sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

IGREJAS SEM MILAGRES

Na sua Igreja, acontecem milagres com frequência? Quantos doentes você já viu serem curados após a oração forte de seu pastor? Se não vê estas coisas maravilhosas acontecerem, será que esta é a Igreja certa para você continuar congregando nela?

Sim, esta nossa geração está se acostumando com as máximas "o seu milagre chega hoje", ou "venha e receba a cura", ou "Pare de Sofrer", ou quaisquer das variantes possíveis. Vai-se à igreja em nossos dias não mais para prestar culto e adoração a Deus e ser admoestado e ensinado pela Palavra pregada, mas para receber o milagre!! O fim (finalidade) do culto deixou de ser a adoração e o serviço a Deus, e passou a ser a satisfação das necessidades do adorador. Assim sendo, o culto aonde não se vê sinais e milagres é classificado como "um culto que não foi bom"!

É uma pena que o foco dos crentes de nossa geração deixou de ser a salvação e o aprendizado da sã doutrina, para que por meio dela possam caminhar com segurança no caminho estreito, e passou a ser os milagres. Igrejas aonde se prega a Palavra buscando a excelência no ensino, mas não se vê milagres, estão sendo sumariamente desprezadas, ao passo que as "igrejas" aonde ocorrem supostos milagres de forma constante são exaltadas, e seus líderes seguidos sem qualquer questionamento, não importa quais as aberrações que creiam e preguem! Há, por exemplo, um famoso "após-Tolo" curandeiro que afirma que Jesus foi CRIADO por Deus, um replay da heresia de Ário, bispo de Alexandria, nos primeiros Séculos da Igreja... Mas isso não interessa! O que interessa mesmo, é que as pessoas entram em sua igreja doentes e saem curados!!

Hoje, há uma multidão nas "igrejas" na expectativa de milagres, e já encontramos pessoas afirmando que a presença de milagres é o que valida um ministério ou uma igreja. Uma pena, pois milagres ocorrem em todos os arraiais, como catolicismo, espiritismo, e até mesmo em religiões animistas africanas...

Tenho um irmão que foi curado de glaucoma em uma cirurgia mediúnica, recuperando a visão que já havia perdido parcialmente. Aliás, se há um ambiente aonde sinais e maravilhas ocorrem e com grande intensidade é nos centros espíritas, aonde "cirurgias" são feitas usando facas de cozinha e agulhas de costura, com sucesso. 

Uma antiga colega de trabalho sofria de uma hemorragia constante em um grande sinal que tinha no rosto, e não conseguia a cura. Frequentava médicos sem solução para seu problema. Um toque de mão de Frei Damião (um antigo frade evangelista católico dos sertões nordestinos) fez com que sua hemorragia estancasse definitivamente.

Já ouvi relatos de curas entre Mórmons, Testemunhas de Jeová... Um conhecido meu foi curado de grave enfermidade após passes feitos por um babalorixá, em um terreiro de Umbanda! Fiquei sabendo que Irmã Dulce está para ser canonizada pela Igreja Católica, pois um paciente terminal de câncer foi completamente curado após seus familiares levaram sua imagem para a UTI e fazerem-lhe novena e promessas, buscando sua mediação...

Será que tais curas, seguidas dos falsos ensinos que levam as pessoas a invocar espíritos desencarnados, ou adorar imagens de escultura e buscar a mediação destes ídolos, conduz à vida eterna? Seria esse o critério divino para referendar uma doutrina, ou seria a doutrina quem referenda o milagre??

Outra questão: qual o critério para se dizer que isto é milagre, e aquilo não? Uma cura é um milagre, e uma palavra de conhecimento não, embora ambos sejam dons do Espírito Santo? Charles Spurgeon, em sua biografia, relata experiências aonde o Espírito Santo o fazia apontar para a multidão e revelar coisas que ele não sabia acerca de certas pessoas, levando-as a se arrepender dos males cometidos. Isto é um milagre, ou só pode ser caracterizado como milagre somente quando há curas e maravilhas? Ora, Paulo, doutrinando a Igreja em 1 Co 14, fala “se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, [...] os segredos do seu coração ficarão manifestos e, assim, lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está, verdadeiramente, entre vós” (v 24-25)... 

Eu já vi coisas muito parecidas em nossa Congregação, embora não tenha visto curas e maravilhas. Se me permitem, relato uma experiência passada comigo, a meu ver um milagre que Deus operou na minha vida: certa vez o pregador repetiu na mensagem de domingo um pensamento maligno que me passou pela mente quando eu estava indo ao culto, maquinando intimamente certo pecado. As palavras que pronunciei em minha mente foram repetidas, quase que literalmente, com a orientação pastoral: "não faça essa bobagem!". Esta Palavra de Conhecimento dada ao pregador me bateu fundo na alma, admoestando-me, e me livrou de levar adiante um maligno pensamento que me ocorrera em um momento de fúria e desejo de vingança!! 

E este é só UM exemplo dos MUITOS que já presenciei em nossa Congregação!

O maior objetivo do Evangelho não é a cura. É a salvação dos perdidos! Estamos, entretanto, gerando uma multidão de curados, mas que marcha triunfante para o inferno, crendo que está salva porque recebeu um milagre!! Cristo, à beira do tanque de Betesda, curou apenas UM, embora houvesse uma multidão de doentes no local (maiores detalhes, leia ISTO)!

Esta geração sedenta por sinais e maravilhas será presa fácil para a "trindade satânica" formada pela Besta, pelo Anticristo e pelo Falso Profeta, narrados no Apocalipse, já que estes operarão milagres a ponto de fazerem cair fogo do céu, como fez Elias (Ap 13:13). Preferem, como os religiosos da época de Cristo, buscar sinais, ao invés de obedecer à "Lei e aos Profetas", como Cristo ordenava que se fizesse para obter a vida eterna... Aliás, nossa geração já está sendo presa fácil dos "servos de Cristo" descritos em Mateus 7:21-23, operadores de sinais, milagres e maravilhas, mas que serão rejeitados no Último Dia, exatamente porque Jesus não os conhece, embora tenham feitos tais sinais e maravilhas em Nome dEle!

Que geração!! Assim como nos tempos de Cristo, uma geração má e adúltera pede sinais!!

Ó tempora! Ó mores!!

(em tempo: não desprezo milagres, ou nego sua existência; apenas creio que o Evangelho é superior aos milagres, e estes estão inexoravelmente submissos a ele!).

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

SOBRE O PAULO CESAR BARUK E SUA NOTA DE ESCLARECIMENTO

Há alguns dias fui pego com uma terrível notícia: o cantor Paulo Cesar Baruk, por quem nutro especial admiração, aparecia no cartaz da “igreja plenitude do trono de satanás” como cantor participante de congresso promovido por esta “igreja”.

Sabemos que muitos cantores brasileiros já se renderam às igrejas apóstatas. O cachê vale a pena! Basta ver o cartaz, e veremos que nomes de cantores como Lauriete, Cassiane, Anderson Freire etc, já se renderam ao bom cachê, às boas vendagens de CDs e DVDs e à "vitrine" que o evento proporcionará aos participantes, que serão as consequências imediatas de terem se rendido ao Mamom adorado na “plenitude”. Em nossa geração go$pel, diante de um bom cachê, qualquer convicção teológica e doutrinária cai por terra! São poucas as exceções, dos que não se dobram ao sistema apóstata! Mas louvamos a Deus pelos sete mil jpelhos que permanecem indobráveis!

Mas me surpreendi com o Paulo Cesar Baruk! Nunca imaginei vê-lo em eventos apóstatas! Parecia-me um cantor sério, que não se rendia aos apelos da geração da apostasia!  O PCB é um bom cantor, com boa voz e interpretação, e com um repertório de hinos na grande maioria cristocêntricos e dignos de ser cantados e ouvidos pelos evangélicos que anseiam em adorar a Deus com cânticos condizentes com a sã doutrina.

Graças a Deus, ontem (14/01/2016) Baruk divulgou uma nota em seus perfis de redes sociais, na qual NEGA que participaria de tal evento. Isso me trouxe certo alívio... Até eu ler a nota na íntegra, e observar as entrelinhas da mesma...

Posso estar enganado... Não sou Deus para sondar corações, mas Ele me deu sabedoria para ler entrelinhas... Nada tenho contra o Baruk, pelo contrário o considero um bom nome da nova geração de cantores evangélicos brasileiros, mas achei a nota (não se se foi ele quem a redigiu ou sua assessoria) muito politicamente correta. O cancelamento não se deu por causa do “evangelho” que é pregado na citada “igreja”, ou por causa da conduta dos donos da citada “igreja”, ou por causa dos apóstatas que estarão presentes em tal congresso, e sim porque não foi “um evento local, realizado na própria ‘igreja’”. Dá-nos a entender que lá na “igreja”, tudo bem, ele iria sem problemas! 

O “tom de voz” usado na nota é bastante politicamente correto! Parece-nos um jeito bem educado de se desculpar, sem fechar portas para futuros convites, principalmente das “igrejas apóstatas co-irmãs”!!

Sinceramente, eu não participaria JAMAIS de eventos deste naipe, promovidos por quaisquer “igrejas” e “pastores” apóstatas. Não importa qual cachê, quais benesses. Eu não negocio o Evangelho que o Senhor me confiou! Quem o negocia para cantar ou pregar em "igrejas" apóstatas, um dia cantará e pregará até em eventos candomblecistas, budistas ou até ateus, em troca de um gordo cachê! Fazer-me presente nestes eventos, é emprestar minha imagem, meu nome e minha credibilidade para dar IBOPE à igreja apóstata, a seus líderes apóstatas e aos seus eventos blasfemos.

Repito: eu não aceitaria tal convite (e recomendo a todos que façam o mesmo!) nem sob a falsa piedade disfarçada na justificativa que muitos usam: “eu aceitava o convite, e chegando lá, microfone na mão, pregava o genuíno Evangelho e denunciava as heresias ao vivo!". Isso é balela, é bravata, conversa pra boi dormir! Toda mesa de som, para quem não sabe, tem um botãozinho chamado (dependendo do fabricante) “mute” ou “cut”, que corta instantaneamente a transmissão do microfone. Ninguém, nestes lugares, consegue pregar sequer um minuto do verdadeiro Evangelho! Os donos da "igreja" ou do "ministério", ou os promotores do evento, não deixam! Há vídeos no YouTube aonde pessoas tentaram fazer isto, denunciando falsos profetas e falsos ensinos, e não conseguiram voz nem por 15 segundos!

Logo, a melhor coisa a se fazer ao se receber um convite de uma igreja apóstata é perguntar, só por desencargo de consciência, aos que convidam: “Vou ter voz no evento? Posso falar o que quiser, pregar o que quiser na ocasião?”. Em caso positivo (o que duvido!), aceito o convite, mas exijo que tal exigência seja incluída no contrato, e em recebendo o microfone nas mãos, prego o Evangelho genuíno, custe o que custar! Em caso negativo, rejeito o convite e vou às mídias sociais dizer os porquês da recusa, pormenorizadamente.

Além de tudo isso, a Escritura diz: “Não tragam ao santuário do Senhor, do seu Deus, os ganhos de uma prostituta ou de um prostituto, a fim de pagar algum voto, pois o Senhor, o seu Deus, por ambos têm repugnância” (Dt 23:18), o que nos dá a entender que um cachê vindo de uma igreja e/ou evento apóstata é maldito!

Cabia ao Baruk, e à sua assessoria, deixar claro que não participa nem participará, nem no presente e nem no futuro, de eventos promovidos por igrejas apóstatas. Esta era a real postura que eu esperava dele. Esta é a postura que o Evangelho genuíno espera dos pastores e cantores.

Paulo Cesar Baruk, espelhe-se em cantores sérios de nosso país. Fale com o Paulo Cezar (Logos), ou com o grupo Vencedores por Cristo, por exemplo. Veja a postura deles. Veja se eles aceitam tais convites. E siga-lhes o exemplo e conselhos!

As únicas coisas positivas que li na sua nota: [1] a confirmação de que você NÃO VAI a tal evento apóstata, e [2] as palavras finais, aonde você afirma estar “feliz por ter gente que nos ama, nos admoestando, e [estar] sempre tirando lições preciosas para nossa vida...”. Sim, Baruk. Nós te amamos, e te admoestamos, humildemente. Agradeço de coração, principalmente a Deus, que você tenha ouvido as presentes admoestações, e desistido de apoiar, pelo menos por enquanto, esta igreja apóstata e seus eventos. Feliz também por você estar sempre buscando tirar lições preciosas para sua vida, carreira e ministério. Tire mais essa: não se associe a igrejas e pastores apóstatas. Isso pode até ter um custo financeiro, mas tem um ganho eterno!

...Façam para vocês bolsas que não se gastem com o tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algum chega perto e nenhuma traça destrói. Pois onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração ” (Lc 12:33-34).

sexta-feira, 31 de julho de 2015

AS CONTRADIÇÕES DOS DESIGREJADOS

Pr. Idauro Campos


Tenho estudado o tema dos desigrejados e procurado entender o fenômeno, suas causas e suas consequências dentro do cenário protestante brasileiro.  No que tange ao comportamento de muitos desigrejados e simpatizantes, percebi um padrão que está relacionado com o modus operandi de alguns grupos. Esse modus operandi que será exposto abaixo evidencia algumas fragilidades, inconsistências e incoerências do movimento, revelando que, por mais que se tente não se consegue despir completamente qualquer movimento restauracionista de traços institucionais, pois, tais, são inerentes e inseparáveis das experiências dos ajuntamentos. Podemos, portanto, apontar algumas expressões institucionais presentes no movimento dos desigrejados, revelando, com bom humor, algumas das contradições e das armadilhas que cometem e caem:

1 – Em uma reunião de desigrejados, há sempre alguém que dirige a mesma.  Geralmente, é o que detém, senão o monopólio, ao menos a primazia da palavra. É o mestre do grupo. Na prática é o pastor. Outros do grupo fazem algumas contribuições; contam algumas experiências; leem alguns versículos, trazem, uma vez ou outra, uma mensagem, mas a abordagem principal é daquele que tem a capacidade do ensino e da pregação. Igual nas igrejas convencionais. Compare os grupos; visite-os, assista-os na internet. O líder dos desigrejados são os que mais falam, ensinam e abordam. Há uma diferença: não são chamados de pastores, e sim de "irmão", "mentor" ou pelo nome mesmo, mas trata-se apenas de rejeição didática da nomenclatura "pastor", pois, na prática, e na dinâmica do trabalho, se comportam, agem e reagem como os pastores que conhecemos.

2 - Criticam a institucionalização da igreja, mas dão nomes aos seus projetos: EQUI (Eu Quero Uma Igreja), Caminho da Graça, Igreja Orgânica, Igreja nos Lares e etc (qual a diferença para outros nomes, como Nova Vida, Assembleia de Deus, Metodista e etc?). Tais projetos estão sistematizados (possuem encontros em dias, horários e locais marcados; estudos dirigidos que constroem o arcabouço teórico do movimento; publicam livros e artigos em sites), pois a institucionalização é inevitável aos ajuntamentos humanos.

3 -  Criticam as reuniões regulares nos templos religiosos, mas se reúnem via Skyp (hangouts), em sítios, cafeterias, salões, varandas e etc.

4 – Alguns desenvolvem espírito de Seita, pois alegam que as pessoas têm que "sair do sistema" (sair da igreja), para encontrar "o verdadeiro evangelho", ou, no melhor estilo da linguagem caiofabiana: "discernir o evangelho".  Tenho apenas uma pergunta a fazer: E se alguém não sair? O que acontecerá? Não será salvo? Quem salva é Cristo? Ou a desigrejação é o que salva? Tenho que sair da Comunidade de fé que congrego para ser salvo? Sabemos, obviamente, que a resposta é um sonoro não. Quem salva é JESUS CRISTO. Seja você Batista, Presbiteriano ou seja lá o que for. O importante é a experiência com Jesus Cristo!

5 - Criticam os compromissos institucionais, mas reclamam daqueles que não querem participar das reuniões que realizam. Chegam a dizer que na época que eram institucionalizados "iam aos cultos segunda, terça [...] sábado [...], mas agora que estão livres, não querem se reunir". Ou seja, a mesma cobrança das igrejas institucionalizadas. De uma forma mais branda, mas, ainda assim, cobrança a uma forma de compromisso.

6 - Alegam que não seguem a homens (somente a Jesus), mas escolheram Caio Fábio, Mario Persona, Pedroza, Rubens, Paulo Brabo, Frank Viola como seus gurus espirituais.

7 - Rejeitam Calvino, Lutero, Zwinglio, alegando que não precisam de mestres humanos, mas devoram o que Viola escreve. Trocam de mestres humanos por outros mestres humanos, portanto!

8 - Dizem que basta o ler o Novo Testamento para entender a irrelevância da igreja contemporânea, mas precisam do "Cristianismo Pagão" para formularem suas teses desconstrucionistas e construir o "trilho básico" do movimento.

9- Criticam o sectarismo das igrejas, mas também o são: Rubem critica Caio, que já Criticou o pessoal do EQUI, que criticam o Rubem e o Pedroza. Por aí vai!


 É Importante Entender Que

1 - Há gente de Deus dentro das comunidades chamadas Batistas, Metodistas e Presbiterianas e afins. Na verdade, a maioria das pessoas cristãos que congregam são maravilhosas e servem a Deus. Tornando desnecessária a deserção. O apóstolo Paulo ao escrever aos Coríntios (1. Co 1.2) se dirige aos mesmos como "A Igreja de Deus que está em Corinto", mesmo como todos os problemas da mesma (divisão, pecados sexuais, litígio, desordem litúrgica, heresia, discriminação social, e etc), nunca defendeu o abandono da comunidade como solução.

2 - O problema não é o sistema, CNPJ, isto é, não é a instituição (ela neutra). O que corrompe é o coração do homem. E pode se estar dentro de uma grande denominação ou reunido com pessoas em uma varanda. No Éden eram apenas dois (Adão e Eva) e deu no que deu.  Além disso, as igrejas neotestamentárias, mesmo insipientes, lideradas pelos apóstolos, pequenas e funcionando em casas, não deixaram de enfrentar seus muitíssimos e graves problemas e que levaram, inclusive, apóstolos como Paulo, a escrever cartas para tratar de suas seríssimas demandas. Heresia em Colossos, legalismo na Galácia, agitação escatológica em Tessalônica, carnalidade em Corinto e etc. A própria Igreja Primitiva não ficou sem seus dramas e crises, efeitos inevitáveis dos ajuntamentos e de nossa pecaminosidade.

3 - Conheço um grupo de irmãos que saiu de uma igreja, organizou um núcleo de desigrejados, não demorando muito para aparecer a primeira crise, pois um sujeito deu em cima da mulher do outro. Deu confusão. Não adianta ser reunir em casas, sítios ou praias. O problema não é o lugar! Não adianta se reunir em número de dois, três, de dez ou mil: o problema não é quantidade de pessoas! O problema é a PECAMINOSIDADE HUMANA que nos acompanhará sejam em uma singela reunião em uma varanda com 05 pessoas ou em uma grande comunidade com ministérios de louvor, coral, pastores e etc. É muita ingenuidade dos desigrejados acharem que saindo das quatro paredes de um templo e se enfiando dentro das quatro paredes da casa de alguém que irão revigorar a fé das pessoas. A Trindade não é claustrofóbica ou oclofóbica. Não tem, portanto, medo de lugares fechados (templos, por exemplo) ou de multidões. Quem desenvolve tais sintomas são os desigrejados, não a Trindade!

4- A reunião pode ser em varanda com 05 pessoas e ser uma bênção ou com 1000 pessoas em templo chamado "Batista" e também ser uma bênção. Qual o problema? Jesus disse que onde houver "dois ou três". Ora, se é isso, qual o problema de 200 pessoas se reunirem um lugar chamado templo presbiteriano para cultuar? As 200 pessoas da hipótese não estariam diante de Cristo? Para Cristo estar presente a reunião tem que ser com poucas pessoas em uma sala, varanda ou sítio? Sinceramente não entendo a Cruzada dos desigrejados! A igreja verdadeira é a universal / invisível, a que é constituída por todos os que se encontraram com o Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus. Sendo assim, PROVEM -ME OS DESIGREJADOS QUE NÃO HÁ CRISTÃOS VERDADEIROS DENTRO DAS COMUNIDADES INSTITUCIONALIZADAS. OU SERÁ QUE OS DESIGREJADOS ACREDITAM QUE SOMENTE ELES ESTÃO SALVOS?

5 - Os Desigrejados dizem: "a verdadeira igreja não são as quatro paredes do templo, mas sim nós, os cristãos": Nossa! Que novidade extraordinária!!!  Disso sei há mais de 20 anos, quando me converti. Até as crianças aprendem isso na Escola Dominical! Não precisamos do panelaço dos desigrejados para saber o que o Novo Testamento há mais de 2000 anos ensina. Estou na mesma denominação há 21 anos. NUNCA, NUNCA, NUNCA e NUNCA ouvi meus pastores afirmarem que o verdadeiro templo do Espírito Santo são os quatro paredes. NUNCA! Sempre disseram que a verdadeira igreja somos nós. E que o templo é apenas o lugar onde os irmãos se encontram para adorar coletivamente. Sempre disseram que devemos viver o Evangelho em casa, na vizinhança, no trabalho, na faculdade e no seio da família. Que devemos adorar a Deus em casa, ler a Bíblia e orar em casa, assim como em todos os demais lugares. Os dias de reunião é a ocasião de Celebração coletiva. Apenas isso!

6 - O problema não é dos igrejados para com os desigrejados. E sim dos desigrejados para com os igrejados. Para mim, se não tomarem o cuidado, produzirão espírito de Seita, ao insistirem no esquema “saia da igreja para encontrar a Deus”. Há desigrejados dizendo isso. A história da igreja prova o quão estão errados.

Idauro Campos é autor do livro “DESIGREJADOS – TEORIA, HISTÓRIA E CONTRADIÇÕES DO NIILISMO ECLESIÁSTICO”, o primeiro livro acadêmico publicado no Brasil sobre o movimento dos desigrejados. Prefaciado pelo Dr. Augustus Nicodemus Lopes.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

GANGRENA GO$PEL

Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. Mas evita as conversas vãs e profanas; porque os que delas usam passarão a impiedade ainda maior, e as suas palavras alastrarão [roerão, destruirão] como gangrena; entre os quais estão Himeneu e Fileto, que se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição é já passada, e assim pervertem a fé a alguns. Todavia o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os seus, e: Aparte-se da injustiça todo aquele que profere o nome do Senhor” (2 Tm 2:15-19).

Lamentavelmente, qualquer pessoa sincera, conhecedora das Escrituras, que analisar a nossa conjuntura "evangélica" constatará que vivemos dias difíceis, aonde o erro doutrinário domina o cenário, e poucas são as pessoas que conseguem enxergar tal erro, aliado a uma multidão que busca calar a boca dos que enxergam o erro e procuram corrigir os problemas. Paulo ensina que aos hereges é que devem ser tapadas as bocas (Tt 1:10-11), e não aos que procuram trazer a Igreja ao arrependimento e à prática do Evangelho antigo!

Grandes congressos são feitos em nível nacional, e a quantidade de ensinos heréticos pregados nos mesmos (como, em um recente, o ensinamento que "os crentes são pequenos deuses nesta terra" ou mesmo a chamada de um pregador para que todos tocassem em seu suor repleto de poder de Deus) acompanhados de gritos de glória e brados de júbilo, assustam! Algumas são heresias antigas, mas que continuam a ser pregadas em nosso meio, e recebem a crença de uma multidão. 

Os hinos compostos por esta geração de cantores e compositores go$pel, e que são a real fonte de ensino da maior parte dos crentes, também assustam. Eles estão recheados de meias verdades e de mentiras inteiras, e igualmente tais mentiras são ignoradas, passam imperceptíveis a seus ouvidos e mentes, e são "engolidas e digeridas" como se fossem a mais sublime das verdades celestiais. Não obstante, são reverenciados no meio dos grupos de louvor, os CDs e Play Backs (piratas, é claro!) estão presentes em quase todas as casas e Igrejas, e tais músicas são ouvidas à exaustão em smartphones e iPods, fazendo com que suas (in)verdades sejam absorvidas pela mente, alma e espírito dos ouvintes.

Some-se tudo isso à quase absoluta falta de leitura bíblia da parte dos crentes desta geração, à falta de ensino sólido e responsável nas Igrejas. E entre os ensinos ministrados e as letras dos hinos, ou às mensagens pregadas, os primeiros são completamente descartados.

Não tenho medo de dizer que a música "do mundo" (respeitada, obviamente, a sua qualidade) é menos danosa que a "música Go$pel". Afinal, ninguém ouve Djavan, ou Roberto Carlos, ou qualquer outro cantor "do mundo" achando que sua música transmite alguma verdade absoluta acerca da Palavra ou do Reino; entretanto, já ouvi muitos crentes afirmando que a música composta e/ou cantada por um cantor crente é tão inspirada e tão verdadeira quanto a própria Bíblia, quando não lhe é superior! Aliás, já vivenciei muitas vezes isso: mesmo quando um erro doutrinário grave de uma música go$pel é identificado, mostrado e refutado PELA BÍBLIA, o ouvinte despreza o que está escrito em detrimento do que "está cantado"!!

Ouvir rádios go$pel nos dias de hoje é uma temeridade! Tal audiência destrói qualquer base de ensino sério das Escrituras e da doutrina que qualquer pastor ou discipulador tenha edificado na vida de um crente! Certo dia, viajando no carro de um parente, fui "obrigado" a ouvir por quase três horas a programação de uma "rádio evangélica" do meu Estado. Posso garantir que, sem falar nos infindáveis pedidos de dinheiro, dízimos, ofertas e votos, com "exegeses" e "hermenêuticas" terríveis, não ouvi UMA MÚSICA SEQUER que realmente glorificasse a Deus (exceto uma regravação de um hino antigo, daqueles de hinário). Todas as músicas da programação eram antropocêntricas, extrabíblicas e antibíblicas! São estes hinos, infelizmente, que ensinam doutrina em nossos dias! Se algum deles, sucesso nacional, afirmar que Jesus tinha olhos azuis, isso será incorporado à doutrina! Afinal, só para dar UM exemplo sobre os males de um mau ensino via músicas go$pel, por mais que seu discipulador o tenha ensinado a amar seus inimigos, bendizer os que os maldizem, fazer o bem aos que os odeiam e orar pelos perseguidores (Mt 5:44), as músicas ensinam a odiar os inimigos, combatê-los, buscar fervorosamente a Deus em prol de sua destruição etc.

O Youtube está repleto de "pregadores", e assistir suas pregações é uma tarefa que, confesso, para mim está cada dia mais difícil! Nem me refiro mais às infantilidades dos pregadores, ou a nítida personificação de suas personagens (alguns, imitando roupas, trejeitos e tom de voz de seus "ídolos"), suas pantomimas no "palco", mas sim ao CONTEÚDO DOUTRINÁRIO. O desconhecimento teológico é patente, e mesmo quando há certo conhecimento, o desrespeito e o desprezo pela teologia ortodoxa é visível. Até mesmo alguns pregadores que ostentam anel de Doutorado em Teologia pregam heresias tão terríveis e antigas que é impossível que não tenham aprendido no Seminário acerca delas e a sua refutação bíblica! Um importante "após-Tolo" disse há algum tempo que Jesus era CRIATURA de Deus, criado por Ele. Nada de novo! Isto é vestígio dos ensinos de Ário, bispo de Alexandria... 

Paulo ensina a Timóteo da necessidade de zelar pela doutrina. Ele afirma: “Tem cuidado de ti mesmo E DA DOUTRINA, persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4:16 - grifos meus). A doutrina que seguimos é fundamental à nossa salvação. Se não for assim, qual o problema em servir a Deus segundo a doutrina mórmon, ou adventista, ou mesmo espírita? A resposta é óbvia: porque tais doutrinas contêm erros em seu âmago que comprometem o todo. E por que seria diferente com a "doutrina evangélica" quando a mesma apresenta igualmente erros colunares?

Paulo ensina que devemos evitar conversas vãs e profanas, pois os que não evitam passarão a impiedade ainda maior. E ele compara a fonte destas conversações vãs e profanas com o FALSO ENSINO transmitido por Himeneu e Fileto, que ensinavam uma grande mentira acerca da ressurreição. Podemos evidentemente aplicar o mesmo princípio a qualquer música ou pregação que se autodenomine santa, mas ensina MENTIRAS DOUTRINÁRIAS em seu âmago! O filtro para se compreender quais são as conversações profanas é a MENTIRA DOUTRINÁRIA. Se a Escritura afirma que Deus é fiel a SI MESMO, e algum hino ou pregação ou ensinamento ensina que Ele é fiel AO HOMEM, está detectado o erro! Se nos é ensinado que devemos DETERMINAR ORDENS A DEUS, e a Escritura ensina que devemos pedir-Lhe humildemente, mais um erro detectado! E assim devemos prosseguir, filtrando o que nos chega aos ouvidos. Todo erro que nos for ensinado nos mostra, sem dúvida, que tal hino, pregação ou ensino se trata de conversação vã e profana, o que deve ser evitado!

Paulo continua falando sobre o estrago que estas conversações profanas fazem, comparando-o com o estrago da GANGRENA em um corpo humano. Gangrena ou necrose gangrenosa é um tipo de necrose causada pela morte de um tecido por falta de irrigação sanguínea, e consequente falta de oxigênio. Isosleva a morte da área afetada! Eis a comparação que Paulo faz acerca destes falsos ensinos! Enquanto muitos procuram minimizar a má influência que as músicas e mensagens go$pel produzem na vida dos crentes, Paulo faz-lhe comparação à GANGRENA... Completamente destruidora, a mensagem composta de erro produz MORTE.

Paulo encerra com uma outra grande verdade: os que são de Deus e proferem Seu Santo Nome se afastam, por instinto, das mentiras, assim como nós nos afastamos imediatamente quando entramos em um ambiente com cheiro de mofo, ou qualquer outro elemento estranho que possa nos fazer mal à saúde!

Você é de Deus? Profere o Nome dEle em sua vida? Afaste-se desta impiedade!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

REBELDE, FEITICEIRO, INÍQUO E IDÓLATRA — QUEM MESMO?

Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria” (1 Sm 15:23a)

Ontem, em conversa inbox com uma amiga, observamos o quanto este texto bíblico, obviamente extraído de seu contexto e péssimamente interpretado, é largamente usado na tarefa de manter as ovelhas mudas diante de seus pastores e suas atitudes não tão bíblicas. Qualquer questionamento é logo enquadrado como rebelião, e a rebelião comparada à feitiçaria. 

Associada com o “não julgueis” (Mt 7:1) e o “não toqueis nos meus ungidos” (Sl 105:15), se torna uma "trilogia intimidatória" quase perfeita! Afinal, nenhum crente sincero deseja ser um rebelde ou feiticeiro, iníquo ou idólatra... Assim, as ovelhas ficam caladas e mudas diante de qualquer absurdo promovido por seus pastores. Eles podem ser pegos no ato do adultério, ou depositando os dízimos e ofertas da igreja em suas contas pessoais, que não podem ser questionados ou contrariados! São "ungidos", embora não ajam como tal, como bem disse Paulo a Tito: “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra (Tt 1:16; ler também 1 Jo 2:3-6).

O que muitos, principalmente os líderes, não observam é que o texto foi aplicado exatamente a LÍDERES, e não ao rebanho em si. A fala do profeta e juiz Samuel foi dita contra atitudes de rebelião do líder Saul, que acabara de desobedecer à ordem divina de destruir completamente os amalequitas, suas cidades e seu gado. Basta ler o contexto, a história toda, para comprovar isso! A simples leitura da parte "b" do versículo já esclarece: “Porquanto TU rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou A TI, para que não sejas rei” (1 Sm 15:23b - grifos meus). É interessante observar que Deus não rejeitou o povo, mas rejeitou sumariamente o seu líder!

O contexto, inclusive, é MUITO mais amplo... Ao tentar justificar diante de Samuel a desobediência à ordem divina, vejamos o que Saul alega em seu favor: “Então feriu Saul aos amalequitas, desde Avila, até chegar a Sur, que está defronte do Egito. E tomou vivo a Agague, rei dos amalequitas; porém a todo o povo destruiu ao fio da espada. E Saul E O POVO perdoaram a Agague, e ao melhor das ovelhas e das vacas, e às da segunda sorte, e aos cordeiros, e ao melhor que havia, e não os quiseram destruir totalmente; porém a toda a coisa vil e desprezível destruíram totalmente [...] Então disse Samuel: Que balido, pois, de ovelhas, é este nos meus ouvidos, e o mugido de vacas que ouço? E disse Saul: De Amaleque as trouxeram; porque O POVO perdoou ao melhor das ovelhas e das vacas, para as oferecer ao Senhor, teu Deus: o resto, porém, temos destruído totalmente [...] dei ouvidos à voz do Senhor, e caminhei no caminho pelo qual o Senhor me enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas destruí totalmente; Mas O POVO tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor do interdito, para oferecer ao Senhor, teu Deus, em Gilgal” (1 Sm 15:7-21 - grifos meus). Ou seja, se considerarmos que a iniciativa de poupar o melhor do rebanho para sacrifícios partiu DO POVO, quem foi chamado de rebelde e feiticeiro foi SAUL o líder!

A cobrança divina sempre será maior para os líderes. Tiago nos orienta: “não queirais ser mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3:1). Os líderes,disse Jesus, serão muito mais cobrados que o rebanho (Lc 12:42-48). Paulo inclusive orienta que líderes sejam repreendidos na frente de todos os outros líderes, para que temam (1 Tm 5:20). Assim, antes de qualquer líder, por mais "ungido" que seja ou se ache, lançar a maldição de rebelde e feiticeiro sobre seus liderados porque eles o questionam em algum aspecto, jamais esqueça que tal maldição é primeiramente lançada sobre ele!

Além disso, é importante observar que questionar com o intuito de corrigir jamais pode ser tratado como rebelião. Observe-se que os diáconos foram instituídos pelos Apóstolos após uma MURMURAÇÃO dos cristãos gregos contra os judeus (At 6:1-7), o que nos mostra que nem toda murmuração, questionamento ou confrontação é maligno e diabólico. Outro exemplo clássico de divergência ocorreu ainda no primeiro século, quando os apóstolos e anciãos da igreja se reuniram em concílio para resolver um problema entre dois grupos, em relação à obrigatoriedade da observância da Lei pelos crentes gentios (At 15); mesmo em meio às discussões, foi possível se chegar a um acordo, e a decisão conduziu a igreja a uma unidade de fé. Observamos assim que até mesmo no seio da igreja pode (e deve!) existir a chamada “crítica construtiva”, que poderá ser usada para corrigir ou melhorar condutas e formas de governo. Ainda no AT, Moisés deu ouvidos a uma crítica de seu sogro, e com isso melhorou sua forma de administrar o sistema judiciário em Israel (Ex 18:13-27).  

É interessante, como demonstramos, jamais esquecer o contexto das Escrituras, jamais usar textos isolados, muito menos para benefício próprio, visando qualquer privilégio ou imunidade! E procurar ser líder segundo o coração de Deus, e nunca segundo seus próprios conceitos!


quinta-feira, 16 de abril de 2015

CONSIDERAÇÕES SOBRE PESSOAS NÃO CURADAS NA BÍBLIA


Li o artigo do pr. Renato Vargens sobre "o dia em que Paulo não curou um enfermo" (leia-o clicando aqui), aonde o apóstolo seguiu viagem deixando Trófimo doente em Mileto (2 Tm 4:20). Tal relato da Escritura é contrário aos "papas da teologia da saúde perfeita", um ramo da "teologia da prosperidade" que ensina que temos que orar DETERMINANDO a cura, e que Deus É OBRIGADO a curar imediatamente TODAS as doenças. Tem que DETERMINAR mesmo, pois até usar a expressão "seja feita a Tua vontade" anula a fé curativa! Em seu livro "O Direito de Desfrutar Saúde", R. R. Soares declara: “Usar a frase ‘se for a Tua vontade’ em oração pode parecer espiritual, e demonstrar atitude piedosa de quem é submisso à vontade do Senhor, mas além de não adiantar nada, destrói a própria oração”, e outros "papas" da "teologia da prosperidade" confirmam isso!.



Mas o objetivo do pr. Renato foi tratar somente do caso de Trófimo, pois ele não falou de Timóteo, outro caso semelhante, a quem Paulo, incapaz de curá-lo, dá-lhe uma orientação: “Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1 Tm 5:23). Timóteo não somente tinha problemas de estômago (Gastrite? Úlcera?), mas tinha OUTRAS enfermidades, e estas eram FREQUENTES, e por isso Paulo prescrevia doses terapêuticas, medicinais, de vinho, provavelmente diluído em água... Paulo, igualmente, não conseguiu curar as enfermidades de Timóteo e nem "quebrar a maldição" que havia sobre ele que o levava a constantemente enfermar!

O pr. Renato também não falou de Epafrodito... Paulo relata em outra epístola: “Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas necessidades. Porquanto tinha muitas saudades de vós todos, e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente; e de fato esteve doente, e quase à morte; mas Deus se apiedou dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Fp 2:25-27). Surpreende-me, à luz da "teologia da saúde perfeita", que Paulo não tenha dito no texto bíblico que fez a oração forte, a prece violenta, e o curou... O relato, pelo contrário, dá a entender que Deus curou Epafrodito quando todos a seu redor já não tinham mais esperança, quando ele estava "quase à morte"...

Se levássemos em consideração os ensinos dos que creem na saúde perfeita do crente, é quase certo que Paulo estava em pecado, ou sem autoridade para que Deus o ouvisse!

A própria vida de Paulo dá a entender que foi uma vida de enfermidades. Escrevendo aos Gálatas ele declara ter adoecido, e esta doença foi o motivo que levou ele à comunidade da Galácia e ali aproveitar a oportunidade para pregar o Evangelho (Gl 4.13). Paulo fala ainda de um problema pessoal, o conhecido "espinho na carne", acerca do qual Paulo orou a Deus três vezes para que o livrasse dele, e a resposta do Senhor foi: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:7-10). Tem havido várias especulações sobre o que seria este "espinho na carne". Alguns estudiosos do Novo Testamento chegam a associá-lo a uma possível enfermidade, um problema crônico nos olhos, pois Paulo escreveu aos mesmos gálatas, na mesma epístola, dizendo: “...se possível fora, teríeis arrancado os vossos próprios olhos para mos dar”, e ainda: “Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho” (Gl 4:15; 6:11), demonstrando dificuldades na escrita, talvez por problemas de visão (o que mais explicaria o ato de escrever com letras grandes?).

Paulo não escrevia as suas cartas, mas ditava para um amanuense (escriba), e apenas postava uma saudação final e assinava as epístolas (Rm 16.22; 1 Co 16.21; Cl 4.18; 2 Ts 3.17; Fm 1.19); entretanto, parece que na urgência do assunto e na falta de quem escrevesse para ele, escreveu ele mesmo, com grandes letras, a carta aos Gálatas. Este fato pode indicar um problema visual grave.

A Bíblia relata muitos casos de "não cura". Jesus, à beira do tanque de Betesda, aonde “jazia grande multidão de enfermos: Cegos, mancos e ressicados” (Jo 5:3), curou apenas UM PARALÍTICO. Pedro e João, à Porta Formosa, aonde se juntavam muitos doentes esmolando, curaram apenas um paralítico (At 3). No AT também vemos exemplos de pessoas, como Eliseu, cheias do poder de Deus mas que não "curaram a si mesmos"...

Não duvidamos da cura de Deus! Ele é poderoso para curar qualquer enfermidade, por mais simples ou mais terminal que seja! Conhecemos relatos de pacientes com câncer terminal foram completamente curados pelo poder de Deus, e conhecemos relatos de outros pacientes que não foram curados, mas morreram em decorrência da enfermidade. Deus é soberano! Contudo, oramos por todos os enfermos que nos pedem oração por cura, impondo-lhes as mãos, crendo que Deus pode curá-lo. O que não cremos é que Ele tenha a obrigação de curar TODAS as enfermidades sob as ordens dos homens! Ao contrário, cremos que a SOBERANIA dEle está acima de qualquer coisa! Ele é Senhor, e nós, Seus servos, meros cacos de barro!

sexta-feira, 6 de março de 2015

CARIDADE DE SELFIE

Dias após a tragédia de 1º de Maio de 1994, quando morreu no circuito de Ímola (ITA) o grande campeão mundial de Formula 1 Ayrton Senna, descobriu-se algo sobre ele que nem mesmo alguns membros próximos de sua família tinham conhecimento: ele ajudava financeiramente, com altas quantias, várias instituições de caridade. Embora ele fizesse tais doações, ele jamais as divulgou, pois parecia ser conhecedor do princípio bíblico de “quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola seja dada ocultamente: e teu Pai, que vê em segredo, te recompensará publicamente” (Mt 6:3-4). Há quem afirme que o nosso querido Ayrton era evangélico, embora não frequentasse nenhuma igreja de forma assídua e comprometida, talvez por causa das suas atividades e sua popularidade.

É lamentável que diante de tragédias, como as enchentes que no momento estão assolando o Estado do Acre, muitos crentes e muitas igrejas promovam ações sociais, mas estas ações sejam devidamente registradas em filmagens e fotografias e alardeadas aos quatro cantos do país, via redes sociais e páginas oficiais dos "ministérios". Os "crentes" chegam a criar rashtags solidárias, com fotos sorridentes, posando de piedosos! Tais fatos só mostram o quanto o princípio da discreção na caridade foi esquecida pelos cristãos!

Não importa se damos alguns centavos a um mendigo na rua, se sustentamos com boas e constantes ofertas uma obra social, se socorremos de forma emergencial as vítimas de calamidades e tragédias ou se nos desfazemos de nossas riquezas para dá-las aos pobres. O princípio não mudou. O diabo é que inventou e colocou nos corações dos homens a "caridade de selfie", na qual nos escondemos debaixo da capa da falsa piedade para alardear nossas justiças diante dos homens!

Embasados no princípio da graça, de que somos salvos sem as obras, negligenciamos a caridade. Já que não somos salvos por meio delas, desprezemo-nas completamente! Enquanto isso, espíritas e católicos dão aos "evangélicos" uma lição de que a caridade deve ser praticada. Mesmo que o façam esperando salvação por causa de suas obras, deviam nos servir de exemplo! Conheço espíritas ricos e bem posicionados na pirâmide social que pelo menos um dia da semana descem de seus pedestais para ajudar os pobres, cuidar de doentes terminais, fazer o bem. Por que não vemos tais atos partindo dos "crentes"?? Por que não vemos crentes visitando hospitais de câncer (alguns até o faziam, mas de forma tão errada que foram expulsos e proibidos de voltar!), orfanatos, asilos?Se não praticamos caridade para a salvação, deveríamos ao menos fazê-lo porque somos salvos! A Escritura assim prescreve: “somos feitura sua, CRIADOS em Cristo Jesus, PARA AS BOAS OBRAS, as quais Deus preparou PARA QUE ANDÁSSEMOS NELAS” (Ef 2:10).

Devemos praticar a caridade individualmente como crentes ou coletivamente como Igreja, desprezando, entretanto, os dois erros mais comuns: [1] achar que seremos salvos por elas, e [2] aderirmos à caridade de selfie. O bem deve ser praticado pelo crente e pela Igreja de uma forma tão discreta que um dia, na nossa falta por qualquer motivo, as pessoas a nosso redor descubram todo o bem que fizemos enquanto estávamos em seu meio!

A caridade de selfie deve ser evitada a todo custo! Embora pareça piedosa, é carnal e diabólica. Quem a pratica, já recebeu sua recompensa!

Encerro com uma frase do bispo Walter McAlister sobre a geração da selfie: “Para mim, a "selfie" é a expressão-mor de uma geração narcisista e sem auto-estima, que se expõe para buscar afirmação. Triste e neurótico.”. E eu assino embaixo!