quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O QUE O NOVO TESTAMENTO NOS ENSINA SOBRE O "GUARDAI-VOS" - 1/7


Recentemente, meu pastor abriu o culto dominical com a leitura do texto de Marcos 12:38, que relata que Jesus “ensinando [aos Seus discípulos], dizia-lhes: guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestidos compridos, e das saudações nas praças...”. Ele apenas leu o texto como leitura devocional para a abertura do culto, não discorreu acerca dele, mas estas palavras ficaram por alguns dias martelando em minha mente. Chamou-me muito a atenção o uso do imperativo pronominal GUARDAI-VOS, e passei a semana meditando no texto e em seu significado.

Em minhas meditações, fui então pesquisar quantas vezes a expressão “GUARDAI-VOS” consta na Bíblia, mais precisamente no Novo Testamento da versão Revista e Corrigida (a que costumo usar), e cheguei ao número de 7 ocorrências (na verdade oito, mas duas delas são idênticas). Tomei por meu “dever de casa” meditar nestes textos e procurar entender cada uma das admoestações, e por que Deus nos orienta, ou melhor, ordena que nos guardemos de tais coisas.

O sentido da expressão “GUARDAI-VOS” enquanto verbo pronominal (verbo acompanhado de pronome oblíquo), segundo o sr. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, o “pai dos burros”, é   [1] Acautelar-se, prevenir-se, precaver-se, precatar-se. [2] Abster-se, conter-se, refrear-se. [3] Reservar-se, esperar. [4] Defender-se, preservar-se, livrar-se. [5] Abrigar-se, desviar-se. Portanto, quando a Escritura usa tal expressão nos ordena (uma vez que o verbo está no imperativo) todas estas coisas, em relação ao tema tratado... É uma advertência expressa para que estejamos vigilantes e prontos a confrontá-las com o que está escrito, e com as instruções que nos são dadas contra tais coisas, de como evitá-las, como agirmos face a elas.

Vamos, portanto, discorrer sobre cada coisa que o Novo Testamento nos manda que nos guardemos...

1. “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles: aliás não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus- (Mt 6:1)

Uma das grandes lutas do Senhor Jesus contra os religiosos de sua época foi a ostentação proposital de seus atos religiosos, com o objetivo de serem vistos pelas pessoas, reconhecidos como grandes homens de Deus e tratados de forma diferenciada por causa disto. Em várias ocasiões Ele mostra religiosos em exemplos e parábolas, sempre destacando sua jactância em sua própria religiosidade e o desprezo por aqueles que não possuíam o mesmo padrão de santidade por eles alcançados. João relata em seu Evangelho que os sacerdotes chegaram ao ponto de declarar: “esta multidão, que não sabe a lei, é maldita” (Jo 7:49), orgulhando-se de seus conhecimentos diferenciados da Lei e esquecendo-se que se a multidão não conhecia a Lei era exatamente por causa da sua omissão em ensiná-la, uma vez que era obrigação dos sacerdotes fazer isso!

Lamentavelmente, em nossos dias, esta prática persiste no meio cristão, e com a mesma força, senão com força maior. Embora a Bíblia afirme categoricamente a igualdade de todos os filhos de Deus diante do Pai, alguns insistem em se achar melhores que os outros por causa de suas próprias obras. Nada mudou. Se o fariseu da parábola se julgava superior ao publicano e aos demais homens porque não era nem ladrão, nem injusto, nem adúltero, antes jejuava duas vezes por semana e ainda dizimava fielmente (Lc 18:11-12), muitos se acham igualmente superiores pelos mesmos motivos, e também por  serem oficiais da Igreja, por orarem fielmente e de joelhos todas as madrugadas por pelo menos uma hora, por subirem aos montes para orar,  por não faltarem aos cultos da Igreja, por fazerem parte de determinados grupos dentro da Igreja, por serem batizados com o Espírito Santo etc... O que não faltam são motivos para alguém se julgar superior aos outros!

Felizmente, não há nada que façamos que nos torne superiores. O próprio Senhor nos disse que o que quer ser superior deve se tornar inferior, servo, escravo (diakonos) dos demais. Nada do que façamos nos torna melhores! Somos o que somos por causa da graça divina, do favor IMERECIDO do nosso Deus, e igualmente tudo o que Ele nos dá é pela mesma graça. Paulo apóstolo deixa claro que “pela graça sois salvos... isto não vem das obras, para que ninguém se glorie ... e se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça” (Ef 2:8-9, Rm 11:6). O problema é que estas pessoas consideram a graça insuficiente; eles TÊM QUE FAZER ALGUMA COISA para tornar a fé cristã mais coerente...

Chama-nos a atenção algumas coisas:

As pessoas que se gloriam de suas obras são profundamente injustas porque não consideram alguns princípios, como a medida de fé (Rm 12:3), a condição de cada crente como membro do corpo de Cristo (1 Co 12:27) e a impossibilidade de sermos exatamente iguais uns aos outros (1 Co 12:14ss). Paulo afirma sobre isto que “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada...” (Rm 12:3-6). Somos realmente diferentes, dependentes uns dos outros, e graças a Deus por isso, pois foi Ele mesmo quem quis assim! Vinicius de Moraes, autor da música SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ, falando certa vez acerca da letra que compôs afirmou que a letra em si era uma grande bobagem, pois um mundo de pessoas exatamente iguais seria chatíssimo...

Não somos iguais! A alguns, Deus deu a medida de levantar pelas madrugadas para interceder, e a outros não; a uns, Deus deu tal dom ministerial, e a outros não. E não cabe a nós, detentores de algum dom gracioso de Deus, querermos ser o aferidor da medida, o fiel da balança. Imagine eu, que tenho certa facilidade em escrever, querendo ser superior ao irmão que não tem a mesma fluência com as palavras... Imagine o maratonista querer exigir que eu corra os mesmos 42 kilômetros que ele! Aprendi, do alto dos meus quase quarenta anos de violonista, que não devo me considerar melhor queos novos, que estão aprendendo agora; ora, como vou saber se este que nem sabe os primeiros acordes daqui a quarenta anos não será um exímio instrumentista? E quem disse que eu, com toda a minha experiência no instrumento, não tenho nada a aprender com ele, não dependo dele ara algo?

O problema é exatamente que as pessoas que têm certos dons e serviços no Reino usam tais coisas como forma de autopromoção. Se fazem certa coisa, querem que seu serviço lhes dê status de diferenciação e santidade. Aliás, eles já fazem tais coisas, e divulgam aos quatro cantos, exatamente paraserem reconhecidos pelos homens que os rodeiam. Se nos identificamos com tal comportamento, podemos ter a certeza de duas coisas: [1] já recebemos a recompensa, e nada teremos a receber de Deus e [2] esta atitude é a primeira que o Senhor manda que nos guardemos dela!

A parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20:1-16) derruba por terra qualquer pretensão de alguém julgar-se melhor que os outros por causa de sua maior dedicação, maior santidade ou maior qualquer-outra-coisa. Várias levas de funcionários foram encaminhadas a trabalhar na vinha; algumas no começo do dia, outras no meio e outras faltando apenas uma hora para o término do expediente. Entretanto, todos os diaristas foram pagos com o mesmo salário, UM DENÁRIO, o que irritou os que mais trabalharam, pois se julgavam dignos de melhor pagamento por terem se esforçado mais. Reconheço que para os nossos padrões humanos, a reclamação dos trabalhadores que labutaram o dia inteiro é justa, mas para os padrões do Reino, não! Nosso salário será o mesmo no Reino de Deus: a vida eterna. Ninguém, por maior nível de santidade que alcance, terá salvação maior que outros! Da mesma forma, julgar-se superior aos demais irmãos por causa de nossas obras é ultrajante diante de Deus!

Há, entretanto, a questão do galardão. Todos seremos galardoados pelas nossas obras, considerando o que fizemos de bom, e neste aspecto haverá diferentes níveis de recompensa. Entretanto, qualquer tentativa de especulação do que venha a ser tal galardão é mera especulação. Isto é da alçada exclusiva de Deus!  Além disso, tal diferenciação só nos será feita na eternidade, e não na dispensação da Igreja.

Vez em quando eu vejo pessoas que, por causa de seu serviço, seus dons, seus talentos, seus esforços  ou até dos sinais que Deus faz por meio deles (será??), se julgam melhores, mais crentes, mais santas que as demais pessoas. Estas me servem de exemplo e estímulo à minha vida cristã. Primeiro, o exemplo daquilo que eu NÃO DEVO FAZER. Segundo, o estímulo para que eu me mantenha afastado delas a maior distância possível! Afinal, são muito santas, e a minha proximidade pode alterar-lhes a comunhão com seu deus! Com ‘d” minúsculo mesmo!

E dizem: Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são um fumo no meu nariz, um fogo que arde todo o dia” (Is 65:5)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

COMO LER A BÍBLIA, INTERPRETÁ-LA E ENSINÁ-LA



Quando a Reforma Protestante instituiu como um dos seus pilares a autoridade do leigo em ler e interpretar as Escrituras, evidentemente esta leitura e interpretação deveriam seguir regras básicas, para que fossem feitas de forma coerente e responsável. A Bíblia não é livro filosófico, que pode ser interpretada ao bel prazer do filósofo. É livro de Deus, que deve ser interpretado de acordo com a óptica de Seu Escritor.

Quem quer ser pedreiro, deve aprender o básico desta arte. Já tentou fazer um serviço elétrico dentro de casa sem ter qualquer noção de eletricidade? O desastre será certo. Há muito tempo fui dar uma de eletricista em minha casa, e quase causei um incêndio com um curto-circuito! Mas não desisti. Aprendi noções de eletricidade, e hoje estou apto a fazer uma instalação monofásica. Na casa aonde moro atualmente e a casa de uma das minhas filhas, toda a instalação foi feita por mim...

Achar que podemos interpretar as Escrituras de acordo com nosso bel-prazer, com nossos achismos, é desastre certo, assim como tentar fazer reforma na casa sem conhecimentos do ofício de pedreiro, assim como fazer uma instalação elétrica sem conhecimentos na área. Ignorar os princípios da boa Teologia (que os Reformadores usaram) é muito mais que irresponsabilidade. É blasfêmia mesmo. É insultar o Autor da Bíblia.

REQUISITOS PARA LER A BÍBLIA -- PRIMEIRO LER, DEPOIS ENTENDER E FINALMENTE ENSINAR!

1. APRENDA A LER!

Você já assistiu algum episódio do CHAVES aonde ele está lendo alguma coisa? Vá ao Youtube e digite "Chaves lendo" e confira alguns... O coitadinho não sabe ler, e confunde todas as palavras e frases. É hilário! Acreditem: existe muita gente assim em relação à leitura da Bíblia! E o pior: não sabem ler, mas querem ensinar!!

É importante distinguir entre SABER LER e SABER JUNTAR LETRAS. Saber juntar letras, uma criança de cinco anos muitas vezes já sabe, mas saber ler muitas pessoas que frequentaram a escola e a Universidade nem sempre sabem! Saber ler é ENTENDER o que o texto quer dizer.

A leitura de um texto exige conhecimentos básicos de leitura, entre eles a compreensão do texto, a gramática, o vocabulário e o entendimento daquilo que o autor quis dizer. Se você não consegue ler um texto simples, entender o que a pessoa quis dizer com o que escreveu, inclusive nas entrelinhas, você pode não ser apto para uma leitura! Vai entender tudo errado! Encontramos MUITOS casos de pessoas que não sabem ler nas Redes Sociais, leem uma coisa e entendem outra completamente diferente...

A gramática é o básico. Já vi pessoas lendo o texto de Hebreus 11 que diz "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem" e ensinando que a primeira coisa que precisamos para ter fé é ORAR, pois o texto começa dizendo "ORA". Sério! Juro que vi.

Vocabulário é fundamental. Quanto mais vocábulos fizerem parte do nosso, melhor! Muitas vezes lemos um texto cujas palavras não são de nosso conhecimento, e consequentemente jamais iremos entender o que está escrito. Muitos em nosso meio ainda tropeçam no texto de 1 Jo 2:15-17, que diz "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque, tudo o que há no mundo, aconcupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo; E o mundo passa, e a suaconcupiscência..." uma vez que não sabem o que é CONCUPISCÊNCIA e não se dão ao trabalho de ir ao dicionário para aprender...

Compreensão do texto também é fundamental, pois de uma má compreensão se deturpa a ideia transmitida. Não é o que EU QUERO que o texto signifique, mas o que O ESCRITOR QUIS que significasse. Um exemplo clássico disto está em Dt 22:5 que diz "Não haverá roupa de homem na mulher, e não vestirá o homem vestido de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor, teu Deus", quando muita gente insiste que o texto está falando em CALÇA COMPRIDA...

Entendimento do que o autor quis dizer também é necessário. O que será que o autor quis dizer quando afirmou "Assim me faça o Senhor, e outro tanto...", expressão muito usada no Antigo Testamento? Compreender isto, ou seja, analisar o texto escrito de acordo com a CULTURA do escritor ajuda e muito! Lembre-se: um gaúcho dizendo "barbaridade" é uma coisa, e um paraibano dizendo a mesma palavra é outra...

Então, que tal aprender a ler primeiro, antes de sair por aí ensinando o que não sabe?

2. APRENDA A DISTINGUIR ENTRE O QUE É LITERAL, O QUE SIMBÓLICO, O QUE É POÉTICO...

Tenho uma pessoa na família que leva tudo a sério. Você não pode contar uma anedota, falar uma brincadeira, que ele leva TUDO para o lado da seriedade. Você conhece alguém assim?

No universo dos leitores da Bíblia existem pessoas parecidas, que querem levar (quase) tudo para a literalidade. Entretanto, a Bíblia transmite suas verdades em vários estilos de linguagem, e aqueles que aposentaram o cérebro compulsoriamente não conseguem entender a mensagem satisfatoriamente.

Grande parte da Bíblia foi escrita em linguagem simbólica. A maior parte dos livros proféticos é assim. O próprio Jesus se utilizou de parábolas, simbolismos que transmitiam uma verdade. Tentar literalizar tudo geralmente acaba mal... Há alguns anos uma revista de circulação nacional trouxe a história de um homem que, cansado de suas lutas e tentações na esfera sexual e com base no texto que diz que "se o teu olho te escandalizar, arranca-o..." cortou seu próprio órgão genital...

Jesus usou muito a linguagem simbólica. Ele disse que quem não comer Seu corpo e não beber Seu sangue não tem parte com Ele. A má interpretação disto levou-nos a doutrinas como a transubstanciação, que afirma que no pão e no vinho estão literalmente a carne e o sangue dEle. Muitos "evangélicos" creem que o pão e o vinho da ceia SÃO REALMENTE corpo e sangue...

Há linguagens poéticas na Bíblia, e muitas, que não podem ser interpretadas literalmente. Ou alguém aí acredita mesmo que "as nuvens são o pó dos passos de Deus" (Naum 1:3)? Isso é poesia. Há livros inteiros com linguagem poética, e que precisamos ter cuidado para não interpretarmos tais palavras como literais. Tem muita gente entendendo errado as muitas vezes que Deus nos chama como "a menina do Seu olho" e interpretando na literalidade. Isto, gente, é poesia! Transmite uma verdade não literal!

E como se aprende a diferença entre uma coisa e outra? Lendo. Estudando gramática. Ah... Esqueci que a maioria dos pregadores modernos acham o estudo desnecessário...

3. CONSIDERE O CONHECIMENTO DOS NOSSOS ANTEPASSADOS

Em todas as esferas da vida o conhecimento acumulado pelas gerações passadas é de suma importância para que o conhecimento se acumule de forma progressiva e seja transmitido para as novas gerações. Desde os primórdios da humanidade o homem ingressa em um ramo, aprende e passa o conhecimento para os novos. Se cada vez que um médico cirurgião morresse levasse suas técnicas de cirurgia para o túmulo, estaríamos na mais primitiva das medicinas. O mesmo se dá com o conhecimento bíblico. Antes de nós, homens e mulheres de Deus estudaram as Escrituras e deixaram o seu conhecimento para os mais novos, que por sua vez acrescentaram suas novas descobertas... E assim o conhecimento bíblico chegou ao Século XXI.

Desde os primeiros cristãos, Deus tem levantado homens para estudar as Escrituras e transmitir suas conclusões às gerações posteriores. Ao chegarmos aos Reformadores, é digno observar que eles aproveitaram o conhecimento destes pioneiros do primeiro Século. Evidentemente, nos dias de hoje este mesmo conhecimento é de grande utilidade. Obras do primeiro século ainda são profundamente úteis aos crentes de nossos dias. Desprezar os antigos, crendo e afirmando que somente nós temos a verdade do conhecimento de Deus por “revelação”, é muito mais que arrogância: é desprezo por aqueles que deram seu sangue por causa do saber bíblico. Nem você, e nem o seu pastor, nem seu líder e nem determinada pessoa de sua profunda admiração são os reis da cocada preta. O que você conhece nos dias de hoje, os primeiros apologistas da Igreja do primeiro Século  já estudavam e já deixavam escrito.

4. CONSIDERE A REVELAÇÃO PROGRESSIVA

Ao ler as Escrituras, nunca esqueça do princípio da REVELAÇÃO PROGRESSIVA. Deus foi dando ao homem a Sua revelação através dos Séculos, progredindo até o pleno conhecimento, que se deu com o fechamento das Escrituras do NT. Assim, vemos coisas que parecem contradições, mas são facilmente explicados pela progressão da revelação.

Um exemplo desta progressão é que no AT o casamento podia ser poligâmico, e no NT apenas monogâmico. A alimentação que Deus liberou a Adão foi a vegetariana, mas em Noé já liberou todos os animais, e em Moisés fez distinção entre animais imundos e limpos.

O que Deus revelou no AT, progrediu e alterou no NT. E até no NT há casos de revelaçãoprogressiva. Há coisas que Deus não havia revelado quando Mateus escreveu seu Evangelho, mas revelou a Paulo ou a Pedro mais adiante. Vivemos de conformidade com a mais recente revelação de Deus, lembrando que a revelação se encontra somente na Bíblia.

Os relatos do livro de Atos  ,por exemplo, contam como o Espírito Sando desceu naquele tempo e como ele agia no meio da Igreja. Paulo, falando pelo mesmo Espírito, deixou claro, em revelação progressiva, como o Espírito Santo agia no meio da Igreja, como o crente deveria se comportar no culto, em ordem e decência. Portanto, àqueles que se baseiam em Atos para justificar que o Espírito Santo faz como quer, devem ler 1 Co 12 e 14 para ver como o próprio Espírito Santo inspirou Paulo para colocar ordem no culto ena Igreja.

5. PROCURE APRENDER TEOLOGIA

Podemos chamar o conhecimento bíblico de nossos antepassados de Teologia. Desde os apóstolos (os verdadeiros) a preocupação com o estudo da Palavra é evidente e foi registrado nas Escrituras. Os diáconos foram instituídos exatamente para que os apóstolos não precisassem abandonar o estudo das Escrituras e fossem servir às mesas (At 6:2-4); Paulo, já velho, próximo ao seu martírio se preocupa com os estudos, rogando a Timóteo: “Quando vieres, traze ... os livros, principalmente os pergaminhos” (2 Tm 4:13). O resultado disto é que a DOUTRINA foi estabelecida. Esta doutrina nada mais é que o entendimento dos homens de Deus acerca da Bíblia, organizando as Escrituras em diferentes pontos de vista (estudo do pecado, estudo da salvação, estudo dos anjos etc). Ao relacionarem os temas da Bíblia, deu-se a isto o nome de TEOLOGIA. E embora muitos tenham verdadeira ojeriza por este nome, o fato é que a simples associação de dois ou mais versículos para se defender algum tema já é teologia... Odiar Teologia é odiar a própria Bíblia, pois a tradução da Bíbia com base nos textos mais antigos, a divisão em Antigo e Novo Testamentos, a organização sequencial de seus livros, a divisão em capítulos e versículos e até as divisões internas dos capítulos,  feitos por homens de Deus, é Teologia... Os comentários das Bíblias de Estudo que você possui é Teologia...

Não estamos dizendo que o leitor da Bíblia deve estudar as mais mirabolantes teologias existentes. Isto além de desnecessário é enfadonho. Mas o estudo de uma boa teologia, como a Teologia Sistemática, é O MÍNIMO que se espera de quem deseja bom entendimento das Escrituras. É evidente que Deus não está engessado à Teologia humana, entretanto o homem que a estuda e atenta para seus ensinamentos milenares estará menos propenso a falsos entendimentos e interpretações erradas dos textos bíblicos. Desde os primeiros pais da Igreja, a Teologia vem sendo desenvolvida no passar dos Séculos; evidentemente, dispensar o conhecimento deixado por estes homens de Deus não é uma atitude sábia.

Mas alguém pode dizer: “as principais doutrinas antibíblicas que temos hoje foram originadas por pessoas que estudaram teologia!”. E é verdade! Entretanto, a Teologia dá ao homem o prumo e o nível com que ele deve trabalhar; alguns, entretanto, abandonaram estes instrumentos e passam a trabalhar por conta própria, alegando que os instrumentos atrapalham... É como um eletricista que abandona as luvas de proteção e as ferramentas com cabos isolantes, porque eles atrapalham sua mobilidade... O desastre é certo!

A culpa de pessoas que fizeram teologia criarem heresias não é do ensino teológico, mas de quem abandonou os princípios! Não podemos culpar o curso de medicina se um médico passar a fazer bobagens por aí (como vemos de vez em quando nos noticiários), e sim entender que este médico em particular ABANDONOU os princípios da medicina, e resolveu trabalhar fora dos parâmetros que lhe foram ensinados. O mesmo ocorre com os introdutores de heresias. João chega a afirmar sobre os anticristos: “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos; por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1 Jo 2:18-19). É um perfeito exemplo.

Aqueles que desprezam a boa teologia são exatamente os que querem ficar livres para introduzir “novas verdades” à fé, e principalmente o que lhes der na telha. A Teologia existe exatamente para evitar isso! O primeiro eletricista que escreveu um livro sobre a eletricidade básica não tinha a intenção de se tornar um chato, obrigando todo mundo a fazer somente o que ele ensina, mas ensinar que não devemos juntar os fios “fase” e “neutro”, pois isto dá errado, provoca curto circuito e pode destruir a casa inteira. O bom teólogo ensina as Escrituras de forma que não venhamos a provocar curtos circuitos na sã doutrina. Se você não quer se submeter às suas orientações, certamente você deseja liberdade, não a liberdade do Espírito Santo, mas a SUA LIBERDADE CARNAL, causando um curto circuito que pode trazer muita destruição para o Reino de Deus. Pense nisso!

6. CONSIDERE A HERMENÊUTICA BÍBLICA

A hermenêutica bíblica é o conjunto de normas que regulam a boa interpretação da Bíblia. Ou seja, ela não pode ser interpretada de qualquer maneira. Existem regras! E não é surpresa nenhuma que muita gente faça suas interpretações ignorando todas ou a maior parte delas!

As principais regras são:

A REGRA FUNDAMENTAL  - A Escritura é explicada pela Escritura, ou seja, a Bíblia interpreta a própria Bíblia. Ela não pode se contradizer, exceto quando analisada sob a óptica da REVELAÇÃO PROGRESSIVA. Exemplos da revelação progressiva podem ser vistos claramente no tocante à alimentação do homem (Em Adão e Eva, só legumes; em Noé, acrescenta-se a carne animal; em Moisés, as carnes são divididas em animais limpos e animais imundos; no NT, Deus retira novamente as divisões de imundos e limpos), divórcio (permitido no AT e proibido no NT com poucas exceções de permissão) e casamento (polígamo no AT, monogâmico no NT).

PRIMEIRA REGRA  - Quando for possível, tomar as palavras no seu sentido usual e ordinário.

SEGUNDA REGRA – O primeiro contexto a ser observado é o do sentido da frase.

TERCEIRA REGRA – O segundo contexto a ser observado é dos versos que antecedem e seguem o texto.

QUARTA REGRA - É preciso observar o objetivo do livro, os seus destinatários ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras. Os livros do AT, por exemplo, foram escritos para JUDEUS e sua cultura; muitos trechos podem não ser imediatamente aplicáveis em nossas culturas.

QUINTA REGRA É indispensável consultar as passagens paralelas, aplicando aqui o sentido da Revelação Progressiva.

SEXTA REGRA Um texto NÃO PODE significar aquilo que nunca poderia ter significado para seu autor ou seus leitores.

SÉTIMA REGRA - Sempre quando compartilhamos de circunstâncias comparáveis (isto é, situações de vida específicas semelhantes) com o âmbito do período quando foi escrita, a Palavra de Deus para nós é a mesma que Sua Palavra para eles.

Existem outras regras que destacamos: 

1. A boa hermenêutica afirma que não se pode criar doutrina baseados unicamente em livros históricos. Estes livros apenas relatam o ocorrido, sem compromisso absoluto com a doutrina. Um exemplo clássico disto é o "conselho de Gamaliel" em Atos: "Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu, chamado Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que, por um pouco, levassem para fora os apóstolos, E disse-lhes: ... Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará. Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus" (At 5:34-39). Estas são palavras de uma pessoa não cristã, Gamaliel. O escritor de Atos, Lucas, a cita apenas como dado histórico. Entretanto, muitos crentes a interpretam como doutrina para a Igreja. Na Bíblia, há o relato da fala de homens ímpios e até de Satanás. Deus inspirou os escritores para citarem tais palavras para que tomássemos conhecimento do ocorrido, e não para que usássemos tais palavras como base de doutrina.

2. O mesmo se aplica aos livros poéticos. A escrita dos mesmos tem mais compromisso com a poesia do que com a doutrina. Assim, aqueles que criam doutrinas e chavões baseados no texto que diz que "diante dele, até a tristeza salta de alegria" (Jó 41:22)  erram grosseiramente, pois "tristeza" não salta; é apenas uma expressão de poesia. Além disso, o contexto da frase não está se referindo a Deus, e sim ao leviatã...

3. As doutrinas devem ser criadas a partir de textos neotestamentários, usando os textos veterotestamentários como suporte. Nunca o oposto! Muitas "igrejas" judaizantes praticam a circuncisão, usam shophar e outros elementos e símbolos do AT porque fazem exatamente o oposto ao que ensina a boa hermenêutica...

4. Não se cria doutrina de versículos únicos e/ou isolados! É preciso que vários textos, um correlato ao outro, deem base para a doutrina. Assim, a doutrina de batismo pelos mortos, baseada em 1 Co 15:29, como não tem qualquer outro versículo que lhe dê apoio, não é salutar à Igreja.

Muitas pessoas, como já dissemos, esquecem completamente estas regras. Aplicam costumes judaicos do AT à nossa cultura. Interpretam um versículo como literal, e o versículo seguinte como simbólico.  Analisam versículos isolados, sem observar seu contexto imediato ou global. Interpretam textos inteiros sem considerar a unidade doutrinária da Bíblia ou a sua revelação progressiva... Todas estas violações às boas regras de interpretação comprometem os textos e as conclusões em suas leituras. Todo cuidado é pouco.

7. CONSIDERE A EXEGESE BÍBLICA

A exegese bíblica é a parte mais complexa da interpretação, pois exige o conhecimento da língua original em que o texto foi escrito. Não é para todos, infelizmente, pois no mínimo aquele que busca aplicá-la deve entender o grego bíblico (o grego koinê, língua morta na qual todo o NT foi escrito, e o AT foi traduzido, formando a versão dos LXX ou Septuaginta). 

Para se entender a importância da exegese do NT, destacamos um texto que, interpretado sem a exegese adequada, não traz a verdade do fato à tona Observem as palavras gregas usadas no texto, entre parênteses, e vejam que elas mudam completamente o seu sentido:

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me (ágape) mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo (philéo). Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me (ágape)? Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo (philéo). Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me (philéo)? Simão entristeceu-se, por lhe ter dito terceira vez: Amas-me(philéo)? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo (philéo). Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21:15-17).

Percebem a diferença, que só é possível quando conhecemos a língua original? Jesus por duas vezes pergunta se Pedro o ama usando a palavra ÁGAPE (amor profundo), e Pedro só consegue responder que o ama usando a palavra PHILÉO (amor de amigo) Na terceira vez, Jesus abaixa o nível de sua pergunta, usando a palavra PHILÉO, o que entristece Pedro. Pedro não se entristece porque Jesus perguntou TRÊS VEZES se ele O amava (a maioria das pessoas pensam assim), mas porque perguntou nas duas primeiras vezes usando apalavra ÁGAPE, e na terceira vez Jesus usou a palavra PHILÉO...

É importante fazer distinção entre EXEGESE EISEGESE. Nesta última, forçamos o texto a concordar com o que NÓS QUEREMOS que ele diga. Nem preciso dizer que é uma das mais  nojentas formas de se tratar o texto sagrado. Evitem a todo custo!! Aproximem da Bíblia para APRENDER com ela, e nunca para ENSINAR a ela!

Somente os que se aprofundam no estudo da língua original percebem estas nuances. Infelizmente, isto é para poucos. Mas incentivamos que você, que pretende se aprofundar no estudo das Escrituras, adquira livros, dicionários e léxicos, faça um curso, frequente Escolas Bíblicas e busque aprender noções de grego koinê. Vale a pena! Quanto mais nos aproximamos de Deus e da sublimidade das Escrituras, mais vislumbramos as maravilhas da obra e do Seu Autor!

8. USE O BOM SENSO

Jesus foi a pessoa que mais usou este requisito aí ao interpretar a Lei. Quando trouxeram uma adúltera, que teria que ser punida com a lapidação (apedrejamento), ele surpreendeu a todos e usou o bom senso, aplicando misericórdia e isonomia: se todos eram iguais no ambiente, por que só uma pessoa seria apedrejada?? Somente Ele podia se enquadrar no princípio do "quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra", e misericordiosamente decidiu não aplicar o princípio da punição, mas o do bom senso misericordioso: "nem eu tampouco te condeno... Vai e não peques mais!". Quando O criticaram por frequentar a casa de pecadores, de beber vinho e outras coisas mais que aparentemente feriam a Lei mosaica e os bons costumes da santidade, Ele sempre deixou claro que o bom senso deveria ser o fiel da balança na vida dos Seus seguidores. Ele, o Médico, veio para curar os doentes.

Lamentavelmente, este bom senso tão usado pelo Mestre foi quase que totalmente extinto do nosso meio! Mas precisa ser reaplicado no meio da Igreja, e com pressa! Para se ler e interpretar as Escrituras, faz-se necessário ao menos uma pitada deste ingrediente! 

Primeiro, a Igreja carece do bom senso de voltar urgentemente às Escrituras, mormente às neotestamentárias. Vivemos, afinal de contas, a Nova Aliança, e a Antiga, disposta no AT, foi cumprida por Jesus, que por sua vez instituiu a Nova com base em Sua carne e Seu sangue. Mas falta a muitos este senso inicial de que vivemos na Nova Aliança, aonde elementos judaicos (embora tenhamos respeito por esta religião, berço do Cristianismo) foram abolidos do culto e das normas de conduta, do corpo doutrinário e usos e costumes da Igreja. Portanto, precisamos do bom senso de compreender e absorver a verdade de que não precisamos interpretar o NT pelo AT, e sim o contrário. O Novo testamento é que deve ser a base de nossa fé equilibrada.

Segundo, a Igreja precisa utilizar o bom senso nos casos aonde a Bíblia, e principalmente o Novo Testamento, não deixa claro qual seja a conduta a ser aplicada à Igreja. Precisamos compreender que nas coisas aonde a Bíblia não é clara, o Senhor nos deixou o arbítrio de escolhermos qual a melhor conduta a ser aplicada, desde que usado o bom senso! Um exemplo: a Bíblia nada fala acerca de o crente praticar esportes. Deixa-lhe a liberdade de escolher se o fará, ou não. Entretanto, os Atletas de Cristo passaram por grandes perseguições nos anos de 1970 e 1980, quando surgiram no cenário brasileiro... Quem os perseguia, criticava e condenava, embora sem base bíblica para isso? Os não-crentes? Não... Os crentes, as igrejas...

Terceiro, a Igreja do Senhor Jesus é terrivelmente ridicularizada nos meios ímpios exatamente por sua falta de bom senso... Fora de qualquer parâmetro escriturário são criadas formas de extorsão financeira, em forma de dízimos, trízimos, ofertas, campanhas e outros expedientes; cargos, posições e títulos são criados, e líderes inescrupulosos e com sede de poder, autoridade e intocabilidade se apoderam deles; pastores, bispos, “apóstolos”, televangelistas e outros enriquecem a olhos vistos, aproveitando-se do caixa da Igreja; doutrinas esdrúxulas, costumes estranhos e bagunça generalizada têm sido a marca registrada de muitas “denominações”; sincretismos, ecumenismo, mundanismo e idolatria já fazem parte de nosso meio; cantores e “levitas” conduzem, estimulam e fomentam o erro através de seus “hinos” e práticas. E os que se levantam contra tais coisas, tentando reconduzir a Igreja à sã doutrina, são execrados e xingados, muitas vezes com palavras de baixo calão mesmo...

Quarto, tenha o bom senso de analisar a vida dos apóstolos e do próprio Senhor Jesus. Cuidado com doutrinas e práticas que não vemos na vidas destes. Ora, se Jesus e os apóstolos não praticavam tal doutrina, por que ela deveria ser praticada pela Igreja de nossos dias?

A maior parte dos problemas doutrinários de nossos dias se resolveria com uma coisa simples... BOM SENSO... O antigo e bom "Semancol", o medicamento fictício que, devidamente administrado, resolveria pelo menos 80% dos problemas da Igreja!

Você é convidado a ler a Bíblia, compreendê-la, interpretá-la corretamente e transmitir tudo o que você aprendeu, ensinando com responsabilidade, formando novos discípulos de Cristo nesta geração Laodicéia. Topas? Mas não deixe de seguir os conselhos acima. Deus te abençoe nesta empreitada!!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

ESQUIZOFRENIA GOSPEL


A esquizofrenia é um transtorno mental que ataca pelo menos 1% da população mundial. Dentre as suas muitas manifestações, uma das mais comuns se caracteriza por delírios paranóides, aonde a pessoa se sente perseguida, odiada, rodeada de inimigos. Entretanto, se observarmos o universo “gospel” de nossos dias, e sem querer generalizar, veremos que 1% de esquizofrênicos em nosso meio é uma porcentagem modesta ante o quadro que se nos apresenta. Os crentes de um modo geral se sentem eternos perseguidos por uma cifra enorme de inimigos, tanto dentre vizinhos incrédulos, patrões perseguidores, colegas de trabalho escarnecedores e maus, e até irmãos da fé, dentro de nossas Igrejas, sentados ao nosso redor e derredor nos cultos de adoração a Deus. O “esquizofrênico Gospel” se considera assim, odiado pelos de fora e até pelos próprios irmãos, ao melhor estilo de José, filho de Jacó, que anseiam e trabalham diuturnamente pela sua queda. Querem sua posição no coral, na equipe de louvor, na classe de EBD, no corpo de Obreiros, na direção do Círculo de Oração... Querem seu emprego, seu salário e sua posição empresarial ou profissional, querem seus dons e talentos e alguns mais afoitos querem até o seu casamento, seu marido ou sua esposa, os seus filhos obedientes, a harmonia de seu lar!

Infelizmente, somos ensinados e “treinados” a agirmos assim. Tanto as mensagens que são pregadas em nossos púlpitos como as músicas que infestam nosso cancioneiro gospel contribuem para que esta esquizofrenia se alastre entre nós. Interpretações equivocadas do AT levam muitos pregadores a julgar que somos rodeados uma grande nuvem de inimigos.

Os hits de nossa “Parada de Sucessos Gospel” contribuem também ― e muito!― para fomentar este mal. Grande parte dos “hinos” atuais falam que nossos inimigos estão constantemente tramando contra nós, mas serão destruídos, teremos vitória sobre eles, eles contemplarão de pé a nossa vitória etc. A canção “RESSUSCITA-ME” mostra que os nossos inimigos “estão tentando sepultar as nossas alegrias, e querem ver os nossos sonhos cancelados”. “SABOR DE MEL” segue o mesmo padrão, pois no dia de nossa vitória os nossos inimigos vão estar na plateia, enquanto nós estaremos no palco, devidamente honrados, e aqueles arrependidos.

Os crentes também são os maiores e mais fieis adeptos das teorias de conspiração que pululam nas redes sociais e sites, e que estão invadindo nossas igrejas e seus cada vez mais escassos e simplórios Cultos de Doutrina e EBD. Ao invés de aproveitarmos estes Cultos para ensinarmos as Escrituras e a sã doutrina, ensinamos as teorias loucas e as fábulas, tão combatidas no NT (1 Tm 1:4; 4:7; Tt 1:14; 2 Pe 1:16).

Existem os ímpios (e até crentes!) que usam até da feitiçaria em seu afã de nos destruir. Fazem “despachos” para nos matarem, para nos lançarem no leito, para que percamos o emprego, para que haja separação de meu casamento e coisas afins...

Mas ainda existe aqui aonde moro a famosa “macumba gospel”, chamada de “oração contrária”. Muitos crentes que eu conheço se dizem vítimas de irmãos-inimigos que, não suportando qualquer sinal de prosperidade em suas vidas, passam a orar contra eles, pedindo a Deus que não mais os abençoe, que seus negócios não prosperem etc. Sinceramente, não consigo imaginar um Deus cujo atributo eterno é a justiça ouvindo e atendendo qualquer tipo de oração que se enquadre nesta categoria! Se Deus me ouve somente nas petições que são da Sua vontade (1 Jo 5:14), para que temer qualquer oração que não se enquadre nesta condição?

E assim caminha a cristandade... Igrejas cheias de crentes que se recusam a conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor (Os 6:3), que desconhecem e descumprem as Escrituras, que se julgam perseguidos e rodeados de inimigos Uma epidemia de esquizofrenia digna de algumas considerações à luz da Escritura:

1. Nosso inimigo não é a carne e nem o sangue (Ef 6:12). Neste aspecto, reside a certeza de que os que nos rodeiam não são nossos inimigos, e mesmo os que assim se declaram não são os nossos verdadeiros inimigos. O diabo é o inimigo, e é a este inimigo em particular a quem devemos combater, e não aos inimigos de carne e sangue. Erramos, pois, primordialmente por não sabermos reconhecer quem é nosso verdadeiro inimigo, e cometemos tal erro primário porque nos recusamos a dar ouvidos às Escrituras!

2. Cremos em um Deus protetor. Ele, dentro da Sua soberana vontade, protege aqueles que são Seus filhos por adoção em Cristo. Desde o AT ele já fazia isto, tratando Israel sob proteção. Quando Balaque alugou os “serviços proféticos” de Balaão para amaldiçoar o povo de Deus, o próprio Senhor lhe respondeu pela boca do profeta mercenário: “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa?” (Nm 23:8). Logo, não há NADA que os nossos “inimigos” façam contra nós que venha nos fazer qualquer efeito maléfico, se não for a vontade do Senhor.

3. Em nenhum lugar do Novo Testamento somos orientados a viver este tipo de paranoia, medo, fobia, ojeriza de nossos inimigos. O Evangelho nos ensina a não resistirmos às provocações deles. Quem nos ferir a face, demos a outra. Quem quiser nossa túnica, cedamos a capa. Quem quiser nos obrigar a caminhar uma milha, caminhemos duas. E tudo isso voluntariamente (Mt 5:38-42)! Paulo, escrevendo aos romanos, prescreveu com detalhes: “A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12:17-21).

4. Jesus deixou muito claro qual deve ser nossa relação com os que se posicionam abertamente como nossos inimigos: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céu...” (Mt 5:43-45). Nossa postura enquanto seguidores de Cristo não é desprezar, retaliar ou mesmo orar pedindo que eles sejam fulminados, julgados, desejar que eles assistam humilhados à nossa exaltação etc. Paulo reafirma esta mesma verdade quando ensina à igreja em Roma: “Abençoai aos que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis” (Rm 12:14).

Lamentavelmente, pregadores e suas “mensagens”, cantores e seus “hinos” têm-nos ensinado uma relação completamente antibíblica com os nossos inimigos. Eles estão fomentando em nosso meio não uma submissão ao que ensinam as Escrituras, mas um ensino mau e legalista de que devemos resistir aos nossos inimigos, odiá-los, orar pedindo a Deus justiça e juízo sobre eles. Somos chamados ao AMOR, e este amor não se resume aos nossos irmãos na fé, pois bem nos ensinou nosso Mestre: “se amardes os que vos amam, que galardão havereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis demais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5:46-48). Se insistimos nõ ouvir a Jesus, mas seguir falsas pregações e dar ouvidos a hinos espúrios, não estamos contribuindo para nossa própria esquizofrenia?

Voltemos à Palavra! Observemos aonde caímos, e tornemos para o caminho (Ap 2:4-5)! Desprezemos os ensinos errados! Roguemos ao Senhor que nos cure desta esquizofrenia louca! Mesmo que tenhamos inimigos declarados, que a inimizade não parta de nós. Oremos por eles! Falemos bem deles! Abençoemos! Estevão, o primeiro mártir de nossa fé, mesmo sendo apedrejado orou por seus inimigos na hora de sua morte (At 7:60); suas últimas palavras foram A FAVOR de seus algozes. Na época da Igreja Primitiva parece que não existiam esquizofrênicos no seio da Igreja. Pelo menos Estêvão e os primeiros mártires sabiam se portar varonilmente, mesmo rodeados de inimigos. Perdoavam e abençoavam. Que suas vidas nos sirvam de exemplo, e nos estimule a mudar nossa conduta, antes que esta “esquizofrenia gospel” vire uma epidemia real, incurável e incontrolável!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

TÔ TE FILMANDO...


Nas últimas semanas uma notícia inusitada surgiu na Internet: um “pastor” levou uma “ovelhinha” para um motel de sua cidade, gravou a aventura em vídeo e publicou-a em um site pornográfico. Alguém reconheceu os protagonistas e jogou as imagens no Youtube. Não deu outra! Milhares de pessoas viram a postagem, o fato tornou-se público e ele foi expulso da Igreja que pastoreava, teve suas credenciais pastorais anuladas e graças a este ato impensado (será?) a prática comum de imoralidade sexual nas Igrejas foi debatida em várias redes sociais e blogs.

Não é minha intenção falar deste pobre homem ou desta pobre mulher. Aliás, parece-me que estão reeditando a cena do Evangelho de João capítulo 8, aonde só uma pessoa está sendo trazida à roda para apedrejamento, embora duas estejam envolvidas no ato. A mulher, até onde foi divulgado, é casada e tem filhos, mas teve até seu nome mantido em sigilo, enquanto os holofotes da notícia foram apontados para o “pastor”, que teve nome citado e tudo mais que se tem direito! Sobretudo, não deve ser prática para a Igreja o condenar nenhum dos dois, ou quaisquer outros que venha a incorrer neste tipo de pecado. A disciplina existe, mas nela não inclui a execração pública e a condenação sumária. Sempre haverá a possibilidade de arrependimento e mudança de conduta!

No caso, não houve só pecado, houve também o VACILO. E dos grandes! As cenas não foram só filmadas pelo homem, mas a filmagem foi consentida pela mulher. Não foi câmera escondida. Para que foi feita tal filmagem? Para ser guardada como troféu, ou intencionalmente para ser postada em sites de pornografia?

Entretanto, o que me entristece, após a poeira começar a assentar (menos de um mês depois do “estouro” do escândalo já não se toca mais no assunto), é que somente em UM ASPECTO a coisa difere do lugar comum: a postagem. Até aonde me consta, este foi o primeiro caso aonde um “pastor” ou um “crente” promove tal filmagem de suas aventuras sexuais e a publicação do vídeo. Não sei se foi ingenuidade dele(a) ao postar as cenas em um site pornô, mas era de se esperar que tais imagens fossem descobertas. Desculpem, mas a realidade é que grande parte do público deste tipo de site é de “crentes”, dando vazão ao Onã que existe dentro deles!

O pecado do adultério ou da fornicação, entretanto, é mais comum do que parece! Eu já conheci “pastores” que fizeram o mesmo (exceto a filmagem e postagem). Entre levar as “ovelhinhas” para um motel, ou usar os gabinetes pastorais E ATÉ AS NAVES DAS IGREJAS para consumar o ato, já ouvi de tudo! O fato é que estes pecados já se tornaram arroz-de-festa em nosso meio, e muito comum entre a liderança. Conheci, aqui na grande João Pessoa, um caso onde a zeladora da Igreja, ao abrir o templo para a limpeza habitual, flagrou o pastor fazendo sexo EM CIMA DO PÚLPITO com uma ovelhinha dadivosa! Outro pastor, famosíssimo por publicar abertamente os pecados sexuais de seus pastores e auxiliares, de condená-los de forma vergonhosa e sem qualquer sinal de misericórdia, usando o púlpito para publicar seus pecados, expulsando-os da Igreja em pleno culto dominical e na presença de todos, um dia foi descoberto que mantinha um affair com sua secretária... Outro, chegou a afirmar que quando “conquistava” uma moça virgem, tomava todas as precauções para não deflorá-la... Quanto zelo pastoral!!

Repito que não é do meu interesse condenar quem quer que seja. As providências, no caso em destaque, já foram tomadas. Entretanto, antes de condenarmos e execrarmos quem quer que seja, lembremos que  nem eu e nem nenhum dos meus leitores estamos imunes a este tipo de tentação e pecado. Já nos ensinava o Pr. Josué, meu antigo professor de Homilética no 1º ano do Seminário, que “o diabo quando quer derrubar um homem veste uma saia”. Eu mesmo já fui alvo de queda parecida, quando bem jovem, recém convertido ao Evangelho.

Eu devia ter uns dezessete anos. Havia me convertido há pouco mais de um ano, quando fui seduzido (e me deixei seduzir!) por uma mulher. Eu passava férias na casa de tios, quando ela entrou em meu quarto enquanto eu dormia, deitou-se a meu lado... E eu caí. Mas eu me lembro exatamente da minha reação após a consumação do ato. TRISTEZA. VERGONHA. PROFUNDA SENSAÇÃO DE CULPA. Eu me senti o pior dos homens. Não consegui mais dormir direito naquela noite. No dia seguinte, a culpa me acompanhava aonde eu ía, como uma grande e pesada bola de ferro atada ao meu tornozelo...

No dia seguinte, ela repetiu a dose. Voltou a me “visitar”. Mas encontrou uma outra pessoa deitada à cama, um outro Zilton. Rejeitei-a. Cheguei a ser rude em determinados instantes. Falei-lhe que era crente (apesar de que ela sabia disto), que o acontecimento da noite passada tinha sido um erro, um pecado. Pedi-lhe perdão pelo que tinha feito na noite anterior (já havia feito isso para com Deus umas dezenas de vezes nas 24 horas anteriores!). Ela saiu arrasada e humilhada, repetindo sem parar que nunca havia sido rejeitada por ninguém...

Na época eu gostava muito de um cantor chamado Oséias de Paula. Ele cantava em seu hino “ENTREI NO TEMPLO” que “♫ ...Jesus não esquece | ♪ O pecador que padece | ♫ Mas não tem alegria em pecar”. Aquela tristeza em meu coração era o sinal de que o Espírito Santo não havia me abandonado, estava dentro de mim, convencendo-me do meu erro e me dando uma nova oportunidade. Pedi perdão ao Senhor, dezenas ou centenas de vezes, e sei que tive o meu pecado perdoado. Disto não tenho dúvidas, e nem tenho vergonha em confessar minha fraqueza diante de ninguém. Não sou, e nunca serei, um Super Crente. A esfera sexual é uma área que o inimigo se aproveita para me atacar sempre e amiúde. Mas o Senhor tem me dado vitória. Sei que sem a ajuda dEle eu não venceria tais provações!

Há alguns dias eu confidenciei à uma amiga um caso ocorrido comigo há algum tempo. Casado, “apaixonei-me” por uma moça da Igreja!! Como eu relatei à minha amiga, foi coisa de velho safado mesmo! A moça tinha idade de ser minha filha! Nunca houve qualquer troca de palavras, qualquer insinuação, qualquer aproximação, de nenhuma das partes. Ela NUNCA se insinuou para mim. Mas havia o sentimento em meu coração. Entrei em luta contra a minha carne. Afastei-me dela. Não contei à minha esposa para evitar problemas com o ciúme, e porque não chegou a ser necessário. Nunca ficava perto desta moça, nunca ficava sozinho com ela. Quando conversávamos (é claro que isto acontecia, devido às minhas funções na Igreja), eu sempre estava com a minha esposa ao meu lado. Graças a Deus, venci a luta contra a minha carne! Ora, quem disse que estamos livres deste tipo de tentação e imunes a estas quedas?? Bem disse o Senhor, antevendo o primeiro crime de sangue da humanidade: “Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e cabe a ti dominá-lo” (Gênesis 4:7). Como diz um amigo meu, pr. Wanderlei Brant, “só venceremos definitivamente a nossa carne quando estivermos dentro de nosso caixão”.

As questões para que chamo a atenção com este artigo e com a divulgação de detalhes íntimos de minha vida são: aonde foi parar esta sensação de culpa, esta vergonha, esta tristeza pelo pecado consumado, este arrependimento, no meio da Igreja? Aonde foi parar a consciência de pecado, a luta contra a carne, a mortificação dos membros? Aonde foi parar a salutar estratégia de José, de fugir dos pecados sexuais? Deram lugar completamente à cauterização da mente relacionada aos pecados sexuais? O sexo fora dos padrões instituídos por Deus há muito tempo tornou-se prática comum na Igreja! Jovens namorados o praticam desde os primeiros dias do namoro! Alguns casos são notórios, mas os pastores nem se dão ao trabalho de impor qualquer disciplina. Quase todos nós, homens e mulheres, CERTAMENTE temos uma história para contar de tentações sofridas ou pecados cometidos nesta esfera (e se não o fazemos é simplesmente para preservarmos nossa boa imagem de crentes fieis e perfeitos!). Somos, isso sim, grandes hipócritas, que queremos acusar o próximo caído, e não reconhecemos que se nunca caímos é pela misericórdia de Deus, e não por nossos próprios méritos! Bem disse Paulo apóstolo: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia” (1 Co 10:12). Falta-nos seriedade com o Evangelho, e falta-nos igualmente misericórdia para com os caídos.

Não quero absolutamente relativizar o acontecimento, e suavizar a disciplina. Pelo contrário. Está na hora de darmos um basta a estas coisas em nosso meio. Começando por nós mesmos! A disciplina deste “pastor” pouco adiantará, pois já prevejo que em no máximo um ano ele já terá sido readmitido às suas funções pastorais. Quem sabe, se tiver tal readmissão negada, ele mesmo não abre sua própria Igreja, e não chama a irmãzinha para auxiliá-lo como “obreira”, ou até “co-pastora”...

Se eu não me conscientizar de que preciso restaurar a vergonha antiga, que senti na minha queda, o sentimento de culpa ANTES MESMO de consumar qualquer pecado, o sentimento de que sou responsável pelo bom nome de “cristão” que carrego, quem sabe em breve um vídeo meu não estará publicado POR MIM MESMO, sem medos e sem culpas, em algum destes sites pornográficos? A banalização dos pecados sexuais já está implementada em nosso meio. Este “pastor” foi só o pioneiro. Outros vídeos virão. Quem viver verá! “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda;  Eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22:11-12).

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

1 SAMUEL 15 - UMA RELEITURA PARA NOSSOS DIAS


1 Então disse o Profeta ao pastor: Enviou-me o Senhor a ungir-te líder sobre o seu povo, sobre a Igreja: ouve, pois, agora, a voz das palavras do Senhor.

2 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu me recordei do que fez a Rede Globo à minha Igreja todos estes anos; como se lhe opôs no caminho, ensinando idolatria e espiritismo à nação, fomentando o ecumenismo e outras abominações maiores.

3 Vai, pois, agora e fere à Rede Globo; e destrói, totalmente, toda a sua programação, e não lhe perdoes; porém destruirás, desde as novelas às minisséries, desde os programas jornalísticos que ridicularizam a minha Palavra até os de auditório, desde os profanos até os considerados sagrados, desde os Reallity Shows até as revistas semanais.

4 E então se convocou o povo, e foi contado, milhares de pastores, e milhares de cantores e músicos.

5 Chegando, pois, à Rede Globo, puseram emboscadas em seu redor.

6 E disse o pastor aos que ainda temiam a Deus dentro da Rede Globo: Ide-vos, retirai-vos e saí do meio da Rede Globo, para que vos não destrua juntamente com eles, porque vós usastes de misericórdia com todos os cristãos, enquanto éramos ridicularizados por ela. Assim os que temiam a Deus se retiraram do meio da Rede Globo.

7 Então feriram a Rede Globo com a Palavra de Deus, desde o Oiapoque até o Chuí.

8 Mas preservaram o Festival Promessas, grande porta que havia sido aberta para a pregação do Evangelho dentro da Rede Globo; porém os BBBs, as novelas tipo “Salve Jorge” e outros programas considerados anticristãos destruíram totalmente.

9 E os pastores, os cantores e o povo perdoaram ao Festival Promessas, e o Troféu Promessas, o melhor que havia, e não os quiseram destruir totalmente; porém a toda a coisa vil e desprezível destruíram totalmente.

10 Então veio a palavra do Senhor ao Profeta, dizendo:

11 Arrependo-me de haver posto estes pastores e cantores como líderes do meu povo; porquanto deixaram de me seguir, e não executaram as minhas palavras. Então o Profeta se entristeceu, e toda a noite clamou ao Senhor.

12 E madrugou o Profeta, para encontrar com os pastores, pela manhã: e anunciou-se ao Profeta, dizendo: Já chegaram os pastores nas suas respectivas Igrejas, e eis que levantaram para si colunas. Então fez volta e passou, e desceu à primeira igreja.

13 Veio, pois, o Profeta ao pastor desta igreja; e o pastor lhe disse: Bendito sejas tu do Senhor; executei a palavra do Senhor.

14 Então disse o Profeta: Que brilho, pois, é este que eu vejo, reluzindo em meus olhos?

15 E disse o pastor: É o brilho dos Troféus Promessas da Rede Globo; os músicos e pastores os trouxeram; porque o povo perdoou ao melhor da programação global, as portas que foram abertas para a pregação do Evangelho, e trouxeram os Troféus para a glória do Senhor, teu Deus: o resto, porém, temos destruído totalmente.

16 Então disse o Profeta: Espera, e te declararei o que o Senhor me disse, esta noite. E ele disse-lhe: Fala.

17 E disse o Profeta: Porventura, sendo tu pequeno aos teus olhos, não foste por cabeça da igreja? e o Senhor te ungiu líder sobre Seu povo.

18 E enviou-te o Senhor a este caminho, e disse: Vai, e destrói, totalmente, a estes pecadores, os globais, e peleja contra eles, até que os aniquiles.

19 Por que, pois, não deste ouvidos à voz do Senhor, antes voaste ao despojo, e fizeste o que parecia mal aos olhos do Senhor?

20 Então disse o pastor ao Profeta: Pelo contrário! Antes, dei ouvidos à voz do Senhor, e caminhei no caminho pelo qual o Senhor me enviou; e trouxe o Festival Promessas, o melhor da programação da Rede Globo, a porta aberta para a pregação do Evangelho; e os demais destruí totalmente;

21 Mas o povo tomou dos Troféus Promessas como despojo, o melhor do interdito, para oferecer ao Senhor, teu Deus, na Igreja, para a glória dEle.

22 Porém o Profeta disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que o brilho e a glória dos troféus.

23 Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas líder de Seu povo.

24 Então disse o pastor ao Profeta: Pequei, porquanto tenho traspassado o dito do Senhor e as tuas palavras; porque temi ao povo, e dei ouvidos à sua voz.

25 Agora, pois, te rogo, perdoa-me o meu pecado; e volta comigo, para que adore ao Senhor.

26 Porém o Profeta disse ao pastor: Não tornarei contigo: porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, já te rejeitou o Senhor, para que não sejas líder sobre Seu povo.

27 E virando-se o Profeta para se ir, o pastor lhe pegou pela borda da capa e a rasgou.

28 Então o Profeta lhe disse: O Senhor tem rasgado de ti, hoje, a Igreja de Deus, e a tem dado ao teu próximo, melhor do que tu.

29 E também aquele que é a Força da Igreja não mente, nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se arrependa.

30 Disse ele então: Pequei; honra-me, porém, agora, diante dos anciãos do meu povo, e diante da igreja; e volta comigo, para que adore ao Senhor, teu Deus.

31 Então o Profeta se tornou atrás do pastor; e e o pastor adorou ao Senhor.

32 Então disse o Profeta: Trazei-me aqui o Festival Promessas e os Troféus Promessas. E trouxeram-nos, e vieram a ele animosamente; e disseram: Na verdade, já passou a amargura da antiga rejeição que os cristãos tinham de nós!

33 Disse, porém, o Profeta: Assim como a tua influência corrompeu a Igreja de Deus, assim ficarão desfilhados os teus criadores. Então o Profeta despedaçou o Festival Promessas e os troféus perante o Senhor, na Igreja.

34 Então o Profeta se foi: e o pastor subiu a sua casa.

35 E nunca mais viu o Profeta ao pastor até ao dia da sua morte; porque o Profeta teve dó do pastor. E o Senhor se arrependeu de que pusera o pastor como líder da Igreja.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

MINISTÉRIOS FRACASSADOS

Olá, meu nome é Zilton Alencar. Sou músico cristão e blogueiro, e o meu Ministério é um fracasso!

Como você classifica o seu ministério, e quais os critérios usados nesta classificação??

Recomendo que, antes de classificar o seu Ministério ou o de algum líder, você assista ao Documentário!! Produzido pelo Yago Martins, tem mais de 1 hora de duração, mas cada minuto vale a pena!!