terça-feira, 31 de janeiro de 2012

DIÁLOGO TRANSCENDENTAL ― OU SERIA "CHAMAMENTO À RESPONSABILIDADE"?


Transcrito integralmente do BLOG DO BARÃO

Vou fazer uma transcrição do dialogo do comandante do porto de Livorno mantido com o comandante do navio acidentado Costa Concórdia:
“De Falco:Aqui fala De Falco de Livorno, estou falando com o comandante?
Schetino: Sim, boa noite comandante De Falco.
De Falco: Diga-me seu nome, por favor.
Schettino: Sou o comandante Schettino, comandante.
De Falco: Schettino?  Escute Schettino, existem pessoas presas a bordo, Vá com sua embarcação para baixo da proa do navio,do lado direito existe uma escada, suba por ela e volte a bordo do navio. Vá a bordo e diga-me quantas pessoas ainda estão a bordo. Está claro? Estou gravando esta comunicação, comandante Schettino.
Schettino: Comandante, quero lhe dizer uma coisa...(voz baixa).
De Falco: Fale mais alto. (Schetino continua falando baixo), Coloque a mão diante do microfone e fale mais alto, esta claro?
Schettino: Agora o navio esta inclinado...
De Falco: Isso eu já sei. Escute, pessoas estão descendo por uma escada de proa. Você faça o percurso inverso por essa mesma escada, suba para o navio e me diga quantas pessoas estão La e o que esta acontecendo a bordo. Entendido? Diga-me se existem crianças, mulheres ou pessoas que necessitem de assistência, e diga-me o numero exato dessas categorias. Está claro? Ouça Schettino, você talvez tenha se salvado do mar, porém você vai se dar muito mal...Eu vou fazer com que você passe mui mal. (gritando) Vá a bordo. “Cazzo!”
Schettino: Por favor comandante...
De Falco: (gritando) Por favor coisa nenhuma...Vá a bordo agora mesmo. Jure-me que está indo a bordo...
Schettino: Estou indo com a lancha de resgate, estou aqui, não estou indo a lugar nenhum, estou aqui...
De Falco: O que esta fazendo comandante?
Schettino: Estou aqui para coordenar o resgate...
De Falco: O que vai coordenar o resgate daí? Vá a bordo. Coordene o resgate a bordo.Você esta se negando?
Schettino: Não, não estou me negando...
De Falco: Você esta se negando a ir a bordo, comandante?  Diga-me por que não vai.
Schetino: Não estou indo porque existe outra lancha que esta aqui parada...
De Falco: Vá a bordo, é uma ordem. Você não tem nada mais o que fazer. Você declarou o abandono do navio, agora comando eu.  Vá a bordo!   Está claro? Não me ouve? Vá e me chame diretamente de bordo.”
Bem... Vou parar a transcrição aqui, pois isso  é  o bastante para  escrever uma coisinha que me ocorreu durante  a insônia desta  madrugada. Caso queira ouvir a integra do dialogo clique aqui. http://www.youtube.com/watch?v=1VkIEWKmO_8

Bem vamos a minha insônia, quero dizer ao que me ocorreu, tenham paciência vou utilizar o dialogo... Vamos lá:

Enviado de Deus: Aqui lhe fala o Enviado de Deus, desde o paraíso, Estou falando com um Líder de Igreja?
Líder: Sim, boa noite, Enviado de Deus.
Enviado de Deus: Diga-me o seu nome e o de sua igreja, por favor.
Líder: Sou o Apóstolo (coloque aqui o nome mais conhecido por você) e meu comando é a igreja (municipal, estadual , nacional, internacional ou mundial, à seu critério).
Enviado de Deus: Apóstolo?  Escute Apóstolo (coloque o nome aqui), Existe muita gente na igreja amarrada e presa a coisas que os impede de serem salvas, vá até o púlpito do lado direito, apanhe a Bíblia, abra essa Bíblia e assuma a verdadeira Palavra, para salvar verdadeiramente essa gente, me entendeu?  Me diga apostolo quantas pessoas estão nessas condições. Estou gravando esta comunicação, Apóstolo (coloque o nome que quiser aqui).
Líder: Enviado de Deus, escute uma coisa eu tenho lido a palavra de Deus e estou seguindo...
Enviado de Deus: Fale mais alto Apóstolo, não estou te ouvindo, fale mais alto, fale sobre a Verdade, está claro?
Líder: Neste momento eu estou falando da Teologia da Prosperidade, da cura, da determinação, do mover o sobrenatural...
Enviado de Deus: Isso eu já sei. Escute, Tem muita gente descendo ao inferno, apanhe a sua Bíblia, faça o caminho inverso, volte á palavra pura de Deus, aos Evangelhos, volte a Bíblia, esta claro? E me diga quantas pessoas ainda não sabem que o sangue de Cristo ainda pode resgatar, quantas crianças ainda estão na igreja esquecidas, quantas pessoas existem na igreja e no bairro ai ao redor que precisam mais do que meras palavras, mas de apoio espiritual,e até financeiro para serem encaminhadas na vida e na vereda da salvação.  Apóstolo, vamos vá a Bíblia, está claro? Preste atenção Apóstolo, até agora você conseguiu se livrar do mal, mas eu te garanto que você ira se arrepender e então será tarde, Volte à Bíblia, “caramba”.
Líder: Enviado por favor, eu tenho enchido estádios, praças, estou construindo grandes templos, feito muitos seminários, muitos Louvores...
Enviado de Deus: Nada de por favor. Volte agora mesmo ao Evangelho Puro, conforme esta na Bíblia, Jure-me que você esta voltando a ler a Bíblia como se deve.
Líder: Estou lendo, estou lendo, lendo coisa nenhuma, estou aqui lendo...
Enviado de Deus: O que esta fazendo, Apóstolo?
Líder:: Estou aqui lendo como fazer para coordenar este mega templo e orientando o povo para grandes realizações no sobrenatural...
Enviado de Deus: Você esta se negando a voltar e ler a Bíblia?
Líder: Não estou lendo a Bíblia pois estou lastreado em novas revelações e obedecendo a Teologia da prosperidade e todas essas novidades que têm sido reveladas aos homens...
Enviado de Deus: Você volte à verdade da Bíblia, isto é uma ordem. Você não tem mais nada a fazer. Você abandonou a verdade. Obedeça à ordem volte a Bíblia, pois ela é a única maneira do salvar essas pessoas perdidas sem saber o que fazer. Volte a Bíblia e anuncie a Salvação através do sacrifício de Jesus Cristo.”...

Não sei se estava modorrando, ou desperto, só sei que esse diálogo ai em cima só me saiu da cabeça agora que o digitei...

Que lástima o acidente com o navio, as perdas de vida foram , com a misericórdia de Deus, pequenas, mas o que esta acontecendo no navio da vida é de muito maior monta, muitos estão vestindo o colete que leva direto ao inferno, em razão de comandantes como o Sr Schettino, que ele possa perceber; o título de comandante é muito mais que honraria, é responsabilidade com os comandados, e os ditos Apóstolos possam compreender o mesmo fato, e não esperem que Deus os venha tirar do comando, até porque o comando, a cabeça da igreja é Jesus Cristo, vamos leia a Bíblia você também.

Deus possa ter piedade do Comandante Schettino e de todos nós.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CONSIDERAÇÕES SOBRE A "TEOLOGIA DAS SEMENTES"


De autoria do irmão Valdir Rocha - vasaro@bol.com.br

No próximo "Evento" em que eu participar, talvez passe antes em uma mercearia e leve dali alguns grãos, quem sabe milho ou feijão, talvez um tubérculo, e quando algum propagador da "Teologia das Sementes" começar a apelar para meu emocional, eu as deposite na sacolinha ou no envelope para ver se eles vão aceitá-las ou jogá-las no lixo. Mas já sei que na Lei da Semeadura deles só se aceita dinheiro vivo, cartão de crédito, cheque, carro, moto, jóias, escritura de imóveis e dente de ouro.

Esses homens já não querem mais viajar em ônibus de linha ou em voos comerciais. Querem seus próprios ônibus personalizados, com sua imagem estampada e seu nome em letras garrafais, para serem muito bem conhecidos pelos homens. Querem seu jatinho particular, pois não querem se submeter aos atropelos das perdas de tempo, atrasos e outros entraves dos voos comerciais ― gastamos dinheiro, mas "remimos o tempo"... Querem mansões e carros luxuosos importados, querem hotéis de cinco estrelas, querem ternos de alta costura, querem cruzeiros e viagens para a Terra Santa, querem tardes de autógrafos, sessões de fotos, bajulação, e querem que eu me cale, pois se eu me levantar contra tais coisas estarei tocando no ungido de Deus. São homens de elevada sapiência, Doutores em Divindade, indubitavelmente ungidos por Deus e que, por isso, devem comer o melhor desta terra, mas que tripudiam sobre os "fracos na fé", porque não são obrigados a suportá-los.

Então, quero entender. Para estes doutores, no livro de Malaquias deveria ser rasurada, ou melhor, rasgada a parte em que admoesta os sacerdotes (leia-se ungidos) ao arrependimento e ao bom proceder, ficando somente a parte em que chama a atenção do povão (leia-se não ungidos) a permanecerem fieis nos dízimos e ofertas, ou melhor, nas "sementes". O que passar disso, o que questionar, o que inquirir, o que desconfiar e que for à Bíblia ver se as coisas são mesmo assim, o que publicar qualquer coisa em blogs e sites, seja ANÁTEMA, pois ousou tocar no ungido de Deus.

Se é assim, o profeta Natã deveria ter sido silenciado por falar palavras duras ao "ungido" rei Davi no caso do adultério. O próprio Davi deveria tê-lo silenciado, impondo sua posição de rei e ungido e mandando-o para a mais "acolhedora" masmorra... E quanto a Joabe? Ele praticamente manda o pai "ungido" Davi engolir o choro e tocar a vida pra frente, quando da morte de Absalão. O que dizer dos profetas que tinham a petulância de confrontar reis "ungidos", apontar-lhes os erros e chamá-los ao arrependimento? E o que falar do “sem-ter-onde-cair-morto” João Batista, que combatia asperamente a prática deturpada de alguns "ungidos"?

Deixem-me entender isso melhor. Os primeiros cristãos eram homens de fé porque vendiam propriedades e depositavam suas sementes aos pés dos apóstolos, porém os apóstolos eram "trouxas" porque não as pegavam para seu próprio deleite, bancando uma vida confortável e abastada, mas "repartiam a cada um, conforme a necessidade que cada um tinha". É isso mesmo?

Mas, então, na verdade, os primeiros cristãos também eram “trouxas”, pois semeavam sem colher. Nunca tiveram carro com cabine dupla, motor 4.2, trio elétrico, ar condicionado, GPS, air bag duplo, freio a disco, rodas de liga leve, pneus radiais, DVD player, sensor de estacionamento. Aquelas mulheres nunca fizeram lipoaspirações, nem cirurgias plásticas no nariz, nem covinha no queixo, nem aplicação de botox, nem turbinaram seus seios com silicone. Ah, é verdade... Naquela época não existiam estes "mimos"... Mas porque eles não usufruíam dos "mimos" existentes na época, como riquezas, casas, campos e vida regalada? Porque eram "trouxas", óbvio!

Vai entender o eunuco etíope, mordomo-mor de Candace, superintendente de todos os tesouros da Etiópia, “trouxa” por abraçar uma doutrina de “trouxas”. Quem sabe o carro em que seguia era de placa branca, e estivesse na hora de ele semear uma oferta de qualidade para determinar a bênção do carro próprio. Talvez deveria partir para a iniciativa privada. Quem sabe uma frota de camelos-táxi. Apostaria num resort cinco estrelas no meio do deserto, com cassino, piscinas, centro de convenções e toda a infraestrutura para os apóstolos promoverem seus confortáveis congressos lucrativos e cruzadas milionárias, com espaço para os pregadores... ops, Conferencistas Internacionais top de linha, como Apolo e Barnabé, e para os estandes de venda dos artistas... ops, levitas.

Na Bíblia dos GRANDES da atual dispensação, alguns textos deveriam ser complementados, como o de Deuteronômio 15.11: Pois nunca deixará de haver pobre na terra, “porque sempre haverá os que não semeiam”. Estevão provavelmente semeou grãos de areia, porque colheu pedras. Os Heróis da Fé de Hebreus 11.4-11 deveriam ser chamados "Trouxas sem Fé", pois "morreram na fé, sem terem recebido as promessas" e, resignados, "confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra".

Falando em trouxas, o que dizer de alguém que anda na contramão desse pensamento dominante? Quem deixa o esplendor de sua glória para nascer como filho de um pai carpinteiro e de uma mãe "do lar" é "trouxa"? E se nascer em "Belém Efrata, pequena entre milhares de Judá", é "trouxa"? E se nascer num curral é "trouxa"? Se, recém-nascido, for posto numa cocheira, é "trouxa"? Se seus pais tiverem que fugir às pressas (coisa de crente fraco) para o Egito (de onde os pais de seus pais já haviam fugido no passado, e Deus havia orientado a não mais voltar para lá) e não para Miami ou Orlando, é "trouxa"? Se exercer a profissão do pai a pontro de ser chamado de "carpinteiro" pelas pessoas de sua cidade, é "trouxa"? Se formar um corpo ministerial com pessoas despreparadas, com a ralé, é "trouxa"? Se não tiver onde reclinar a cabeça, é "trouxa"? Se for um “manteiga derretida”, sempre movido de íntima compaixão pelos doentes-fracos-pobretões, é “trouxa”? Se sua entrada triunfal for montado em um jumentinho sem tração nas quatro patas, é “trouxa”? Se viver cercado do "Zé Povinho", é “trouxa"?

Se for hospedado na casa do chefe dos cobradores de impostos, se andar sobre as águas, se ordenar à tempestade que se acalme, se multiplicar o peixe e o pão, opa, é super como eles. Mas se usar o peixe e o pão multiplicado para alimentar o “Zé Povinho” de graça, sem cobrar nada, é “trouxa" novamente? Se não pedir uma "oferta de fé" é “trouxa"? Se não pedir que invistam em seu ministério sob a alcunha de colaboradores, patrocinadores, Gideões da fé, Neemias reconstrutores, é "trouxa"? Se for preso e açoitado, é “trouxa"? Se for condenado sendo inocente, é "trouxa"? Se for pregado na cruz, é “trouxa"? Pregado entre dois ladrões, é "trouxa"? E se prometer levar um dos ladrões direto para o Paraíso, sem que este ladrão tenha plantado pelo menos uma semente de R$ 911,00 em seu ministério, é "trouxa"? Se morrer jovem sem usufruir do primeiro mandamento com promessa, é "trouxa"? Se for sepultado em túmulo emprestado, é “trouxa"? E se depois de tudo isso ressuscitar e ainda voltar para deixar as últimas instruções, é “trouxa ao quadrado"?

O que estamos vendo é que homens ditos “de Deus" estão promovendo a desinformação. Já não se pede ofertas no mesmo intuito de Paulo e seus companheiros, que pediam para o sustento dos pobres. E a própria palavra "companheiro" deles não provém etimologicamente do latim vulgar companio, que por sua vez vem do latim clássico cum panis (com pão, aquele que conosco divide o pão disponível), porque o pão deles não é repartido, mas conservado em suas próprias despensas, pois, no dizer deles, ao alimentarem os famintos estarão fomentando a indolência. Estão pervertendo o direito das viúvas que são verdadeiramente viúvas, e dos órfãos que são verdadeiramente órfãos.

E o que dizer do direito dos estrangeiros? Estes têm o direito de permanecer calados, se já não foram “deportados" da nação eleita e do sacerdócio real, à revelia, sem o devido processo. A todo momento nos lembram que somos suas ovelhas, e  como ovelhas disciplinadas devemos permanecer resignados, confinados em seu aprisco, mudos, pastando onde não há capim, pois nos amedrontam com fábulas de lobos maus. E nem percebemos que quando tratam nossas feridas o verdadeiro objetivo é não danificar a lã, porque sempre somos tosquiados quando o inverno chega, para que eles, os pastores, possam tecer belos casacos para seu próprio uso..

Que estas coisas não venham a desestimular “os trouxas de plantão", porque já sabemos que estaríamos sujeitos a tudo isto, alertados pelo próprio Senhor Jesus Cristo: “E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mc 24.11-13).

Lembre-se: enquanto Cristo "semeava" na cruz, Ele não contemplava os reinos deste mundo e sua glória, porque almejava uma colheita muito mais preciosa: você e eu. O interessante da Lei da Semeadura e da Colheita é que ela funciona sim, mas sabe qual a melhor semente que você tem? Você mesmo. Então mãos à obra, lavrador!

domingo, 29 de janeiro de 2012

HÁ IMPORTÂNCIA NA TEOLOGIA?


Texto de autoria do Magno Paganelli, coletado em seu BLOG - o NEOPROTESTANTE

"Jesus respondeu: ‘Vocês estão enganados porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus!'" (Mt 22.29)

Esse é um texto narra um dos vários momentos em que religiosos judeus procuravam fazer Jesus tropeçar por conta de palavras ou do próprio raciocínio. O clímax do texto é a afirmação de que os homens erram. E ele dá o motivo: por falta de conhecimento.

Vincent Cheung diz que “não há propósito maior para o homem senão o de conhecer a Deus...” e “visto que Deus se revelou através da Escritura, conhecer a Escritura é conhecê-lo, e isto significa estudar teologia” (Introdução à Teologia Sistemática, Arte Editorial, 2008).

Há, em determinados setores da igreja brasileira, certa resistência ao estudo da teologia. Tal resistência se dá por erros de interpretação da própria Bíblia. A velha história de que a letra mata, mas o Espírito vivifica é das mais freqüentemente usadas nesse argumento.  Sabemos, no entanto, que o autor refere-se não à letra dos livros didáticos, mas ao texto do mandamento da Lei de Moisés, que ao apontar o pecado (e essa era a função da Lei), promovia a morte do pecador. Este, conhecendo a sua transgressão, tomava consciência da morte e a única alternativa era a graça de Deus (o Espírito vivifica) se quisesse sobreviver. Em outra passagem Paulo declara que não tinha consciência do seu pecado se não fosse pela Lei (ou letra da Lei de Moisés). Este erro de interpretação é só um dentre os muitos erros produzidos pela falta da teologia!

A teologia é necessária até para servir a Deus em nossas igrejas. Necessitamos, no mínimo, de uma teologia “funcional”, diretrizes para que nosso serviço seja feito de acordo a Palavra de Deus. O que faz um servo? Que funções desempenham os pastores? Os diáconos? Os presbíteros? Essas respostas são encontradas mediante um estudo “teológico” das Escrituras.

Nada pode ser feito sem uma noção de teologia: não podemos crer, não podemos evangelizar, não podemos pregar, não podemos ensinar, não podemos nem mesmo orar sem conhecimento teológico, pois João escreveu nas cartas que, se pedirmos algo "fora" da vontade de Deus, ele não atende ao nosso pedido. Portanto, é necessário o mínimo estudo teológico para compreender-se a vontade de Deus, a fim de tornar até as nossas orações eficazes.

Até mesmo em Romanos 10.13-15a, um texto aparentemente simples, há uma proposição teológica: “porque ‘todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo’. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” Aqui vemos proposições sobre a verdade de Deus para pregá-lo e levar outros a crer.

Deus quer revelar-se ao homem por meio de sua Palavra a fim de que não cometamos os erros que Jesus apontou no texto de Mateus 22.23-33. A Teologia é inevitável. Mas, então, a questão torna-se: Sua Teologia é correta?

  • Uma Teologia equivocada leva a desastre espiritual e inevitável;
  • Há grupos/seitas que negam a existência de Deus pelo desconhecimento;
  • Conceitos errados sobre Jesus e sua divindade podem levar ao desvio gradual;
  • Conceitos errados sobre o Espírito Santo podem enfraquecer a vida espiritual;
  • Conceitos errados sobre as Escrituras conduzem ao distanciamento do Senhor.

Exemplos de textos interpretados erroneamente:

  • De mil passarás, a dois mil não chegarás: Jesus nunca disse isso, mas afirmou que ninguém sabe o dia e a hora (veja Mt 24.36);
  • Reencarnação é ensinada abertamente; a Bíblia nada diz sobre ela, mas sobre ressurreição (Hb 9.27);
  • Não cai uma folha de uma árvore sem que Deus não saiba. Essa afirmação é dita freqüentemente nas igrejas, mas não encontra-se na Bíblia. O que Jesus disse foi: "Antes, todos os fios da vossa cabeça estão contatos", afirmando a sua oniciência;
  • Eis que estou à porta e bato... Pregadoress usam esse texto na hora de fazer apelo, ao final de seus sermões, mas o texto é uma palavra de advertência de Jesus para crentes (igreja de Laodicéia), e não para pessoas não-salvas (Ap 3.20);
  • Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Aqui cristãos usam o texto para argumentar em favor do fogo do Pentecoste, mas o fogo – neste texto – refere-se ao fogo do juízo (Leia o contexto de Mt 3.10-12);
  • Onde estiver dois ou três em meu nome... Pregadores com igrejas vazias gostam de usar esse texto para animar os que estão presentes. No entanto, a questão das duas ou três testemunhas num determinado caso é questão judaica de julgamento válido quando houver duas ou três pessoas na porta da cidade. Se somos o Templo do Espírito Santo, não é necessário duas ou três pessoas para que Ele esteja presente. Ele esta presente até quando o crente está sozinho! Se ão fosse assim, coitados dos cristãos encarcerados nas solitárias!

Diante da necessidade do estudo das Escrituras e visto que estudar as Escrituras é procurar conhecer a Deus para servi-lo melhor e sem erros, a Teologia é a maneira mais segura de preparar nossa vida espiritual para que seja uma vida de acertos constantes.

Você pode programar-se para o estudo da Palavra de Deus se sentir em seu coração que ama o Senhor e quer melhorar o seu conhecimento a respeito dele e melhorar o seu nível espiritual.

Que o Criador o oriente em seus estudos e que esses momentos sejam guiados pelo Seu Santo Espírito a produzir frutos de piedade para a glória de Deus.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

SE JESUS FOSSE CRENTE...


Se Jesus fosse CRENTE, não venceria Satanás pela palavra, por ocasião de sua tentação no deserto, mas teria repreendido, amarrado, mandado ajoalhar, e dito que ele é derrotado, feito uma sessão de descarrego durante 7 terças-feiras, aí sim ele sairia (Mt 4:1-11)

Se Jesus fosse CRENTE, não teria pregado o Sermão da Montanha, mas teria realizado o Grande Congresso Galileu do Avivamento Fogo no Monte, cobraria apenas 250 Dracmas, divididas em 4 vezes sem juros ou em 12 vezes no cartão (Mt 5:1-11)

Se Jesus fosse CRENTE, jamais teria dito, no caso de alguém bater em nossa face, para darmos a outra. Ele certamente teria mandado que pedíssemos fogo consumidor sobre o aggressor, pois  “ai daquele que tocar no ungido do Senhor” (Mt 5:38-42)

Se Jesus fosse CRENTE, não teria curado o servo do centurião de Cafarnaum à distância, ms mandaria levar o tal servo em uma das sua reuniões de milagres e lhe daria uma toalhinha ungida para colocar sobre o servo enfermo durante 7 semanas, aí sim, ele seria curado (Mt 8:5-13)

Se Jesus fosse CRENTE, não teria multiplicado pães e peixes e distribuído de graça ao povo, de jeito nenhum. Antes o pão ou peixe seriam “adquiridos” por uma pequena semente de fé de 50 dracmas, e quem comesse o tal pão ou peixe, milagrosamente seria curado de todas as suas enfermidades (Mt 6:1-15)

Se Jesus fosse CRENTE,  quando os fariseus o pedissem um sinal, certamente ele levantaria as mãos, e delas sairiam vários arco-íris, um esplendor de fogo se formaria em volta dele, que levitaria enquanto anjos cantarolavam : “DIVISA DE FOGO VARÃO DE GUERRA, ELE DESCEU A TERRA, ELE CHEGOU PARA GUERREAR”. Sempre que fosse solicitado repetiria tal performance (Mt 16:1-12)

Se Jesus fosse CRENTE, nunca teria dito para carregarmos a nossa cruz, perdermos nossa vida para ganha-la; mas teria dito que nascemos para vencer e que fazemos parte da geração de conquistadores, e que todos somos predestinados para o sucesso. E no final gritaria : RECEEEEEEBAAAAAA!! (Lc 13:10-17)

Se Jesus fosse CRENTE, de forma alguma teria entrado em Jerusalém montando num jumento, mas teria entrado numa carruagem real toda trabalhada em pedras preciosas, com Pôncio Pilatos, Herodes e a cantora Maria Madalena cantando hinos de vitória e “liberando” a benção sobre Jerusalém. E o povo não o receberia declarando Hosana, mas marchariam atrás da carruagem enquanto os discípulos contariam quantos milhões de pessoas estavam na PRIMEIRA MARCHA PARA JESUS (Mt 21:1-15)

Se Jesus fosse CRENTE, ao curar o leproso (Mc 1:40-45), este não ficaria imediatamente curado, mas durante a semana enquanto ele continuasse crendo, pois se parasse de crer...

Se Jesus fosse CRENTE, não teria expulsado os demônios do gadareno com tanta facilidade. Ele teria realizado um Seminário de Batalha Espiritual, e a partir daí se iniciaria o processo de libertação daquele jovem, incluindo uma completa libertação da s maldições hereditárias que estavam sobre a vida dele (Mc 5:1-20)

Se Jesus fosse CRENTE, o texto seria assim: “MAIS VALE PASSAR UM CAMELO PELO BURACO DA AGULHA DO QUE UM POBRE ENTRAR NO REINO DOS CÉUS” (Mt 19:22-24)

Se Jesus fosse CRENTE, não teria transformado a água em vinho, mas em Guaraná ou Coca-Cola (Jo 2:1-12)

Se Jesus fosse CRENTE, ele teria sim onde recostar a cabeça, pois moraria no bairro onde estavam localizados os palácios mais chiques e teria também um castelo de verão no Egito (Mt 8:20)

Se Jesus fosse CRENTE, Zaqueu seria orientado a não devolver o produto das possíveis defraudações, antes oferecê-los como doação ao Seu ministério (Lc 19:1-10)

Se Jesus fosse CRENTE,  não pregaria nas sinagogas, mas na recém fundada IGREJA DE CRISTO, e Judas, ao traí-lo, não se mataria, mas abriria a IGREJA DE CRISTO RENOVADA.

Se Jesus fosse CRENTE, não diria que no mundo teríamos aflições, mas que teríamos sucesso, honra, vitória, riquezas, prosperidade, honra … (Jo 16:33)

Se Jesus fosse CRENTE, ele seria amigo de Herodes, apoiaria a eleição de Pôncio Pilatos a governador, e só falaria o que os fariseus estavam interessados em ouvir.

Se Jesus fosse CRENTE, certamente não sofreria tanto nem morreria por mim e por você. Ele estaria preocupado com outra coisas. Mas ainda bem que ELE não era CRENTE.

E VOCÊ, É CRENTE? NÃO ESTÁ NA HORA DE REPENSAR O QUE DE FATO É SER CRENTE E SE TORNAR UM CRISTÃO VERDADEIRO?


Este texto é de autoria do pr. Josué Lima; foi coletado de seu BLOG e adaptado.

sábado, 21 de janeiro de 2012

OFERTAS E SEMENTES


Embora os dízimos e as ofertas existam biblicamente desde o surgir da humanidade (Gn 4:3-4), só começaram a ser regulamentados na aliança mosaica, quando passaram a ter como principal objetivo o sustento dos levitas e sacerdotes, que desempenhavam papel fundamental no culto a Deus e não tinham sustento nem herança em meio aos seus irmãos. Seriam, por assim dizer, os obreiros de tempo integral dos dias de hoje. Com o advento da Nova Aliança em Cristo Jesus e o surgimento da Igreja, embora os dízimos não tenham ensino claro no Novo Testamento, as ofertas não deixaram de fazer parte da prática da Igreja no sentido de sustento dos irmãos mais pobres. Desde os tempos dos apóstolos, os crentes mais abastados vendiam suas posses e depositavam o dinheiro aos pés dos Doze, que administravam o montante entre a comunidade, de conformidade com a necessidade de cada um, de sorte que não havia necessitados entre eles (At 4:32-37).

Com a oficialização do Cristianismo, os templos foram erguidos e surgiu a necessidade de sua manutenção. Assim, começamos a história da desvirtualização dos dízimos e ofertas dentro da Igreja, que perduram até hoje. Vemos muita gente em nossos dias pedindo ofertas em nome de ministérios, muitas vezes com pedidos esdrúxulos... Impérios são construídos, sonhos de megalomania são implementados com o dinheiro das ofertas do povo de Deus...

Não queremos aqui discorrer sobre a legalidade bíblica para o dízimo na Nova Aliança, nem do uso das ofertas nas manutenções de templos. Isto é assunto para outras postagens, quem sabe... Nosso objetivo, portanto, é entender o que são as ofertas, como devem ser pedidas, quais os limites para tais pedidos e coisas assim.

O problema das ofertas não está na “modernização”, como muitos pensam. Muitos reclamam que nos dias atuais a coisa vem se modernizando a ponto de algumas igrejas e ministérios já optarem por boletos bancários, débitos automáticos, uso de maquinetas etc. Esta evolução, porém, é plausível e justificável, faz parte da evolução do sistema financeiro. Na antiguidade, dízimos e ofertas eram dados em produtos (cereais, gado etc); com a criação da moeda,  passaram a ser dados neste novo formato. Alguns preferem o cheque bancário. Há pouco tempo, católicos e evangélicos aderiram aos boletos. Hoje, com a moeda eletrônica, débito bancário, cartão de crédito, transferência bancária e débito programado, aderir à modernidade evita inclusive perdas e roubos, sem desvirtuar o sentido da oferta.

Concordamos que o tema não é tratado com clareza no Novo Testamento (o que dá certa liberdade ao homem), mas entendemos também que aquilo que as Escrituras nos dão margem de liberdade para agirmos de acordo com nossa consciência, o bom senso deve ser observado, e sempre de forma criteriosa. Portanto, não é porque a Bíblia não tem uma regra estabelecida acerca das ofertas para o Novo Testamento que vamos fazer aquilo que queremos e pensamos, sem nos basearmos na prática do AT e sem usarmos o bom senso.

O problema é COMO se pede, QUANTO se pede e PARA QUE se pede, e quando se pede FORA DOS PARÂMETROS BÍBLICOS. Neste último aspecto, há "igrejas evangélicas" pedindo trízimos (10% para o Pai, 10% para o Filho e 10% para o Espírito Santo), cobrando juros dos dízimos "atrasados", estipulando valores irreais para a realidade da maioria do povo (p. ex, "Bíblia” de R$ 1000 ou o apelo para que se dê o dinheiro do aluguel...), realizando campanhas esdrúxulas e estipulando valores, geralmente elevados, para se participar das mesmas... A maioria destes expedientes NÃO É bíblica, e não tem apoio nem mesmo nos mais primordiais padrões de bom senso!

Ainda existe outro aspecto: as PROMESSAS. Quando se pede ofertas ou estipulam-se campanhas, geralmente faz-se isso com a promessa de que Deus vai abençoar, vai devolver sete vezes mais, vai abençoar de forma diferenciada aqueles que doam, e mais ainda aos que doarem os maiores valores... Isto é antibíblico, pois Deus em lugar nenhum das Escrituras se compromete com isto. Além disso, cria duas (ou mais) categorias de crentes, onde os mais honrados e privilegiados, os que serão mais abençoados, são exatamente aqueles que dão mais! Isto constrange e envergonha os pobres, que dão pouco ou não dão nada.

Agora, surge a mais recente novidade: nossas ofertas mudaram de nome, ou pelo menos são tratadas como algo que vai e volta em maior quantidade. São as SEMENTES... Estas sementes, tão proclamadas pelos televangelistas dos dias atuais, é fruto da interpretação equivocada de um texto bíblico ― mais um usado fora de seu contexto. Tal eixegese (quando não procuramos entender o que está no texto, mas inserir no texto o que pensamos) está fazendo com que os primeiros e maiores motivos que levam o crente a ofertar, o amor e o desprendimento, sejam substituídos pela barganha. As pessoas já entregam suas ofertas PENSANDO NO RETORNO, como o glutão que almoça pensando no jantar! E um pastor de renome internacional ainda afirma: “quem dá dízimo e oferta sem pensar no retorno é otário”.

Para que compreendamos o papel das ofertas na Igreja, é importante observarmos os textos que as mencionam no Novo Testamento. Vejamos:

Quanto à coleta que se faz EM FAVOR DOS SANTOS, não necessito escrever-vos... Portanto, tive por coisa necessária exortar estes irmãos, para que primeiro fossem ter convosco, e preparassem de antemão a vossa bênção, já antes anunciada, para que esteja pronta como bênção, E NÃO COMO AVAREZA. E digo isto: que, o que semeia pouco, pouco, também, ceifará, e, o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua, SEGUNDO PROPÔS NO SEU CORAÇÃO; não com tristeza, ou por necessidade, porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; Conforme está escrito: Espalhou, DEU AOS POBRES; a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça; Para que em tudo enriqueçais, para toda a beneficência, a qual faz que, por nós, se dêem graças a Deus. Porque a administração deste serviço não só SUPRE AS NECESSIDADES DOS SANTOS, mas, também, abunda em muitas graças, que se dão a Deus; Visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela submissão que confessais, quanto ao evangelho de Cristo; e pela liberalidade dos vossos dons para com eles, e para com todos” (2 Co 9:1-13 – grifos meus)

Ora, quanto à coleta que se faz PARA OS SANTOS, fazei vós, também, o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte O QUE PUDER AJUNTAR, CONFORME A SUA PROSPERIDADE, para que se não façam as coletas quando eu chegar. E, quando tiver chegado, mandarei os que por cartas aprovardes, para levar a vossa dádiva a Jerusalém. E, se valer a pena que eu também vá, irão comigo” (1 Co 16:1-4 – grifos meus)

E, levantando-se um [profeta] deles, por nome Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo [...] E os discípulos determinaram mandar, cada um CONFORME O QUE PUDESSE, socorro aos irmãos [que passariam esta fome] que habitavam na Judeia. O que eles, com efeito, fizeram, enviando-o aos anciãos, por mão de Barnabé e de Saulo.” (At 11:28-30 – grifos e colchetes meus)

Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta PARA OS POBRES de entre os santos que estão em Jerusalém” (Rm 15:25 – grifos meus)

“...vos fazemos conhecer a graça de Deus, dada às igrejas da Macedônia; como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. Porque, SEGUNDO O SEU PODER (o que eu mesmo testifico), E AINDA ACIMA DO SEU PODER, DERAM VOLUNTARIAMENTE, Pedindo-nos, com muitos rogos, a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos. [...] NÃO DIGO ISTO COMO QUEM MANDA, mas para provar, pela diligência dos outros, a sinceridade do vosso amor. Porque já sabeis a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza enriquecêsseis. [...] Porque, se há prontidão de vontade, será aceita SEGUNDO O QUE QUALQUER TEM, E NÃO SEGUNDO O QUE NÃO TEM. Mas, não digo isto PARA QUE OS OUTROS TENHAM ALÍVIO, E VÓS OPRESSÃO. MAS PARA IGUALDADE: que, neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que, também, a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade; Como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e, o que pouco, não teve de menos [...] Portanto, mostrai para com eles, perante a face das igrejas, A PROVA DO VOSSO AMOR e da nossa glória acerca de vós. (2 Co 8)

O que primeiramente se pode ver no texto em questão e nos seus correlatos, é que as coletas não eram feitas em favor da Igreja, dos apóstolos, de ministérios específicos ou de qualquer outra pessoa, e sim dos IRMÃOS POBRES. Neste aspecto, e somente neste aspecto deve ser compreendida, assim como o seu contexto. O versículo 12 deixa mais uma vez claro que o objetivo do recolhimento desta oferta é para suprir as necessidades dos santos (irmãos) mais pobres  Precisamos entender que as coletas eram feitas sempre EM FAVOR DOS CRENTES POBRES, e nunca para a Igreja em si ou para outros fins. Se hoje se faz coletas para outros motivos e finalidades, por mais justas que sejam as razões, não é a razão que movia a Igreja Primitiva a recolhê-las! Portanto, é mister usar de muito bom senso ao fazê-lo!

Em segundo lugar, a Bíblia não dá margem para valores mínimos ou máximos, antes cada qual verificava suas posses e ofertava de acordo com sua possibilidade e generosidade. O valor da oferta sempre ficava a critério do ofertante. Assim, não havia ESTIPULAÇÃO DE VALOR, e sim o ensino de que dessem sem avareza, cada um analisando as suas próprias posses. Sempre de conformidade com o que cada um propunha em seu coração, e não de acordo com valores estipulados.

Também pode ser observado que jamais os ofertantes eram CONSTRANGIDOS por qualquer expediente a dar qualquer valor pré-estipulado. É o PRINCÍPIO DA ESPONTANEIDADE. Nem nos tempos iniciais da Igreja, quando os mais ricos vendiam suas propriedades e depositavam os valores aos pés dos Apóstolos, ninguém era coagido, constrangido ou obrigado a fazer tal coisa (At 5:3-4). Havia o ensino apostólico de que as ofertas deveriam ser dadas SEM AVAREZA, deixando claro ao crente que Deus abençoa na proporção da generosidade. Por mais que se alegue que nos dias atuais ninguém é obrigado a doar, doa quem quer (o que é verdade), não podemos esquecer o fator psicológico do CONSTRANGIMENTO. Algumas pessoas são constrangidas com a insistência e a argumentação, e ainda se sentem diminuídas por verem alguém doando muito e eles doando pouco. Outros querem ser abençoados de qualquer maneira, e se constrangem ao ver outros “sendo abençoados”, participando da “campanha”. É uma espécie de “complexo de Caim”, que se irritou ao ver a oferta de seu irmão ser aceita e a sua não (Gn 4:3-5). Há outros casos em que igrejas criam até lugar de honra para quem doou ou participou de certas campanhas. Isto não só é acepção de pessoas como um tipo de constrangimento àquele que não pode doar, ou doou pouco.

Havia ainda o PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. Assim, se um rico desse uma oferta de mil, poderia estar dando menos que um pobre que deu uma oferta de cem. Aqui se aplica perfeitamente o caso da oferta da viúva pobre, que proporcionalmente deu mais do que todos os ricos que depositavam suas ofertas no gazofilácio do Templo (Lc 21:1-4). Aliás, este texto da viúva NÃO ESTÁ prescrevendo que devemos dar tudo, e sim dando-nos ensino claro a respeito da proporcionalidade de cada oferta, conforme as posses de cada ofertante.

A novidade de se tratar ofertas como SEMENTES, esperando colher de volta o que se semeou, não tem respaldo na Bíblia, sendo apenas citado em UM ÚNICO TEXTO, como alegoria. O bom senso hermenêutico nos ensina duas coisas: [1] as alegorias não podem ser base única de doutrina, e [2] que não se pode criar doutrina ou norma baseados em um único texto. É o caso do texto único que trata sobre o batismo dos mortos (1 Co 15:29), que algumas seitas tomaram, isoladamente, e fazem batismos por mortos. Logo, esta ênfase em “sementes” é muito mais uma forma de atrair ofertas com a promessa de retorno divino do que interesse em ensinar seriamente o rebanho. Só mais uma falácia dos “profetas da prosperidade”! Sobre estas “sementes” especificamente, falarei noutra postagem, pois tem MUITA coisa a ser dita!

O único texto bíblico que aponta para uma oferta especial coletada em favor do apóstolo Paulo e de seu ministério está em Filipenses 4:10-19, o que vemos em seguir:

Ora muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade. Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas, naquele que me fortalece. Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha aflição. E bem sabeis, também, vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo, com respeito a dar e a receber, senão vós, somente; Porque, também, uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica; Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que abunde para a vossa conta. Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus. O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus”.

O que entendemos à leitura deste texto?

1.      A coleta em favor de Paulo foi uma iniciativa voluntária dos crentes de Filipos, e não um pedido de Paulo; assim, ela não justifica que televangelistas façam apelos fervorosos por ofertas especiais, principalmente as de valor pré-estipulado elevado, exceto nos casos em que o apelo é feito à generosidade e liberalidade de cada um;

2.      Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha aflição”. Ninguém peca em ofertar para determinado ministério, e faz até bem quando o faz, desde que seja de forma voluntária, como fizeram os filipenses!

3.      A recompensa vem de Deus, em glória, e não em retorno financeiro! Mesmo que Ele nos dê retorno financeiro, não há base para ofertarmos com este tipo de barganha em mente. Ou ofertamos por amor, gratidão e generosidade ou nos fazemos iguais aos fariseus, que oravam, jejuavam e dizimavam com intuito de serem vistos pelos homens e justificarem-se a si mesmos!

Compreendemos, pois, que as ofertas devem ser dadas de acordo com a liberalidade do cristão. As mesmas podem ser pedidas, mas jamais estipulados seus valores, mormente os elevados. Entendemos os valores que alguns ministérios estipulam, valores módicos como o equivalente a um real por dia, como lícitos, pois estão dentro da realidade de nossos irmãos e dentro de um padrão de bom senso aceitável. Entretanto, o pedido de ofertas altas não tem respaldo na Bíblia, mesmo quando o ofertante é rico e pode, sem esforço, doar o valor pedido. Mais justo é deixar o ofertante livre, apelando para uma análise pessoal de sua condição financeira e para a sua generosidade, sem “forçação de barra”.

Finalizo chamando a atenção de todos para um texto do Velho Testamento aonde Moisés convoca o povo a dar ofertas voluntárias para a edificação do Tabernáculo. Nele, de acordo com nossa visão, estão dispostos alguns pilares para a coleta de ofertas no meio do povo de Deus. Não vou comentá-los, mas apenas frisá-los, de forma que ficarão claros e patentes para quem ler. Quem sabe um dia eu escreva sobre ele...

Falou mais Moisés a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra que o Senhor ordenou, dizendo: Tomai, DO QUE VÓS TENDES, uma oferta para o Senhor; cada um, cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao Senhor; ouro, e prata, e cobre [...] Então, toda a congregação dos filhos de Israel saiu de diante de Moisés, E veio todo o homem, A QUEM O SEU CORAÇÃO MOVEU, e todo aquele CUJO ESPÍRITO VOLUNTARIAMENTE O EXCITOU, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor, para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para os vestidos santos [...] Todo o homem e mulher, CUJO CORAÇÃO VOLUNTARIAMENTE SE MOVEU A TRAZER ALGUMA COISA, para toda a obra que o Senhor ordenara se fizesse pela mão de Moisés, aquilo trouxeram os filhos de Israel, por OFERTA VOLUNTÁRIA AO SENHOR. Assim trabalharam Bezaleel e Aoliabe, e todo o homem sábio de coração, a quem o Senhor dera sabedoria e inteligência, para saber como haviam de fazer toda a obra para o serviço do santuário, conforme a tudo o que o Senhor tinha ordenado. [...] Tomaram, pois, de diante de Moisés, toda a oferta alçada, que trouxeram os filhos de Israel para a obra do serviço do santuário, para fazê-la, e ainda eles lhe traziam cada manhã OFERTA VOLUNTÁRIA. [...] E falaram a Moisés, dizendo: O povo traz muito mais do que basta para o serviço da obra que o Senhor ordenou se fizesse. Então mandou Moisés que fizessem passar uma voz pelo arraial, dizendo: Nenhum homem nem mulher faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim O POVO FOI PROIBIDO DE TRAZER MAIS, porque tinham matéria bastante para toda a obra que havia de fazer-se, e ainda sobejava” (Ex 35:4 – 36:7 – grifos meus). Apenas um pequeno comentário acerca do texto sublinhado: Alguém já viu isto na igreja atual??

Que Deus te abençoe, e te leve a ofertar cada vez mais a Ele e à Sua obra com generosidade, alegria, fé, liberalidade, proporcionalidade e voluntariedade! E sem esperar nada em troca, mas lançando-se nos Seus braços infalíveis de misericórdia, graça e provisão!

O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro” (At 8:20)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO ─ QUE O DIGAM OS AMIGOS DE JÓ.


Tudo começou com uma pergunta no mural do meu Facebook: se os amigos de Jó disseram coisas tão maravilhosas acerca de Deus, por que tomaram aquele belo puxão de orelhas, descrita no capítulo 42:7?

Quando lemos o livro de Jó sem aquela intenção de dividi-lo de forma acadêmica, concluímos que tudo o que está escrito está sob inspiração de Deus, não sendo apenas as palavras do homem, e é exatamente aí onde reside o perigo de achar que tudo que está na bíblia, é mensagem de Deus para nós. E não é!

É bom que esclareça o que está escrito aí em cima, senão alguém vai ficar confuso e dizer: Nesse caso, não posso confiar totalmente na Bíblia?

A Bíblia, não somente contém, mas, É a palavra de Deus por excelência, e temos nela duas fontes de inspiração; a de Deus e a do homem.

Quando a inspiração é de Deus, quando Ele manda que se escreva ou que se fale, Ele mesmo responde pelas Suas palavras, elas nunca voltam vazias. (Is 55:11). Outra questão importante é que Deus não pede licença para usar o portador, seja do bem, do mal, simples ou sábio. Deus e somente Deus que age por exceção, usa quem ele quer.

Veja o exemplo a seguir: o rei Josias tinha organizado a páscoa e diz a Palavra de Deus que ele tinha já preparado a casa quando Neco,  rei do Egito, subiu para guerrear  contra Carquemis, e Josias saiu ao encontro para impedi-lo. O rei mandou-lhe o seguinte recado: “Que tenho eu que fazer contigo, rei de Judá? Não vim lutar contra ti mas contra a casa que me faz guerra; e disse Deus que me apressasse; guarda-te pois de te opores a Deus que é comigo, par que não te destrua”. Porém, Josias, não virou o rosto, isto é, não deu ouvidos as palavras que saíram da boca de Deus, foi ferido e morto na batalha (2 Cr 35:20-23). Fato semelhante encontramos em outras passagens bíblicas em que Deus usa reis ímpios, para corrigir reis desobedientes. E fala por suas bocas, mesmo eles sendo ímpios!

Quando a inspiração é do homem, e assim temos em muitos textos nos Salmos, Provérbios, Cantares entre outros livros, se estabelece uma perigosa conexão. No afã de se ouvir a voz de Deus a qualquer custo, abre-se um texto aleatoriamente e diz-se: "Deus falou comigo". Deus pode sim, falar por um texto isolado da Bíblia, pois falou comigo inúmeras vezes; todavia, a regra geral é que Deus não fala por um texto. Ele fala por toda palavra, é preciso conhecer o universo da vontade de Deus em toda a Bíblia, obedecê-lo incondicionalmente e ser abençoado.Vejam por exemplo o Salmo 51 em que Davi confessa o seu pecado. Se foi bom para ele ter confessado e deixa isso escrito como por herança para o povo de Deus, assim Deus fará com aquele que reconhece seus erros, abre o coração e confessa.

Outra coisa digna de atenção é que queremos ouvir o que queremos, o que nos é agradável. Desta forma, ao abrirmos aleatoriamente a Bíblia e lendo um texto fora de seu contexto, mas que parece-nos dizer exatamente aquilo que queríamos ouvir, supomos que estamos ouvindo a voz divina.

O livro de Jó é uma excelente peça literária, do ponto de vista literário, uma obra prima de caráter filosófico. Nas suas páginas temos as contradições da vida, do nascimento à morte. São maravilhosas as palavras dos amigos de Jó. Todavia, no capítulo 42, já trazendo a bênção da restauração da vida de Jó, Deus manifesta sua ira contra Elifaz e seus amigos, diz-lhes: “Porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó”. As palavras eram lindas,  porém, sem misericórdia, sem contemplação com o sofrimento alheio, razão pela qual Jó os chamou de consoladores molestos, Jó 16:2.

Finalizando, é possível perceber que nem tudo que reluz é ouro. Não dá para aplaudir a todos, qualificando-os de homens de Deus, tudo pela oratória. Os homens de Deus têm como principal característica, fugir sempre que perceber que está sendo o principal foco das atenções (At 16:17). Muitos pedem uma salva de palmas para JESUS, todavia, sabem que JESUS não pediria isto e nem aceita esse tipo de manifestação que só serve para medir o IBOPE do pregador e a repercussão de sua mensagem, como também nem todos os que cantam docemente são ungidos pelo Senhor. Há os portadores de dons naturais que conseguem arrebatar quem os ouça.

Mensagem extraída (levemente alterada) do Blog do Pr. Genivaldo

Pr. Genivaldo Tavares de Melo (65) é pastor jubilado da Assembleia de Deus em São Paulo

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CARTA ABERTA AO PR. CIRO ZIBORDI


Pastor Ciro,

Foi realmente um golpe terrível aquele que o vosso Senhor infligiu contra nós, seres sedentos de prosperidade, quando Ele se recusou em aceitar a nossa oferta, a de que se Ele prostrado nos adorasse nós lhe entregaríamos os reinos deste mundo e o esplendor deles. O vosso Senhor não nos deu ouvidos; antes, dirigiu-nos aquelas duras e terríveis Palavras, cuja força e poder fez com que as nossas ofertas se desfizessem em nada.

Nossa experiência com os humanos, no entanto, são incontáveis, pois há milênios providenciamos milhares de ascensões, auges e consequentemente a queda de reinos, impérios e toda a sorte de sistemas de governos opressivos e coercitivos. Nosso mórbido e nefasto prazer consiste em astuciosamente elevar os seres humanos, para depois nos divertirmos assistindo a queda deles. Por isso prezamos por tudo aquilo que é elevado entre os homens.

Quando arquitetávamos as bases teóricas do capitalismo, tínhamos em mente que os nossos planos finalmente dariam certo. Não demorou pra que o vírus que inoculamos na igreja cristã surtisse os efeitos devastadores que havíamos planejado. Sob o manto sujo e podre da chamada “acumulação de bens”, nós, seres malignos, soubemos muito bem utilizar um elemento terrível chamado ostentação; e então fizemos com que crentes antes piedosos, hoje, sob o verniz cristão, difundam o modo de vida que mais apreciamos nos seres viventes: o da opulência. 

Nossa oferta, por mais perniciosa que seja, e por mais reduzida às cinzas que esteja pelas Palavras do Cristo, ainda assim seduz milhares de gentes, as quais, uma vez sob as nossas garras malignas, estarão destinadas a existirem numa dimensão vazia e de sentimentos orgulhosamente enganosos e terrivelmente sufocantes. 

Pastor Ciro, faça-nos um favor: não desmascare os nossos enganos, muito menos pregue o Evangelho da Graça aos súditos do nosso reino (coisa que já fizeste muito, tirando de nossos tentáculos aqueles que nos pertenceram, cujas vidas, hoje, estão transformadas, pois creram na Mensagem da Cruz, para a nossa completa desgraça). Reconhecemos o quanto é frágil as portas de nossos antros, as quais não subsistem pela força indestrutível do Corpo de Cristo. 

Ass. Servos de Mamom

P. S. Pastor Ciro, pare de nos expor. Não prossiga com o dicionário.



OBS: esta postagem foi feita pelo irmão Oseias (não sabemos o sobrenome) no Blog do Pr. Ciro Zibordi, comentando a postagem jocosa que propõe a criação de um dicionário para termos da Teologia da Prosperidade. Achei-a tão sensacional que resolvi publicá-la aqui em meu Blog... Querido irmão Oséias, Deus o abençoe, e se quiser mande-nos seu nome, blog e outros dados, para darmos-lhe o devido crédito. Para acessar oBlog do Pr. Ciro e esta postagem em particular, clique AQUI

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

SOBRE MEGA-SENAS, DEPÓSITOS BANCÁRIOS E COISAS AFINS

Já vou avisando a todos: eu não ganhei na mega-sena da virada! Portanto, o jeito é continuar trabalhando duro para pagar as contas... A bem da verdade, eu nem joguei, e nem tenho este costume. Sou uma pessoa avessa às filas, e raramente vejo uma casa lotérica sem elas, principalmente no fim do ano, quando o gordo prêmio da mega-sena está na cabeça da multidão. 

Muita gente afirma que crente não pode e nem deve jogar na mega-sena e nem em outras loterias e jogos similares, mesmo que estejam amparados pelas leis do Estado, pois isto se constitui em pecado, ferindo ao decreto divino de que o homem deve ganhar seu pão com o suor de seu rosto (Gn 3:19). Estas pessoas, evidentemente, deveriam ler as Escrituras com mais critérios e imparcialidade, observando o contexto e assimilando TODO o texto. Por exemplo, os homens que crêem no princípio do “ganho do pão com o suor do rosto” por causa deste texto, deveriam não aceitar que as suas esposas usassem anestésicos na hora do parto, e as mulheres deveriam ser as primeiras a rejeitá-lo, pois Deus é claro quando afirma no mesmo texto que as mulheres devem dar a luz com dores (Gn 3:16), e tentar eliminar ou amenizar estas dores parece ser uma forma de desobedecer ao que está escrito... Isto sem falar que qualquer indicio de feminismo deve ser revisto entre as mulheres crentes, pois o mesmo texto afirma que Deus disse claramente à mulher: “o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”. Além disto, já que tenho que ganhar o pão com o suor de meu rosto, deveria eu desligar o potente ar condicionado que resfria meu escritório e me impede de suar o rosto nas minhas atividades laborais?? Vejam o que pode provocar uma interpretação equivocada de um texto, sem analisar-se o contexto e os limites do bom senso... 

Mas embora ainda haja muitos crentes que não absorvem os argumentos acima e permanecem contrários às loterias, a maioria deles é favorável a uma “bênção especial” que tem se tornado comum nos dias de hoje: o aparecimento de dinheiro na conta pessoal... Muitas pessoas têm se beneficiado desta “bênção” e testemunhado publicamente do poder de Deus em suas vidas manifestado neste aspecto! Ignoram, ou fazem de conta que ignoram, que tal depósito fere igualmente o princípio do “ganho do pão com o suor do rosto”, já que não trabalhei nem suei para adquirir tais cifras... 

É evidente que eu creio em milagres, e é evidente que o Senhor pode nos socorrer em apertos financeiros com ofertas vindas de locais misteriosos... Entretanto, uma soma de dinheiro surgida em minha conta bancária pode me causar alguns problemas também, principalmente no sentido de comprovar a sua origem. Conheço uma senhora crente aqui de minha cidade (uma parente distante) que teve um valor depositado indevidamente em sua conta. Dando glórias a Deus, ela sacou a grana, gastou e deu testemunho na Igreja da bênção recebida... Até dizimou... Poucos dias depois ela foi chamada ao banco para devolver o dinheiro, pois foi descoberto um erro de depósito que precisaria ser corrigido... Esta irmã passou por apuros para repor o valor usado indevidamente... Neste aspecto, esta “bênção” não se mostrou tão eficiente assim, pois “a bênção do Senhor enriquece, e não acrescenta dores” (Pv 10:22). 

O fato é que o sistema bancário nada tem de bonzinho. O princípio de Lavousier que afirma que “nada se cria, tudo se transforma se aplica perfeitamente no caso em questão: dinheiro não aparece do nada. 

Há alguns dias presenciei um comentário acerca deste assunto aonde alguém defendeu o “milagre” do aparecimento de dinheiro, comparando-o com a multiplicação de azeite ocorrido com uma viúva nos tempos do profeta Eliseu (2 Rs 4:1-7). Foi uma comparação infeliz, pelo menos por três aspectos básicos: 

Primeiro, não dá para comparar dinheiro com insumos. O dinheiro é algo totalmente controlado por um sistema financeiro complexo. Observe uma cédula... Ela tem uma numeração ÚNICA, não pode haver duas com o mesmo número de série... Ela é produzida pelo Banco Central, e por este banco controlada até o dia de sua incineração. Não é um bem como o azeite, que pode ser produzido em outros locais. O dinheiro está atrelado a um rígido sistema financeiro, que se não existisse geraria um colapso financeiro. 

Segundo, o azeite da viúva SURGIU DO NADA, por obra miraculosa de Deus. Até que é possível produzir azeite ou outro produto em casa... Minha esposa costuma fazer iogurte caseiro; usando um pote de iogurte natural ela multiplica o produto adicionando-o ao leite morno e deixando-o fermentar... O resultado é que de um pote de 300 ml de iogurte ela produz aproximadamente 3 litros! A gente passa a semana comendo iogurte fresquinho... Mas nunca conseguimos multiplicar dinheiro em casa, e mesmo que conseguíssemos, isto seria ilegal! Dinheiro não surge do nada... Tem que ter origem, e esta origem tem que ser limpa e lícita, pois desde o AT Deus já nos ensina o princípio de não receber dinheiro de origem pecaminosa ou duvidosa (Dt 23:18). À luz deste princípio, você já se imaginou beneficiando-se com dinheiro depositado por traficantes ou bandidos? 

Terceiro, Deus não age de forma contrária aos princípios estabelecidos por Ele mesmo nas Escrituras. Há os princípios da honestidade e da observância das leis sociais. Deus não seria desonesto, e nem infringiria leis de um país, exceto se estas leis fossem contrárias ao padrão das Escrituras (como por exemplo a bigamia, a escravidão etc). Como aceitar um valor depositado em minha conta bancária sem desprezar os princípios bíblicos da honestidade, e ainda atribuir o milagre da desonestidade à ação de Deus? Este dinheiro é meu?? Agora somos adeptos do princípio mundano do “achado não é roubado”, ou permanecemos atados ao princípio bíblico “se encontrares o boi DO TEU INIMIGO, ou o seu jumento, desgarrado, sem falta lho reconduzirás” (Ex 23:4), que nos ensina a devolver o que não é nosso, mesmo que o proprietário do “feliz achado” é um inimigo?? Como conciliar esta “bênção” com a Lei Maior de Jesus Cristo, que afirma que “tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7:12)? Eu gostaria que os homens fizessem isso com o meu dinheiro? Se alguém cometesse um erro de depósito com o MEU dinheiro, o que eu gostaria que fizessem com ele? Gastassem, considerando o erro como bênção divina, ou me devolvessem? 

Mas ainda se pode alegar que Deus retira o bem do ímpio e o dá para o crente. É possível. Creio nisto! Entretanto, o Deus que eu conheço, descrito na Bíblia Sagrada como justo, é ordeiro e decente. Segundo Nm 23:19, Ele não é homem para que minta (amplia isto aí... Ele não tem os defeitos e desvios morais do ser humano pecador!). Ele é perfeito, e nos chama à perfeição moral (Mt 5:48). Ele respeita as leis vigentes e incentiva o crente a fazer o mesmo! Jamais Ele vai tirar o bem do ímpio para dá-lo ao crente de forma injusta e ilícita! Haverá critérios de justiça em tudo isto, e não simplesmente um erro de depósito, que terá que ser ressarcido por alguém, seja este alguém o funcionário do banco que cometeu o erro, o gerente da agência ou o dono do banco! Ele transforma um faxineiro em empresário capacitando-o e abençoando-o para galgar esta posição com os méritos que Ele lhe deu, e abate o ímpio pela sua própria impiedade, rebaixando-o de empresário a empregado! 

Peço todos os dias a Deus que seja feito um destes depósitos em minha conta! No dia seguinte, eu irei à agência averiguar de onde ele procedeu. Se o gerente identificasse um depósito LÍCITO (uma oferta, movida pela mão divina) e me dissesse " ― Vá em paz, irmão... Alguém o depositou", eu sairia dando glória a Deus. Mas se este depósito foi retirado do ímpio e depositado para mim, ALGUÉM COMETEU ESTE ERRO, e eu, como crente, devo fazer o que estiver ao meu alcance para corrigi-lo... 

E o caso do peixe apanhado por Pedro, que tinha uma moeda em seu interior e que o apóstolo usou para pagar seu imposto e o do Senhor Jesus (Mt 17:24-27)? O próprio Jesus não direcionou Pedro a pescá-lo e utilizar-se de dinheiro que não era seu? É melhor analisar o caso com cuidado, e sem extremismos... O dinheiro em si, cédulas e moedas, é um valor monetário ao portador. Não tem como alguém identificar seu dono. Muitas vezes já encontrei na rua pequenas quantias, impossível de se identificar seus legítimos donos. Na semana passada encontrei uma moeda de um real numa calçada próxima à minha casa... Como identificar seu dono? Neste caso, é evidente que não se constitui em pecado se apropriar destes valores. Entretanto, depósitos bancários podem ser facilmente identificados, transferências podem ser rastreadas, malas de dinheiro encontradas podem ser guardadas e devolvidas. Devolver o dinheiro ao legítimo dono depende da honestidade de quem o recebe ou o encontra. 

Mas pode ter sido um milagre de Deus, um milagre proveniente da Sua provisão. Não negamos esta possibilidade! Já que temos TANTA CERTEZA do milagre, não custa nada averiguar junto ao banco... Deus vai provar que foi Ele mesmo quem moveu alguém, no Japão, nos Istêites ou aqui mesmo na Terra Brasilis, para nos abençoar, fazendo um depósito generoso em nossa conta, movido pela Sua potente e generosa mão. Tudo ficará devidamente esclarecido, eu terei como justificar este dinheiro à luz das leis humanas e usarei o din-din sem peso na minha consciência de crente, e ainda poderei testemunhar ao gerente do banco e outros funcionários do poder de Deus e do Seu cuidado para com os seus! 

Há um texto nas Escrituras que aponta para a conduta de honestidade em relação a valores financeiros. É o episódio envolvendo Judá e Tamar, quando o filho de Jacó confundiu a própria nora com uma prostituta, utilizando-se de seus “serviços profissionais” (Gn 38). Mesmo tendo-a como uma prostituta, Judá buscou-a diligentemente para pagar-lhe o valor estipulado. Sejamos diligentes neste aspecto financeiro, principalmente naquilo que não nos pertence. 

Assim sendo, convoco todos a usar o seu bom senso. Se for efetuado um bom depósito em sua conta, procure o banco! Esclareça! E entre jogar na loteria e se apoderar de um dinheiro que não é seu, fique com a opção que não fere as leis do nosso país. Se não quer jogar, então não jogue! Você é livre para isto! Graças a Deus! Eu, por exemplo, não jogo...