quinta-feira, 24 de abril de 2014

NÃO MALTRATEIS OS MEUS PROFETAS

Resposta ao Pr. Silas Malafaia, diante de seu desafio aos blogueiros em 19/05/2012


Cansei de textos fora de seu contexto! Cansei de ouvir frases do calibre de “não toqueis nos meus ungidos” (Sl 105:15a) mal colocadas, usadas não para a glória de Deus, mas para a impunidade do homem. Gostaria de falar um pouco sobre a parte “b” do versículo, “e não maltrateis os meus profetas”. A parrte "a" já está por demais manjada, embora quase sempre seja tratada de forma incorreta e antibíblica.

Quem são estes profetas citados na parte “b”? Seria uma figura poética de repetição, muito usada na literatura hebraica, ou seja, seriam os mesmos ungidos citados na primeira parte do texto? Ou seriam outrras pessoas?

A priori, quando utilizado para proveito de “ungidos” e “profetas” que se arvoram contra a Palavra de Deus, ultrapassando o que está escrito, este texto é inócuo. Como bem frisou o pr. Ciro Zibordi em seu blog, tratando sobre aquilo que eu chamo de “teologia da intocabilidade”, o Salmo 105:15 e 1 Coríntios 4:6 andam sempre juntos e concordantes. Sempre!

Eu gostaria, sem me permitem, de apresentar alguns destes profetas que Deus admoesta que não sejam maltratados (mas que, infelizmente, nem sempre acontece assim):
E o Senhor enviou Natã a Davi; e ele disse-lhe: Havia, numa cidade, dois homens, um rico e o outro pobre. O rico tinha muitíssimas ovelhas e vacas; Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos, igualmente; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha. E, vindo ao homem rico um viajante, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas, para guisar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele. Então o furor de Davi se acendeu, em grande maneira, contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso. E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa, e porque não se compadeceu. Então disse Natã a Davi: Tu és este homem.... A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste, com a espada dos filhos de Amon: Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher. Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei, da tua mesma casa, o mal sobre ti, e tomarei das tuas mulheres, perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres, perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol. Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor” (2 Sm 121-13).
E sucedeu que, depois que Amazias veio da matança dos idumeus, trouxe consigo os deuses dos filhos de Seir, tomou-os por seus deuses, e prostrou-se diante deles, e queimou-lhes incenso. Então a ira do Senhor se acendeu contra Amazias: e mandou-lhe um profeta que lhe disse: Por que buscaste deuses do povo que a seu povo não livraram da tua mão? E sucedeu que, falando-lhe ele, lhe respondeu Amazias: Puseram-te por conselheiro do rei? Cala-te! Por que te feririam? Então o profeta parou, e disse: Bem vejo eu que já o Senhor deliberou destruir-te; porquanto fizeste isto, e não deste ouvidos a meu conselho”. (2 Cr 25:14-16).
Tinha, pois, Josafá riquezas e glória em abundância: e aparentou-se com Acabe. E, ao cabo de alguns anos, foi ter com Acabe, a Samaria: e Acabe matou ovelhas e bois em abundância, para ele e para o povo que vinha com ele: e o persuadiu a subir com ele a Ramote-gileade. Porque Acabe, rei de Israel, disse a Josafá, rei de Judá; Irás tu comigo a Ramote-gileade? E ele lhe disse: Como tu és, serei eu; e o meu povo, como o teu povo; seremos contigo nesta guerra. Disse, mais, Josafá ao rei de Israel: Consulta hoje, peço-te, a palavra do Senhor. Então o rei de Israel ajuntou os profetas, quatrocentos homens, e disse-lhes: Iremos à guerra contra Ramote-gileade, ou deixá-la-ei? E eles disseram: Sobe; porque Deus a dará na mão do rei. Disse, porém, Josafá: Não há ainda aqui profeta algum do Senhor, para que o consultemos? Então o rei de Israel disse a Josafá: Ainda há um homem por quem podemos consultar ao Senhor; porém, eu o aborreço; porque nunca profetiza de mim bem, senão sempre mal; este é Mica, filho de Imla. E disse Josafá: Não fale o rei assim. Então chamou o rei de Israel um eunuco, e disse: Traze aqui, depressa, a Mica, filho de Imla. E o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, estavam assentados, cada um no seu trono, vestidos com as suas vestiduras, e estavam assentados na praça, à entrada da porta de Samaria, e todos os profetas profetizavam na sua presença. E Zedequias, filho de Quenaana, fez para si uns chifres de ferro, e disse: Assim diz o Senhor: Com estes ferirás aos siros, até de todo os consumires. E todos os profetas profetizavam o mesmo, dizendo: Sobe a Ramote-gileade, e prosperarás; porque o Senhor a dará na mão do rei. E o mensageiro, que foi chamar a Mica, lhe falou, dizendo: Eis que as palavras dos profetas, a uma boca, são boas para com o rei: seja, pois, também, a tua palavra, como a de um deles, e fala o que é bom. Porém Mica disse: Vive o Senhor, que, o que meu Deus me disser, isso falarei... Então disse ele: Vi a todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor: e disse o Senhor: Estes não têm senhor; torne cada um, em paz, para sua casa. Então o rei de Israel disse a Josafá: Não te disse eu que este não profetizaria de mim bem, porém mal? ...   Então Zedequias, filho de Quenaana, se chegou, e feriu a Mica no queixo, e disse: Por que caminho passou de mim o Espírito do Senhor para falar a ti? E disse Mica: Eis que o verás, naquele dia, quando andares de câmara em câmara para te esconderes. Então disse o rei de Israel: Tomai a Mica, e tornai a levá-lo a Amon, o governador da cidade, e a Joás, filho do rei. E direis: Assim diz o rei: Metei este homem na casa do cárcere; e sustentai-o com pão de angústia e com água de angústia, até que eu volte em paz. E disse Mica: Se é que tornares em paz, o Senhor não tem falado por mim.” (2 Cr 18:1-27).

Dá para enxergar três profetas e suas mensagens duras, mas o que sobressai são três reações diferentes da parte dos "destinatários ungidos". Davi reconhece seu erro. Amazias não reconhece, e ameaça o profeta. Acabe não reconhece, permite que o profeta seja agredido fisicamente e em seguida pune severamente o mensageiro de Deus.

Deu para compreender quem são estes profetas? São profetas mesmo! São pessoas tão ungidas quanto os "ungidos", que a mando de Deus se dirigem aos "ungidos" para repreendê-los quando eles tomarem rumos contrários à Sua vontade ou à Sua Palavra, na esperança de que, confrontados com a Palavra de Deus, eles se arrependam e voltem aos princípios simples e sublimes das Escrituras. Nem sempre eles se dão bem... Mica que o diga...

É fato que os reis de Israel, ou contextualizando aos dias de hoje, aqueles que exercem liderança sobre o povo de Deus (no caso atual, os pastores) são ungidos de Deus. Davi não ousou tocar em Saul no aspecto físico, pois como rei de Israel ele era inegavelmente ungido de Deus. Contudo, naquele momento em que Davi era ferrenhamente perseguido, poupou por duas vezes a vida de quem lhe perseguia, mas não se calou, antes denunciou os seus desmandos. Não o matou, mas não o deixou sem uma boa repreensão nos moldes da Palavra de Deus!

Portanto, amado “ungido”, não maltrate os profetas que Deus levantou para te corrigir! Antes, agradeça a Deus por Seu amor, manifestado na correção que Ele te dá, cuidando para que não te percas e nem conduzas à perdição o rebanho que Ele mesmo salvou e resgatou com Seu sangue, e pôs em tua mão para que o conduzisses!

Não chame os blogueiros, que são profetas de Deus em defesa da Palavra e da sã doutrina, e tão ungidos quanto você, de endemoninhados ou coisas semelhantes. Se eles estiverem errados, dê testemunho do erro de conformidade com a reta justiça (as Escrituras), e não de conformidade com teus achismos.

Procure agir como Davi, homem segundo o coração de Deus, que reconheceu seu erro. Jamais aja como Acabe ou como Amazias, que intimidaram, retaliaram e feriram os profetas que lhes foram enviados, meros portadores do recado de Deus para suas vidas, a fim de que eles corrigissem seus caminhos e atitudes perante o Senhor.

Não tenho dúvidas que tu és ungido do Senhor. Apenas não admito que esta unção te conceda status de intocabilidade ou imunidade. Você é tão sujeito a erros quanto eu, e tão sujeito à correção. Quando eu errar, sinta-se à vontade de me corrigir à luz da Palavra! E que Deus me conceda a humildade suficiente de reconhecer Sua voz através da tua boca. Mas esta é uma via de mão dupla, "ungido"! Você também é sujeito aos erros, e à mesma correção divina vinda por mim, desde que igualmente à luz da Palavra! 

Sempre que você se desviar do caminho, o Senhor, que te ungiu e te ama, levantará um ungido profeta, seja ele um detentor de dom espiritual, um blogueiro ou uma mula falando com voz humana, para te convencer a retonar ao Caminho e à prática das primeiras obras. Ouça-o, respeite-o, vá às Escrituras para ver se as coisas são assim mesmo (Atos 17:11), e se for, abandone o erro. É para teu bem! Profeta nenhum, caro "ungido", te leva uma mensagem dura desejando teu mal, mas teu arependimento. Não aja com eles como agiu Amazias  ou Acabe. Aja como Davi: reconheça seus erros e arrependa-se!

Quando abrires a tua boca para falar “não toqueis nos meus ungidos”, lembra-te, “ungido”, da parte "b" do versículo. Tua parte e teu dever, mesmo que não queiras te arrepender, é não maltratá-los e reconhecer a unção que está sobre eles!

sexta-feira, 4 de abril de 2014

GRAÇA E SANTIFICAÇÃO

A salvação é pela GRAÇA. Somente pela graça, e nunca por obras humanas. E não há nada que o homem faça que venha a ser uma "adição" à obra redentora de Cristo.

Mas... Como podemos conciliar tal afirmativa com a orientação aos hebreus que “sem a santificação ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14)? O texto parece sugerir que é necessário haver obras humanas, chamando tais obras de santificação. Será assim mesmo?

Faço questão de repetir: a salvação é pela GRAÇA. Somente pela graça, e nunca por obras humanas. E não há nada que o homem faça que venha a ser uma "adição" à obra redentora de Cristo.

Entretanto, a santificação é o resultado da ação do Espírito Santo sobre nossas vidas, tratando-a para que vivamos de conformidade com o que Cristo viveu (1 Jo 2:6). Entenda: é o resultado da ação do ESPÍRITO SANTO, e não simplesmente a nossa ação. É o Espírito de Deus que nos convence do pecado, e nos conduz a buscar o que é santo. Sem a ação do Espírito, eu JAMAIS me inclinaria a qualquer processo de santificação!

É IMPOSSÍVEL alguém que se achega a Cristo não ter um processo de santificação em sua vida, operado pelo Espírito. Assim, entendo que o princípio ensinado aos hebreus é que os salvos se submeterão à santificação operada pelo Espírito Santo. Os que não se submetem, está claro: não verão o Senhor pois não são dEle e nem se submetem à santificação operada por Ele.

Outro erro comum sobre o assunto é associar SANTIFICAÇÃO com PERFEIÇÃO. E não são, de jeito algum, a mesma coisa. Embora o alvo seja a perfeição, certamente jamais atingiremos tal status diante de Deus enquanto estivermos neste tabernáculo terrestre (a carne). Paulo, escrevendo aos romanos, demonstra muito bem que esta perfeição é inatingível quando desabafa, relatando suas constantes lutas contra a sua carne (Rm 7:15ss). Ao término de sua exposição, ele desabafa: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" (Rm 7:24), e dá graças a Deus por Jesus Cristo, o único que o justifica e o torna apto a entrar no Reino, apesar de seus pecados carnais.

Pelo que eu conheço da minha carne, me imagino aos 99 anos de idade, em uma cama de hospital, sendo tratado por uma enfermeira. Suponho que se esta mulher for bonita, meus olhos velhos ainda darão uma olhada para as formas de seu corpo! Sim... Infelizmente, é a inclinação maligna que minha carne levará até o último suspiro. Assim, nem na hora de minha morte poderei afirmar que atingi a perfeição, mas sim que passei toda a minha vida me submetendo ao processo de santificação que o Senhor operou em minha carne.

Eis porque o ladrão da cruz, mesmo sem tempo para santificação, entrou no céu. Pelos méritos de Cristo. Pela obra da cruz. Pela GRAÇA. Suponho que o ladrão pregado na cruz, sofrendo dores terríveis, tenha gritado algumas palavras de baixo calão no afã de minimizar a dor... Mas sua entrada no céu não estava condicionada aos seus atos, e sim aos méritos de Cristo e à Sua promessa!

Eis porque homens e mulheres quase mortos, em um leito de UTI, ou em estado terminal, após ouvirem o Evangelho e o entenderem, e se submeterem a Cristo, entrarão no céu. Pelos méritos de Cristo. Pela obra da cruz. Pela GRAÇA.

Não há preço a ser pago por nossa salvação. Cristo não pagou 99% do preço, e nos deixou 1% para pagarmos em vida. Falando sobre a redenção da alma do homem, o salmista nos diz que "a redenção da sua alma é caríssima e seus recursos se esgotariam antes" (Sl 49:8). Cristo, exemplificando o alto valor desta redenção, fixou na parábola dos dois devedores um preço tão alto que nem mesmo em uma vida ininterrupta de trabalhos e economias um homem poderia amealhar tal montante (Mt 18:23ss).

Entreguemo-nos à graça de Deus!! Submetamo-nos à santificação que Ele nos impõe e conduz. Mas JAMAIS percamos a visão de uma coisa: a salvação é pela GRAÇA DE DEUS.

SOLA GRATIA!!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

CHAMADOS À MATURIDADE

Tenho me divertido, e muito, com meus netos Samuel e Guilherme, vendo suas brincadeiras de criança, suas gargalhadas e outras atitudes infantis destes dois lindos bebês. O Samuel tem um pouco mais de um ano, e o Guilherme ainda vai completar seu primeiro aninho. Portanto, é natural que estejam ainda engatinhando e arriscando os primeiros e desengonçados passos, forçando a língua para falarem as primeiras palavras e agindo naturalmente como crianças de sua idade... 

Mas o fato é que eu não estaria nem um pouco encantado se eles tivessem cinco anos e o mesmo comportamento de hoje! 

As crianças crescem, e com este crescimento vem um desenvolvimento, sadio e sistemático, de acordo com a idade.  O próprio Senhor Jesus passou por este processo, e a Escritura relata que “crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2:52). Assim sendo, se o Samuel tivesse ainda o mesmo comportamento de Guilherme (e olha que a diferença entre eles é de poucos meses!) diríamos que alguma coisa estava errada em seu desenvolvimento, e procuraríamos imediatamente o pediatra para providências urgentes.

O mesmo se aplica à nossa vida cristã. Quando nascemos de novo, em experiência pessoal e indelével com o Senhor Jesus, somos crianças. Precisamos aprender, crescer na graça e no conhecimento de Deus.

É natural que os novos convertidos (os neófitos, “folhas novas”) tenham atitudes infantis, mas completamente antinatural que permaneçam com tais atitudes por anos! E muito mais antinatural ainda é vermos pastores que se alegram com tal estagnação! Como pais, os pastores devem se alegrar com o desenvolvimento e se preocupar com qualquer retardo no aprendizado, buscando urgente e prontamente a solução para tal problema. Mas infelizmente não é isso que vemos.

Paulo apóstolo, escrevendo à igreja em Corinto, diz aos irmãos: “não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem, tão-pouco, ainda agora podeis, porque ainda sois carnais...” (1 Co 3:1-3). Mais tarde ele complementa, mostrando qual deveria ser o padrão para uma vida cristã saudável: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (1 Co 13:11).

O escritor da epístola aos hebreus, por sua vez, afirma a seus interlocutores: “ ...porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres, pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus, e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento; Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do hábito, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5:11-14).

Causa assombro que na igreja, mormente nos dias atuais, encontremos crentes com dois, três, cinco, dez anos de vida cristã, mas que ainda permanecem com atitudes de criança! Como já disse, é natural que nos primeiros meses da caminhada estas atitudes sejam visíveis, mas é inconcebível que após dois anos de Evangelho alguém continue agindo, pensando, falando como menino! Parece que a prioridade de certos líderes é deixá-los na ignorância mesmo, desestimulando a leitura das Escrituras e a busca por conhecimento teológico, enchendo-os de fábulas e ensinando-lhes "gírias gospel" para deixá-los bem meninos, agindo de forma ridícula e imatura!

Causa igualmente assombro vermos igrejas com vários anos, e as mesmas atitudes de criança! Sim, pois o fenômeno não é só do crente, mas da Congregação! Há igrejas com tanta meninice que torna quase impossível que um crente maduro participe de um de seus cultos!

Há um dialeto infantil dentro das Igrejas. Assim como as crianças chamam o gato de "miau" e o cãozinho de "au-au", os crentes imaturos mantêm um dialeto que preocupa! Os homens, por exemplo, eles insistem em chamá-los de "varão", embora a palavra tenha caído em desuso. Mulheres, são "varoas". Servos de Deus, podem e devem ser chamados de "Vasos". Dá pra fazer um dicionário com o dialeto gospel-afro-judaico! A maturidade nunca chega, não é ensinada nem buscada!

Paulo tinha muito a falar com os coríntios, muito a ensiná-los, mas sabia que não podia, pois os mesmos eram carnais e infantis, e não compreenderiam os seus ensinos! O escritor aos hebreus reclama de ter que repetir ensinos básicos, rudimentares, ao invés de dispensar um ensinamento mais aprofundado. Os mesmos sinais podem ser vistos nos nossos dias. Muitas vezes, queremos dar um alimento mais sólido à igreja, e percebemos que o mesmo não é bem assimilado. Outras vezes, ensinamos coisas básicas (mas que vêm sido ensinadas de forma errada por anos, décadas) mas as pessoas insistem em permanecer no erro e desprezar a verdade!

É verdade que o Senhor Jesus nos ensina que é das crianças o Reino dos céus (Mt 19:14), e que “se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18:3), mas observamos também que, ainda falando aos coríntios, Paulo apóstolo admoesta: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento” (1 Co 14:20). Uma leitura mais cuidadosa do texto de Mateus 18 leva-nos à conclusão de que nunca foi intenção do Senhor Jesus ensinar que precisamos ser IMATUROS, e sim HUMILDES COMO CRIANÇAS (Mt 18:4). Mais uma vez, a simples leitura do contexto explica-nos o versículo seguinte! Mas, infelizmente, este é um dos piores e maiores sinais da imaturidade de nossa geração: nem ler a Bíblia sabe!! Nem a analisar um contexto foram ensinados!!

Assim, um dos maiores desafios da igreja e de seus líderes é desenvolver nas ovelhas uma mentalidade de constante desenvolvimento, crescimento, amadurecimento. Manter as ovelhas imaturas e dependentes pode ser uma forma de deixá-las escravizadas ao "sistema". Entretanto, ensinar as ovelhas e levá-las à maturidade ainda é o melhor caminho. Afinal, ovelha madura e bem alimentada JAMAIS procurará comida seca e sem substância em outras pastagens! 

Fonte da imagem: http://pastormelqui.blogspot.com.br/2012/10/por-que-alguns-adultos-insistem-em-ter.html

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

SUA IGREJA ME ACEITA?


Tá rolando uma série de imagens nas redes sociais com a legenda "Sua Igreja me aceita?" O intuito, parece ser chocar, ou mostrar a intolerância da Igreja com os pecadores de um modo geral. Parece-nos transmitir a mensagem que a Igreja deve aceitar a todos, inclusive aqueles que querem permanecer do mesmo jeito, sem qualquer mudança de vida e/ou conduta!

As citadas imagens precisam, obviamente, ser comparadas, por exemplo, com o jovem rico, que Jesus o aceitou a ponto de a Escritura relatar que Ele “o amou” (Mc 10:21), mas O JOVEM não aceitou as condições impostas pelo próprio Jesus.

Desculpem, mas aceitação de pecadores sem arrependimento NÃO É o papel da Igreja! A Igreja deve estar aberta a aceitar os piores pecadores (e eu estou entre estes!) que, arrependidos, estejam dispostos a confessar e abandonar seus pecados, mas não precisa aceitar NENHUM que não estejam dispostos a passar pelos portais do arrependimento.

A Bíblia relata TRÊS candidatos a discípulos de Jesus, e pelo relato observamos que não basta somente querer segui-lO:

E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém, tu, vai e anuncia o reino de Deus. Disse, também, outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus” (Lc 9:57-62). Desculpem, mas não é só chegar e dizer "quero ser um seguidor". Infelizmente, o texto deixa claro que há prerrequisitos, impostos não pela Igreja, mas pelo próprio Senhor Jesus!

"Sua Igreja me aceita?" -- Quando a multidão perguntou algo parecido a João o batista, obteve a seguinte resposta: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi pois, frutos dignos de arrependimento; E não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.” (Mt 3:7-10). 

"Sua Igreja me aceita?" -- Quando a mulher adúltera fez, de forma indireta, esta pergunta a Jesus, Ele respondeu: “Eu não te condeno; vai-te, e não peques mais.” (Jo 8:11). 

"Sua Igreja me aceita?" -- Quando a multidão, estupefata ao ver os sinais do dia de Pentecostes, perguntou algo parecido a Pedro e aos apóstolos, obteve a seguinte resposta: “Arrependei-vos...” (At 2:38). 

Estes três exemplos devem servir de resposta às perguntas das imagens a que me refiro!!

A Igreja não é lugar de pecadores praticantes. É lugar de pecadores falhos, que lutam diuturnamente contra sua natureza carnal, arrependidos e dispostos a seguir a Cristo! Se o objetivo de alguém é seguir a Cristo sem arrependimento, permanecendo na prática dos pecados dos quais deveria se envergonhar e se arrepender, sinto muito. Muito provavelmente a Igreja, seu pastor e ovelhas podem até te receber, mas o Senhor da Igreja certamente não!

Entretanto, a Igreja deve estar, como Cristo, de braços abertos e acolhedores a todo pecador, por mais bizarro que seja, por "maiores" que sejam os seus pecados, por mais sujo que seja o seu passado. Afinal, como bem disse Jesus, “Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, AO ARREPENDIMENTO.” (Mt 9:12-13). 

dizia [Jesus] a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9:23)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

APRENDENDO A DETERMINAR A SUA VITÓRIA


A vida cristã é dinâmica. Diariamente crescemos de fé em fé, e precisamos dar passos importantes para que este crescimento ocorra de forma saudável. E estes passos são dados quando determinamos coisas para nossa vida e exercemos a nossa fé em relação a estes aspectos da vida cristã.

Alguém poderá dizer: não há na Bíblia qualquer menção de que o crente deva determinar coisas em sua vida; isto é mais uma falácia da “teologia da prosperidade, etc”. Permita-me discordar. As Escrituras mostram, implicitamente, a necessidade de o crente tomar certas atitudes e dar certas ordens a fim de que possamos alcançar vitórias em vários aspectos da nossa vida. O fato inegável, presente no espírito das Escrituras, é que o crente precisa aprender a DETERMINAR para poder alcançar bênçãos e vitórias em sua vida. Como pessoas chamadas a ser cabeça, e não cauda, não podemos e nem devemos simplesmente esperar as coisas acontecerem, ou as bênçãos caírem do céu. Precisamos DETERMINAR a fim de que realmente as bênçãos nos alcancem e nos tragam a vitória que tanto precisamos.

Assim, apresento alguns aspectos da vida cristã em que precisamos DETERMINAR para alcançarmos a nossa vitória.

Primeiramente, DETERMINE que a partir de agora você vai se esforçar para ser um cristão melhor. A partir de hoje, você vai determinar, exercer a sua fé e se esforçar ao máximo no sentido de orar mais, jejuar mais, ler mais a Bíblia. Determine quanto tempo e quantas vezes por dia você vai orar. Determine quantos minutos por dia você vai ler a Palavra. Determine a frequência semanal que você vai jejuar. Determine um horário para suas devocionais diárias. Determine, e lute para cumprir suas próprias determinações!

DETERMINE que de agora em diante irá frequentar mais os cultos regulares de sua Igreja, principalmente os cultos de oração, doutrina e Escola Bíblica. São os passos básicos para que você aprenda mais acerca de Deus e da sã doutrina. Determine neste aspecto que irá se esforçar mais a chegar à Igreja antes do início do culto (afinal, você não faz isso no seu trabalho todos os dias?) e que vai participar dos cultos com reverência e temor.

DETERMINE também que a partir de agora você vai participar mais ativamente das atividades da sua Igreja, como evangelismo, trabalho social etc, e vai se engajar em algum departamento da Igreja, trabalhando não para a liderança, mas para Deus.

DETERMINE acerca daquelas áreas de maior fraqueza em sua vida: inclinações para a carne, pornografias, mentiras, enganos, roubos, adultérios etc. DETERMINE que você irá combater ferrenhamente contra estes pecados, se preciso até o sangue (Hb 12:4).

DETERMINE que você se tornará mais sensível às necessidades de seus irmãos. Passe a ajudar ao próximo em suas necessidades financeiras, não se afaste do pobre e faça o que estiver ao seu alcance para saciar sua fome, pois fomos ensinados pelo Senhor Jesus que “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20:35). Procure fazer isso nos moldes ensinados pelo Senhor Jesus: “quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” (Mt 6:1-4).

DETERMINE que você se tornará mais liberal nas ofertas para a sua Igreja, ofertando com fé, alegria e disposição, contribuindo com missionários que têm compromisso com a pregação do verdadeiro Evangelho.

DETERMINE que buscarás o controle da tua língua, de sorte que doravante vigiarás tua boca para não falar mal do teu próximo, nem difamá-lo, e que também não emprestarás teus lábios para propagar qualquer doutrina falsa, mas que permanecerás fiel ao são Evangelho da graça de Deus.

DETERMINE que você moldará seu caráter, tomando como base o caráter de Deus. Se você roubava, DETERMINE que de hoje em diante não mais roubará. Faça o mesmo em relação às fornicações, adultérios, fraudes, mentiras etc. DETERMINE que, se aparecer algum dinheiro misterioso em sua conta bancária, você procurará o gerente de seu banco e devolverá o que não é seu. DETERMINE que se você encontrar uma carteira na rua, devolverá ao legítimo dono com tudo o que nela esteja, inclusive o dinheiro.

DETERMINE que você se tornará um cidadão cumpridor de seus deveres e obrigações. Determine que não mais sonegará impostos. Determine que pagará as suas contas em dia, e não mais dará calotes no comércio, zelando assim pelo nome de Cristão que carregas. 

Agora, depois de tantas e necessárias DETERMINAÇÕES, você vai compreender que a determinação cristã tem seus limites. Você tem poder para determinar coisas em sua vida, novos alvos, novos rumos, desde que estejam dentro de sua alçada, desde que você tenha o poder de fazer algo para que sua determinação possa ser alcançada com seu esforço. Entretanto, qualquer determinação para que Deus realize seus desejos de prosperidade, cura, vitória, sustento etc, não estão em seu poder!

O ato de determinar coisas para a nossa vida é bíblico. Um dos maiores exemplos disto é o episódio da visita do Senhor Jesus à casa de Zaqueu. No ápice desta visita, o dono da casa determinou coisas profundas para a sua própria vida, e que com certeza o transformaram de forma profunda, de dentro para fora: “Senhor, eis que dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado” (Lc 19:8).

O problema é que a famigerada e antibíblica “teologia da prosperidade” desvirtuou completamente o sentido das verdadeiras determinações que o homem precisa fazer. O que se observa é que as pessoas estão muito mais interessadas em determinar coisas físicas e materiais para si mesmas, de forma egoísta e mesquinha, do que determinar coisas realmente importantes, coisas que refletirão em sua vida e seu caráter, moldando-o como legítimo cidadão do reino de Deus.

Existem dois tipos de “determinações”: as que estão dentro de nossa alçada e autoridade e as que não estão. As que nos dizem respeito são aquelas que englobam a mudança de vida. As acima de nossa alçada, como, por exemplo, determinar coisas para Deus, exigindo que Ele cumpra nossos caprichos, mormente os financeiros, não são bíblicas e são, na verdade, placebos — pílulas de farinha! Deus não se compromete com a realização de nenhum dos nossos pedidos que estejam fora da Sua vontade, e muito menos com ordens ufanas e antibíblicas. Deus, o Eterno Criador, não se submete aos nossos caprichos e nem se obriga a atender determinações tolas. Ele é o Oleiro, e nós somos apenas barro em suas mãos! Tentar-lhe dar ordens, determinar coisas para Ele satisfazer obrigatoriamente vai de encontro à mensagem das Escrituras, como bem afirmou Isaías, o profeta messiânico: Vós tudo perverteis! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Nada sabe” (Is 29:16), e “Ai daquele que contende com o seu Criador! O caco, entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?” (Is 45:9). Paulo, apóstolo aos gentios, afirma: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (Rm 9:18).

Imaginem um soldado raso dando ordens a um general! Eis a mais adequada comparação a ser feita em relação ao crente adepto da “teologia da prosperidade” dando ordens a Deus.

Mas o fato inegável é que a verdadeira “Doutrina da Determinação” é bíblica. Somos chamados a negarmo-nos a nós mesmos e tomarmos a nossa cruz e seguir o Senhor (Mt 16:24), e para isto é necessária MUITA DETERMINAÇÃO! Mas estas determinações se limitam àquilo que podemos lutar para mudarmos nosso caráter, nossas atitudes e nossas ações a fim de nos tornamos cristãos melhores, mais zelosos, mais fieis. O que disso passar, é maligno, e se enquadra perfeitamente nas palavras de Tiago, irmão do Senhor e pastor da Igreja em Jerusalém: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (Tg 4:3).

Antes de erguer sua voz de forma insolente, prepotente e desrespeitosa ao Criador para dar-lhe ordens e determinações, lembra de determinar primeiro a mudança para tua própria vida, e lutar em prol destas determinações! Depois disto, entenderás por que Cristo nos ensinou com o próprio exemplo acerca de fazermos a vontade de Deus, e não de Deus fazer Se submeter às nossas vontades egoístas (Mt 6:10; Mt 26:39, 42)!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

UNÇÃO COM ÓLEO

"Está ALGUÉM entre vós DOENTE? CHAME os PRESBÍTEROS da igreja, e OREM sobre ele, ungindo-o com azeite, em nome do Senhor; E A ORAÇÃO DA FÉ salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Tg 5:14-15).

Estes dias , um dos debates mais acalorados que vi em uma Comunidade de rede social foi a respeito da unção com óleo. Esta prática se tornou muito comum nos meios pentecostais e neopentecostais, de sorte que se tornou costume ungir a todos no culto, ou mesmo nas reuniões. Ungem-se as mãos, os pés, a cabeça, partes específicas do corpo aonde se deseja "abençoar" ou "quebrar maldições". Outros, derramam LITROS de óleo sobre si mesmos ou sobre outras pessoas, e até sobre objetos como CDs e DVDs, na ânsia de que esta "unção" faça com que vendam mais... Há muito tempo a coisa saiu da esfera bíblica!

Permitam-me expor minha opinião a respeito...


O texto de Tiago 5:14-15 é o ÚNICO TEXTO prescritivo no Novo Testamento, que nos manda ungir alguém. A boa hermenêutica ensina que não se deve basear doutrina em texto isolado. Portanto, muito cuidado em relação à unção praticada indiscriminadamente por aí (já soube de pessoas que ungem imóveis, veículos, chaves, e até os animais domésticos!!), fora do padrão prescrito nas Escrituras. Outro texto, presente em Marcos 6:13, mostra que os discípulos também ungiam os enfermos, curando-os, mas não é texto prescritivo, e sim narrativo. Entretanto, não podemos simplesmente ignorar que a Bíblia prescreve a unção com óleo, e devemos buscar na Escritura o padrão deixado por Deus para esta prática.

A primeira coisa que precisamos entender sobre o assunto é que a "doutrina das unções" é veterotestamentária, e a maioria das pessoas que pratica tal "unção" o faz igualmente de acordo com os princípios do Antigo Testamento, e não do Novo, ignorando que vivemos de conformidade com a Nova Aliança, e não com a Antiga. 

Se observarmos bem, perceberemos que a revelação progressiva deixa muito claro que Deus foi ensinando, com o passar das alianças estabelecidas por Ele com Seu povo, como esta unção deveria ser ministrada. Antes da lei, podemos ver pessoas, como Jacó, derramando óleo sobre objetos -- mais precisamente uma pedra, consagrando o lugar ao Senhor (Gn 28:18). Já na Lei de Moisés, vemos claramente que o azeite não mais era derramado sobre objetos, EXCETO na consagração de objetos que seriam usados no culto do Templo, e ungia os sacerdotes, como sinal da descida do Espírito Santo sobre suas vidas. Inclusive, é importante observar que a fabricação e o uso do óleo de unção foi PROIBIDA POR DEUS, sob pena de morte na desobediência, como está escrito: "E falarás aos filhos de Israel, dizendo: Este me será o azeite da santa unção, nas vossas gerações. Não se ungirá com ele a carne do homem, nem fareis outro semelhante, conforme à sua composição: santo é, e será santo para vós. O homem que compuser tal perfume como este, ou que, dele, puser sobre um estranho, será extirpado dos seus povos" (Ex 30:31-33).

Com o advento da monarquia israelita, o azeite passou a ser derramado também sobre alguns reis, simbolizando igualmente a descida do Espírito Santo sobre eles. Observe-se que quando Davi foi ungido, o Espírito passou a habitar nele, ao passo que abandonou Saul (1 Sm 16:13-14). Entretanto, é bom lembrar que a iniciativa da unção nunca partia do profeta, mas de Deus! Vejam que o profeta Samuel NÃO QUERIA ungir Davi, mas só o fez porque Deus ordenou (1 Sm 16:1). Outro fato que não pode ser desprezado é que pelo relato bíblico poucos reis de Israel foram ungidos com óleo. Saul, Davi e Jeú são alguns que a Palavra mostra que foram ungidos. Outros, não se menciona nenhuma unção.


Outra coisa que não vemos na Bíblia, em lugar nenhum, é a AUTO-UNÇÃO, que muitos praticam em nossos dias, mas não tem qualquer amparo escriturístico! E muito menos pedir ou mandar que outros nos unjam, exceto no caso de unção para enfermos.

Na Nova Aliança em Cristo, o Espírito Santo foi derramado sobre toda a Igreja no dia de Pentecostes. A Lei se cumpriu integralmente em Cristo, de sorte que o SIMBOLISMO das unções veterotestamentárias (a unção com azeite para recebimento do Espírito) se materializou no Senhor Jesus, não mais necessitando de unção com óleo. Quem se achega a Cristo por meio do novo nascimento recebe, inexoravelmente, o Espírito Santo, sem exceção! Mesmo que não haja sinais, ou manifestação de dons, o Espírito é recebido no ato do Novo Nascimento. 

Podemos afirmar, à luz dos textos bíblicos da Nova Aliança, que:

1) O Novo Testamento não prescreve unção com óleo na consagração de obreiros, diáconos ou presbíteros (pastores, evangelistas, missionários etc). Os mesmos são consagrados com IMPOSIÇÃO DE MÃOS (At 6:6; 13:3; 1 Tm 4:14). 

2) O Novo Testamento não prescreve unção com óleo para "batismo" do Espírito Santo. No livro de Atos, vemos casos aonde os apóstolos impunham as mãos, e os crentes recebiam o DOM do Espírito Santo (At 19:6). 

3) O Novo Testamento não prescreve unção com óleo para se expulsar demônios! Sim, há gente que faz isso! O exorcismo era feito unicamente com a voz de ordem para que o espírito mau saia do corpo do ser humano.

4) O Novo Testamento não prescreve a unção para consagrar objetos, imóveis etc. Não há, no NT, um único texto que sequer relate um objeto sendo "ungido".

5) Não há, em nenhum texto do Novo Testamento, a orientação de que TODOS os participantes de uma reunião da Igreja devam ser ungidos. O único texto que poderia deixar isso transparecer é o relato da mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lc 7:44-46), quando Jesus lançou no rosto de Simão que ele não lhe ungiu a cabeça com azeite. Mas se trata de um texto que reflete um costume. Ele não prescreve uma norma doutrinária para a Igreja, mas um costume judaico de higiene e respeito ao se receber uma visita. Os que acham que este texto justifica que todas as pessoas sejam ungidas na entrada do culto (ou mesmo durante o culto), devem também oferecer A TODOS água para lavar os pés e beijar, um por um, com ósculo santo, pois Jesus também reclamou a ausência de todas estas coisas!

Mas Tiago, irmão do Senhor, menciona a UNÇÃO DOS ENFERMOS. Sobre isso, falamos:

Como já dissemos anteriormente, repetimos: trata-se de TEXTO ÚNICO, isolado, sobre o assunto, e por isso deve ser lido e entendido com cuidado e critério, assim como 1 Co 15:29, texto ÚNICO e ISOLADO que fala sobre BATISMO PELOS MORTOS, e que foi tomado por algumas seitas como justificativa para batizar por procuração uma pessoa morta, não pode ser usado para definir uma doutrina de batismo pelos mortos.

Sigamos, passo a passo, o que diz o texto de Tiago, analisando as palavras gregas nele presentes:

a) “Está ALGUÉM?...” (τις tis pronome indefinido enclítico; alguém, uma certa pessoa) - O uso da unção com óleo é para pessoas, e não para objetos! O próprio fato deste ALGUÉM estar DOENTE demonstra isso, pois objetos não adoecem...

b) “Está ALGUÉM entre vós DOENTE?...” (ασθενεω astheneo - 1) ser fraco, débil, estar sem força, sem energia -2) estar debilitado, doente) - O uso da unção com óleo é para pessoas DOENTES, para que eles recebam CURA. E não para que sejam consagrados, separados, santificados, cheios do Espírito, abençoados etc. É para DOENTES. Se você não está doente, mas quer ser ungido para alcançar vitória, para receber bênçãos, afastar mau olhado gospel etc, não é por aí... A unção é só para doentes!

c) “Está ALGUÉM entre vós DOENTE? CHAME...” (προσκαλεομαι proskaleomai - 1) convocar 2) chamar para si 3) ordenar a vir) - O "alguém" que está doente é quem deve CHAMAR, ou alguém que o represente. Deve ser um ato voluntário, manifesto pelo doente ou oir pessoas ligadas a ele, como familiares diretos ou amigos, CHAMANDO alguém.

d) O ato de "chamar" dá a entender que tal ritual não deve ser feito na Igreja, e sim na casa do enfermo, provavelmente nos casos em que a pessoa esteja impossibilitada de ir à casa de reunião da Igreja. Entretanto, os doentes que puderem ir à casa de reunião podem, creio eu, também solicitar a unção na Igreja...

e) “Está ALGUÉM entre vós DOENTE? CHAME os PRESBÍTEROS...” (πρεσβυτερος presbuteros 1) ancião, de idade, 1a) líder de dois povos 1b) avançado na vida, ancião, sênior 1b1) antepassado 2) designativo de posto ou ofício)  - São os PRESBÍTEROS, e não os diáconos, e não os dirigentes do círculo de oração, e não o presidente da Mocidade, e não os profetas, e não os "vasos", quem devem ser chamados, quem devem promover tal unção com óleo... SÃO OS PRESBÍTEROS. A visita de um presbítero a uma casa não traz apenas a orarção e a unção, mas traz a pregação da Palavra de Deus, que pode alcançar as pessoas que precisam ouvi-la para serem salvas!

f) “Está ALGUÉM entre vós DOENTE? CHAME os PRESBÍTEROS da igreja, e OREM...” (προσευχομαι proseuchomai 1) oferecer orações, orar) - Deve haver oração. Não é a unção que é o fundamental, mas a ORAÇÃO. Lamentavelmente, um famoso “telepastor” certa vez ofereceu à igreja um frasquinho de óleo que, segundo ele, bastava ungir o doente e ele seria curado, SEM ORAÇÃO. Não é isso que a Bíblia ensina...

g) “...E A ORAÇÃO DA FÉ salvará o doente, e o Senhor o levantará...” - Não é o óleo, com seus poderes mágicos, místicos, especiais... É A ORAÇÃO quem traz a cura. E não é a pessoa que ora quem o levanta, através de seus poderes e dons, mas O SENHOR.

h) Coloco aqui uma situação, para análise, procurando demonstrar que o mais importante é a oração, e não a unção com óleo. Imagine que você está passando na rua, e alguém te veja, te reconheça como crente, e te peça para entrar em sua casa, pois um parente está doente. Você bate nos bolsos, e vê que esqueceu o frasquinho de óleo... E aí? O que é mais importante: o óleo, ou a sua oração?

i) Finalmente, NÃO EXISTE ÓLEO UNGIDO. Para haver óleo ungido, seria necessário pegar um óleo não-ungido, e ungi-lo com óleo ungido, derramando óleo ungido sobre o óleo não-ungido, tornando o óleo não ungido em óleo ungido pelo contato com óleo ungido... Ai, que confusão!! O máximo que pode haver é óleo consagrado, sobre o qual oramos, e simplesmente o separamos para uso exclusivo na unção dos enfermos. E este óleo não é nenhuma poção mágica para curar pessoas. Não há poder especial nele. Na ausência do óleo que foi consagrado, podemos usar até mesmo um pouco de azeite que temos em casa, e que normalmente usamos para frituras ou tempero de saladas...

Isto posto, se você tem feito a coisa errada este tempo todo, nunca é tarde para aprender pelas Escrituras, compreender os erros, dar meia volta e tornar à prática das primeiras obras (Ap 2:5)! 

domingo, 8 de dezembro de 2013

DESMISTIFICANDO A SANTA MÚSICA GOSPEL


Para muitos crentes, a música gospel é santa, pura e imaculada. Muitas vezes até superior às Escrituras, pois doutrinas são elaboradas com base em letras de músicas gospel, e não na Bíblia, e incorporadas ao corpo doutrinário de muitas Igrejas. A “Doutrina da Restituição” é um exemplo disso, pois embora não tenha NENHUMA base bíblica foi estabelecida após uma banda de sucesso gravar uma dezena de músicas tratando de restituição, de querer de volta o que é seu, buscando a restauração de tudo o que eu perdi mas é meu, e eu quero de volta, sete vezes mais, em dupla honra!!! Esta "teologia" há muito foi incorporada ao panteão doutrinário das igrejas, mesmo não tendo qualquer base escriturística...

Vez por outra eu comento com alguns amigos que a arte mais perseguida pela religião é a música. E sinceramente, não consigo entender o porquê. Música “do mundo” SEMPRE é pecado, ao passo que outras expressões artísticas "do mundo" são muito bem toleradas, e algumas até incentivadas. 

Não se deve cantar nem ouvir música “do mundo”, mas se pode assistir novelas (teledramaturgia), que têm como trilha sonora... MÚSICAS DO MUNDO! O mesmo se aplica a filmes, peças teatrais etc, que possuem trilhas sonoras com o mesmo tipo de música. 

Raramente vejo crentes serem disciplinados ou censurados por assistir seriados de terror como o THE WALKING DEAD (onde um grupo de pessoas luta contra zumbis, coisas a priori demoníacas e ligadas ao vodu e ao ocultismo), mas sempre vejo censuras e disciplinas por ouvirem músicas de bandas de rock, assistirem a shows como o Rock in Rio (embora os shows gospel sejam IDÊNTICOS a estes shows “do mundo”, completamente copiados inclusive nas coreografias, iluminação, pirotecnia...). 

Ouvir música do mundo é pecado, mas ler livros do mundo não é. Ou seja, se eu ler o poema FANATISMO da poetisa Florbela Espanca é cultura, mas se eu ouvir o mesmo poema que foi musicado pelo Fagner, é PECADO!  Ler um livro de sonetos do Vinicius de Moraes é sinal de superioridade literária de minha parte, mas se eu ouvir ou cantar os mesmos sonetos , muitos deles musicados pelo saudoso Poetinha e seus parceiros, é PECADO. Quem lê um livro do Carlos Drummond de Andrade e se depara com seu poema JOSÉ é um amante da boa literatura, mas quem ouve o mesmo poema na música do Paulo Diniz vai queimar no mármore do inferno!

As artes plásticas (quadros e esculturas) são toleradas (nunca vi ninguém ser censurado por ter um lindo e caro acervo nas paredes da sala de estar de suas casas). 

Como já falei, parece haver uma implicância com as músicas "do mundo", e tolerância absoluta com as demais artes "do mundo", mesmo que estas demais artes se utilizem, em segundo plano, das músicas "do mundo", como as trilhas sonoras. O fato de não se ouvir músicas "do mundo" se torna um diferencial que demonstra maior espiritualidade, maior santidade, maior status de crente! Entra aí a falsa piedade, o sentimento de que o crente é mais espiritual quando não ouve tais músicas, embora a Escritura afirme:


“Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados.”  (Tt 1:15)

“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1 Co 10:31)
“Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que é que vocês, então, como se ainda pertencessem a ele, se submetem a regras: "Não manuseie! " "Não prove! " "Não toque! "? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne.” (Cl 2:20-23)

Com estes 3 textos já dá pra se ter uma ideia de que não existe pecado em ouvir músicas seculares... Obviamente que, se eu estou buscando musicas que fazem apologia aos valores e impurezas mundanas, estou incorrendo em erro, mas no geral em momento algum a bíblia trata o "ouvir música" como pecado.

Mas neste artigo eu quero falar sobre MÚSICA. Música gospel, a santa expressão do louvor musical e da adoração sonora a Deus, em contrapeso à música “do mundo”, diabólica e escarnecedora...  Por que para muitos “crentes” só se deve ouvir música gospel, e ouvir “música do mundo” é pecado?

Algumas respostas que já escutei ou recebi de crentes gospel a esta pergunta simples... E em seguida, uma breve explicação sobre elas...

1. A LETRA DE UMA MÚSICA “DO MUNDO” NÃO GLORIFICA A DEUS

A maioria das letras gospel também não! Glorificam ao homem, suas ânsias de vingança, enriquecimento, honra, dupla honra, vitória, restituição etc. O HOMEM, o EU, é o centro delas, e não Deus. NEM DE LONGE glorificam a Deus! Para glorificar a Deus, uma música precisa apontar para a Obra dEle, da criação, da salvação, da santificação, Sua graça infinta, imerecida pelo homem e não conquistada por obras de justiça etc... E sempre que falar sobre o homem, ressaltar seu pecado, sua depravação, sua incapacidade de buscar a Deus ou alcançar a salvação ou qualquer outra benesse por seus próprios méritos, e mostrar que tudo o que Deus dá ao homem é por graça, só por graça! Uma música que só retrata que eu sou vencedor, que eu nasci para vencer, para ser cabeça e não cauda, que Deus vai (tem que) restituir o que é meu, que vai humilhar meus inimigos e me exaltar, nem de longe foi composta ou é cantada para louvar a Deus!

O simples fato de falar de Deus ou mencionar passagens das Escrituras não significa que está-se honrando a Deus. O próprio Jesus afirma isso, quando diz: “Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mt 15:8-9). Assim, não é porque um "hino" fala em Deus ou cita um texto bíblico que está honrando ou glorificando a Ele.

Repito: nem de longe as músicas gospel adoram a Deus!! A própria forma de composição geralmente em primeira pessoa (e mesmo quando compostas em terceira pessoa sempre direciona esta terceira pessoa para o homem) demonstra que a adoração ou a glorificação não é para Deus, e sim para O HOMEM. Analisemos algumas letras:
Onde era tristeza se verá / A dupla honra ME ornar ... É chegada a MINHA hora / MEU silêncio já acabou / Ouça o som da MINHA grande festa / EU vou viver uma virada em MINHA VIDA, eu creio!
Mestre EU preciso de um milagre ... Faz tempo que EU não vejo a luz do dia / Estão tentando sepultar MINHA alegria / Tentando ver MEUS sonhos cancelados /.../ Remove a MINHA pedra / ME chama pelo [MEU] nome / Muda a MINHA história / Ressuscita os MEUS SONHOS
Restitui... EU quero de volta o que é MEU /  Sara-ME, e põe teu azeite em MINHA dor
VOCÊ é um escolhido, e a SUA história não acaba aqui /  VOCÊ pode estar chorando agora, mas amanhã VOCÊ irá sorrir /  Deus vai TE levantar das cinzas e do pó...
Sinceramente, você acha que Deus é realmente adorado em letras como estas?? Nada tenho contra seus compositores e/ou cantores mas, com toda a sinceridade, estas letras não adoram a Deus, mas ao homem!

O pastor A. W. Pink disse certa vez que os hinos do passado eram compostos usando as palavras “Tu és, Tu és, Tu és”, enquanto que os modernos eram compostos com as palavras “Eu sou, eu sou, eu sou...”. Visivelmente observa-se que o alvo da glória não é Deus, mas o homem, o crente, o EU.... E olha que o pr. Pink faleceu na década de 1950, certamente muito antes da maioria das pessoas que leem este Artigo terem nascido! O que ele diria nos dias de hoje??


2. A LETRA DE UMA MÚSICA “DO MUNDO” NÃO É BASEADA NAS ESCRITURAS 

Por favor, deem uma olhada nas músicas gospel, analisem suas letras de forma isenta e desapaixonada, e vocês verão claramente que poucas letras são realmente baseadas na Bíblia, e mesmo as que são muitas vezes DISTORCEM o que a Bíblia realmente diz. A famosa música gospel RESSUSCITA-ME é um exemplo de letra baseada na Bíblia (a ressurreição de Lázaro), mas que distorce completamente o sentido da narrativa bíblica, associando-a ao cumprimento dos NOSSOS sonhos. Logo, é mais uma música que tem por objetivo a realização pessoal dos desejos do homem. 

Uma música baseada na Bíblia não é aquela que transcreve PALAVRAS da Bíblia, mas a ESSÊNCIA. Satanás citou o Salmo 91, por ocasião da tentação do Senhor Jesus, mas subtraiu-lhe a essência, o verdadeiro significado, o verdadeiro princípio. Logo, uma música como FAZ O MILAGRE EM MIM pode até citar a história do encontro de Jesus com Zaqueu, mas quando não transmite o real sentido deste encontro, mostra que não está baseada na Bíblia; apenas usa algumas de suas palavras, para adquirir status de bíblica!

Na verdade, tais músicas que distorcem o sentido real da narrativa bíblica transmitem uma falsa piedade. Podem até estar parcialmente baseadas no texto sagrado, mas quando são analisadas de forma criteriosa se observa que o texto bíblico foi tão distorcido e desvirtuado que transmitem uma ideia completamente errada daquilo que a Bíblia quer ensinar, chegando até a negar verdades doutrinárias ou acrescentar-lhe inverdades.

Sinceramente, qual a base escriturária de músicas do tipo SABOR DE MEL? NENHUMA!! Aonde ela se encaixa nos princípios da Nova Aliança de perdão e amor aos nossos inimigos?

Nos dias de hoje, é muita sorte comprar um CD gospel com 12 faixas e encontrar UMA MÚSICA com base realmente escriturística!! Geralmente, é um hino da Harpa, ou um hino das antigas que é regravado!

3. O CANTOR “DO MUNDO” NÃO TEM COMPROMISSO COM DEUS 

A maioria dos cantores gospel também não! Eles têm compromisso com sua gravadora, com seus produtores, com os programas de tevê e rádio que participam, com as denominações e/ou organizações a que estão ligados e que os apoiam ou patrocinam, e com os erros doutrinários ensinados por estas denominações e organizações, além do compromisso maior com Mamom e seus próprios bolsos!

Alguns cantores gospel de nossos dias chegam a ter compromisso com uma personagem criada por marqueteiros. Fazem caras e bocas, se apresentam com certas roupas, maquiagens e acessórios, demonstrando claramente que estão atuando, vivendo uma personagem dissociada do seu verdadeiro caráter. São atores, desempenhando um papel meticulosamente calculado para atender a certos públicos, satisfazendo os anseios deste público de tietar um ídolo da música. Isso não é compromisso com Deus, mas com o sistema!

4. OS CANTORES QUE CANTAM MÚSICA “DO MUNDO” NÃO SÃO CRENTES

E quem disse que quem canta música gospel é crente?? Muitos cantores são conhecidos por não serem crentes, alguns até deixam isso bem claro... Muitos apenas cantam músicas gospel, se aproveitam desta fatia de mercado!! Outros, não agem como crentes (há relatos de alguns que já fizeram shows apresentando sintomas de embriaguez, que já se hospedaram com fãs em seus quartos de hotel, que usaram drogas etc). Eu poderia até citar nomes aqui, mas não é esse o objetivo deste artigo!

Aprendamos uma coisa: “nem todos os que são de Israel são israelitas” (Rm 9:6), e não é porque quem canta, quem gravou, quem compôs, é chamado de “evangélico” que a música é cristã! Há muitos crentes que cantam “hinos” que não condizem nem um pouco com a sã doutrina; devemos dar ouvidos a estas mentiras, mesmo quando saídas da boca de um crente?? E há muito não-crente que canta coisas corretas; devemos desprezar o que é certo só porque quem compôs ou quem canta não faz parte de nossos arraiais?

5. A MÚSICA GOSPEL É UMA DAS FORMAS DE SE PREGAR O EVANGELHO AOS NÃO-CRENTES

E eu até poderia concordar com isso se as letras das músicas fossem fieis ao Evangelho descrito na Bíblia, mas não são! As letras destas músicas gospel só tratam das bênçãos que o homem quer, as quais já citamos e repetimos: vingança, enriquecimento, honra, dupla honra, vitória, restituição etc. Não! Infelizmente, músicas gospel NÃO PREGAM O EVANGELHO, pois suas letras não contém o verdadeiro Evangelho! 

Além disso, nestas músicas não se conclama o homem ao reconhecimento de sua condição de pecadorao arrependimento, à mudança de vida e atitudes e à necessidade de se submeter a Deus. Desculpem, mas não conheço pregação evangelística que não trate de pelo menos um ou dois destes assuntos! Por favor, identifiquem pelo menos UM DELES na música gospel SABOR DE MEL...

Aqui pra nós, seja sincero: qual é o “evangelho” que um “hino” como EU VOU VIVER UMA VIRADA prega?? Em que parte da letra encontramos a convocação ao arrependimento e conversão?? É uma música de entretenimento, e confesso que até gosto dela, musicalmente falando, mas a letra não evangeliza ninguém!

6. O CRENTE É EDIFICADO AO OUVIR MÚSICA GOSPEL

Não, o crente é edificado ao ORAR, LER ou OUVIR A PALAVRA, JEJUAR... A música, em todas as esferas, tem função de entretenimento, e à música religiosa se soma a necessidade de exatidão doutrinária, ou seja, a letra deve OBRIGATORIAMENTE refletir a sã doutrina. Só assim, atrelada à sã doutrina, sem desvios doutrinários ou erros, ela está apta para edificar, pois ouvi-la se equipararia a ouvir a Palavra. Quando a música cristã reflete fielmente a Palavra de Deus e a sã doutrina, aí sim ela passa a edificar quem a ouve.

A maioria das músicas gospel não têm letra baseada na sã doutrina, e sim são compostas estrategicamente com letras "pra vender", para agradar à massa consumidora e o sistema vigente; logo, não edifica coisíssima nenhuma, Apenas serve, assim como qualquer “música do mundo”, como entretenimento, e entretenimento maligno, pois enquanto teria a OBRIGAÇÃO de ensinar a verdade, pelo contrário, ensina doutrinas erradas a quem as ouve, e passa-lhes o status de verdade absoluta; afinal, é uma música gospel, santa! 

Sinceramente: há mais edificação ao se ouvir certas músicas “do mundo” do que ouvir certas músicas gospel completamente desprovidas de conteúdo bíblico e, principalmente, de bom senso! Um exemplo disso é JESUS SALVADOR, de Roberto Carlos, que é muito mais edificante e bíblica que MUITAS músicas gospel que conhecemos!!

7. OS COMPOSITORES DO MUNDO MUITAS VEZES SÃO ADEPTOS DE RELIGIÕES AFRO, ESOTÉRICAS ETC

É verdade! E os compositores gospel são adeptos do movimento gospel, comprometidos com tal movimento, que deturpa o Evangelho, muda seus princípios, distorce as Escrituras e perverte a sã doutrina. Além disso, têm o dinheiro, a fama e o estrelismo como pilares maiores. Neste aspecto, não sei quem está em posição pior... Aliás, sei sim! Certamente, aquele que conhece o Evangelho mas que compõe músicas que transmitem ideias e conceitos diferentes do Evangelho, que fomenta o erro ao invés de proclamar a verdade, é mais culpado do que aquele que NÃO CONHECE o Evangelho.

8. AS MÚSICAS GOSPEL TÊM MAIS QUALIDADE QUE AS MÚSICAS “DO MUNDO”

Acredite quem quiser, mas já me mandaram este argumento aí!!  E quem mandou só pode estar de brincadeira!!  Quem considera a qualidade da música gospel superior à das músicas “do mundo” deve ter algum problema!!  Exceto raríssimos exemplos, ocorre exatamente ao contrário! Em todos os quesitos -- harmonia, melodia, ritmo e letra -- a música “do mundo” é superior! Observem-se estes quesitos em músicas de Djavan, Ivan Lins, Jorge Vercilo, e comparem com os mesmos quesitos nos cantores gospel mais famosos...  É claro que há casos e casos! Toda generalização é burra. O lixo e o chorume podem ser encontrados em ambas as vertentes! Há muita coisa boa, no sentido de harmonia, melodia e ritmo, em muitas músicas gospel, e muita coisa ruim no ramo secular. Por exemplo, a banda Diante do Trono possui excelentes arranjos, e o mesmo se aplica à cantora Fernanda Brum. Quanto às letras... Prefiro não comentar! Pelo menos, por enquanto...

9. AS MÚSICAS GOSPEL TRANSMITEM O RECADO DE DEUS PARA O HOMEM PECADOR

Não. Elas no máximo transmitem o recado do(s) compositor(es), do(s) cantor(es), do(s) produtor(es), do líder da denominação, da “visão ministerial” e da Editora ou Gravadora que está por trás do cantor ou da banda! Transmitiria o recado de Deus se houvesse fidelidade doutrinária. Muitas vezes, cantores são apoiados por determinado ministério, e são obrigados a gravar “hinos” que referendam as doutrinas deste “ministério”, e para continuar sendo apoiados tais cantores se submetem à prostituição doutrinária.

Um exemplo disso é o cantor Nani Azevedo (de quem gosto muito), apoiado pela Editora e Ministério de um grande pastor brasileiro. Em um dos seus últimos discos, ele gravou a música ENQUANTO O MILAGRE NÃO VEM, que para fazer coro com o ministério do citado pastor traz em sua letra esta pérola: “Sei que a prosperidade vai me acompanhar enquanto eu semear”. Ele foi obrigado pelas circunstâncias a promover a “visão da semeadura” que seu mecenas tanto prega!

10. A MÚSICA GOSPEL APROXIMA O HOMEM DE DEUS 

Como assim?? De que forma um axé gospel, tocado em cima de um trio elétrico em uma das muitas “Marchas-Para-Não-Sei-Quem” e acompanhada por uma multidão de foliões, digo, fiéis pulando atrás do trio, os aproxima de Deus??  Desde quando uma letra que prega inverdades doutrinárias (como, por exemplo, as que nos ensinam a DETERMINAR a nossa vitória, EXIGINDO isso de Deus) aproxima alguém de Deus?? Desde quando uma música aonde vocifero maldições e pragas contra "os que me viram passar na prova e não me ajudaram" me aproxima de Deus, uma vez que Ele mandou exatamente o contrário: “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”  (Mt 5:44), e Paulo arremata em seguida: “Abençoai aos que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis” (Rm 12:14)?? Não entendi... Dá pra me explicar melhor?

11. A MÚSICA GOSPEL PREGA A VERDADE

Ah, como eu queria que isso fosse verdade!! Mas pelo contrário, ela prega, ensina e dissemina a mentira!

Em primeiro lugar, o que é a verdade? Platos fez esta pergunta a Cristo, e não obteve resposta. Entretanto, o próprio Senhor Jesus deixou a resposta bem clara por ocasião de sua oração sacerdotal: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17:17). Não são os meus conceitos, não é a interpretação que eu dou às Escrituras, não é o corpo doutrinário desta ou daquela Igreja. A PALAVRA DE DEUS é a verdade. E por consequência, somente aquilo que concorda com a Palavra é a verdade. Pregação da verdade é, inexoravelmente, pregar de conformidade com esta Palavra. Assim sendo, os meus conceitos a minha interpretação ou o corpo doutrinário da Igreja tem que estar submissos à Palavra!

A música sacra tem como obrigatoriedade a fidelidade doutrinária. Quando sua letra é um reflexo fiel do que ensina a Escritura, ela não só transmite a verdade como facilita aos ouvintes o entendimento e assimilação desta verdade. A música secular não tem esta prerrogativa, pois ela apenas se dá à função de entreter. A música sacra, tem função dupla: entreter e ENSINAR! Eis porque ela precisa estar atrelada à verdade, à sã doutrina.

A música secular, “do mundo”, não tem pretensões de ensinar verdades, mas de entreter os ouvintes. O cantor “do mundo” Caetano Veloso escreveu em sua música COMO DOIS E DOIS a seguinte frase musical: “Meu amor / Tudo em volta está deserto, tudo certo / Tudo certo como dois e dois são cinco”. Evidentemente, sua intenção NÃO FOI ensinar uma verdade, quer teológica ou matemática, e sim se utilizar de ironia. Ninguém em são juízo, ao ouvir dez ou vinte vezes esta música, irá concluir que 2 + 2 = 5. 

Na música sacra, entretanto, quanto mais ouvimos “pérolas” do tipo “Restitui... Eu quero de volta o que é meu”, a autoridade de música gospel e religiosa transmite a ideia de que a doutrina da restituição se trata de uma verdade absoluta, presente nas Escrituras. E o povo cai, inexoravelmente, no engodo, e é conduzido ao erro! Assim sendo, seus compositores e cantores cometem dois pecados: ensinar o erro, e cantá-lo com tal autoridade que muitas pessoas, uma grande multidão, toma estas palavras em pé de igualdade com a Bíblia! Assim, muitas músicas gospel na verdade estão prestando um grande desserviço à sã doutrina, ensinando mentiras como se fossem verdades e levando multidões a abraçar o erro.

A música gospel está longe, MUITO LONGE, de pregar ou ensinar a verdade! Ela é, na verdade, uma disseminadora e perpetuadora de mentiras! A cada nova “pérola musical” que é lançada, pastores sérios e comprometidos com o rebanho têm um trabalho hercúleo de mostrar os erros, ensinar a verdade e remar contra a maré da geração gospel, pois os grupos de louvor querem imediatamente incorporar tais músicas, que fazem muito sucesso no meio cristão, a seu repertório. Proibir sua execução torna o pastor zeloso um estraga-prazeres!

A maioria quase absoluta das músicas gospel pregam A MENTIRA. E cabe a nós denunciarmos isso, mostrarmos o erro e abolir este lixo mentiroso de nossos altares!

----------------------------

O grande objetivo deste artigo não é desmoralizar a música sacra, que é importantíssima na adoração e no processo de doutrinação da Igreja. O objetivo é mostrar que a música gospel nada tem, ou pouco tem, de sacra. Não pretende incentivar a música secular, mas chamar a atenção para as incongruências da chamada música gospel, que infelizmente está atrelada a sistemas mundanos tão escusos que se desvirtuou da verdadeira adoração, da fidelidade escriturística e doutrinária.

Nada tenho contra os cantores e/ou compositores citados neste texto. Canto muitos hinos dos mesmos citados, desde que sejam cristocêntricos, de real adoração a Deus e que possuam letra bíblica. Apenas gostaria que eles fossem mais criteriosos ao compor ou cantar um hino. Voltem às Escrituras! Tornem à sã doutrina. Abandonem a indústria gospel!! Aí sim, a música gospel se converterá em música cristã e será, em todas as instâncias, preferida diante das músicas “do mundo”. Mas não fará das músicas “do mundo” um pecado!

imagem coletada em http://pauloporpaulopnd.blogspot.com.br/2011/05/po-e-poesia-cantando.html