Falo por parábola.
Um famoso conferencista brasileiro foi convidado para ministrar a Palavra durante três noites em um congresso de jovens de uma grande igreja. Muito eloquente e persuasivo, ele resolveu discorrer sobre a obediência de Abraão ao atender à surpreende ordem divina: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai ao Moriá; e o oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi” (Gn 24.2).
O "conferencista internacional" fez uma “contextualização descontextualizada”, muito comum em nossos dias, e resolveu chamar Isaque de “a melhor oferta”. “Isaque era o único filho de Abraão. Era o que ele tinha de mais importante nesta terra. Pergunte para o seu irmão: ‘O que você tem de mais importante nesta vida? Qual é a sua melhor oferta?’” — afirmou o pregador, na primeira noite. Ao mesmo tempo que mencionava a fidelidade de Abraão, ele contava experiências de pessoas que deram tudo o que tinham e prosperaram financeiramente.
Na segunda noite, o pregador foi ainda mais claro: “Você mora de aluguel? Esse é o seu Isaque! E você precisa sacrificá-lo! Ofereça-o! Você é um empresário? Entregue todo o lucro deste mês, pois esse é o seu Isaque. Você está economizando dinheiropara uma viagem,ou para a compra de algo que deseja muito? Este é o seu Isaque! Entregue-o para Deus! Não questione! Obedeça o profeta de Deus, e você sairá daqui com a sua bênção”.
Tendo mencionado vários “I$aque$”, o pregador lançou um desafio: “Amanhã é o último dia da festa, e eu quero ver quem terá ousadia para entregar o seu Isaque!”. Isso contagiou a todos, e a maioria dos irmãos estava mesmo disposta a dar o que tinha de melhor, financeiramente falando. O pregador dissera que, se alguém não tivesse dinheiro, poderia entregar relógios, alianças, cheques pré-datados, etc.
Naquela igreja havia um grupo de jovens estudiosos da Bíblia. E um deles estava escalado para dar uma palavra de cinco minutos antes do pregador. Durante o culto, onde muita gente trouxe seu "Isaque" com a fiel intenção de entregá-lo, o pastor da Igreja entregou a oportunidade ao jovem.
“Saúdo os irmãos com a paz do Senhor”, disse o jovem. “Como tenho apenas cinco minutos para falar, convido os irmãos a lerem comigo Gênesis 22.11,12”.
Depois da leitura, o corajoso jovem discorreu rapidamente sobre Abraão e Isaque e concluiu: “Irmãos, Deus pediu a Abraão que oferecesse o seu filho Isaque em holocausto. Mas isso foi apenas um teste. Ele não aceita sacrifícios humanos. E aprova maior de que tudo não passou de um grande e importante teste, Deus aceitou o sacrifício e Abraão levou o seu Isaque para casa”.
Antes de convidar o famoso conferencista para a sua última ministração, o pastor da igreja — que estava incomodado com o aludido desafio — fez questão de dar mais uma palavra: “Irmãos, como disse esse sábio jovem, Abraão levou o seu Isaque para casa. Isso significa que nenhum de nós precisa oferecer hoje o seu Isaque. Dê a sua oferta, mas faça isso liberal e voluntariamente. Não precisa entregar o dinheiro do aluguel nem a sua aliança, etc.”.
Furioso e com “cara de poucos amigos”, o conferencista mudou o tema da mensagem: “Nesta noite eu quero falar sobre os crentes que tocam nos ungidos de Deus, aqueles que discordam dos profetas. Esses incrédulos sempre terão uma vida miserável, pois não têm coragem de entregar o melhor para mim... Quer dizer, para Deus”.
Diante desta parábola — baseada em várias histórias reais que já ouvi sobre conferencistas de$afiadore$ —, medite em 2 Coríntios 2.17: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus”.