terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

CHAMADOS À MATURIDADE

Tenho me divertido, e muito, com meus netos Samuel e Guilherme, vendo suas brincadeiras de criança, suas gargalhadas e outras atitudes infantis destes dois lindos bebês. O Samuel tem um pouco mais de um ano, e o Guilherme ainda vai completar seu primeiro aninho. Portanto, é natural que estejam ainda engatinhando e arriscando os primeiros e desengonçados passos, forçando a língua para falarem as primeiras palavras e agindo naturalmente como crianças de sua idade... 

Mas o fato é que eu não estaria nem um pouco encantado se eles tivessem cinco anos e o mesmo comportamento de hoje! 

As crianças crescem, e com este crescimento vem um desenvolvimento, sadio e sistemático, de acordo com a idade.  O próprio Senhor Jesus passou por este processo, e a Escritura relata que “crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2:52). Assim sendo, se o Samuel tivesse ainda o mesmo comportamento de Guilherme (e olha que a diferença entre eles é de poucos meses!) diríamos que alguma coisa estava errada em seu desenvolvimento, e procuraríamos imediatamente o pediatra para providências urgentes.

O mesmo se aplica à nossa vida cristã. Quando nascemos de novo, em experiência pessoal e indelével com o Senhor Jesus, somos crianças. Precisamos aprender, crescer na graça e no conhecimento de Deus.

É natural que os novos convertidos (os neófitos, “folhas novas”) tenham atitudes infantis, mas completamente antinatural que permaneçam com tais atitudes por anos! E muito mais antinatural ainda é vermos pastores que se alegram com tal estagnação! Como pais, os pastores devem se alegrar com o desenvolvimento e se preocupar com qualquer retardo no aprendizado, buscando urgente e prontamente a solução para tal problema. Mas infelizmente não é isso que vemos.

Paulo apóstolo, escrevendo à igreja em Corinto, diz aos irmãos: “não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem, tão-pouco, ainda agora podeis, porque ainda sois carnais...” (1 Co 3:1-3). Mais tarde ele complementa, mostrando qual deveria ser o padrão para uma vida cristã saudável: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (1 Co 13:11).

O escritor da epístola aos hebreus, por sua vez, afirma a seus interlocutores: “ ...porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres, pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus, e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento; Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do hábito, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5:11-14).

Causa assombro que na igreja, mormente nos dias atuais, encontremos crentes com dois, três, cinco, dez anos de vida cristã, mas que ainda permanecem com atitudes de criança! Como já disse, é natural que nos primeiros meses da caminhada estas atitudes sejam visíveis, mas é inconcebível que após dois anos de Evangelho alguém continue agindo, pensando, falando como menino! Parece que a prioridade de certos líderes é deixá-los na ignorância mesmo, desestimulando a leitura das Escrituras e a busca por conhecimento teológico, enchendo-os de fábulas e ensinando-lhes "gírias gospel" para deixá-los bem meninos, agindo de forma ridícula e imatura!

Causa igualmente assombro vermos igrejas com vários anos, e as mesmas atitudes de criança! Sim, pois o fenômeno não é só do crente, mas da Congregação! Há igrejas com tanta meninice que torna quase impossível que um crente maduro participe de um de seus cultos!

Há um dialeto infantil dentro das Igrejas. Assim como as crianças chamam o gato de "miau" e o cãozinho de "au-au", os crentes imaturos mantêm um dialeto que preocupa! Os homens, por exemplo, eles insistem em chamá-los de "varão", embora a palavra tenha caído em desuso. Mulheres, são "varoas". Servos de Deus, podem e devem ser chamados de "Vasos". Dá pra fazer um dicionário com o dialeto gospel-afro-judaico! A maturidade nunca chega, não é ensinada nem buscada!

Paulo tinha muito a falar com os coríntios, muito a ensiná-los, mas sabia que não podia, pois os mesmos eram carnais e infantis, e não compreenderiam os seus ensinos! O escritor aos hebreus reclama de ter que repetir ensinos básicos, rudimentares, ao invés de dispensar um ensinamento mais aprofundado. Os mesmos sinais podem ser vistos nos nossos dias. Muitas vezes, queremos dar um alimento mais sólido à igreja, e percebemos que o mesmo não é bem assimilado. Outras vezes, ensinamos coisas básicas (mas que vêm sido ensinadas de forma errada por anos, décadas) mas as pessoas insistem em permanecer no erro e desprezar a verdade!

É verdade que o Senhor Jesus nos ensina que é das crianças o Reino dos céus (Mt 19:14), e que “se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18:3), mas observamos também que, ainda falando aos coríntios, Paulo apóstolo admoesta: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento” (1 Co 14:20). Uma leitura mais cuidadosa do texto de Mateus 18 leva-nos à conclusão de que nunca foi intenção do Senhor Jesus ensinar que precisamos ser IMATUROS, e sim HUMILDES COMO CRIANÇAS (Mt 18:4). Mais uma vez, a simples leitura do contexto explica-nos o versículo seguinte! Mas, infelizmente, este é um dos piores e maiores sinais da imaturidade de nossa geração: nem ler a Bíblia sabe!! Nem a analisar um contexto foram ensinados!!

Assim, um dos maiores desafios da igreja e de seus líderes é desenvolver nas ovelhas uma mentalidade de constante desenvolvimento, crescimento, amadurecimento. Manter as ovelhas imaturas e dependentes pode ser uma forma de deixá-las escravizadas ao "sistema". Entretanto, ensinar as ovelhas e levá-las à maturidade ainda é o melhor caminho. Afinal, ovelha madura e bem alimentada JAMAIS procurará comida seca e sem substância em outras pastagens! 

Fonte da imagem: http://pastormelqui.blogspot.com.br/2012/10/por-que-alguns-adultos-insistem-em-ter.html

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

SUA IGREJA ME ACEITA?


Tá rolando uma série de imagens nas redes sociais com a legenda "Sua Igreja me aceita?" O intuito, parece ser chocar, ou mostrar a intolerância da Igreja com os pecadores de um modo geral. Parece-nos transmitir a mensagem que a Igreja deve aceitar a todos, inclusive aqueles que querem permanecer do mesmo jeito, sem qualquer mudança de vida e/ou conduta!

As citadas imagens precisam, obviamente, ser comparadas, por exemplo, com o jovem rico, que Jesus o aceitou a ponto de a Escritura relatar que Ele “o amou” (Mc 10:21), mas O JOVEM não aceitou as condições impostas pelo próprio Jesus.

Desculpem, mas aceitação de pecadores sem arrependimento NÃO É o papel da Igreja! A Igreja deve estar aberta a aceitar os piores pecadores (e eu estou entre estes!) que, arrependidos, estejam dispostos a confessar e abandonar seus pecados, mas não precisa aceitar NENHUM que não estejam dispostos a passar pelos portais do arrependimento.

A Bíblia relata TRÊS candidatos a discípulos de Jesus, e pelo relato observamos que não basta somente querer segui-lO:

E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém, tu, vai e anuncia o reino de Deus. Disse, também, outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus” (Lc 9:57-62). Desculpem, mas não é só chegar e dizer "quero ser um seguidor". Infelizmente, o texto deixa claro que há prerrequisitos, impostos não pela Igreja, mas pelo próprio Senhor Jesus!

"Sua Igreja me aceita?" -- Quando a multidão perguntou algo parecido a João o batista, obteve a seguinte resposta: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi pois, frutos dignos de arrependimento; E não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.” (Mt 3:7-10). 

"Sua Igreja me aceita?" -- Quando a mulher adúltera fez, de forma indireta, esta pergunta a Jesus, Ele respondeu: “Eu não te condeno; vai-te, e não peques mais.” (Jo 8:11). 

"Sua Igreja me aceita?" -- Quando a multidão, estupefata ao ver os sinais do dia de Pentecostes, perguntou algo parecido a Pedro e aos apóstolos, obteve a seguinte resposta: “Arrependei-vos...” (At 2:38). 

Estes três exemplos devem servir de resposta às perguntas das imagens a que me refiro!!

A Igreja não é lugar de pecadores praticantes. É lugar de pecadores falhos, que lutam diuturnamente contra sua natureza carnal, arrependidos e dispostos a seguir a Cristo! Se o objetivo de alguém é seguir a Cristo sem arrependimento, permanecendo na prática dos pecados dos quais deveria se envergonhar e se arrepender, sinto muito. Muito provavelmente a Igreja, seu pastor e ovelhas podem até te receber, mas o Senhor da Igreja certamente não!

Entretanto, a Igreja deve estar, como Cristo, de braços abertos e acolhedores a todo pecador, por mais bizarro que seja, por "maiores" que sejam os seus pecados, por mais sujo que seja o seu passado. Afinal, como bem disse Jesus, “Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, AO ARREPENDIMENTO.” (Mt 9:12-13). 

dizia [Jesus] a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9:23)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

APRENDENDO A DETERMINAR A SUA VITÓRIA


A vida cristã é dinâmica. Diariamente crescemos de fé em fé, e precisamos dar passos importantes para que este crescimento ocorra de forma saudável. E estes passos são dados quando determinamos coisas para nossa vida e exercemos a nossa fé em relação a estes aspectos da vida cristã.

Alguém poderá dizer: não há na Bíblia qualquer menção de que o crente deva determinar coisas em sua vida; isto é mais uma falácia da “teologia da prosperidade, etc”. Permita-me discordar. As Escrituras mostram, implicitamente, a necessidade de o crente tomar certas atitudes e dar certas ordens a fim de que possamos alcançar vitórias em vários aspectos da nossa vida. O fato inegável, presente no espírito das Escrituras, é que o crente precisa aprender a DETERMINAR para poder alcançar bênçãos e vitórias em sua vida. Como pessoas chamadas a ser cabeça, e não cauda, não podemos e nem devemos simplesmente esperar as coisas acontecerem, ou as bênçãos caírem do céu. Precisamos DETERMINAR a fim de que realmente as bênçãos nos alcancem e nos tragam a vitória que tanto precisamos.

Assim, apresento alguns aspectos da vida cristã em que precisamos DETERMINAR para alcançarmos a nossa vitória.

Primeiramente, DETERMINE que a partir de agora você vai se esforçar para ser um cristão melhor. A partir de hoje, você vai determinar, exercer a sua fé e se esforçar ao máximo no sentido de orar mais, jejuar mais, ler mais a Bíblia. Determine quanto tempo e quantas vezes por dia você vai orar. Determine quantos minutos por dia você vai ler a Palavra. Determine a frequência semanal que você vai jejuar. Determine um horário para suas devocionais diárias. Determine, e lute para cumprir suas próprias determinações!

DETERMINE que de agora em diante irá frequentar mais os cultos regulares de sua Igreja, principalmente os cultos de oração, doutrina e Escola Bíblica. São os passos básicos para que você aprenda mais acerca de Deus e da sã doutrina. Determine neste aspecto que irá se esforçar mais a chegar à Igreja antes do início do culto (afinal, você não faz isso no seu trabalho todos os dias?) e que vai participar dos cultos com reverência e temor.

DETERMINE também que a partir de agora você vai participar mais ativamente das atividades da sua Igreja, como evangelismo, trabalho social etc, e vai se engajar em algum departamento da Igreja, trabalhando não para a liderança, mas para Deus.

DETERMINE acerca daquelas áreas de maior fraqueza em sua vida: inclinações para a carne, pornografias, mentiras, enganos, roubos, adultérios etc. DETERMINE que você irá combater ferrenhamente contra estes pecados, se preciso até o sangue (Hb 12:4).

DETERMINE que você se tornará mais sensível às necessidades de seus irmãos. Passe a ajudar ao próximo em suas necessidades financeiras, não se afaste do pobre e faça o que estiver ao seu alcance para saciar sua fome, pois fomos ensinados pelo Senhor Jesus que “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20:35). Procure fazer isso nos moldes ensinados pelo Senhor Jesus: “quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” (Mt 6:1-4).

DETERMINE que você se tornará mais liberal nas ofertas para a sua Igreja, ofertando com fé, alegria e disposição, contribuindo com missionários que têm compromisso com a pregação do verdadeiro Evangelho.

DETERMINE que buscarás o controle da tua língua, de sorte que doravante vigiarás tua boca para não falar mal do teu próximo, nem difamá-lo, e que também não emprestarás teus lábios para propagar qualquer doutrina falsa, mas que permanecerás fiel ao são Evangelho da graça de Deus.

DETERMINE que você moldará seu caráter, tomando como base o caráter de Deus. Se você roubava, DETERMINE que de hoje em diante não mais roubará. Faça o mesmo em relação às fornicações, adultérios, fraudes, mentiras etc. DETERMINE que, se aparecer algum dinheiro misterioso em sua conta bancária, você procurará o gerente de seu banco e devolverá o que não é seu. DETERMINE que se você encontrar uma carteira na rua, devolverá ao legítimo dono com tudo o que nela esteja, inclusive o dinheiro.

DETERMINE que você se tornará um cidadão cumpridor de seus deveres e obrigações. Determine que não mais sonegará impostos. Determine que pagará as suas contas em dia, e não mais dará calotes no comércio, zelando assim pelo nome de Cristão que carregas. 

Agora, depois de tantas e necessárias DETERMINAÇÕES, você vai compreender que a determinação cristã tem seus limites. Você tem poder para determinar coisas em sua vida, novos alvos, novos rumos, desde que estejam dentro de sua alçada, desde que você tenha o poder de fazer algo para que sua determinação possa ser alcançada com seu esforço. Entretanto, qualquer determinação para que Deus realize seus desejos de prosperidade, cura, vitória, sustento etc, não estão em seu poder!

O ato de determinar coisas para a nossa vida é bíblico. Um dos maiores exemplos disto é o episódio da visita do Senhor Jesus à casa de Zaqueu. No ápice desta visita, o dono da casa determinou coisas profundas para a sua própria vida, e que com certeza o transformaram de forma profunda, de dentro para fora: “Senhor, eis que dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado” (Lc 19:8).

O problema é que a famigerada e antibíblica “teologia da prosperidade” desvirtuou completamente o sentido das verdadeiras determinações que o homem precisa fazer. O que se observa é que as pessoas estão muito mais interessadas em determinar coisas físicas e materiais para si mesmas, de forma egoísta e mesquinha, do que determinar coisas realmente importantes, coisas que refletirão em sua vida e seu caráter, moldando-o como legítimo cidadão do reino de Deus.

Existem dois tipos de “determinações”: as que estão dentro de nossa alçada e autoridade e as que não estão. As que nos dizem respeito são aquelas que englobam a mudança de vida. As acima de nossa alçada, como, por exemplo, determinar coisas para Deus, exigindo que Ele cumpra nossos caprichos, mormente os financeiros, não são bíblicas e são, na verdade, placebos — pílulas de farinha! Deus não se compromete com a realização de nenhum dos nossos pedidos que estejam fora da Sua vontade, e muito menos com ordens ufanas e antibíblicas. Deus, o Eterno Criador, não se submete aos nossos caprichos e nem se obriga a atender determinações tolas. Ele é o Oleiro, e nós somos apenas barro em suas mãos! Tentar-lhe dar ordens, determinar coisas para Ele satisfazer obrigatoriamente vai de encontro à mensagem das Escrituras, como bem afirmou Isaías, o profeta messiânico: Vós tudo perverteis! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Nada sabe” (Is 29:16), e “Ai daquele que contende com o seu Criador! O caco, entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?” (Is 45:9). Paulo, apóstolo aos gentios, afirma: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (Rm 9:18).

Imaginem um soldado raso dando ordens a um general! Eis a mais adequada comparação a ser feita em relação ao crente adepto da “teologia da prosperidade” dando ordens a Deus.

Mas o fato inegável é que a verdadeira “Doutrina da Determinação” é bíblica. Somos chamados a negarmo-nos a nós mesmos e tomarmos a nossa cruz e seguir o Senhor (Mt 16:24), e para isto é necessária MUITA DETERMINAÇÃO! Mas estas determinações se limitam àquilo que podemos lutar para mudarmos nosso caráter, nossas atitudes e nossas ações a fim de nos tornamos cristãos melhores, mais zelosos, mais fieis. O que disso passar, é maligno, e se enquadra perfeitamente nas palavras de Tiago, irmão do Senhor e pastor da Igreja em Jerusalém: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (Tg 4:3).

Antes de erguer sua voz de forma insolente, prepotente e desrespeitosa ao Criador para dar-lhe ordens e determinações, lembra de determinar primeiro a mudança para tua própria vida, e lutar em prol destas determinações! Depois disto, entenderás por que Cristo nos ensinou com o próprio exemplo acerca de fazermos a vontade de Deus, e não de Deus fazer Se submeter às nossas vontades egoístas (Mt 6:10; Mt 26:39, 42)!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

UNÇÃO COM ÓLEO

"Está ALGUÉM entre vós DOENTE? CHAME os PRESBÍTEROS da igreja, e OREM sobre ele, ungindo-o com azeite, em nome do Senhor; E A ORAÇÃO DA FÉ salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Tg 5:14-15).

Estes dias , um dos debates mais acalorados que vi em uma Comunidade de rede social foi a respeito da unção com óleo. Esta prática se tornou muito comum nos meios pentecostais e neopentecostais, de sorte que se tornou costume ungir a todos no culto, ou mesmo nas reuniões. Ungem-se as mãos, os pés, a cabeça, partes específicas do corpo aonde se deseja "abençoar" ou "quebrar maldições". Outros, derramam LITROS de óleo sobre si mesmos ou sobre outras pessoas, e até sobre objetos como CDs e DVDs, na ânsia de que esta "unção" faça com que vendam mais... Há muito tempo a coisa saiu da esfera bíblica!

Permitam-me expor minha opinião a respeito...


O texto de Tiago 5:14-15 é o ÚNICO TEXTO prescritivo no Novo Testamento, que nos manda ungir alguém. A boa hermenêutica ensina que não se deve basear doutrina em texto isolado. Portanto, muito cuidado em relação à unção praticada indiscriminadamente por aí (já soube de pessoas que ungem imóveis, veículos, chaves, e até os animais domésticos!!), fora do padrão prescrito nas Escrituras. Outro texto, presente em Marcos 6:13, mostra que os discípulos também ungiam os enfermos, curando-os, mas não é texto prescritivo, e sim narrativo. Entretanto, não podemos simplesmente ignorar que a Bíblia prescreve a unção com óleo, e devemos buscar na Escritura o padrão deixado por Deus para esta prática.

A primeira coisa que precisamos entender sobre o assunto é que a "doutrina das unções" é veterotestamentária, e a maioria das pessoas que pratica tal "unção" o faz igualmente de acordo com os princípios do Antigo Testamento, e não do Novo, ignorando que vivemos de conformidade com a Nova Aliança, e não com a Antiga. 

Se observarmos bem, perceberemos que a revelação progressiva deixa muito claro que Deus foi ensinando, com o passar das alianças estabelecidas por Ele com Seu povo, como esta unção deveria ser ministrada. Antes da lei, podemos ver pessoas, como Jacó, derramando óleo sobre objetos -- mais precisamente uma pedra, consagrando o lugar ao Senhor (Gn 28:18). Já na Lei de Moisés, vemos claramente que o azeite não mais era derramado sobre objetos, EXCETO na consagração de objetos que seriam usados no culto do Templo, e ungia os sacerdotes, como sinal da descida do Espírito Santo sobre suas vidas. Inclusive, é importante observar que a fabricação e o uso do óleo de unção foi PROIBIDA POR DEUS, sob pena de morte na desobediência, como está escrito: "E falarás aos filhos de Israel, dizendo: Este me será o azeite da santa unção, nas vossas gerações. Não se ungirá com ele a carne do homem, nem fareis outro semelhante, conforme à sua composição: santo é, e será santo para vós. O homem que compuser tal perfume como este, ou que, dele, puser sobre um estranho, será extirpado dos seus povos" (Ex 30:31-33).

Com o advento da monarquia israelita, o azeite passou a ser derramado também sobre alguns reis, simbolizando igualmente a descida do Espírito Santo sobre eles. Observe-se que quando Davi foi ungido, o Espírito passou a habitar nele, ao passo que abandonou Saul (1 Sm 16:13-14). Entretanto, é bom lembrar que a iniciativa da unção nunca partia do profeta, mas de Deus! Vejam que o profeta Samuel NÃO QUERIA ungir Davi, mas só o fez porque Deus ordenou (1 Sm 16:1). Outro fato que não pode ser desprezado é que pelo relato bíblico poucos reis de Israel foram ungidos com óleo. Saul, Davi e Jeú são alguns que a Palavra mostra que foram ungidos. Outros, não se menciona nenhuma unção.


Outra coisa que não vemos na Bíblia, em lugar nenhum, é a AUTO-UNÇÃO, que muitos praticam em nossos dias, mas não tem qualquer amparo escriturístico! E muito menos pedir ou mandar que outros nos unjam, exceto no caso de unção para enfermos.

Na Nova Aliança em Cristo, o Espírito Santo foi derramado sobre toda a Igreja no dia de Pentecostes. A Lei se cumpriu integralmente em Cristo, de sorte que o SIMBOLISMO das unções veterotestamentárias (a unção com azeite para recebimento do Espírito) se materializou no Senhor Jesus, não mais necessitando de unção com óleo. Quem se achega a Cristo por meio do novo nascimento recebe, inexoravelmente, o Espírito Santo, sem exceção! Mesmo que não haja sinais, ou manifestação de dons, o Espírito é recebido no ato do Novo Nascimento. 

Podemos afirmar, à luz dos textos bíblicos da Nova Aliança, que:

1) O Novo Testamento não prescreve unção com óleo na consagração de obreiros, diáconos ou presbíteros (pastores, evangelistas, missionários etc). Os mesmos são consagrados com IMPOSIÇÃO DE MÃOS (At 6:6; 13:3; 1 Tm 4:14). 

2) O Novo Testamento não prescreve unção com óleo para "batismo" do Espírito Santo. No livro de Atos, vemos casos aonde os apóstolos impunham as mãos, e os crentes recebiam o DOM do Espírito Santo (At 19:6). 

3) O Novo Testamento não prescreve unção com óleo para se expulsar demônios! Sim, há gente que faz isso! O exorcismo era feito unicamente com a voz de ordem para que o espírito mau saia do corpo do ser humano.

4) O Novo Testamento não prescreve a unção para consagrar objetos, imóveis etc. Não há, no NT, um único texto que sequer relate um objeto sendo "ungido".

5) Não há, em nenhum texto do Novo Testamento, a orientação de que TODOS os participantes de uma reunião da Igreja devam ser ungidos. O único texto que poderia deixar isso transparecer é o relato da mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lc 7:44-46), quando Jesus lançou no rosto de Simão que ele não lhe ungiu a cabeça com azeite. Mas se trata de um texto que reflete um costume. Ele não prescreve uma norma doutrinária para a Igreja, mas um costume judaico de higiene e respeito ao se receber uma visita. Os que acham que este texto justifica que todas as pessoas sejam ungidas na entrada do culto (ou mesmo durante o culto), devem também oferecer A TODOS água para lavar os pés e beijar, um por um, com ósculo santo, pois Jesus também reclamou a ausência de todas estas coisas!

Mas Tiago, irmão do Senhor, menciona a UNÇÃO DOS ENFERMOS. Sobre isso, falamos:

Como já dissemos anteriormente, repetimos: trata-se de TEXTO ÚNICO, isolado, sobre o assunto, e por isso deve ser lido e entendido com cuidado e critério, assim como 1 Co 15:29, texto ÚNICO e ISOLADO que fala sobre BATISMO PELOS MORTOS, e que foi tomado por algumas seitas como justificativa para batizar por procuração uma pessoa morta, não pode ser usado para definir uma doutrina de batismo pelos mortos.

Sigamos, passo a passo, o que diz o texto de Tiago, analisando as palavras gregas nele presentes:

a) “Está ALGUÉM?...” (τις tis pronome indefinido enclítico; alguém, uma certa pessoa) - O uso da unção com óleo é para pessoas, e não para objetos! O próprio fato deste ALGUÉM estar DOENTE demonstra isso, pois objetos não adoecem...

b) “Está ALGUÉM entre vós DOENTE?...” (ασθενεω astheneo - 1) ser fraco, débil, estar sem força, sem energia -2) estar debilitado, doente) - O uso da unção com óleo é para pessoas DOENTES, para que eles recebam CURA. E não para que sejam consagrados, separados, santificados, cheios do Espírito, abençoados etc. É para DOENTES. Se você não está doente, mas quer ser ungido para alcançar vitória, para receber bênçãos, afastar mau olhado gospel etc, não é por aí... A unção é só para doentes!

c) “Está ALGUÉM entre vós DOENTE? CHAME...” (προσκαλεομαι proskaleomai - 1) convocar 2) chamar para si 3) ordenar a vir) - O "alguém" que está doente é quem deve CHAMAR, ou alguém que o represente. Deve ser um ato voluntário, manifesto pelo doente ou oir pessoas ligadas a ele, como familiares diretos ou amigos, CHAMANDO alguém.

d) O ato de "chamar" dá a entender que tal ritual não deve ser feito na Igreja, e sim na casa do enfermo, provavelmente nos casos em que a pessoa esteja impossibilitada de ir à casa de reunião da Igreja. Entretanto, os doentes que puderem ir à casa de reunião podem, creio eu, também solicitar a unção na Igreja...

e) “Está ALGUÉM entre vós DOENTE? CHAME os PRESBÍTEROS...” (πρεσβυτερος presbuteros 1) ancião, de idade, 1a) líder de dois povos 1b) avançado na vida, ancião, sênior 1b1) antepassado 2) designativo de posto ou ofício)  - São os PRESBÍTEROS, e não os diáconos, e não os dirigentes do círculo de oração, e não o presidente da Mocidade, e não os profetas, e não os "vasos", quem devem ser chamados, quem devem promover tal unção com óleo... SÃO OS PRESBÍTEROS. A visita de um presbítero a uma casa não traz apenas a orarção e a unção, mas traz a pregação da Palavra de Deus, que pode alcançar as pessoas que precisam ouvi-la para serem salvas!

f) “Está ALGUÉM entre vós DOENTE? CHAME os PRESBÍTEROS da igreja, e OREM...” (προσευχομαι proseuchomai 1) oferecer orações, orar) - Deve haver oração. Não é a unção que é o fundamental, mas a ORAÇÃO. Lamentavelmente, um famoso “telepastor” certa vez ofereceu à igreja um frasquinho de óleo que, segundo ele, bastava ungir o doente e ele seria curado, SEM ORAÇÃO. Não é isso que a Bíblia ensina...

g) “...E A ORAÇÃO DA FÉ salvará o doente, e o Senhor o levantará...” - Não é o óleo, com seus poderes mágicos, místicos, especiais... É A ORAÇÃO quem traz a cura. E não é a pessoa que ora quem o levanta, através de seus poderes e dons, mas O SENHOR.

h) Coloco aqui uma situação, para análise, procurando demonstrar que o mais importante é a oração, e não a unção com óleo. Imagine que você está passando na rua, e alguém te veja, te reconheça como crente, e te peça para entrar em sua casa, pois um parente está doente. Você bate nos bolsos, e vê que esqueceu o frasquinho de óleo... E aí? O que é mais importante: o óleo, ou a sua oração?

i) Finalmente, NÃO EXISTE ÓLEO UNGIDO. Para haver óleo ungido, seria necessário pegar um óleo não-ungido, e ungi-lo com óleo ungido, derramando óleo ungido sobre o óleo não-ungido, tornando o óleo não ungido em óleo ungido pelo contato com óleo ungido... Ai, que confusão!! O máximo que pode haver é óleo consagrado, sobre o qual oramos, e simplesmente o separamos para uso exclusivo na unção dos enfermos. E este óleo não é nenhuma poção mágica para curar pessoas. Não há poder especial nele. Na ausência do óleo que foi consagrado, podemos usar até mesmo um pouco de azeite que temos em casa, e que normalmente usamos para frituras ou tempero de saladas...

Isto posto, se você tem feito a coisa errada este tempo todo, nunca é tarde para aprender pelas Escrituras, compreender os erros, dar meia volta e tornar à prática das primeiras obras (Ap 2:5)! 

domingo, 8 de dezembro de 2013

DESMISTIFICANDO A SANTA MÚSICA GOSPEL


Para muitos crentes, a música gospel é santa, pura e imaculada. Muitas vezes até superior às Escrituras, pois doutrinas são elaboradas com base em letras de músicas gospel, e não na Bíblia, e incorporadas ao corpo doutrinário de muitas Igrejas. A “Doutrina da Restituição” é um exemplo disso, pois embora não tenha NENHUMA base bíblica foi estabelecida após uma banda de sucesso gravar uma dezena de músicas tratando de restituição, de querer de volta o que é seu, buscando a restauração de tudo o que eu perdi mas é meu, e eu quero de volta, sete vezes mais, em dupla honra!!! Esta "teologia" há muito foi incorporada ao panteão doutrinário das igrejas, mesmo não tendo qualquer base escriturística...

Vez por outra eu comento com alguns amigos que a arte mais perseguida pela religião é a música. E sinceramente, não consigo entender o porquê. Música “do mundo” SEMPRE é pecado, ao passo que outras expressões artísticas "do mundo" são muito bem toleradas, e algumas até incentivadas. 

Não se deve cantar nem ouvir música “do mundo”, mas se pode assistir novelas (teledramaturgia), que têm como trilha sonora... MÚSICAS DO MUNDO! O mesmo se aplica a filmes, peças teatrais etc, que possuem trilhas sonoras com o mesmo tipo de música. 

Raramente vejo crentes serem disciplinados ou censurados por assistir seriados de terror como o THE WALKING DEAD (onde um grupo de pessoas luta contra zumbis, coisas a priori demoníacas e ligadas ao vodu e ao ocultismo), mas sempre vejo censuras e disciplinas por ouvirem músicas de bandas de rock, assistirem a shows como o Rock in Rio (embora os shows gospel sejam IDÊNTICOS a estes shows “do mundo”, completamente copiados inclusive nas coreografias, iluminação, pirotecnia...). 

Ouvir música do mundo é pecado, mas ler livros do mundo não é. Ou seja, se eu ler o poema FANATISMO da poetisa Florbela Espanca é cultura, mas se eu ouvir o mesmo poema que foi musicado pelo Fagner, é PECADO!  Ler um livro de sonetos do Vinicius de Moraes é sinal de superioridade literária de minha parte, mas se eu ouvir ou cantar os mesmos sonetos , muitos deles musicados pelo saudoso Poetinha e seus parceiros, é PECADO. Quem lê um livro do Carlos Drummond de Andrade e se depara com seu poema JOSÉ é um amante da boa literatura, mas quem ouve o mesmo poema na música do Paulo Diniz vai queimar no mármore do inferno!

As artes plásticas (quadros e esculturas) são toleradas (nunca vi ninguém ser censurado por ter um lindo e caro acervo nas paredes da sala de estar de suas casas). 

Como já falei, parece haver uma implicância com as músicas "do mundo", e tolerância absoluta com as demais artes "do mundo", mesmo que estas demais artes se utilizem, em segundo plano, das músicas "do mundo", como as trilhas sonoras. O fato de não se ouvir músicas "do mundo" se torna um diferencial que demonstra maior espiritualidade, maior santidade, maior status de crente! Entra aí a falsa piedade, o sentimento de que o crente é mais espiritual quando não ouve tais músicas, embora a Escritura afirme:


“Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados.”  (Tt 1:15)

“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1 Co 10:31)
“Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que é que vocês, então, como se ainda pertencessem a ele, se submetem a regras: "Não manuseie! " "Não prove! " "Não toque! "? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne.” (Cl 2:20-23)

Com estes 3 textos já dá pra se ter uma ideia de que não existe pecado em ouvir músicas seculares... Obviamente que, se eu estou buscando musicas que fazem apologia aos valores e impurezas mundanas, estou incorrendo em erro, mas no geral em momento algum a bíblia trata o "ouvir música" como pecado.

Mas neste artigo eu quero falar sobre MÚSICA. Música gospel, a santa expressão do louvor musical e da adoração sonora a Deus, em contrapeso à música “do mundo”, diabólica e escarnecedora...  Por que para muitos “crentes” só se deve ouvir música gospel, e ouvir “música do mundo” é pecado?

Algumas respostas que já escutei ou recebi de crentes gospel a esta pergunta simples... E em seguida, uma breve explicação sobre elas...

1. A LETRA DE UMA MÚSICA “DO MUNDO” NÃO GLORIFICA A DEUS

A maioria das letras gospel também não! Glorificam ao homem, suas ânsias de vingança, enriquecimento, honra, dupla honra, vitória, restituição etc. O HOMEM, o EU, é o centro delas, e não Deus. NEM DE LONGE glorificam a Deus! Para glorificar a Deus, uma música precisa apontar para a Obra dEle, da criação, da salvação, da santificação, Sua graça infinta, imerecida pelo homem e não conquistada por obras de justiça etc... E sempre que falar sobre o homem, ressaltar seu pecado, sua depravação, sua incapacidade de buscar a Deus ou alcançar a salvação ou qualquer outra benesse por seus próprios méritos, e mostrar que tudo o que Deus dá ao homem é por graça, só por graça! Uma música que só retrata que eu sou vencedor, que eu nasci para vencer, para ser cabeça e não cauda, que Deus vai (tem que) restituir o que é meu, que vai humilhar meus inimigos e me exaltar, nem de longe foi composta ou é cantada para louvar a Deus!

O simples fato de falar de Deus ou mencionar passagens das Escrituras não significa que está-se honrando a Deus. O próprio Jesus afirma isso, quando diz: “Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mt 15:8-9). Assim, não é porque um "hino" fala em Deus ou cita um texto bíblico que está honrando ou glorificando a Ele.

Repito: nem de longe as músicas gospel adoram a Deus!! A própria forma de composição geralmente em primeira pessoa (e mesmo quando compostas em terceira pessoa sempre direciona esta terceira pessoa para o homem) demonstra que a adoração ou a glorificação não é para Deus, e sim para O HOMEM. Analisemos algumas letras:
Onde era tristeza se verá / A dupla honra ME ornar ... É chegada a MINHA hora / MEU silêncio já acabou / Ouça o som da MINHA grande festa / EU vou viver uma virada em MINHA VIDA, eu creio!
Mestre EU preciso de um milagre ... Faz tempo que EU não vejo a luz do dia / Estão tentando sepultar MINHA alegria / Tentando ver MEUS sonhos cancelados /.../ Remove a MINHA pedra / ME chama pelo [MEU] nome / Muda a MINHA história / Ressuscita os MEUS SONHOS
Restitui... EU quero de volta o que é MEU /  Sara-ME, e põe teu azeite em MINHA dor
VOCÊ é um escolhido, e a SUA história não acaba aqui /  VOCÊ pode estar chorando agora, mas amanhã VOCÊ irá sorrir /  Deus vai TE levantar das cinzas e do pó...
Sinceramente, você acha que Deus é realmente adorado em letras como estas?? Nada tenho contra seus compositores e/ou cantores mas, com toda a sinceridade, estas letras não adoram a Deus, mas ao homem!

O pastor A. W. Pink disse certa vez que os hinos do passado eram compostos usando as palavras “Tu és, Tu és, Tu és”, enquanto que os modernos eram compostos com as palavras “Eu sou, eu sou, eu sou...”. Visivelmente observa-se que o alvo da glória não é Deus, mas o homem, o crente, o EU.... E olha que o pr. Pink faleceu na década de 1950, certamente muito antes da maioria das pessoas que leem este Artigo terem nascido! O que ele diria nos dias de hoje??


2. A LETRA DE UMA MÚSICA “DO MUNDO” NÃO É BASEADA NAS ESCRITURAS 

Por favor, deem uma olhada nas músicas gospel, analisem suas letras de forma isenta e desapaixonada, e vocês verão claramente que poucas letras são realmente baseadas na Bíblia, e mesmo as que são muitas vezes DISTORCEM o que a Bíblia realmente diz. A famosa música gospel RESSUSCITA-ME é um exemplo de letra baseada na Bíblia (a ressurreição de Lázaro), mas que distorce completamente o sentido da narrativa bíblica, associando-a ao cumprimento dos NOSSOS sonhos. Logo, é mais uma música que tem por objetivo a realização pessoal dos desejos do homem. 

Uma música baseada na Bíblia não é aquela que transcreve PALAVRAS da Bíblia, mas a ESSÊNCIA. Satanás citou o Salmo 91, por ocasião da tentação do Senhor Jesus, mas subtraiu-lhe a essência, o verdadeiro significado, o verdadeiro princípio. Logo, uma música como FAZ O MILAGRE EM MIM pode até citar a história do encontro de Jesus com Zaqueu, mas quando não transmite o real sentido deste encontro, mostra que não está baseada na Bíblia; apenas usa algumas de suas palavras, para adquirir status de bíblica!

Na verdade, tais músicas que distorcem o sentido real da narrativa bíblica transmitem uma falsa piedade. Podem até estar parcialmente baseadas no texto sagrado, mas quando são analisadas de forma criteriosa se observa que o texto bíblico foi tão distorcido e desvirtuado que transmitem uma ideia completamente errada daquilo que a Bíblia quer ensinar, chegando até a negar verdades doutrinárias ou acrescentar-lhe inverdades.

Sinceramente, qual a base escriturária de músicas do tipo SABOR DE MEL? NENHUMA!! Aonde ela se encaixa nos princípios da Nova Aliança de perdão e amor aos nossos inimigos?

Nos dias de hoje, é muita sorte comprar um CD gospel com 12 faixas e encontrar UMA MÚSICA com base realmente escriturística!! Geralmente, é um hino da Harpa, ou um hino das antigas que é regravado!

3. O CANTOR “DO MUNDO” NÃO TEM COMPROMISSO COM DEUS 

A maioria dos cantores gospel também não! Eles têm compromisso com sua gravadora, com seus produtores, com os programas de tevê e rádio que participam, com as denominações e/ou organizações a que estão ligados e que os apoiam ou patrocinam, e com os erros doutrinários ensinados por estas denominações e organizações, além do compromisso maior com Mamom e seus próprios bolsos!

Alguns cantores gospel de nossos dias chegam a ter compromisso com uma personagem criada por marqueteiros. Fazem caras e bocas, se apresentam com certas roupas, maquiagens e acessórios, demonstrando claramente que estão atuando, vivendo uma personagem dissociada do seu verdadeiro caráter. São atores, desempenhando um papel meticulosamente calculado para atender a certos públicos, satisfazendo os anseios deste público de tietar um ídolo da música. Isso não é compromisso com Deus, mas com o sistema!

4. OS CANTORES QUE CANTAM MÚSICA “DO MUNDO” NÃO SÃO CRENTES

E quem disse que quem canta música gospel é crente?? Muitos cantores são conhecidos por não serem crentes, alguns até deixam isso bem claro... Muitos apenas cantam músicas gospel, se aproveitam desta fatia de mercado!! Outros, não agem como crentes (há relatos de alguns que já fizeram shows apresentando sintomas de embriaguez, que já se hospedaram com fãs em seus quartos de hotel, que usaram drogas etc). Eu poderia até citar nomes aqui, mas não é esse o objetivo deste artigo!

Aprendamos uma coisa: “nem todos os que são de Israel são israelitas” (Rm 9:6), e não é porque quem canta, quem gravou, quem compôs, é chamado de “evangélico” que a música é cristã! Há muitos crentes que cantam “hinos” que não condizem nem um pouco com a sã doutrina; devemos dar ouvidos a estas mentiras, mesmo quando saídas da boca de um crente?? E há muito não-crente que canta coisas corretas; devemos desprezar o que é certo só porque quem compôs ou quem canta não faz parte de nossos arraiais?

5. A MÚSICA GOSPEL É UMA DAS FORMAS DE SE PREGAR O EVANGELHO AOS NÃO-CRENTES

E eu até poderia concordar com isso se as letras das músicas fossem fieis ao Evangelho descrito na Bíblia, mas não são! As letras destas músicas gospel só tratam das bênçãos que o homem quer, as quais já citamos e repetimos: vingança, enriquecimento, honra, dupla honra, vitória, restituição etc. Não! Infelizmente, músicas gospel NÃO PREGAM O EVANGELHO, pois suas letras não contém o verdadeiro Evangelho! 

Além disso, nestas músicas não se conclama o homem ao reconhecimento de sua condição de pecadorao arrependimento, à mudança de vida e atitudes e à necessidade de se submeter a Deus. Desculpem, mas não conheço pregação evangelística que não trate de pelo menos um ou dois destes assuntos! Por favor, identifiquem pelo menos UM DELES na música gospel SABOR DE MEL...

Aqui pra nós, seja sincero: qual é o “evangelho” que um “hino” como EU VOU VIVER UMA VIRADA prega?? Em que parte da letra encontramos a convocação ao arrependimento e conversão?? É uma música de entretenimento, e confesso que até gosto dela, musicalmente falando, mas a letra não evangeliza ninguém!

6. O CRENTE É EDIFICADO AO OUVIR MÚSICA GOSPEL

Não, o crente é edificado ao ORAR, LER ou OUVIR A PALAVRA, JEJUAR... A música, em todas as esferas, tem função de entretenimento, e à música religiosa se soma a necessidade de exatidão doutrinária, ou seja, a letra deve OBRIGATORIAMENTE refletir a sã doutrina. Só assim, atrelada à sã doutrina, sem desvios doutrinários ou erros, ela está apta para edificar, pois ouvi-la se equipararia a ouvir a Palavra. Quando a música cristã reflete fielmente a Palavra de Deus e a sã doutrina, aí sim ela passa a edificar quem a ouve.

A maioria das músicas gospel não têm letra baseada na sã doutrina, e sim são compostas estrategicamente com letras "pra vender", para agradar à massa consumidora e o sistema vigente; logo, não edifica coisíssima nenhuma, Apenas serve, assim como qualquer “música do mundo”, como entretenimento, e entretenimento maligno, pois enquanto teria a OBRIGAÇÃO de ensinar a verdade, pelo contrário, ensina doutrinas erradas a quem as ouve, e passa-lhes o status de verdade absoluta; afinal, é uma música gospel, santa! 

Sinceramente: há mais edificação ao se ouvir certas músicas “do mundo” do que ouvir certas músicas gospel completamente desprovidas de conteúdo bíblico e, principalmente, de bom senso! Um exemplo disso é JESUS SALVADOR, de Roberto Carlos, que é muito mais edificante e bíblica que MUITAS músicas gospel que conhecemos!!

7. OS COMPOSITORES DO MUNDO MUITAS VEZES SÃO ADEPTOS DE RELIGIÕES AFRO, ESOTÉRICAS ETC

É verdade! E os compositores gospel são adeptos do movimento gospel, comprometidos com tal movimento, que deturpa o Evangelho, muda seus princípios, distorce as Escrituras e perverte a sã doutrina. Além disso, têm o dinheiro, a fama e o estrelismo como pilares maiores. Neste aspecto, não sei quem está em posição pior... Aliás, sei sim! Certamente, aquele que conhece o Evangelho mas que compõe músicas que transmitem ideias e conceitos diferentes do Evangelho, que fomenta o erro ao invés de proclamar a verdade, é mais culpado do que aquele que NÃO CONHECE o Evangelho.

8. AS MÚSICAS GOSPEL TÊM MAIS QUALIDADE QUE AS MÚSICAS “DO MUNDO”

Acredite quem quiser, mas já me mandaram este argumento aí!!  E quem mandou só pode estar de brincadeira!!  Quem considera a qualidade da música gospel superior à das músicas “do mundo” deve ter algum problema!!  Exceto raríssimos exemplos, ocorre exatamente ao contrário! Em todos os quesitos -- harmonia, melodia, ritmo e letra -- a música “do mundo” é superior! Observem-se estes quesitos em músicas de Djavan, Ivan Lins, Jorge Vercilo, e comparem com os mesmos quesitos nos cantores gospel mais famosos...  É claro que há casos e casos! Toda generalização é burra. O lixo e o chorume podem ser encontrados em ambas as vertentes! Há muita coisa boa, no sentido de harmonia, melodia e ritmo, em muitas músicas gospel, e muita coisa ruim no ramo secular. Por exemplo, a banda Diante do Trono possui excelentes arranjos, e o mesmo se aplica à cantora Fernanda Brum. Quanto às letras... Prefiro não comentar! Pelo menos, por enquanto...

9. AS MÚSICAS GOSPEL TRANSMITEM O RECADO DE DEUS PARA O HOMEM PECADOR

Não. Elas no máximo transmitem o recado do(s) compositor(es), do(s) cantor(es), do(s) produtor(es), do líder da denominação, da “visão ministerial” e da Editora ou Gravadora que está por trás do cantor ou da banda! Transmitiria o recado de Deus se houvesse fidelidade doutrinária. Muitas vezes, cantores são apoiados por determinado ministério, e são obrigados a gravar “hinos” que referendam as doutrinas deste “ministério”, e para continuar sendo apoiados tais cantores se submetem à prostituição doutrinária.

Um exemplo disso é o cantor Nani Azevedo (de quem gosto muito), apoiado pela Editora e Ministério de um grande pastor brasileiro. Em um dos seus últimos discos, ele gravou a música ENQUANTO O MILAGRE NÃO VEM, que para fazer coro com o ministério do citado pastor traz em sua letra esta pérola: “Sei que a prosperidade vai me acompanhar enquanto eu semear”. Ele foi obrigado pelas circunstâncias a promover a “visão da semeadura” que seu mecenas tanto prega!

10. A MÚSICA GOSPEL APROXIMA O HOMEM DE DEUS 

Como assim?? De que forma um axé gospel, tocado em cima de um trio elétrico em uma das muitas “Marchas-Para-Não-Sei-Quem” e acompanhada por uma multidão de foliões, digo, fiéis pulando atrás do trio, os aproxima de Deus??  Desde quando uma letra que prega inverdades doutrinárias (como, por exemplo, as que nos ensinam a DETERMINAR a nossa vitória, EXIGINDO isso de Deus) aproxima alguém de Deus?? Desde quando uma música aonde vocifero maldições e pragas contra "os que me viram passar na prova e não me ajudaram" me aproxima de Deus, uma vez que Ele mandou exatamente o contrário: “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”  (Mt 5:44), e Paulo arremata em seguida: “Abençoai aos que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis” (Rm 12:14)?? Não entendi... Dá pra me explicar melhor?

11. A MÚSICA GOSPEL PREGA A VERDADE

Ah, como eu queria que isso fosse verdade!! Mas pelo contrário, ela prega, ensina e dissemina a mentira!

Em primeiro lugar, o que é a verdade? Platos fez esta pergunta a Cristo, e não obteve resposta. Entretanto, o próprio Senhor Jesus deixou a resposta bem clara por ocasião de sua oração sacerdotal: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17:17). Não são os meus conceitos, não é a interpretação que eu dou às Escrituras, não é o corpo doutrinário desta ou daquela Igreja. A PALAVRA DE DEUS é a verdade. E por consequência, somente aquilo que concorda com a Palavra é a verdade. Pregação da verdade é, inexoravelmente, pregar de conformidade com esta Palavra. Assim sendo, os meus conceitos a minha interpretação ou o corpo doutrinário da Igreja tem que estar submissos à Palavra!

A música sacra tem como obrigatoriedade a fidelidade doutrinária. Quando sua letra é um reflexo fiel do que ensina a Escritura, ela não só transmite a verdade como facilita aos ouvintes o entendimento e assimilação desta verdade. A música secular não tem esta prerrogativa, pois ela apenas se dá à função de entreter. A música sacra, tem função dupla: entreter e ENSINAR! Eis porque ela precisa estar atrelada à verdade, à sã doutrina.

A música secular, “do mundo”, não tem pretensões de ensinar verdades, mas de entreter os ouvintes. O cantor “do mundo” Caetano Veloso escreveu em sua música COMO DOIS E DOIS a seguinte frase musical: “Meu amor / Tudo em volta está deserto, tudo certo / Tudo certo como dois e dois são cinco”. Evidentemente, sua intenção NÃO FOI ensinar uma verdade, quer teológica ou matemática, e sim se utilizar de ironia. Ninguém em são juízo, ao ouvir dez ou vinte vezes esta música, irá concluir que 2 + 2 = 5. 

Na música sacra, entretanto, quanto mais ouvimos “pérolas” do tipo “Restitui... Eu quero de volta o que é meu”, a autoridade de música gospel e religiosa transmite a ideia de que a doutrina da restituição se trata de uma verdade absoluta, presente nas Escrituras. E o povo cai, inexoravelmente, no engodo, e é conduzido ao erro! Assim sendo, seus compositores e cantores cometem dois pecados: ensinar o erro, e cantá-lo com tal autoridade que muitas pessoas, uma grande multidão, toma estas palavras em pé de igualdade com a Bíblia! Assim, muitas músicas gospel na verdade estão prestando um grande desserviço à sã doutrina, ensinando mentiras como se fossem verdades e levando multidões a abraçar o erro.

A música gospel está longe, MUITO LONGE, de pregar ou ensinar a verdade! Ela é, na verdade, uma disseminadora e perpetuadora de mentiras! A cada nova “pérola musical” que é lançada, pastores sérios e comprometidos com o rebanho têm um trabalho hercúleo de mostrar os erros, ensinar a verdade e remar contra a maré da geração gospel, pois os grupos de louvor querem imediatamente incorporar tais músicas, que fazem muito sucesso no meio cristão, a seu repertório. Proibir sua execução torna o pastor zeloso um estraga-prazeres!

A maioria quase absoluta das músicas gospel pregam A MENTIRA. E cabe a nós denunciarmos isso, mostrarmos o erro e abolir este lixo mentiroso de nossos altares!

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O grande objetivo deste artigo não é desmoralizar a música sacra, que é importantíssima na adoração e no processo de doutrinação da Igreja. O objetivo é mostrar que a música gospel nada tem, ou pouco tem, de sacra. Não pretende incentivar a música secular, mas chamar a atenção para as incongruências da chamada música gospel, que infelizmente está atrelada a sistemas mundanos tão escusos que se desvirtuou da verdadeira adoração, da fidelidade escriturística e doutrinária.

Nada tenho contra os cantores e/ou compositores citados neste texto. Canto muitos hinos dos mesmos citados, desde que sejam cristocêntricos, de real adoração a Deus e que possuam letra bíblica. Apenas gostaria que eles fossem mais criteriosos ao compor ou cantar um hino. Voltem às Escrituras! Tornem à sã doutrina. Abandonem a indústria gospel!! Aí sim, a música gospel se converterá em música cristã e será, em todas as instâncias, preferida diante das músicas “do mundo”. Mas não fará das músicas “do mundo” um pecado!

imagem coletada em http://pauloporpaulopnd.blogspot.com.br/2011/05/po-e-poesia-cantando.html


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

JULGANDO E APRENDENDO A JULGAR


Recebi uma mensagem via e-mail de um leitor que não aceita muito bem minhas críticas à conduta de determinado pastor em relação aos antibíblicos, insistentes e inadequados pedidos de ofertas e contribuições para seu ministério. Embora não tenha sido desrespeitoso, o remetente, no afã de defender seu ídolo, usa algumas expressões que me tiram do sério, do tipo “não julgueis para que não sejais julgados” (Mt 7:1) e “não toqueis em meus ungidos” (Sl 105:15), pois são usadas fora de seu contexto, como último e desesperado subterfúgio daqueles que querem calar opositores na marra.

Mas eu gostaria de comentar algo que realmente é pertinente na mensagem recebida. Em dado momento, ele afirma: “Você nunca leu Mateus 7, e nunca leu Romanos 14:4, e nunca leu Tiago 4:11-12?”. Sobre este tema, que julgo importante, resolvi dedicar-lhe não uma resposta de e-mail, e sim uma postagem mais completa, que inicio com a citação dos três textos:

Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque, com o juízo com que julgardes, sereis julgados, e, com a medida com que tiverdes medido, vos hão-de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás ao teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho; estando uma trave no teu?” (Mt 7:1-4)
Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio Senhor ele está em pé, ou cai; mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar.” (Rm 14:4)
Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga o seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz. Há só um legislador e um juiz que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” (Tg 4:11-12)
Embora os textos deem a entender que ao crente foi proibido fazer qualquer julgamento, esta afirmativa carece de verdade. Em momento algum fomos proibidos pelo Mestre de fazer julgamentos. Pelo contrário, ainda no capítulo 7 esta aparente "proibição" é desfeita, respectivamente nos versículos abaixo:


Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão” (v. 5)
Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés, e, voltando-se, vos despedacem” (v. 6)
Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores” (v. 15)

Como é possível observar estas orientações do Mestre, sem julgar? Como NÃO DAR pérolas aos porcos, se primeiro os porcos não forem identificados? Como se acautelar de falsos mestres, se os mestres não forem julgados e identificados em dois grupos, os verdadeiros e os falsos??

Em outro texto, o próprio Senhor Jesus nos manda julgar, desde que com os verdadeiros critérios, quando diz: “Não julgueis segundo a aparência, MAS JULGAI segundo a reta justiça” (Jo 7:24 – grifo meu). Aparentemente, os três textos citados e este último se contradizem!

E o que dizer do que está escrito em Lucas 12:56-57? “Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo? E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?”. Como é possível que o mesmo Jesus que disse “não julgueis” tenha dito uma frase destas, contradizendo a primeira??



Estas aparentes contradições se dão por conta do uso isolado de textos, sem se compreender a mensagem completa da Escritura. Desde o AT, vemos profetas julgando “ungidos” que estão em pecado, e em momento algum vemos tais ungidos reivindicando para si qualquer imunidade, ou vemos a Escritura condenando tais profetas por terem julgado!



Dois exemplos sobre isso, que certamente trarão entendimento sobre o assunto: Davi casou-se com várias mulheres (o que era permitido na Lei), e evidentemente não foi criticado por isso, mas quando “casou-se” indevidamente com Bate Seba, foi duramente julgado pelo profeta Natã. Salomão é retratado na Escritura como um homem de mil mulheres, trezentas esposas e setecentas concubinas, mas não é criticado nem condenado por isso, mas no fim da vida é criticado por ter permitido que estas mulheres lhe pervertessem o coração e o conduzissem à idolatria. O julgamento, portanto, só encontra base de existência quando se trata de JULGAR O PECADO, O ERRO, O DESVIO DOUTRINÁRIO.



Quando existem afirmações dúbias como estas na Bíblia, a qual não pode se contradizer, é necessário tentar compreender e sanar a suposta contradição. No caso, é só analisar o contexto de Mateus 7 para observarmos que ali não se encontra texto condenatório ao julgamento, mas sim ao JULGAMENTO TEMERÁRIO e HIPÓCRITA de alguém que, cometendo o mesmo erro, julga ter autoridade para julgar seu irmão, como, por exemplo, alguém que esteja cometendo adultério admoestando alguém que está adulterando. É o que se diz aqui na minha região, "o sujo falando do mal lavado".  Paulo falou destas pessoas em Romanos 2:21-23 quando disse "Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?".



Faz-se necessário que o crente entenda a UNIDADE da Escritura. Uma vez conhecida, entenderemos estas “contradições”, que na verdade não existem. A Bíblia é uma unidade, mas se não compreendermos tal unidade seremos capazes de citar versículos isolados, fora de seu contexto, para justificar qualquer coisa que nos passe pela cabeça! Eis porque é necessário o entendimento de sua mensagem. A isto se chama CONTEXTO. O contexto bíblico é um só, manifesto na unidade das Escrituras, que não podem e não devem se contradizer. O contexto literário, por sua vez, é a análise de um texto em particular, um parágrafo, para que possamos entender o real significado do que está escrito.



Gosto muito de citar o exemplo do contexto de Romanos 13:7, muito utilizado na questão de “honrar pastores”, e qualquer líder dentro da Igreja:

“Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”
Mas, lamentavelmente, basta uma lida nos versículos anteriores, e veremos que em momento algum Paulo reivindica honra para pastores, líderes e obreiros, mas para AUTORIDADES GOVERNAMENTAIS...

Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores [gr. εξουσια, exousia: alguém que possui autoridade, governador, magistrado humano]; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus, para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador, para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas, também, pela consciência. Por esta razão, também, pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo” (Rm 13:1-6).

Logo, o CONTEXTO IMEDIATO já nos apresenta o real significado desta honra: não é a pastores, mas a homens imbuídos de poder temporal, político.


Eis então o valor do contexto bíblico. Sem ele, não há entendimento do texto, e com isso pode-se chegar a conclusões erradas.


Quando lemos o texto de Mateus 7:1 juntamente com o seu contexto, as coisas se esclarecem, e podemos ver que não fomos proibidos de julgar, e sim de julgar hipocritamente: “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Hipócrita, TIRA PRIMEIRO A TRAVE do teu olhoi, E ENTÃO CUIDARÁS EM TIRAR O ARGUEIRO DO OLHO DO TEU IRMÃO.” (Mt 7:3, 5). Ou seja, após primeiramente julgardes a ti mesmo e te corrigires, então terás condições e autoridade para julgar o teu  irmão, desde que segundo a reta justiça contida na Escritura!

A permissão ─ e estímulo! ─ de fazermos julgamentos pode ser vista em vários outros textos no Novo testamento, dentre os quais destacamos apenas três, para não sermos enfadonhos:

Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois, porventura, indignos de julgar as coisas mínimas?” (1 Co 6:2). Paulo discorre sobre um problema surgido na igreja de Corinto, quando crentes levavam outros crentes aos tribunais locais, quando eles mesmos podiam julgar internamente, na igreja. Isto, a meu ver, inclui julgamentos de conduta, de doutrina... Ou não?

Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos” (Ap 2:2). Não seria possível à elogiada igreja de Éfeso colocar à prova os falsos apóstolos sem julgá-los. Assim, nem mesmo a suposta autoridade apostólica que os mesmos afirmavam possuir os dava qualquer imunidade para que não tivessem suas atitudes e conduta observadas, julgadas e classificadas como erradas. Ou seja, o argumento de "não toqueis nos meus ungidos" é furado neste aspecto! Este episódio em Éfeso foi um JULGAMENTO, e foi, repito, elogiado pelo Senhor Jesus.

Mas tenho contra ti que toleras que Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensine e engane os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria” (Ap 2:20). Aqui a coisa está invertida, ao contrário. Agora Jesus Cristo não elogia, mas REPREENDE a igreja de Tiatira por não fazer julgamento. Uma suposta profetiza surge no seio da igreja e é aceita sem qualquer julgamento. Erro da igreja, que o Senhor repreendeu, e que nos deve servir de exemplo para que não o cometamos!

Há uma grande diferença entre julgar PESSOAS e ATITUDES ERRADAS. Veja:

  • Julgar PESSOAS significa “pegar no pé” de alguém em particular e julgá-lo, condená-lo e muitas vezes até executá-lo (embora a igreja, no âmbito da disciplina, tenha este poder em alguns casos,como o desligamento de um membro). Julgar ATITUDES ERRADAS significa julgar uma determinada ação de uma pessoa, e condenar esta ação, desaprovado-a e orientando os demais a não proceder de conformidade com esta atitude.
  • Quando julgamos uma PESSOA, condenamo-na por completo, desmoralizamos e buscamos aniquilá-la para que não seja mais seguida; quando julgamos uma ATITUDE ERRADA, compreendemos que num universo de mil atitudes de determinada pessoa 999 são louváveis, salutares e aconselháveis, mas uma é reprovável e desaconselhada.
Vamos apresentar dois exemplos interessantes e FICTÍCIOS, que servem como exemplo e para melhor compreensão:

1. Suponhamos que o pastor Fulano é líder de um grande ministério. Prega contra o pecado, contra o afastamento das Escrituras, contra o aborto e a favor da “teologia da prosperidade”. Julgar a PESSOA significa desmerecer todo o seu ministério, todas as suas obras, todas as pregações corretas que ele tem feito, por causa de um único erro. Julgar as ATITUDES ERRADAS significa concordar com o ministério do pastor Fulano, concordar com suas pregações contra os pecados e contra os erros mas discordar, refutar e condenar SOMENTE o seu apoio à “teologia da prosperidade!”.

2. Suponhamos que eu descobri que orar plantando bananeira (de cabeça para baixo) é bom; além de ser uma posição confortável para mim, a sensação que me dá é que Deus responde às minhas orações mais rápido quando eu oro assim! Aí eu passo a ensinar na Igreja que a maneira mais correta de se orar é plantando bananeira, pois somente assim Deus responde às orações, ou responde-as mais rápido. Você tem duas opções:

  • julgar o servo alheio, quando julga o meu ato pessoal de preferir orar esta posição. Você tem nada a ver com meus gostos pessoais? Quem é você,que julga o servo alheio? Deixe ISTO com Deus, que é o meu Senhor... A Bíblia não prescreve nada contra a oração nesta posição, e utilizá-la é questão pessoal,
  • julgar o meu erro em ensinar doutrinas erradas para a igreja do Senhor Jesus, dentro da reta justiça da Palavra de Deus. Isso, sim, é contigo! Por direito e por obrigação de defender com unhas e dentes a sã doutrina do Evangelho!
Qualquer leitor e/ou estudante sério das Escrituras sabe que Deus permite o julgamento, desde que não seja feito de maneira hipócrita. O texto de Mateus 7, que aparentemente manda não julgar e é amplamente usado pelos omissos de plantão, diz claramente: “Hipócrita, TIRA PRIMEIRO a trave do teu olho, E ENTÃO VERÁS CLARAMENTE PARA TIRAR o argueiro do olho do teu irmão” (Mt 7:5 - ARA).Ao fazermos tal análise, simplesmente observando o contexto, verificamos que Jesus condena o JULGAMENTO HIPÓCRITA, daquele que, prostituindo-se, se acha no direito de julgar os que se prostituem, daquele que rouba, mas se acha no direito de julgar os demais ladrões... 

Entretanto, este julgamento é meramente no campo DOUTRINÁRIO. Não temos autorização para julgar o irmão em questões pessoais, aquelas em que a Escritura não prescreve doutrina. 


E aonde está a dezena de outros textos que nos autorizam a julgar?? 



"Hipócrita, TIRA PRIMEIRO a trave do teu olho, E ENTÃO CUIDARÁS em tirar o argueiro do olho do teu irmão" (Mt 7:5) 



"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. PELOS SEUS FRUTOS OS CONHECEREIS. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, PELOS SEUS FRUTOS OS CONHECEREIS." (Mt 7:15-20) 



"Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo? E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?" (Lc 12:56-67)



"Não julgueis segundo a aparência, MAS JULGAI segundo a reta justiça" (Jo 7:24)



"Ora estes [de Beréia] foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, EXAMINANDO CADA DIA , NAS ESCRITURAS, SE ESTAS COISAS ERAM ASSIM" (At 17:11) 



"Não sabeis vós que os santos hão-de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois, porventura, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? QUANTO MAIS AS COISAS PERTENCENTES A ESTA VIDA?" (1 Co 6:2-3)



"E, chegando Pedro a Antioquia, LHE RESISTI NA CARA, PORQUE ERA REPREENSÍVEL. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus, também, dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, QUANDO VI QUE NÃO ANDAVAM BEM E DIREITAMENTE, CONFORME A VERDADE DO EVANGELHO, disse a Pedro, na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?" (Gl 2:11-14)

"E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, CONDENAI-AS. Porque o que eles fazem em oculto, até dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas, pela luz, porque a luz tudo manifesta. Pelo que diz: Desperta tu que dormes, e levanta-te de entre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede, prudentemente, como andais, não como néscios, mas como sábios" (Ef 5:11-15)

"Guardai-vos dos cães, guardai-vos DOS MAUS OBREIROS, guardai-vos da circuncisão" (Fp 3:2)

"Amados, não creiais a todo o espírito, MAS PROVAI se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo" (1 Jo 4:1)

"Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e PUSESTE A PROVA os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos" Ap 2:2

"Mas tenho contra ti que TOLERAS QUE JEZABEL, mulher que se diz profetisa, ENSINE E ENGANE A MEUS SERVOS, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria" Ap 2:20

Citei só alguns textos que nos autorizam a fazer julgamentos; podia citar mais, mas creio que MAIS DE DEZ TEXTOS contra UM ISOLADO, fora de seu contexto, já é motivo para as pessoas repensarem seus conceitos contra a proibição expressa de fazermos julgamentos!

Certo! Então, eu posso julgar... Mas quais são, então, os critérios para se fazer um julgamento adequado?


1. JULGAR SEMPRE PELA BÍBLIA, e nunca pelo nosso padrão! - A Bíblia é o crivo da sã doutrina. Só somos autorizados a julgar coisas referentes à fé e à doutrina. Você não é autorizado a julgar pelos seus padrões, ou coisas pessoais como gostos, aparência etc, quando a Bíblia nada prescreve contra a ação praticada. Por exemplo, você pode não gostar de pessoas que praticam esportes, mas a Bíblia não te dá o direito de julgar esta área da vida do irmão; entretanto, se durante a prática do esporte este irmão grita muitos palavrões, você pode julgar esta atitude, uma vez que a Escritura afirma expressamente que não devemos falar palavras torpes...

2. JULGAR ATOS E NÃO PESSOAS - Não fomos chamados para julgar pessoas, e sim atos que vão em desacordo com a Escritura e a sã doutrina. Os que se eximem desta obrigação cristã (e fazem isso demonstrando possuir piedade cristã), pecam em não defenderem a sã doutrina contra os lobos devoradores que invadem a Igreja. É evidente que os fatos se associam às pessoas que os praticam, mas o objetivo do nosso julgamento deve ser a erradicação do ato errado e o arrependimento da pessoa!


3. POR UM ERRO, NÃO DEVEMOS DESPREZAR OS MUITOS ACERTOS - às vezes uma pessoa tropeça em um ponto, e faz correto em todos os demais. Somos tentados a, por causa deste ÚNICO ERRO, condenar ou desprezar todos os acertos. É importante apontarmos o erro, mas não omitirmos os acertos! EM TEMPO: mil acertos não justificam um erro (que deve ser combatido), e um erro não desqualifica os mil acertos!

4. NÃO DEVEMOS CONDENAR - O julgar atitudes cabe a nós; o denunciar tais erros e prevenir a Igreja contra eles, cabe a nós igualmente. Condenar pessoas cabe exclusivamente a DEUS. Na parábola do trigo e do joio podemos observar que a tarefa de IDENTIFICAR o joio é dos servos, mas a tarefa de queimá-lo é de Deus, e isso só será feito no último dia (Mt 13:24-30)! Não nos metamos nesta seara, portanto! Vemos pessoas zelosas condenando as pessoas ao inferno por causa de seus erros... Mas nem DEUS condena ninguém antes de sua morte; antes, dá aos pecadores chances de se arrepender de seus erros. Deixemos as condenações para Ele, o justo Juiz!

5. NÃO DEVEMOS FALAR MAL DOS IRMÃOS - Usa-se muito este texto da carta de Tiago para se combater julgamentos: "Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga o seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz. Há só um legislador e um juiz que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?" (Tg 4:11-12). Entretanto, Tiago não nos orienta a que não julguemos as ações, mas que não falemos mal do irmão em particular. Isto inclui a fofoca, ou os julgamentos pessoais. O mesmo Tiago que escreveu que não devemos falar mal nem julgar, fala mal e julga os que fazem acepção de pessoas (Tg 2:1-7), os que têm língua dobre (Tg 3:1-12), os que se dizem amigos de Deus e do mundo (Tg 4:1-5)... Portanto, se lêssemos a epístola de Tiago inteira e compreendêssemos sua mensagem e espírito, e não apenas os textos mais agradáveis e convenientes, compreenderíamos melhor suas palavras! ENTRETANTO, Tiago está corretíssimo! Não devemos falar mal de nossos irmãos, fazer fofocas, criticá-los por coisas fúteis (como a forma de se vestir, a forma de falar etc) e muito menos difamá-los por nossos próprios critérios. Mas devemos julgar quando fizerem qualquer coisa que contrarie a Verdade do Evangelho.

6. JULGAR COMO ATO DE AMOR - Assim como corrigimos e até mesmo castigamos nossos filhos visando o seu bem, o julgamento deve ser visando o arrependimento dos que erram, e não a sua execração pública. Lembremos que "...se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados (Tg 5:19-20). Ih... Lá está Tiago, que disse que não deveríamos falar mal dos irmãos, falando mal e chamando os irmãos de pecadores, e mandando que os convertamos de seus erros!! Como fazer isso sem julgar??


Que Deus nos dê sabedoria para julgarmos entre o certo e o errado, e discernimento para entendermos o que é particularidade de servo e violação doutrinária!