de Cristo precede e transcende o paganismo da Igreja Católica Romana. Lembrar do nascimento de Cristo, descrito na Bíblia, e glorificar a Deus por ter nos dado o seu Filho Unigênito é lícito e conveniente. Isso nada tem a ver com Roma, Babilônia, etc.

Extrapolando todos os limites do bom senso, vocês, legalistas cristãos (cristãos?), dizem que o Natal é uma festa idolátrica, que não glorifica a Jesus, pois quem a inventou foi o romanismo. Ora, o fato de o Natal ser celebrado também pela Igreja Católica Romana não torna o Natal de Cristo idolátrico. Caso contrário, a missa, com a sua hóstia, tornaria a Ceia do Senhor igualmente idolátrica, não é mesmo? Vocês pensam que sabem muito, mas estão redondamente enganados! Idolatria é condição do coração. Ela não é um pecado praticado de modo subjetivo.

Caros fariseus do século XXI, vocês reprovam e até proíbem a celebração do Natal de Cristo, por causa de Papai Noel, duendes, gnomos, decorações natalinas e outras coisas mundanas. Mas cometem um grande pecado, ao se mostrarem mais santos do que os outros. Coam mosquitos e engolem camelos. Além disso, interferem na liberdade que Cristo outorgou aos seus seguidores e exigem um padrão de santidade que nem a Palavra de Deus exige! Meditem em Eclesiastes 7.16,17.

Graças a Deus, a maioria dos seguidores de Cristo não aceita essa interferência fanatizante em sua liberdade. Caso contrário, o cristianismo se transformaria em uma religião extremista, fanática, sectária, e tudo passaria a ser pecaminoso: bolo de aniversário, vestido de noiva, terno, gravata, calça jeans, passeio no shopping, rádio, TV, Internet, redes sociais, blogs... Aliás, já houve um tempo em que o rádio era a caixa do Diabo, e o crente não podia usar perfume! Que Deus nos guarde do legalismo farisaico!

Com amor,

Ciro Sanches Zibordi

terça-feira, 8 de novembro de 2011

NÃO OFEREÇA O SEU "I$AQUE"!

Pr. Ciro Sanches Zibordi - adaptado-coletado no  BLOG DO CIRO

Falo por parábola.

Um famoso conferencista brasileiro foi convidado para ministrar a Palavra durante três noites em um congresso de jovens de uma grande igreja. Muito eloquente e persuasivo, ele resolveu discorrer sobre a obediência de Abraão ao atender à surpreende ordem divina: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai ao Moriá; e o oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi” (Gn 24.2).

O "conferencista internacional" fez uma “contextualização descontextualizada”, muito comum em nossos dias, e resolveu chamar Isaque de “a melhor oferta”. “Isaque era o único filho de Abraão. Era o que ele tinha de mais importante nesta terra. Pergunte para o seu irmão: ‘O que você tem de mais importante nesta vida? Qual é a sua melhor oferta?’” — afirmou o pregador, na primeira noite. Ao mesmo tempo que mencionava a fidelidade de Abraão, ele contava experiências de pessoas que deram tudo o que tinham e prosperaram financeiramente.

Na segunda noite, o pregador foi ainda mais claro: “Você mora de aluguel? Esse é o seu Isaque! E você precisa sacrificá-lo! Ofereça-o! Você é um empresário? Entregue todo o lucro deste mês, pois esse é o seu Isaque. Você está economizando dinheiropara uma viagem,ou para a compra de algo que deseja muito? Este é o seu Isaque! Entregue-o para Deus! Não questione! Obedeça o profeta de Deus, e você sairá daqui com a sua bênção”.

Tendo mencionado vários “I$aque$”, o pregador lançou um desafio: “Amanhã é o último dia da festa, e eu quero ver quem terá ousadia para entregar o seu Isaque!”. Isso contagiou a todos, e a maioria dos irmãos estava mesmo disposta a dar o que tinha de melhor, financeiramente falando. O pregador dissera que, se alguém não tivesse dinheiro, poderia entregar relógios, alianças, cheques pré-datados, etc. 

Naquela igreja havia um grupo de jovens estudiosos da Bíblia. E um deles estava escalado para dar uma palavra de cinco minutos antes do pregador. Durante o culto, onde muita gente trouxe seu "Isaque" com a fiel intenção de entregá-lo, o pastor da Igreja entregou a oportunidade ao jovem. 

“Saúdo os irmãos com a paz do Senhor”, disse o jovem. “Como tenho apenas cinco minutos para falar, convido os irmãos a lerem comigo Gênesis 22.11,12”.

Depois da leitura, o corajoso jovem discorreu rapidamente sobre Abraão e Isaque e concluiu: “Irmãos, Deus pediu a Abraão que oferecesse o seu filho Isaque em holocausto. Mas isso foi apenas um teste. Ele não aceita sacrifícios humanos. E aprova maior de que tudo não passou de um grande e importante teste, Deus aceitou o sacrifício e Abraão levou o seu Isaque para casa”.

Antes de convidar o famoso conferencista para a sua última ministração, o pastor da igreja — que estava incomodado com o aludido desafio — fez questão de dar mais uma palavra: “Irmãos, como disse esse sábio jovem, Abraão levou o seu Isaque para casa. Isso significa que nenhum de nós precisa oferecer hoje o seu Isaque. Dê a sua oferta, mas faça isso liberal e voluntariamente. Não precisa entregar o dinheiro do aluguel nem a sua aliança, etc.”.

Furioso e com “cara de poucos amigos”, o conferencista mudou o tema da mensagem: “Nesta noite eu quero falar sobre os crentes que tocam nos ungidos de Deus, aqueles que discordam dos profetas. Esses incrédulos sempre terão uma vida miserável, pois não têm coragem de entregar o melhor para mim... Quer dizer, para Deus”.

Diante desta parábola — baseada em várias histórias reais que já ouvi sobre conferencistas de$afiadore$ —, medite em 2 Coríntios 2.17: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus”.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE O "CRESCIMENTO" DA IGREJA BRASILEIRA

Por Fábio Bauab - Adaptado - Coletado em CONSCIÊNCIA E FÉ

A igreja evangélica brasileira tem vivido um período muito peculiar. De um lado verifica-se um aparente crescimento numérico, com verdadeiras multidões afluindo para seus templos. Basta uma rápida olhada nos templos da IURD, da Igreja da Graça e, recentemente, da Igreja Mundial do Poder de Deus para constatar este fato. Porém, de outro lado, verifica-se uma perigosa relativização de valores e princípios doutrinários fundamentados sob as Escrituras Sagradas.

Vamos ponderar, primeiramente, sobre o crescimento da igreja. O fato de vermos grandes concentrações de pessoas em determinadas reuniões não implica, necessariamente, um crescimento real da Igreja de Cristo. Explico porque:

(1) Esta multidão é composta, basicamente, por pessoas em busca de solução para os seus problemas e que foram atraídas pela esperança de uma resposta fácil e rápida. Nem sempre elas são atraídas pela mensagem do arrependimento ou pela mensagem da cruz, mas sim pela expectativa da superação das mazelas, ou seja, estão à procura de milagres. Mas o milagre não substitui a necessidade do arrependimento e do comprometimento. É possível pertencer a uma igreja (denominação) sem passar pelo arrependimento, porém, é impossível pertencer a Igreja (Corpo) de Cristo sem passar pelo arrependimento. O mesmo se dá em relação ao comprometimento. Nas Escrituras, vemos o episódio da cura dos dez leprosos, onde somente um mostra real comprometimento com Jesus. Daí o grande problema em substituirmos a mensagem do arrependimento pelas mensagens motivacionais.

(2) É difícil precisar qual o percentual de pessoas deste grupo permanecem fiéis ao Evangelho ou não. Porém, o dia-a-dia, da atividade pastoral mostra que muitos ficam pelo caminho. Tenho encontrado algumas pessoas que não frequentam mais nenhuma igreja porque se sentiram lesados, enganados, se decepcionaram com lideranças etc. É uma triste realidade que as igrejas da mídia fazem questão de esconder.

(3) O terceiro elemento a ser considerado nesta análise refere-se ao crescimento qualitativo. Até que ponto esta expressão numérica é revertida em qualidade? Acredito que a probabilidade de que este grupo viva uma vida cristã desprovida dos princípios rudimentares da fé cristã é muito grande. Tudo, nestes movimentos, se resume a espíritos demoníacos, campanhas de libertação e campanhas de prosperidade financeira. Como poderão aprender sobre Amor Incondicional, Perdão que nos conduz a perdoar, Graça Divina? Vivem apenas na superficialidade da fé, não criam raízes profundas. São ensinados que ter fé é receber milagres, mas não são ensinados a desenvolver um relacionamento com Deus que os mantenha firmes na fé mesmo em tempo difíceis. São como as sementes caídas sobre as pedras ou sobre os espinhos: têm vida curta.

(4) Finalmente, um último aspecto que precisa ser destacado é o vetor migratório. Este aglomerado de pessoas não é composto unicamente por não cristãos. Há na sua base um elevado percentual de pessoas já “cristãs”, pertencentes a outras denominações, que em uma atitude de desespero, ou de curiosidade, partem em direção ao foco dos milagres. Assim percebemos que nem sempre este ajuntamento de multidões significa um crescimento numérico real. Aliás, o próprio "apóstolo" Valdemiro incentivava o proselitismo com frases de efeito, tais como: “se na tua igreja não tem poder de Deus, vem pra cá, pois aqui tem a mão de Deus”.

Diante destas considerações eu fico me perguntando: O que estamos vendo neste segmento evangélico é realmente um crescimento genuíno? Penso que não. Na verdade, acredito que esta realidade produz um efeito negativo no processo de evangelização, pois o ser humano tende a se afastar daquilo que um dia lhe causou frustração ou dor. O olhar de desconfiança não é voltado para Deus, e sim, para as instituições religiosas. E infelizmente, nesta hora, todas são colocadas dentro do mesmo saco (usando a expressão popular), não há distinção entre elas.

Estas são as razões que não me permitem compactuar com a euforia de alguns líderes evangélicos quanto ao crescimento da igreja. Acredito que o crescimento autêntico passa pelo crivo da qualidade. Ademais, o crescimento do Corpo precisa ser proporcional e dentro dos padrões da normalidade, assim como em um corpo humano. Nascemos muito pequeninos, crescemos aos poucos e demoramos quase vinte anos neste processo! Todo crescimento desordenado, rápido demais e desproporcional está mais para anomalia, aberração e tumor (câncer) que para crescimento genuíno.

Neste sentido, a declaração do apóstolo Paulo sobre o objetivo da igreja é indispensável: “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Ef 4:13-16).

domingo, 30 de outubro de 2011

LUCRANDO COM O LOUVOR A DEUS

Thiago Ibrahim - BLOG DO IBRAHIM (adaptado)

O objetivo deste post é trazer pra você conselhos práticos, caso você queira ganhar dinheiro com o louvor a Deus e fazer sucesso no meio evangélico. Espero que, em caso de êxito, você se lembre de mim.

Se você acha que tem talento para a música e tem um sonho muito grande de conseguir sucesso, fama e muito dinheiro, aconselho-te a fazer carreira na música da moda: a música gospel. Afirmo que se você souber fazer seu nome, irá muito longe, terá muito sucesso e será muito admirado. Para te ajudar a alcançar esse objetivo escrevo abaixo alguns conselhos. Espero que te ajudem.

Primeiramente, é importante que você saiba que na igreja temos muitas pessoas frustradas, que tinham sonhos mas não conseguiram realizá-los. Eram sonhos de ser pessoas de sucesso, ricas e prósperas, o que para eles significa ser abençoado por Deus. Essas pessoas leem a Bíblia como caixinha de promessas e não como a revelação de Deus que tem Jesus Cristo como centro.

Outra coisa que você precisa saber é que a arte que você desenvolve, por pior que seja, é muito valorizada pela igreja desde sempre, portanto, não se preocupe em fazer arte de qualidade. O que você precisa é de uma dose de network. Venda-se bem, procure parecer íntimo de Deus. Isso nunca falha, já que as pessoas na igreja não procuram ter discernimento.

Uma outra coisa importante: nas Igrejas as pessoas têm uma mania de perseguição terrível, que beira a esquizofrenia. Enxergam inimigos por todos os lados, e querem que estes "inimigos" estejam vivos e de pé para assistir, humilhados, à sua vitória quando esta chegar. Portanto,você deve se inspirar neste fato e procurar ressaltar a vitória sobre os inimigos, ou mesmo a aniquilação destes debaixo dos pés do vencedor.

De todos os conselhos que eu puder te dar, o que se segue é o mais importante: não se importe com a profundidade bíblica das letras das canções (as pessoas que vão ouvir têm pouquíssimo conhecimento bíblico). A preocupação que você precisa ter é com a facilidade da melodia e com a mensagem da letra. Essa mensagem precisa ser muito pessoal e egocêntrica, fazendo com que a pessoa entre quase em um transe, ficando hipnotizada. Não se esqueça: seu maior objetivo é VENDER CDs e DVDs.

Caso monte uma banda para lhe acompanhar, acabe com este melodrama de músicos crentes. O que mais importa é o profissionalismo e a qualidade dos músicos. 

O próximo passo então, é conseguir um empresário, de preferência muito influente e que tenha visão do negócio. Ele não precisa ser cristão, nem mesmo comprometido com a Palavra. Ele precisa ser um bom administrador e ter muitos contatos. Tenha atenção a este detalhe, e não aceite agenciamento de qualquer um, caso contrário, sua carreira não irá muito longe e não é isso que você quer, certo?

Seguindo todos esses conselhos, com toda certeza no final desse ano você irá participar do Festival Promessas da Rede Globo e ganhará muito dinheiro. Espero ter ajudado e também que você não esqueça de mim.

Sucesso pra você!

Agora, se você quer louvar a Deus apenas e simplesmente por Ele ter te salvado e porque Ele é merecedor do seu mais sincero louvor, esqueça tudo o que escrevi acima e dedique-se a usar os seus talentos pra proclamar o Reino de Deus e a Justiça do Reino. E que Deus abençoe a sua vida.

"...homens corruptos de entendimento e privados da verdade, que cuidam que a piedade seja meio de lucro: aparta-te dos tais" (1 Tm 6:5).


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

APOSTOLICES 2

Eu conheci o João* nos meus tempos de Seminário, lá pelos idos de 1986, aquela época que a gente era feliz, mas não sabia. Embora eu fosse um ano mais velho e mais adiantado que ele, estávamos sempre juntos, e logo estabelecemos uma amizade. A saída do curso, porém, nos afastou. Eu permaneci em João Pessoa, e ele voltou à sua terra de origem, iniciando o ministério que o Senhor lhe confiou. 

Confesso que este tempo cruel me fez até esquecê-lo em dado momento, até que as redes sociais se encarregaram de proporcionar o reencontro. Nos encontramos no hoje tão abandonado Orkut , depois de mais de vinte anos de afastamento, e mais tarde o Messenger foi o meio de refrescar lembranças e reviver os tempos passados através de uma longa conversa on line...

Em um dado momento, João me perguntou como estava meu ministério. Eu lhe falei que não era pastor, mas que desempenhava minhas funções de servo como obreiro de uma pequena igreja Neopentecostal aqui mesmo em João Pessoa. Aquilo fez o João rir “a bandeiras despregadas”. “Poxa, meu amigo Zilton,” ― repetiu ele pelo menos três vezes ― “eu não consigo imaginar você como um Neopentecostal!”.**

Em meio aos seus “kkkkkkk” repetidos, eu tentei lhe explicar que a igreja aonde eu estava congregando se enquadrava "tecnicamente" nesta categoria, mas que não era tão neopentecostal assim. O pastor era um homem muito equilibrado, centrado na Palavra de Deus, as doutrinas eram bíblicas, etc. Mas a pecha de Neopentecostal fez com que as risadas do João se repetissem por várias vezes nos longos momentos de nossa conversa cibernética. E eu não posso imaginá-lo agora senão dando uma grande e forte risada, ao lembrar o seu amigo Zilton como um Neopentecostal.

Passa mais um tempo, uns três anos, e chegamos ao tempo atual. Agora, eu não sei se rio ou se choro. Acabo de descobrir, via rede social, que meu amigo João é “apóstolo”! Tava lá, no perfil dele, algumas pessoas o chamando de “apóstolo João”...

Sabe aquela igrejinha Neopentecostal da qual eu era membro, João? Eu não faço mais parte dela, embora ela ainda esteja lá, firme e forte, sempre pequena ― quando cresce um pouco, logo vem um “vento” e muitos partem para outras pastagens. Seu pastor é um dos meus melhores amigos. Continua um homem equilibrado, cada dia mais centrado nas Escrituras, e talvez seja por isso que a igreja permanece pequena: nos dias de hoje, as pessoas buscam flexibilidade doutrinária, e ele não se afasta dos princípios da Palavra de Deus.

Falando em um paraibanês fluente, pense numa igreja Neopentecostal arretada, João! Para que você tenha uma ideia de como a amo e considero, há algum tempo, quando um grande amigo e colega profissional me pediu ajuda espiritual para alguns problemas que passava, não o encaminhei à Igreja onde hoje congrego, e sim a ela.

Lá não se dá ênfase à prosperidade antibíblica, tão pregada nos quatro cantos do nosso Brasil. Lá não se rouba o rebanho em nome de Deus, mas respeita-se os métodos bíblicos de dizimar e ofertar. Lá não tem “incêndios sagrados” ou quaisquer outras “campanhas extorquivas” para abocanhar sem piedade o dinheiro dos incautos e simples. Lá não se vende sal grosso, nem óleo ungido e nem lenços e toalhas suados; E o mais importante, João: lá não se negligencia a pregação da Palavra. As curas e libertações, sempre presentes como em qualquer igreja Pentecostal, não são o seu centro doutrinário e existencial, e sim a salvação e a restauração do homem.  Você precisa ver o silêncio reverente que os irmãos fazem na hora de ouvir a Palavra de Deus, silêncio este só entrecortados com "aleluias" e "glórias a Deus" que não atrapalham a ordem e a decência do culto.

Você me pergunta: esta igreja é Pentecostal e não há manifestações pentecostais? Claro que há! Já presenciei curas e libertações espirituais naquele local (libertações mesmo, João; não era teatro. Você me conhece, e sabe que eu jamais compactuaria com uma mentira desta estirpe!), tudo dentro da ordem e decência. Lembro-me perfeitamente de uma mulher endemoninhada que chegou lá certa noite de quinta-feira, levada para ser liberta. Quando o demônio, no início do culto, quis fazer gracinha e atrapalhar a ordem e a decência do culto,  o pastor desceu do púlpito, impôs-lhe a mão e disse com autoridade: "Em nome de Jesus Cristo, fique calado e assista ao culto! No final, eu trato de você!". Disse isso e  voltou para o púlpito, conduzindo-o normalmente. O demônio se balançava de um lado para o outro, mas ficou em silêncio durante todo o culto. Já no final, após a pregação da Palavra, o pastor pediu que as portas da igreja fossem fechadas (segundo ele, a igreja não é teatro, para que as pessoas assistam "espetáculos", principalmente da calçada) e que trouxessem a mulher à frente. Sem qualquer tipo de "entrevista com o demônio", tão comuns em nossos dias, ele ordenou que o espírito mau saísse daquela vida. Poucos minutos depois, após alguma resistência inútil do demônio, aquela mulher estava liberta. Me diga, João: você costuma ver este tipo de coisa, esta ordem e esta decência toda, em Igrejas Neopentecostais por aí??

Se a chamei esta Igreja de Neopentecostal, e continuo chamando-a assim, é porque ela é uma igreja independente, não ligada a nenhuma convenção tradicional e estabelecida. Pouca coisa além disso a qualifica (ou desqualifica??) como Neopentecostal.

O meu amigo Wanderlei, que a pastoreia com dedicação e amor, é mais velho que você, João. Talvez tenha mais tempo de ministério do que nós dois. O Senhor me deu a graça de ser um instrumento presente na vida para que esta centralização bíblica se torne cada dia mais palpável. Conversamos muito sobre doutrina, e temos muita coisa em comum, além da sólida amizade. Mas sabe o que mais me chama a atenção naquele homem? Ele ainda é Pastor, enquanto você, que riu e ri da neopentecostalidade dele, hoje é “apóstolo”!

Tenho muito medo, João, deste teu título de “apóstolo”. Teu não: de muitos. Só aqui em João Pessoa, capital da velha Paraíba, tem pelo menos mais cinco que se deram este título. Assisti, enojado, pela tevê a “unção” de um deles. Foi “ungido” por Presbíteros, Diáconos e Pastores. Pode, João?? Desde quando eu, que não sou Pastor, tenho autoridade para ungir um Pastor?? A "unção",  que seria melhor chamada de "ordenação", só pode ser impetrada por alguém que detenha a mesma posição e autoridade eclesiástica! Lembra, João, que aprendemos isto com a saudosa dona Lídia? Agora entendo porque Deus a recolheu, antes de ela ver com seus olhos no que os "homens de Deus desta geração" transformariam a Igreja...

E por falar nisso, João, quem foi que te ordenou "apóstolo"? Um colegiado de também "apóstolos", ou um colegiado de outros obreiros, bispos, pastores, presbíteros etc, inferiores a apóstolos? No caso de ter sido esta segunda opção, você realmente considera válida esta ordenação?? 

Não reconheço o pseudotítulo “apostólico” moderno, porque ele não é bíblico ― nenhum dos seus detentores atuais preenchem as suas condições. Basta ler as Escrituras que se constata isto facilmente! Além de tudo, os verdadeiros apóstolos nunca usaram este título antes dos seus nomes. Dá uma lida, João, no PRIMEIRO versículo de cada carta escrita pelos apóstolos verdadeiros, e você vai observar isto. Mas os atuais fazem questão de se chamarem e serem chamados de APÓSTOLO Fulano. E ai de quem os chamar de Pastores, diminuindo-lhes o status conquistado e arranhando-lhes o ego cultivado! Isto me remete inexoravelmente para o capítulo 23 do Evangelho de Mateus, onde Jesus “desce o bambu” nos escribas e fariseus , e nos orienta: “Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. Porém, o maior de entre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado” Mt 23:8-12.

Mas sabe o que é pior, João? O pior é que eu ainda não consegui reunir coragem para conversar contigo sobre o assunto. Lembra-se daqueles emissários de Davi, que foram humilhados por Hanun, rei de Amon, tiveram suas barbas raspadas, e ficaram em Jericó escondidos, mortos de vergonha? Meu sentimento é parecido. Eu gostaria de conversar com você a respeito, e até poderia puxar o assunto contigo pelo Messenger, como nossa primeira conversa, mas tenho até vergonha de fazê-lo. Talvez da mesma forma que você reagiu no nosso “reencontro cibernético”, quando nem teve coragem de conversar comigo e me aconselhar a respeito dos perigos de ser e assumir-se um neopentecostal, mas apenas riu da situação, eu estou reagindo neste momento. Só que minha vontade não é de rir, e sim de chorar.

Tenho vontade de chorar, amigo João, quando vejo o que estes “apóstolos” modernos estão fazendo com a Igreja do Senhor Jesus. Enquanto os verdadeiros Apóstolos, com “A” maiúsculo, eram guardiões da doutrina, uma única doutrina, estes “apóstolos” com “a” minúsculo se preocupam só consigo mesmo, com a divisão da já tão dividida e rachada Igreja do Senhor Jesus, com a proliferação de doutrinas estranhas, com o afastamento do povo da Palavra e da sã doutrina, única capaz de conduzir o homem pecador à salvação.

Choro, amigo João, quando vejo que os verdadeiros Apóstolos, como narram as Escrituras, viraram o mundo de sua época de cabeça para baixo, enquanto os “apóstolos” modernos estão virando a IGREJA de cabeça para baixo.

Gostaria de tomar conhecimento que este não é o teu caso. Gostaria muito de te ver novamente sendo chamado de “Pastor João”, com “P” maiúsculo, dirigente de uma igreja centrada na Palavra, distante dos modismos e submissa ao Senhor Jesus.

Quem sabe um dia eu tenha a coragem e a hombridade de te procurar para tratarmos deste assunto via Messenger, telefone ou quiçá pessoalmente. Enquanto isso não acontece, envio-te o link de dois textos, que versam sobre o mesmo assunto: o primeiro, de minha autoria, postado neste blog sob o título APOSTOLICES; o segundo, eu garimpei na Internet, com o título CARTA DE UM PASTOR A UM APÓSTOLO. Espero que os dois te sejam úteis.

Em Cristo, manterei a minha esperança de que voltes à sã doutrina, abandones o pomposo título de “apóstolo“ e abraces a função de servo, sempre servo, nada mais que servo.

Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?” Gálatas 4:16

* O nome "João" é fictício
** Os que me conhecem sabem que, Bereiano que sou, jamais eu me adaptaria ou me submeteria a uma igreja realmente Neopentecostal! Vade retro!!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

NÃO EXISTE PASTOR UNGIDO

Atenção, Ungidos!! Atenção, seguidores de ungidos!! Vocês precisam assistir ao vídeo aí...




GENIZAH levantou a bola. Eu só cabeceei...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

PASTORES E LOBOS - APENDENDO A DISTINGUI-LOS

(Osmar Ludovico –  coletado de http://ew-willianlira.blogspot.com/ adaptado)

O apóstolo Paulo, em sua última conversa com os anciãos de Éfeso disse-lhes, em uma fala profética que se aplica perfeitamente aos nossos dias: “Porque eu sei isto, que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho; e que, de entre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At 20:29-30).

Pastores e lobos têm algo em comum: ambos se interessam e gostam de ovelhas, e vivem perto delas. Assim, muitas vezes, pastores e lobos nos deixam confusos para saber quem é quem. Isso porque lobos desenvolveram uma astuta técnica de se disfarçar em ovelhas interessadas no cuidado de outras ovelhas. Parecem ovelhas, mas são lobos.

No entanto, não é difícil distinguir entre pastores e lobos. Urge a cada um de nós exercitarmos o discernimento para descobrir quem é quem.
  • Pastores buscam o bem das ovelhas, lobos buscam os bens das ovelhas. 
  • Pastores amam a simplicidade e o serviço, lobos amam a ostentação e os títulos e cargos.
  • Pastores gostam de convívio, lobos gostam de reuniões. 
  • Pastores vivem à sombra da cruz, lobos vivem à luz de holofotes. 
  • Pastores choram pelas suas ovelhas, lobos fazem suas ovelhas chorar. 
  • Pastores têm autoridade espiritual, lobos são autoritários e dominadores. 
  • Pastores gostam da companhia de outros pastores, e têm confiança entre si; lobos têm outros lobos como concorrentes, e não confiam nos outros.
  • Pastores têm esposas, lobos têm coadjuvantes. 
  • Pastores têm fraquezas, lobos são orientados a não demonstrar sinais de fraqueza. 
  • Pastores contam as ovelhas, lobos contam cabeças. 
  • Pastores apaziguam as ovelhas, lobos intrigam as ovelhas. 
  • Pastores têm senso de humor, lobos se levam a sério. 
  • Pastores são ensináveis, lobos são os donos da verdade. 
  • Pastores reconhecem seus erros e se dispõem a corrigi-los; lobos se dizem infalíveis e inerrantes, e recusam qualque correção.
  • Pastores têm amigos, lobos têm admiradores. 
  • Pastores se extasiam com o mistério, lobos aplicam técnicas religiosas. 
  • Pastores vivem o que pregam, lobos pregam o que não vivem. 
  • Pastores vivem de salários, lobos enriquecem. 
  • Pastores ensinam com a vida, lobos pretendem ensinar com discursos. 
  • Pastores sabem orar no secreto, lobos só oram em público. 
  • Pastores vivem para suas ovelhas, lobos se abastecem das ovelhas. 
  • Pastores são pessoas humanas reais, lobos são personagens religiosos caricatos. 
  • Pastores vão para o púlpito, lobos vão para o palco. 
  • Pastores são apascentadores, lobos são marqueteiros. 
  • Pastores são servos humildes, lobos são chefes orgulhosos. 
  • Pastores se interessam pelo crescimento das ovelhas, lobos se interessam pelo crescimento das ofertas. 
  • Pastores apontam para Cristo, lobos apontam para si mesmos e para a denominação. 
  • Pastores são usados por Deus, lobos usam o nome de Deus paa enganar as ovelhas
  • Pastores falam da vida cotidiana, lobos discutem o sexo dos anjos. 
  • Pastores se deixam conhecer, lobos se distanciam e ninguém chega perto. 
  • Pastores sujam os pés nas estradas, lobos vivem em palácios e templos. 
  • Pastores alimentam as ovelhas, lobos se alimentam das ovelhas. 
  • Pastores buscam a discreção, lobos se autopromovem. 
  • Pastores conhecem, vivem e pregam a graça, lobos vivem sem a lei e pregam a lei. 
  • Pastores usam as Escrituras como texto, lobos usam as Escrituras como pretexto.
  • Pastores se comprometem com o projeto do Reino, lobos têm projetos pessoais. 
  • Pastores vivem uma fé encarnada, lobos vivem uma fé espiritualizada. 
  • Pastores ajudam as ovelhas a se tornarem adultas, lobos perpetuam a infantilização das ovelhas. 
  • Pastores dão exemplo de vida às ovelhas e as incentivam a se tonarem cada vez melhores; lobos ridiculaizam suas ovelhas quando elas não conseguem acompanhá-los.
  • Pastores lidam com a complexidade da vida sem respostas prontas, lobos lidam com técnicas pragmáticas com jargão religioso. 
  • Pastores confessam seus pecados, lobos expõem o pecado dos outros. 
  • Pastores pregam o Evangelho, lobos fazem propaganda do Evangelho. 
  • Pastores são simples e comuns, lobos são vaidosos e especiais. 
  • Pastores tem dons e talentos, lobos tem cargos e títulos. 
  • Pastores são transparentes, lobos têm agendas secretas. 
  • Pastores dirigem igrejas-comunidades, lobos dirigem igrejas-empresas. 
  • Pastores pastoreiam as ovelhas, lobos seduzem as ovelhas. 
  • Pastores trabalham em equipe, lobos formam equipes com pessoas escolhidas a dedo. 
  • Pastores ajudam as ovelhas a seguir livremente a Cristo, lobos geram ovelhas dependentes e seguidoras deles. 
  • Pastores constroem vínculos de interdependência, lobos aprisionam em vínculos de co-dependência. 
  • Pastores admoestam as ovelhas, lobos massageiam o ego das ovelhas.

Observem aqueles que se dizem seus pastores! Podem ser lobos, e é oportuno lembrar-nos do aviso de Jesus Cristo: "Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores (Mateus 7:15).

terça-feira, 11 de outubro de 2011

EU SOU A MOSCA QUE POUSOU NA SUA SOPA

Carlos Moreira (publicado em GENIZAH e em A NOVA CRISTANDADE

E mandou o rei Zedequias soltá-lo [a Jeremias]; e o rei lhe perguntou em sua casa, em segredo: Há porventura alguma palavra do Senhor? E disse Jeremias: Há. E disse ainda: Na mão do rei de babilônia serás entregue”. Jr. 37:17.

Não sei se você conhece o contexto desta passagem... O rei Zedequias estava cercado pelas tropas dos babilônicos. Ele havia sido traído pelos egípcios que bateram em retirada quando souberam que iriam enfrentar a Nabucodonosor.

No mesmo instante, o profeta Jeremias estava atolado em um poço fétido, com lama até o pescoço. Ele tinha sido colocado ali com autorização do próprio rei, acusado de traição e de desanimar o povo com “suas” palavras.

Mas houve um momento, antes da batalha final, que o rei Zedequias mandou tirar Jeremias daquele poço de agonia e solidão. Fico imaginando que ele provavelmente imaginou que um pouco de poço faria um “bem” enorme a Jeremias. Sim, quem não se quebrantaria diante de uma situação como aquela? Quem ousaria permanecer firme, falar a verdade, manter a coerência, a consciência, sustentar convicções, profetizar aquilo que o Senhor havia lhe ordenado? Provavelmente ninguém... Menos Jeremias.

O profeta foi arrastado até o palácio. Diante da opulência do lugar e da imponência do rei ele foi posto perfilado. Ali não estava mais um homem, apenas os trapos que dele restara. Jeremias estava exausto, faminto e mal cheiroso. O rei havia lhe chamado as escondidas. Imagino a cena... Com olhar sarcástico, ele perguntou ao profeta: “há alguma palavra do Senhor?”. E o homem de Deus respondeu: “Há. Na mão do rei de babilônia serás entregue”. E assim sucedeu.

O massacre dos Caldeus sobre Jerusalém foi algo sem precedentes. A cidade, após ser sitiada, acabou não mais resistindo e foi invadida. Seus muros foram queimados, o Templo destruído, os nobres assassinados. Por fim, o rei Zedequias assistiu a morte dos próprios filhos. Foram às últimas imagens registradas pelos seus olhos, que se tornaram cegos após serem vazados pelos seus adversários. Ele foi algemado a grilhões de bronze e levado como escravo para a babilônia.

Olho para os nossos dias... Onde estão os profetas do Senhor? Onde estão aqueles dispostos a falar a verdade a qualquer preço? Onde estão aqueles dispostos a sacrificar a “carreira ministerial”, ou a “sujar” o currículo eclesiástico, ou mesmo a ser perseguido, ridicularizado, caluniado, ultrajado, desprezado? Existirá ainda algum profeta entre nós? Há quem possa em nosso meio dizer como Isaías “quem deu crédito a nossa pregação!”.

Depois de 30 anos de caminhada com Deus pensei já ter assistido a todo tipo de barbaridade. Mas a cada dia sou surpreendido por uma atrocidade diferente e inusitada. Sobre isto bem escreveu Paulo aos Romanos: “não hã quem busque a Deus... não há quem faça o bem... não hã quem fale a verdade...”.

Eis aí os inimigos da Cruz de Cristo! Eles estão diante de nossos olhos! Quem ousará os repreender? Quem se levantará contra eles? São feiticeiros do sagrado, traficantes de um “evangelho” falsificado, intermediários do “divino”. Eles se auto-proclamam “apóstolos”, “evangelistas”, “missionários”, “patriarcas”, “bispos”, mas na verdade são sinagoga de satanás, vendilhões de uma religião oca e vazia, de liturgias dessignificadas, de ritos de ocasião, da fé commoditizada, comercializada como produto de supermercado. Mas um dia eles haverão de se encontrar com o Senhor de toda a Terra, estarão diante do Leão da Tribo de Judá, não mais do Cordeiro de Deus.

Você deve estar se perguntando: “quem és tu para afirmar estas coisas?”. Eu sou um profeta do Deus altíssimo! Não me constituí a mim mesmo, fui chamado com este propósito! Eu ando na contra-mão, no contra-fluxo, na subversão do Reino de Deus, na loucura da Palavra da Cruz, na insanidade do Evangelho de Jesus Cristo. Eu fui chamado para pregar aquilo que não se quer ouvir, para proclamar aquilo que incomoda. Eu meto o dedo na ferida, faço a alma virar ao avesso, à consciência arder, o coração se compungir. Sim, o Espírito do Senhor está sobre mim e ele me ungiu para pregar o “dia da vingança do nosso Deus”!  

Você talvez não suporte o que escrevo porque eu digo a verdade. Eu não vivo de aparência, de subterfúgios, de disfarces. Eu não ando de máscaras, não sou “politicamente correto”, não tenho “rabo preso”, não sou devedor de homens. “Eu sou a mosca que pousou na sua sopa!”, eu estou aqui para falar e não há quem possa me calar. Ouça o que eu digo, escute o que eu prego e você verá o que Deus fará na sua vida! Mas tenha cuidado, pois eu sou “perigoso”. Se você me “engolir” poderá morrer de “indigestão”, pois a Palavra que foi colocada na minha boca tanto sara como fere, tanto faz viver como pode matar.

"Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam.". Jack Kerouac


Eu escrevo este artigo para você que perdeu o temor de Deus, que tem negligenciado o zelo com as coisas de Deus, que se esqueceu da coerência necessária com a Mensagem de Deus. Escrevo para você que cauterizou a sua consciência, endureceu o seu coração, exilou de si mesmo a sua alma. Sim, ainda há tempo para o arrependimento! Arrepende-te, pois, antes que Ele venha e “mova o teu candeeiro”. Não torne vã a graça, nem desprezes a misericórdia, “pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mal”. Ec. 12:14

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O BRASIL É DO SENHOR JESUS? ESSA NÃO!




Rev. Mons. José Kennedy de Freitas - recebi por e-mail, sem crédito de endereço de postagem

Texto: 2 Pedro 2:1-6
Ouço frequentemente uma conclamação feita nos mais variados recônditos do universo evangélico, seja por mero "ufanismo evangélico" ou pelos questionabilíssimos "atos proféticos": Vamos ganhar o Brasil para Cristo!!! O Brasil é do Senhor Jesus!!! Bem, lamento informar, mas nós nunca vamos ganhar o Brasil para o Senhor Jesus Cristo. E antes que você, espantadíssimo com minha falta de fé, me acuse de derrotismo ou mesmo de estar a serviço do mal, deixe-me explicar.

Como não acredito na doutrina da Confissão Positiva (o hábito antibíblico de “decretar a vitória”, “profetizar a bênção” e “tomar posse pela fé” que, se você não sabe, foi incorporado ao cristianismo a partir de práticas de religiões pagãs da Nova Era – mas essa é outra conversa) nao vejo coro escriturístico nessa afirmação, que é fruto de uma observação bíblica, histórica e contextual equivocadas. E justifico minha posição, apresentando aqui as razões pelas quais não creio que o Brasil, e nem nenhuma nação, será ganho para Cristo:

1. Aspectos bíblicos:

A Bíblia Sagrada nunca promete que nações inteiras se converteriam ao Senhor Jesus Cristo em nossos dias. Ela fala: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (Mt 24.14) mas em momento algum promete que isso resultaria em conversões em nível nacional. Anunciar o Evangelho é uma coisa. Ele resultar em conversões é algo bem diferente. Pelo contrário. Como já abordei no post Louvados e glorificados sejam os números, a Palavra de Deus é clara ao afirmar que a minoria herdaria o Reino dos Céus:

Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram” (Mt 7.13,14).

Alguém lhe perguntou: ‘Senhor, serão poucos os salvos?’. Ele lhes disse: ‘Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. Quando o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês ficarão do lado de fora, batendo e pedindo: ‘Senhor, abre-nos a porta’. ‘Ele, porém, responderá: ‘Não os conheço, nem sei de onde são vocês’. “Então vocês dirão: ‘Comemos e bebemos contigo, e ensinaste em nossas ruas’. “Mas ele responderá: ‘Não os conheço, nem sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês, que praticam o mal!’” (Lucas 13.23-27).

Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino” (Lucas 12.32).
 
Pois muitos são chamados, mas poucos são escolhidos” (Mt 22.14).

Ou seja: Não há na Bíblia Sagrada nenhuma promessa ou sugestão de que haverá multidões de salvos entrando em nível nacional pelos portões do Céu. Não: A Salvação é para poucos. Repare que na parábola do semeador (Mt 13) a maioria das sementes não frutifica, apenas uma pequena parte delas germina e dá frutos.

Gostaria eu que fosse diferente. E temos sempre que fazer de tudo e empreender todos os nossos esforços para que o máximo de pessoas receba a mensagem da Salvação. Temos que pregar o Evangelho a toda criatura. Mas no que tange às Sagradas Escrituras não posso afirmar o que ela não afirma só porque me faria sentir melhor. A verdade é o que é.

2. Aspectos históricos.


Fala-se muito de avivamento, de pátrias que foram sacudidas pelo poder do Espírito Santo e que se transformaram em nações cristãs de fato, com milhares de conversões e manifestações inefáveis do poder de Deus. Isso é verdade. Moveres sobrenaturais de Deus levaram alguns países, em períodos determinados da História, a buscar coletivamente uma aproximação maior do Senhor Jesus Cristo e uma vida de santidade. Foi assim no Primeiro e no Segundo Grandes Despertamentos dos Séculos 18 e 19, por exemplo. Mas minha pergunta é: Como estão essas nações hoje? A verdade nua e crua? Espiritualmente falidas.

Os Estados Unidos da América do Norte, avivados pela pregação de bastiões como Rev. Jonathan Edwards e o Rev. George Whitefield, são hoje um país cristão não-praticante, pérfido, devasso e sem nenhum tônus espiritual, que fez o que fez no Oriente Médio sob a direção de um presidente supostamente evangélico. Um país onde a Igreja tem aceito a ordenação de bispos cuja orientação sexual em outras épocas jamais seria aceita e que inventou a Teologia da Prosperidade. Um país espiritualmente e moralmente em bancarrota, que exporta para o mundo filmes, programas de TV e músicas abomináveis pela moral bíblica. Eu fico com muita pena de brasileiros que só faltam dar a sua alma para os EUA, fazem de tudo por um País completamente fracassado espiritualmente.

Já a Inglaterra, país que na época do Rev. John Wesley se viu renovado espiritualmente, hoje mal se lembra que há um Cristo. No restante da Europa, encontramos países como Espanha e Portugal, com menos de 1% de cristãos reformados. Nos berços da Reforma Protestante, Alemanha e Suíça, a Igreja Evangélica tornou-se uma entidade fantasma, com Igrejas vazias e nenhuma influência sobre a vida da sociedade. A Igreja oficial da Inglaterra: Igreja Anglicana, que está em colapso espiritual, o Arcebispo de Cantuária aprovou a união homossexual, sem falar nas ordenações de mulheres ao Sacerdócio. O Anglicanismo tem apenas aparência de Cristianismo, mas está em baixa.

E isso falando de nações que estão debaixo de nossos olhos. Se voltarmos alguns séculos no passado encontraremos os países do Oriente Médio com quase toda a população cristã. Você talvez não saiba disso, mas até o século VI d.C. regiões que hoje compõem países como Turquia, Irã, Iraque, Marrocos e Arábia Saudita, atualmente considerados não-alcançados pelo Evangelho, tinham suas populações quase que totalmente cristãs. Até que veio o islamismo e tomou esses países, transformando-os em nações muçulmanas.

O resumo da ópera é que para se “ganhar uma nação para o Senhor Jesus Cristo” é preciso um milagre. Não só um milagre de conquista, mas um milagre de preservação. Ou seja: Reconquista diária. E milagres são a exceção, não a regra.

3. Aspectos contextuais (atuais)


São poucos os que realmente se dedicam ao estudo sistemático e aprofundado das Escrituras. Então vamos ganhar o Brasil para o Senhor Jesus Cristo, mas… que Cristo? Se não conhecemos o Cristo segundo as Sagradas Escrituras o apresentam, que Senhor Jesus Cristo é esse que estamos pregando? Se não entendemos a Palavra por não conhecê-la, que Palavra é essa que estamos pregando? Sem conhecer a Bíblia Sagrada não temos absolutamente nada a oferecer em termos espirituais à nação.

● Grande parte da Igreja Evangélica brasileira é egocêntrica. 
Ora por si e pelos seus. Pede bens materiais, emprego, carro e casa própria em suas orações. Quer a cura de suas enfermidades. Mas não se dedica muito a interceder pelo próximo, orar pelo arrependimento dos pecados e buscar sanar os males da sociedade. Não ora pelos pobres. Não estende a mão ao faminto. Não olha para o próximo. Não se devota. Não considera o outro superior a si em honra. E ganhar uma nação para o Senhor Jesus Cristo exige olhar, antes de tudo e antes de para si mesmo… para a nação.

● A Igreja está hedonista. 
Quer prazer. Quer alegria. Quer ser feliz da vida. Quer emoção. Que louvores vazios de conteúdo bíblico, mas emocionantes. Quer cantores carismáticos, mesmo que pouco espirituais. Quer shows, e não momentos de intimidade com Deus. Quer se sentir bem. Quer cultos que atendam às suas necessidades. Quer pregações que a faça sorrir. Quer enriquecer e ter uma vida abastada. Só que antes de ganhar uma nação para Cristo temos que chorar muito, nos humilhar, esquecer o que nos faz bem e buscar o que faz bem à nação. E orar. Orar!

A Igreja hoje celebra muito, canta muito, dança muito… mas ora de forma mirrada, esquelética. Só que pouca oração e muita celebração não farão nação alguma se converter. Se ganharmos o país para esse modelo de cristianismo o que faremos é transformar o Brasil numa grande rave gospel, com festa atrás de festa, celebração após celebração e pouca ou quase nenhuma vida íntima com Cristo.

● Grande parte da Igreja tem pregado um "Evangelho" mentiroso.
O que se tem divulgado é um Jesus fictício, complacente, eternamente alegre e exultante, que nos garante “plenitude de alegria, todo dia”. Um Jesus de uma forma que não é descito na Bíblia.

Mas o Senhor Jesus Cristo de verdade quer que tomemos nossa cruz para segui-lo. Que morramos para nós mesmos. Que deixemos pai e mãe para ir após Ele. Mas a nação não quer fazer nada disso. E para ganhar a nação para o Senhor Jesus Cristo ela tem que saber que terá de abrir mão de muita coisa, de esvaziar-se de suas vontades e desejos e seguir um caminho de renúncia e muitas vezes de sofrimento. Ganhar a nação para o Senhor Jesus Cristo significa propor a ela: tome sua Cruz e siga-me. Arrependa-se de seus pecados, abra mão de seu eu e mude de vida. Honestamente: é isso que temos pregado?

● A Igreja está dividida. 
A Palavra nos diz que “Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir” (Mc 3.24). Mas deixamos nossas paixões denominacionais suplantarem a unidade. Os, Anglicanos ligados a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, fazem piadas e críticas com os demais grupos Anglicanos do Movimento Continuante. Os Anglicanos do Movimento Continuante, vivem em brigas e Fofocas entre si, falando mal um dos outros. Os Evangélicos Pentecostais, fazemos piada com os Evangélicos Tradicionais. Os Evangélicos Tradicionais ridicularizam os Pentecostais. Todos menosprezamos os Neopentecostais. Nos tornamos “anti” qualquer coisa que não sejamos nós mesmos. Nas tentativas de unir a Igreja perde-se tempo com discussões inócuas e vaidosas. Esquartejamos o Corpo de Cristo. E ainda assim queremos acrescentar uma nação inteira a esse Corpo? Como? Se não depusermos as hostilidades e buscarmos a unidade – verdadeira e sincera – uma nação ganha para o Senhor Jesus Cristo sob esses moldes de Igreja desunida seria um grande frankenstein.

● Nossas motivações são equivocadas. 
Queremos ganhar o Brasil para o Senhor Jesus Cristo não por amor às almas perdidas, mas sim para garantir nosso galardão no céu ou para finalmente fazermos parte do clube que representa a maioria e não a minoria. Queremos é estar por cima. Falta-nos, mais do que amor pelo Brasil, amor por cada brasileiro.

● Estamos tentando avançar na sociedade utilizando cargos políticos e legislações.
Queremos ganhar o Brasil não para o Senhor Jesus Cristo, mas para projetos de poder mascarados de Cristianismo. E isso elegendo políticos supostamente comprometido com o Evangelho, fazendo marchas e protestos, usando de politicagens e chantagens políticas e organizando lobby no Planalto. E nada disso são armas espirituais. Nada disso nunca vai, de modo algum, glorificar o Senhor. Apenas cumprirá uma agenda política e nada mais. Fico envergonhado com os chamados líderes cristãos que bajulam os políticos por ganância e status.

Haveria muitos outros problemas que poderíamos desenvolver aqui, mas não quero me alongar mais. Não quero parecer um profeta do apocalipse, pintando um cenário pessimista. Minha intenção não é essa. Mas me atreveria a perguntar: Será que os problemas que apontei acima são fruto da minha imaginação ou você consegue enxergá-los ao seu redor? Alguns poderiam dizer que o que escrevi não é nada edificante, mas… Há algo mais edificante que reconhecer nossos pecados para que possamos refletir sobre eles, arrepender-nos e consertar os erros? Não é isso que significa edificar? Construir? E, se preciso for, reconstruir? Parar de varrer a sujeira para baixo do tapete e acertar as coisas?

Há focos de resistência. Pequenos grupos que buscam viver uma espiritualidade real, profunda, desinteressada. Mas são grupos desconhecidos, pequenas igrejas escondidas, Sacerdotes Anglicanos e Pastores Evangélicos que pregam para poucos e que proclamam o Evangelho como ele é, sem o desejo de agradar mais ao homem que a Deus. Cristãos que se abraçam e se amam de modo entregue e que se devotam à causa de Cristo e ao próximo.

Esses são o remanescente fiel. São o último alento. Mas estão longe das câmeras de TV, das grandes gravadoras, dos eventos faraônicos, reunidos em silêncio, buscando a face de Deus sem fazer balbúrdia, sob as sombras do bem-aventurado anonimato. Eles são a semente da minha esperança.

Acredite: Eu, como Sacerdote Anglicano, como Cristão e Servo do Deus Altíssimo gostaria de que o Brasil fosse ganho para o Senhor Jesus Cristo. Gostaria imensamente. Gostaria de viver numa pátria onde o Evangelho ditasse o procedimento das pessoas. Gostaria de poder afirmar: “Feliz é a minha nação, pois seu Deus é o Senhor”. Mas o que vejo ao meu redor não me permite fingir que está tudo bem. Não está. A Igreja do Senhor Jesus Cristo precisa se repensar e se acertar antes de empreender projetos de conquista. E isso urgentemente. Um exército desorganizado, desunido e despreparado não conquistaria nem um vilarejo, quanto mais uma nação.

Precisamos de um milagre. É caso de vida ou morte. E morte eterna. Precisamos nos arrepender dos caminhos pop e egoístas que estamos trilhando. Precisamos voltar a orar com um coração generoso. Precisamos nos humilhar. Precisamos clamar por misericórdia. Precisamos parar de tentar vencer o mundo no peito e na raça e tentar vencer, antes de qualquer outra coisa, nossas próprias concupiscências com o rosto no pó e os joelhos calejados. Essa luta não se vence com gritos, protestos, marchas, lobbies políticos e partidarismos, mas com lágrimas. Até caírem as escamas de nossos olhos e enxergarmos a dimensão espiritual que existe por trás da cortina da matéria continuaremos agindo como o servo de Eliseu, que não via o exército celestial do lado de fora de sua casa e desejava agir segundo os métodos do mundo e não os do Espírito.


Este é o ponto principal desta reflexão. Para que se pregue o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo a uma pessoa pecadora, mais do que proclamar a Verdade é preciso viver a Verdade.

Se eu sou um homem notoriamente devasso, mentiroso, homossexual, pérfido e sem caráter, de nada adiantará eu chegar para alguém e pregar o Evangelho. Pois ele dirá “ser cristão é isso aí? Tô fora, fala sério!”.

E essa mesma realidade se aplica a uma nação. Para que a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo evangelize uma nação e a “ganhe para o Senhor Jesus Cristo”, ela tem que dar o exemplo.

Isso é imperativo. Mais do que pregar a Verdade, tem que viver a Verdade! (Particularmente esta reflexão serve primeiramente para mim, tenho refletido a minha vida como Sacerdote do Senhor e tenho observado que meus exemplos são péssimos e que preciso refazer meus conceitos e mudar minhas atitudes para que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado). E é com muita dor no coração que constato que nós não temos feito isso. Não temos sido exemplo. Compartilho alguns sintomas que me mostra que a Igreja brasileira não está capacitada para ganhar a nação para o Senhor Jesus Cristo:

● A maior parte da Igreja Cristã visível no Brasil de hoje (Seja ela Anglicana, Presbiteriana, Batista, Assembleiana, Romana, etc) é espiritualmente flácida e complacente com o pecado: O comportamento visível dos cristãos diante da sociedade não tem sido muito diferente do comportamento dos não-cristãos.

Em geral, somos agressivos, arrogantes, vingativos, mentirosos e egocêntricos. Fraudamos impostos, passamos cheques sem fundos, não honramos nossa palavra. Nossos seminaristas colam nas provas. Não cedemos lugar no ônibus para o idoso, fingimos que não vemos o mendigo, jamais emprestamos o ombro a um órfão sequer e muito menos a uma viúva. Articulamos dentro das igrejas para conseguir ocupar cargos de destaque. Usamos a sexualidade de modo tão mundano como qualquer personagem da novela das oito. Nossas conversas são torpes, falamos mal dos outros pelas costas, jogamos irmãos contra irmãos, contamos anedotas pesadas e fazemos piada com a manifestação dos dons do Espírito Santo. E por aí vai. Uma Igreja assim não tem a menor moral de pregar o arrependimento de pecados para o mundo: primeiro ela própria tem de se arrepender.

Por exemplo, o Anglicanismo no Brasil tem caminhado para um Cristianismo totalmente conflitante com a Palavra de Deus, a aceitação da inclusão de homossexuais no Sacerdócio, a defesa do Clero a essa prática, entra em conflito com a orientação Neotestamentária. Há uma Igreja Anglicana do Movimento Continuante, que em seu Site há duas fotos: Uma de uma Episcopisa Inglesa, lésbica, e a outra, de um Bispo Gay, essas duas fotos visa fazer a propaganda homossexual na Igreja, a apologia da inclusão homossexual fere por completo a orientação Bíblica deixada pelos Profetas e os Apóstolos . Não tenho nada contra os homossexuais, pelo contrário, tenho amigos homossexuais que são pessoas maravilhosas, educadas e sérias. A minha indignação, é a ordenação de gays e lésbicas para o ofício sacerdotal e pastoral da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo (Romanos 1.18-32).

● O modelo de Igreja predominante no Brasil não forma cristãos sólidos. Como afirmou este ano em uma de suas palestras na Conferência da Sepal o Bispo Primaz da Igreja Cristã Nova Vida, Walter McAlister, o modelo de Igreja-Show não forma discípulos do Senhor Jesus Cristo.

Enquanto formos aos cultos apenas para assistir a algo que se passa num palco e não para participar; enquanto não nos submetermos a um discipulado radical; enquanto não resgatarmos o papel de família de fé das nossas Igrejas, nunca conseguiremos formar cristãos minimamente capazes de viver e compartilhar com eficiência sua fé com uma pessoa, que dirá com uma nação.

O Evangélico brasileiro não gosta de ler. Lidos sob o poder e a iluminação de Deus, livros são o alicerce da transformação. Mas nossos jovens preferem videogames, televisão, internet e no máximo inutilidades como a série “Crepúsculo” do que livros essenciais para a formação de um caráter cristão. E sem uma mente bem formada nos tornamos incapazes de pensar uma nação. Quanto mais transformá-la. O poder de Deus age, mas age por intermédio de seres humanos – que precisam ter bagagem intelectual para explicar e transmitir. E ainda lemos muito menos do que deveríamos. E a qualidade do que lemos, em geral, deixa muito a desejar.

● Somos analfabetos bíblicos. Uma pesquisa recente feita entre os líderes de jovens de certa denominação mostrou que menos de 30% deles tinham lido a Bíblia Sagrada toda. Repare: Estamos falando de líderes! Aqueles que deveriam ensinar os outros! Se não lemos, não conhecemos, e se não conhecemos… o que vamos pregar? Nossa teologia é formada a partir daquilo que ouvimos em corinhos, assistimos em péssimos programas evangélicos de TV, lemos em frasezinhas soltas no twitter e em adesivos de automóveis. Antes lentamente, e agora rapidamente, estamos nos tornando uma igreja ateológica e antiteológica, onde muitos pastores e denominações se orgulham de não darem ouvidos à teologia...


CONCLUSÃO

Até lá, antes de pensarmos em ganhar o Brasil para o Senhor Jesus Cristo, deveríamos nos preocupar em ganhar a nós mesmos para Ele. E isso diariamente. Pois é mediante a transformação pessoal, de um a um, alma a alma, no campo do micro, que alcançaremos o macro. Caráter. Espiritualidade. Intimidade com Deus. Estudo aprofundado das Escrituras. Leitura de autores sérios. Menos exultações e mais contrição. Amor ao próximo de fato, comprovado em atos. Sem atitudes como essas, ganhar a nação para o Senhor Jesus Cristo é um sonho distante. E, honestamente, impossível.

Pensemos nisto, amém!

O autor é Sacerdote Anglicano, Bispo Eleito, Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia, Ph.D em Ciências da Religião. Professor de Grego, Hebraico e outras disciplinas Teológicas. Jornalista (JP)